sábado, 25 de dezembro de 2021

O que há de errado em 4 argumentos de quem nega aquecimento global causado pelo homem

Aquecimento global: o que há de errado em quatro argumentos de quem nega aquecimento global causado pelo homem.
BBC analisou algumas das alegações que mais viralizaram no ano passado e o que elas podem nos dizer agora sobre a negação das mudanças climáticas

Enquanto os líderes mundiais se reuniam na cúpula da COP26, em Glasglow, na Escócia, para debater como enfrentar a mudança climática, afirmações enganosas e falsidades sobre o clima aumentaram nas mídias sociais.

A BBC analisou algumas das alegações que mais viralizaram no ano passado e o que elas podem nos dizer agora sobre a negação das mudanças climáticas.

Afirmação 1: O sol vai esfriar, interrompendo o aquecimento global

Há muito as pessoas afirmam, incorretamente, que as mudanças de temperatura do século passado são apenas parte do ciclo natural da Terra, e não o resultado do comportamento humano.

Nos últimos meses, vimos uma nova versão desse argumento.

Milhares de postagens nas redes sociais, atingindo centenas de milhares de pessoas no ano passado, afirmam que um "Grande Mínimo Solar" levará a uma queda natural nas temperaturas, sem intervenção humana.

Mas não é isso que as evidências mostram.

Um grande mínimo solar é um fenômeno real quando o Sol emite menos energia como parte de seu ciclo natural.

Estudos sugerem que o Sol pode muito bem passar por uma fase mais fraca em algum momento deste século, mas isso levaria, no máximo, a um resfriamento temporário de 0,1 — 0,2°C do nosso planeta.

Isso não chega nem perto de compensar a atividade humana, que já aqueceu o planeta em cerca de 1,2°C nos últimos 200 anos e continuará a aumentar, possivelmente chegando a 2,4°C no final do século.

Sabemos que os recentes aumentos de temperatura não foram causados ​​pelas mudanças no ciclo natural do Sol porque a camada da atmosfera mais próxima da Terra está se aquecendo, enquanto a camada mais próxima do Sol — a estratosfera — está esfriando.

O calor que normalmente seria liberado na estratosfera está sendo aprisionado pelos gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono liberado pela queima de combustível.

Se as mudanças de temperatura na Terra fossem causadas pelo Sol, esperaríamos que toda a atmosfera esquentasse (ou esfriasse) ao mesmo tempo.

Afirmação 2: o aquecimento global é bom

Vários posts que circulam nas redes sociais afirmam que o aquecimento global tornará partes da Terra mais habitáveis ​​e que o frio mata mais pessoas do que o calor.

Esses argumentos frequentemente selecionam fatos favoráveis, ignorando qualquer um que os contradiga.

Por exemplo, é verdade que algumas partes inóspitas e frias do mundo podem se tornar mais fáceis de viver por algum tempo.

Mas, nesses mesmos lugares, o aquecimento também pode levar a chuvas extremas, afetando as condições de vida e a capacidade de cultivo.

Ao mesmo tempo, outras partes do mundo se tornariam inabitáveis ​​como resultado do aumento da temperatura e da elevação do nível do mar, como as paradisíacas Ilhas Maldivas.

Pode ser que venhamos a ter menos mortes relacionadas ao frio. Mas de acordo com um estudo publicado na revista científica Lancet, entre 2000 e 2019, mais pessoas morreram em consequência do frio do que do calor.

Iceberg

Aumento nas mortes relacionadas ao calor deve contrabalancear todas vidas salvas por um mundo menos frio

No entanto, um aumento nas mortes relacionadas ao calor deve contrabalancear todas as vidas salvas.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU diz, de maneira geral, "os riscos relacionados ao clima para a saúde [e] subsistência ... devem aumentar com o aquecimento global de 1,5°C".

Espera-se que quaisquer pequenos benefícios locais de menos dias frios sejam compensados ​​pelos riscos de períodos mais frequentes de calor extremo.

Afirmação 3: ações de mudança climática tornarão as pessoas mais pobres

Uma afirmação comum feita por aqueles que se opõem aos esforços para combater a mudança climática é que os combustíveis fósseis têm sido essenciais para impulsionar o crescimento econômico.

