segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Falta de acordo pode pôr fim a Kyoto

Negociações diplomáticas em Barcelona terminam em impasse. O Protocolo de Kyoto está com as horas contadas. Ao fim de cinco dias de negociações diplomáticas em Barcelona, e faltando quatro semanas para a conferência decisiva de Copenhague, não há sinal de consenso entre os países sobre o que fazer para salvar o tratado internacional de combate ao aquecimento global, cujo primeiro período de compromisso expira em 2012. As regras de negociação da Convenção do Clima da ONU determinam que as novas metas de redução de emissões para o segundo período de compromisso sejam estipuladas em Copenhague. Sem elas, o protocolo torna-se um instrumento ineficaz. As propostas apresentadas até agora pelos países desenvolvidos chegam a uma redução conjunta de 10% a 20% até 2020, em relação às emissões de 1990, dependendo dos condicionantes. A comunidade científica diz que é necessário redução de 25% a 40% para manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2°C. Os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, exigem que a redução seja de 40%, no mínimo. "Qualquer coisa abaixo disso significa a nossa destruição", disse o representante do Sudão, Lumumba Di-Aping. A reunião de Barcelona foi marcada por embate dos países africanos, que disseram que não negociariam mais nada até que os industrializados apresentassem suas novas metas. A situação foi contornada e as negociações continuaram. Mas nenhum número apareceu. Os países desenvolvidos se recusam a assinar metas sem saber o que o resto do mundo vai fazer também - especialmente os emergentes. É o jogo do "me mostra a sua meta que eu te mostro a minha", como descreveu representante indiano na plenária de encerramento da reunião de Barcelona, na sexta-feira. Para ele, os países em desenvolvimento "já estão fazendo muito mais do que os desenvolvidos", apesar de não terem obrigações legais de reduzir emissões. A UE quer que nações em desenvolvimento reduzam as emissões entre 15% e 30% até 2020. O número mais importante para fechar a conta em Copenhague será o dos EUA. A pressão é enorme para que o país se comprometa com uma meta de redução, mesmo que sua lei doméstica sobre clima não tenha sido aprovada no Congresso. O discurso final do chefe da delegação americana em Barcelona, Jonathan Pershing, destoou do resto. "Os EUA estão extremamente otimistas. Realmente progredimos muito (em Barcelona)", disse. Vários países já trabalham com a possibilidade de não se chegar a um acordo em Copenhague. Nações em desenvolvimento temem que isso leve a um colapso do protocolo. O chefe da diplomacia climática brasileira, Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse que o País brigará por um acordo robusto, com metas de redução de emissão para os desenvolvidos, acompanhado de “ações significativas” por parte das nações em desenvolvimento. "O Brasil não está preparado para assinar um acordo fraco." Sucesso não depende só dos países ricos O sucesso de um acordo climático em Copenhague não depende só dos países ricos. As grandes economias emergentes - Brasil, China e Índia - também precisam mostrar maior comprometimento com a redução de suas emissões de carbono, afirmou Yvo de Boer, secretário executivo da Convenção do Clima da ONU. Ele elogiou as iniciativas já anunciadas pelos países em desenvolvimento, mas disse que falta clareza sobre seus efeitos e que elas podem ser ainda mais ambiciosas. "O que temos é ótimo, mas precisamos de algo maravilhoso." Ele contou que leu os planos de combate à mudança climática do Brasil, China e Índia e que todos têm números "muito significativos". Agora, "resta saber com quanto disso esses países estarão dispostos a se comprometer dentro de um acordo em Copenhague", completou.

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