Redução das
emissões de gás carbônico do Brasil pode aumentar renda da população, diz
estudo
Medidas
para reduzir as emissões de gás carbônico (CO2) do Brasil até 2030 podem
trazer um aumento de renda para as famílias brasileiras, revelam pesquisadores
do Instituto Alberto Luiz Coimbra da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(Coppe-UFRJ).
Algumas
das ações seriam, por exemplo, a recuperação de uma parte da Mata Atlântica, o
aumento dos hectares de florestas replantadas, a elevação da participação das
fontes renováveis na geração de energia elétrica e o investimento em transporte
público de massa para reduzir o uso do carro nas cidades.
O
trabalho foi apresentado pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas à
ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em setembro, e estima que, se o
Brasil for mais ambicioso do que as metas atuais propõem, o país pode ter como
resultados, além da redução de emissões, um crescimento maior do Produto
Interno Bruto, uma diminuição do desemprego e, em alguns cenários, até o
aumento da competitividade da indústria.
O
coordenador do estudo, professor Emilio La Rovere, do Programa de Planejamento
Energético da Coppe, afirmou que o documento contradiz uma visão do senso comum
de que é preciso sacrificar o desenvolvimento econômico para aumentar os
esforços de preservação do meio ambiente. “Há possibilidades em que os índices
podem crescer ao mesmo tempo em que se diminuem as emissões. O Brasil tem uma
opção de desenvolvimento sustentável compatível com a redução da emissão de
gases”, disse.
O
estudo projeta quatro cenários com base em fatores macroeconômicos como um
crescimento médio da economia de 3,9% ao ano e barril do petróleo na casa dos US 85. Apesar de este ano a previsão ser de retração e o preço do petróleo
estar em torno de US 50, La Rovere disse que o país tem potencial para
retomar o crescimento e que o preço da commodity tem um histórico de grandes
variações. Outra variável é que a população brasileira vai passar de 220
milhões de habitantes.
Segundo
o estudo, em cenário parecido ao anunciado pela presidenta Dilma Rousseff na
Organização das Nações Unidas, no mês passado, a renda média das famílias
incluídas entre as 16% mais pobres do país seria de R$ 3.691, com a diminuição
da emissão de gás carbônico. Em um cenário de esforço maior, haveria um aumento
para R$ 3.844. No caso, haveria uma economia ainda mais voltada para o setor de
serviços, segundo os pesquisadores, que preveem um mercado com preços maiores,
porém desemprego menor.
Pelo
menos 60% dos incluídos em uma faixa média de renda teriam seus rendimentos
ampliados de R$ 8.772 para R$ 9.077, em 2030. Já os 24% que correspondem às
famílias mais ricas teriam um salto de R$ 37.601 para R$ 39.010. Esses números
levam em consideração um ambiente internacional em que o Brasil faria mais
esforços para reduzir as emissões de CO2 do que os demais países.
Em
um ambiente em que todos se dediquem à questão com o mesmo engajamento, o
trabalho faz previsões do impacto que teria uma precificação das emissões de
gás carbônico em US20 a tonelada ou em US100 a tonelada. Nesse cenário, o
Brasil ganharia competitividade na indústria, pois possui uma matriz energética
mais limpa que os concorrentes e sofreria menos com a taxação sobre as
emissões. A renda das famílias mais pobres e das 60% de renda média crescem
ainda mais quanto maior for a taxação.
O
grupo com renda mais alta, no entanto, teria uma renda menor que a prevista no
cenário com menos esforço pela redução das emissões, por ter uma cesta de
consumo com mais produtos que geram mais emissões.
No
cenário mais próximo às metas anunciadas pela presidenta Dilma no mês passado,
o país reduziria suas emissões de CO2 para 1,3 bilhão de toneladas
em 2030, cerca de 5% a menos do que emitia no ano de 1990, porém ainda acima
dos 1,2 bilhão emitidos em 2010.
O
cenário mais ambicioso reduz as emissões para 1 bilhão de toneladas de CO2,
enquanto, em 2005, eram de 2 bilhões. Segundo os pesquisadores, o cenário mais
ambicioso custaria investimentos de mais R$ 372 bilhões além dos já
comprometidos desde na conferência de Copenhague, em 2009. (ecodebate)
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