Portanto, limitar seu uso, prossegue o argumento, inevitavelmente retardará esse crescimento e aumentará o custo de vida, prejudicando os mais pobres.

Mas este não é o quadro completo.

Os combustíveis fósseis impulsionaram veículos, fábricas e tecnologia, permitindo aos humanos no século passado fazer coisas em uma escala e velocidade que antes seriam impossíveis. Isso permitiu que muitas pessoas produzissem, vendessem e comprassem mais coisas e ficassem mais ricas.

Mas parar de usar carvão não significa retornar aos dias das carroças puxadas por bois e das máquinas de manivela — agora temos outras tecnologias que podem fazer um trabalho semelhante.

Em muitos lugares, a eletricidade renovável — movida a energia eólica ou solar, por exemplo — é agora mais barata do que a eletricidade movida a carvão, petróleo ou gás.

Por outro lado, estudos preveem que, se não agirmos diante das mudanças climáticas até 2050, a economia global pode encolher 18% por causa dos danos causados ​​por desastres naturais e temperaturas extremas em edifícios, vidas, negócios e suprimentos de alimentos.

Esses danos atingiriam mais duramente os mais pobres do mundo.

Homem caminha sobre placas de energia solar

Alegação de que a energia renovável causa apagões é "absurda", diz especialista.

Afirmação 4: a energia renovável é perigosamente não confiável

Postagens enganosas alegando que falhas de energia renovável levaram a apagões viralizaram no início do ano, quando uma falha massiva na rede elétrica deixou milhões de texanos no escuro e no frio.

Essas postagens, que foram retomadas por vários meios de comunicação conservadores nos Estados Unidos, atribuíram erroneamente o blecaute às turbinas eólicas.

"Os apagões são um artefato da má gestão da geração e distribuição de eletricidade", disse John Gluyas, diretor-executivo do Durham Energy Institute, nos Estados Unidos.

Ele diz que a alegação de que a energia renovável causa apagões é "absurda. A Venezuela tem uma grande quantidade de petróleo e apagões frequentes".

De acordo com Jennie King, do centro de estudos ISD Global, esse descrédito das energias renováveis ​​é uma "linha de ataque chave para aqueles que desejam preservar a dependência e os subsídios do petróleo e do gás".

Os críticos dos esquemas de energia renovável também afirmam que a tecnologia mata pássaros e morcegos, ignorando os estudos que estimam que as plantas movidas a combustíveis fósseis matam muito mais animais.

Não há dúvida de que alguns animais selvagens, incluindo pássaros, são mortos por turbinas eólicas.

Mas de acordo com o Instituto de Pesquisa de Mudanças Climáticas e Meio Ambiente da Universidade London School of Economics and Political Science (LSE), em Londres, no Reino Unido: "Os benefícios para a vida selvagem da mitigação das mudanças climáticas são considerados por ONGs de preservação... para compensar os riscos, desde que as salvaguardas de planejamento corretas sejam postas em prática, incluindo cuidadosa seleção do local". (yahoo)

Eventos climáticos extremos e as mudanças climáticas

Eventos climáticos extremos e as mudanças climáticas – entenda.

Bulletin of the American Meteorological Society (BAMS) apresenta avaliações de como as mudanças climáticas causadas pelo homem podem ter afetado a força e a probabilidade de eventos climáticos extremos individuais.

As secas das planícies do norte dos EUA e da África Oriental de 2017, as inundações na América do Sul, China e Bangladesh e as ondas de calor na China e no Mediterrâneo foram mais prováveis pelas mudanças climáticas causadas pelo homem, segundo uma nova pesquisa publicada no Boletim da Sociedade Meteorológica Americana (BAMS).

A sétima edição do relatório, Explaining Extreme Events in 2017 from Climate Perspective, também incluiu análises de eventos de calor oceânico, incluindo intensas ondas de calor no Mar da Tasmânia, fora da Austrália em 2017 e 2018, que eram “virtualmente impossíveis” sem causas humanas, das mudanças climáticas. Também estão incluídas análises de incêndios australianos e inundações no Uruguai.

Este é o segundo ano em que os cientistas identificaram eventos climáticos extremos que, segundo eles, não poderiam ter acontecido sem o aquecimento do clima por meio de mudanças climáticas induzidas pelo homem.

