Chuvas no país ficam 205 abaixo do esperado em 2014, segundo
INPE
Região sudeste foi a mais afetada pela falta de chuva em
todo o país.
Cientistas dizem que não conseguem prever se a seca é
temporária.
Um levantamento
feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostra que o Brasil registrou uma queda de 20% no
volume de chuva neste ano em comparação com a média histórica. No Vale do
Paraíba e região bragantina, onde está localizada a maior parte dos
reservatórios do sistema Cantareira, as chuvas ficaram 60% abaixo do esperado.
Os dados são correspondentes ao volume de chuvas até 31 de outubro.
De
acordo com os dados, o Sudeste apresentou os menores índices de chuva do país
e, em alguns pontos, a precipitação foi 80% menor do que a média histórica.
Segundo os meteorologistas, a estiagem se explica pela predominância de uma
massa de ar seco sobre a região, impedindo a chegada de frentes frias que vêm
do Sul - principais responsáveis pelas chuvas na região.
Para
o pesquisador Carlos Nobre, diretor de políticas e desenvolvimento do
Ministério da Ciência e Tecnologia, não é possível dizer que o fenômeno tenha
relação direta com o desmatamento da Amazônia ou com o aquecimento global.
"Essa seca em particular, ela não foi em uma área
pequena ou na cidade de São Paulo, ela foi uma seca imensa, numa área que, se
somarmos, é maior que todo território do Brasil. É uma soma de fenômenos
complexos, que não temos a explicação completa ", avalia o pesquisador.
Segundo Nobre, mesmo que as chuvas nos próximos meses fiquem
dentro da média, as represas do sistema Cantareira e do Rio Paraíba
dificilmente voltarão ao nível adequado antes do período de estiagem do ano que
vem.
"Qualquer
padrão de chuva, que não seja, idealmente, muito acima da média para recompor a
água dos reservatórios, tanto para abastecimento humano quanto das
hidrelétricas, pode ter um impacto", afirmou Nobre.
Previsão
No
Sudeste, 2014 foi o ano mais seco desde que os pesquisadores começaram a fazer
as medições de chuva, há 80 anos. Diante do cenário, cientistas também não
conseguem prever se o fenômeno é temporário ou se o período de seca se
estenderá.
"Como
são fenômenos muito dinâmicos, a gente não consegue prever a frequência de
passagem dessas frentes frias ao longo de meses, por exemplo. Por isso é que
não conseguimos fazer uma previsão com meses de antecedência do volume de
chuvas ou do estado da temperatura na região Sudeste do Brasil", explicou
o meteorologista do INPE Gilvan Sampaio. (g1)
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