quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Hospitais usam até garrafa PET na descarga

Centros médicos em São Paulo apostam em criatividade e em obras para conseguir reduzir o consumo de água em meio à crise.
Obras na parte hidráulica, reutilização de água e técnicas simples de economia, como o uso de garrafas PET para diminuir a utilização da descarga em bacias sanitárias, estão entre as técnicas adotadas pelos hospitais para reduzir o consumo e conviver com a crise hídrica. Algumas iniciativas já faziam parte das medidas de sustentabilidade das unidades, mas começaram a ser intensificadas neste ano.
Desde janeiro, o Hospital Samaritano está em obras. A modernização de 150 leitos incluiu a reforma da parte hidráulica, com a instalação de torneiras e chuveiros mais econômicos. Outra aposta foi a colocação, em abril, de garrafas PET preenchidas com pedras dentro da caixa acoplada de aproximadamente 300 bacias sanitárias - em áreas comuns e nos vestiários do hospital.
No Hospital São Camilo, sistema de tratamento ampliou economia de 40% para 60% desde agosto
“A caixa tem um sistema de descarte de água de três ou seis litros. A garrafa com pedras ocupa o espaço da água e o gasto cai em um litro e meio”, explica Gizele Ivanoff, gerente de engenharia do hospital. “Com essas mudanças, tivemos uma queda de 57% no consumo de água no mês de outubro, em relação ao ano passado.”
A lavanderia do Hospital São Camilo já mantinha um sistema de tratamento e reutilização da água usada nas lavagens. Desde agosto deste ano, a economia de água passou de 40% para 60%. “Nós aumentamos o período (de funcionamento) da estação de tratamento, que era até as 16 horas, para até as 19 horas”, diz a gerente da lavanderia, Maria Aparecida Mastroantonio. Por mês, são lavadas 180 toneladas de roupas e a gerente calcula economia de 2.100 m³.
São Camilo. Desde agosto, sistema de tratamento ampliou economia de 40% para 60%.
Conscientização
Desde abril, o Hospital Alvorada começou a trabalhar com uma campanha de conscientização de forma mais intensa. “O hospital também investe no monitoramento e na manutenção de toda a parte hidráulica para evitar vazamentos. Desde a instalação das torneiras com redutor de vazão, em 2012, conseguimos reduzir em 30% o consumo de água. Com as campanhas de conscientização, a economia chegou a mais 8%”, explica Luiz Cervone, diretor médico da unidade.
O uso racional já era uma medida adotada pelo Hospital do Coração (HCor) há, ao menos, três anos, segundo o gerente de engenharia hospitalar Gleiner Ambrósio. “Em 2014, há uma preocupação em relação ao planejamento das obras de reforma, manutenção com visão voltada para economia de água e equipamentos com o mínimo de consumo”, afirma.
No Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, as ações também foram intensificadas. “Reforçamos o processo de reuso nos setores de hemodiálise e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto, instalado em 2008. Depois de um processo de tratamento feito dentro do hospital, parte dessa água vai para as torneiras dos jardins e de lavagem das fachadas e calçadas”, diz Alexandre Abdo Agamme, gerente de instalações hospitalares da unidade.
Samaritano. Gasto cai em um litro e meio por operação.
Ações oficiais
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde informou que mantém ações de incentivo ao uso consciente da água, como o prêmio “Hospital Amigo do Meio Ambiente”, realizado desde 2008. Também por nota, a Secretaria Municipal da Saúde disse que realiza um trabalho de conscientização para evitar o desperdício. (OESP)

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