1.                Download por Capítulo:

2. Hydroclimatic Extremes as Challenges for the Water Management Community: Lessons from Oroville Dam and Hurricane Harvey

3. Observations of the Rate and Acceleration of Global Mean Sea Level Change

4. Anthropogenic Contributions to the Intensity of the 2017 United States Northern Great Plains Drought

5. Attribution of the 2017 Northern High Plains Drought

6. The Extremely Wet March of 2017 in Peru

7. Contribution of Anthropogenic Climate Change to April–May 2017 Heavy Precipitation over the Uruguay River Basin

8. December 2016: Linking the Lowest Arctic Sea-Ice Extent on Record with the Lowest European Precipitation Event on Record

9. The Exceptional Summer Heat Wave in Southern Europe 2017

10. Examining the Potential Contributions of Extreme “Western v” Sea Surface Temperatures to the 2017 March–June East African Drought

11. Risks of Pre-Monsoon Extreme Rainfall Events of Bangladesh: Is Anthropogenic Climate Change Playing a Role?

12. The Effects of Natural Variability and Climate Change on the Record Low Sunshine over Japan During August 2017

13. Anthropogenic Contribution to the 2017 Earliest Summer Onset in South Korea

14. Anthropogenic Influence on the Heaviest June Precipitation in Southeastern China Since 1961

15. Attribution of the Persistent Spring–Summer Hot and Dry Extremes over Northeast China in 2017

16. Anthropogenic Warming Has Substantially Increased the Likelihood of July 2017–like Heat Waves over Central Eastern China

17. Attribution of a Record-Breaking Heatwave Event in Summer 2017 over the Yangtze River Delta

18. The Role of Natural Variability and Anthropogenic Climate Change in the 2017/18 Tasman Sea Marine Heatwave

19. On Determining the Impact of Increasing Atmospheric CO2 on the Record Fire Weather in Eastern Australia in February

Nota da Redação: Sobre o tema “Eventos Climáticos Extremos” sugerimos que leia, também:

1.                 Eventos Climáticos Extremos – Calor Prolongado Na Sibéria Seria ‘Quase Impossível Sem Mudanças Climáticas’

2.                 Eventos Climáticos Extremos – Como As Mudanças Climáticas Podem Impactar Tempestades Nos Oceanos Tropicais

3.                 Influência Do Aquecimento Global Em Eventos Climáticos Extremos Tem Sido Frequentemente Subestimada

4.                 A Estreita Relação Entre Mudanças Climáticas E O Aumento De Eventos Climáticos Extremos

5.                 Dados De Estações Meteorológicas Comprovam Aumento De Eventos Climáticos Extremos Em São Paulo

6.                 Comunidades Reagem E Discutem Sobre Mudanças Climáticas Após Eventos Climáticos Extremos

7.                 Entre 168 Países, O Brasil É O 79º País Mais Impactado Por Eventos Climáticos Extremos

8.                 Novos Dados Confirmam Aumento Da Frequência De Eventos Climáticos Extremos

9.                 Estudo Indica Que Eventos Climáticos Extremos Serão Maiores Se Os Objetivos Do Acordo De Paris Não Forem Atingidos

10.            Entenda A Relação De Eventos Climáticos Extremos E O Aquecimento Global

11.            Gases Estufa E Aerossóis Na Atmosfera Influenciam Eventos Climáticos Extremos, Dizem Cientistas

(ecodebate)

Poluição atmosférica reduz em 2 anos expectativa de vida mundial

Poluição atmosférica reduz em dois anos expectativa de vida em todo o mundo.
São Paulo supera em quase 3 vezes recomendação da OMS para material particulado no ar.

Um relatório mostra que a poluição do ar por material particulado reduz em dois anos a expectativa média de vida das pessoas em todo o mundo.

O Air Quality Life Index (AQLI) destaca ainda que a poluição particulada era o maior risco para a saúde humana antes da COVID-19 — e deve voltar a ser se não houver políticas públicas voltadas a uma redução permanente após a pandemia.

“Embora a ameaça do coronavírus seja grave e mereça toda a atenção que está recebendo — talvez mais em alguns lugares –, enfrentar a gravidade da poluição do ar com um vigor semelhante permitiria que bilhões de pessoas em todo o mundo levassem vidas mais longas e saudáveis”, diz Michael Greenstone, professor de economia do Milton Friedman Distinguished Service e criador do AQLI junto com colegas do Energy Policy Institute da Universidade de Chicago (EPIC). “A realidade é que não há vacina que alivie a poluição do ar. A solução está numa política pública robusta”.

O documento afirma que se todos os países mantiverem a poluição particulada dentro dos limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde, que é de 10 μg/m3, a expectativa de vida atual subiria de 72 anos para 74. Em média, os seres humanos estão expostos a uma concentração de 29 μg/m3 desse tipo de contaminação.

Trabalhando dentro do corpo humano sem ser percebida, a poluição particulada tem um impacto mais devastador na expectativa de vida do que doenças transmissíveis como tuberculose e HIV/AIDS, assassinos comportamentais como o fumo e até mesmo a guerra. O tabagismo leva a uma redução na expectativa média de vida global de cerca de 1,8 anos. O uso de álcool e drogas reduz a expectativa de vida em 11 meses. A falta de água potável e de saneamento subtraem 7 meses. Na média, HIV/AIDS reduz a vida em 4 meses, e a malária em 3 meses. Conflitos e terrorismo cortam 18 dias de vida.

Poluição em São Paulo

Mariana Veras, coordenadora do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental do Hospital das Clínicas, teve acesso ao relatório e explica que os números referentes ao Brasil estão longe de refletir a realidade nos grandes centros urbanos do país, muitos deles sem monitoramento adequado de poluentes. “No estado de São Paulo, a questão do monitoramento é um pouco melhor, já que contamos com uma rede ampla da CETESB”, destaca a pesquisadora. “Dados dos últimos relatórios da qualidade do ar mostram que a média da concentração de PM2.5 está em torno de 28 ug/m³”. O dado citado por Veras é quase o triplo do recomendado pela OMS.

A pesquisadora explica que a poluição é uma ameaça mais grave a idosos e criança, e que moradores da periferia, que gastam mais tempo no trânsito, são mais impactados. “Os níveis atuais de poluição em São Paulo reduzem a expectativa de vida em cerca de um ano e meio, principalmente devido a câncer de pulmão e de vias aéreas superiores, infarto agudo do miocárdio e arritmias, bronquite crônica e asma”, afirma. Na capital paulista, Veras diz que a estimativa é que morre-se por poluição mais do que por acidentes de trânsito (1.556 no ano), 3 vezes e meia do que Câncer de mama (1.277), quase 6 vezes por AIDS (874) ou Câncer de Próstata (828).

A bióloga afirma que as políticas públicas brasileiras carecem de aplicação efetiva, e cita o PROCONVE e a Política Municipal da Mudança do Clima de São Paulo. “Nós fizemos um estudo na época do adiamento de uma das fases do PROCONVE. Os resultados mostraram que o adiamento por 3 anos da implementação em relação ao diesel provoca um excesso estimado de 13.984 mortes até 2040 e as despesas previstas com saúde aumentam em quase US $ 11,5 bilhões no mesmo período”.

Reduções na China

75% de toda a redução mundial da poluição atmosférica foi feita na China. Desde que o país começou a chamada “guerra contra a poluição”, em 2013, o país reduziu a poluição em quase 40% em 5 anos, adicionando cerca de 2 anos à expectativa média de vida da população. Para se ter uma ideia da magnitude dessas medidas, foram necessárias várias décadas de redução da poluição — e até de recessões econômicas — para que os Estados Unidos e a Europa conseguissem o mesmo alívio que a China conquistou em 5 anos, sem interromper o crescimento de sua economia.

A redução da poluição atmosférica em alguns países foi anulada globalmente pelo agravamento das condições em outras regiões. A situação mais alarmante é a do Sul da Ásia, que registou um aumento de 44% na poluição, reduzindo a expectativa de vida em 5 anos em média em Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão. Cerca de um quarto da população mundial vive nestes quatro países, mas eles representam 60% dos anos de vida perdidos devido à poluição.

Bangladesh é o país mais poluído do mundo, mas uma região específica da Índia — Uttar Pradesh, com quase 250 milhões de habitantes — está expondo a população a um nível de contaminação que não é comparável a nenhum outro lugar do planeta e pode custar até 8 anos de vida de seus moradores.

Sobre o Índice de Qualidade de Vida do Ar (AQLI)

O AQLI é um índice de poluição que traduz a poluição atmosférica particulada na métrica mais importante que existe: seu impacto na expectativa de vida. Esse parâmetro foi desenvolvido por Michael Greenstone, professor de Economia do Milton Friedman Distinguished Service e criador do AQLI junto com colegas do Energy Policy Institute da Universidade de Chicago (EPIC).

O AQLI é embasado em pesquisas que quantificam a relação causal entre a exposição humana de longo prazo à poluição do ar e a expectativa de vida. O índice então combina medições de partículas hiperlocalizadas e globais, produzindo uma percepção sem precedentes do verdadeiro custo da poluição por partículas em comunidades ao redor do mundo. O Índice também ilustra como as políticas de poluição do ar podem aumentar a expectativa de vida quando cumprem as diretrizes da Organização Mundial da Saúde para o que é considerado um nível seguro de exposição, padrões nacionais de qualidade do ar existentes ou níveis de qualidade do ar definidos pelo usuário. Estas informações podem ajudar a informar as comunidades locais e os formuladores de políticas sobre a importância das políticas de poluição do ar em termos concretos. (ecodebate)

Acelerar a transição energética reduz os riscos climáticos

“Quem embarcaria em um avião se a chance de chegar com segurança fosse de apenas 50%?” pergunte a Harald Desing e Rolf Widmer no início de sua publicação. Em nossa jornada para o futuro com a espaçonave Terra, não temos a opção de entrar ou sair.

É, portanto, ainda mais surpreendente que, mesmo com os caminhos de transição otimistas do IPCC/“Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas”, as chances de limitar o aquecimento global a 1,5°C são de apenas cerca de 50%.

Abordagem radicalmente simplificada

Portanto, precisamos fazer mais para aumentar as chances de chegar a um futuro seguro, raciocinaram os dois pesquisadores do Empa. E comecei a fazer as contas para encontrar o limite físico para acelerar a transição energética. Usando um modelo desenvolvido especificamente para esse fim no laboratório de pesquisa “Tecnologia e Sociedade” da Empa, eles simplificaram a economia global em uma imagem radical e clara: há um “motor fóssil” que combina todos os sistemas de energia não renováveis de hoje e converte fósseis combustíveis em eletricidade. E existe uma “máquina solar” que gera eletricidade a partir da luz solar.

Como o potencial solar nos telhados, fachadas, estacionamentos e outras infraestruturas já selados é suficiente para a recuperação, não há necessidade de parques solares nem grandes parques eólicos. Claramente, precisamos desligar a máquina fóssil o mais rápido possível e construir e operar a outra máquina solar. A construção da máquina solar precisa antes de qualquer coisa, de energia, que no início da transição energética só pode vir da máquina fóssil. Como podemos fazer isso com as emissões cumulativas mais baixas possíveis? Porque a temperatura da atmosfera não depende das emissões atuais, mas sim das emissões cumulativas – incluindo as emissões anteriores.

Países emergentes têm desafios para fazer transição energética.

Acelerar a todo o vapor e, em seguida, travar com força.

Os dois pesquisadores calcularam vários cenários e chegaram a uma conclusão clara: agora teríamos que utilizar todas as usinas de combustível fóssil em sua capacidade máxima e colocar a energia adicional assim obtida na construção da máquina solar. “Nossa simulação mostra que a conversão mais rápida possível do setor de energia gera as menores emissões cumulativas de CO2”, diz Desing. Paradoxalmente, isso significa que as emissões fósseis aumentam em até 40% durante a transição, mas com o único propósito de construir infraestrutura solar. Assim, a transição energética poderia ser concluída em cinco anos, resultando nas menores emissões cumulativas. Depois disso, o motor fóssil pode ser desligado.

Mas mesmo a transição de energia mais rápida possível ainda tem 20% de chance de exceder a meta de 1,5°C. Não podemos ir mais baixo do que isso, já é tarde demais. E a cada ano que esperamos aumenta ainda mais essa probabilidade.

Conclusão: Teoricamente, ainda seria possível reduzir a probabilidade de ultrapassar a meta climática de 1,5 ° C para menos de 50% – mas somente se agora acelerarmos a transição energética. O trabalho de pesquisa foi financiado pela Swiss National Science Foundation (SNSF). (ecodebate)

Empresas de tecnologia subnotificam as emissões de CO2

As empresas do setor de tecnologia digital estão subestimando significativamente as emissões de gases de efeito estufa que surgem ao longo da cadeia de valor de seus produtos.

Em uma amostra de 56 grandes empresas de tecnologia pesquisadas em um estudo da Universidade Técnica de Munique (TUM), mais da metade dessas emissões foram excluídas do autorrelato em 2019. Em aproximadamente 390 megatons equivalentes de dióxido de carbono, as emissões omitidas estão em a mesma estimativa da pegada de carbono da Austrália. A equipe de pesquisa desenvolveu um método para detectar fontes de erro e calcular as divulgações omitidas.

Para que os formuladores de políticas e o setor privado estabeleçam metas de redução das emissões de gases de efeito estufa, é importante saber quanto CO2 as empresas estão realmente emitindo. No entanto, não há requisitos obrigatórios para uma contabilidade abrangente e divulgação completa dessas emissões. O Greenhouse Gas (GHG) Protocol é visto como um padrão voluntário.

Ele distingue três categorias de emissões: Escopo 1 se refere às emissões diretas das atividades da própria empresa, escopo 2 se refere às emissões da produção de energia comprada e escopo 3 às emissões de atividades ao longo da cadeia de valor, em outras palavras, todas as emissões de matérias-primas extração do material até o aproveitamento do produto final. As emissões do Escopo 3 geralmente representam a maior parte da pegada de carbono de uma empresa. Estudos anteriores também mostraram que essas emissões são responsáveis pela maioria das lacunas de relatórios. Até agora, Lena Klaaßen e o Dr. Christian Stoll da Escola de Administração TUM da Universidade Técnica de Munique (TUM) desenvolveram um método para identificar lacunas de relatórios para emissões de escopo 3 e o usaram em um estudo de caso para determinar as pegadas de carbono de pré-selecionados empresas de tecnologia digital. Seu artigo já foi publicado na revista Nature Communications.

Empresas publicam números inconsistentes

Klaaßen e Stoll determinaram que muitas empresas enviam números diferentes de emissões de gases de efeito estufa, dependendo de onde os relatam. Eles se concentraram principalmente nos relatórios das próprias empresas, em comparação com as divulgações voluntárias para a organização sem fins lucrativos CDP. A pesquisa anual de empresas realizada pelo CDP é considerada a mais importante coleta de dados com base na estrutura do GHG Protocol. A maioria das empresas divulga emissões mais baixas em seus próprios relatórios do que na pesquisa do CDP. Isso pode ser parcialmente devido ao fato de que o relatório do CDP se destina principalmente a investidores, enquanto os relatórios corporativos são dirigidos ao público em geral.

Além disso, o CDP deixa para as empresas relatoras escolherem quais das 15 categorias do GHG Protocol – desde viagens de negócios até o descarte de resíduos – são relevantes para elas. Os estudos mostram que essa liberdade discricionária resulta em algumas empresas ignorando certas categorias ou não relatando totalmente as emissões relacionadas. A maioria das empresas tem lacunas nos relatórios simplesmente porque não recebem dados de emissões de todos os fornecedores e não preenchem as lacunas com dados secundários.

Para fechar as lacunas, Klaaßen e Stoll calculam as emissões aplicando os valores de várias empresas comparáveis que relatam números completos. Eles levam em consideração se essas empresas são do mesmo setor e são comparáveis em termos de indicadores-chave, como vendas, lucros e tamanho da força de trabalho. Para aplicar um benchmark uniforme, eles assumem que as categorias do GHG Protocol são relevantes para uma empresa, a menos que afirme especificamente que as emissões são inexistentes nesta área.

751 vs. 360 megatons equivalentes de dióxido de carbono

Klaaßen e Stoll aplicaram esse método para quantificar as emissões de escopo 3 de 56 empresas de tecnologia digital. Devido ao seu alto consumo de energia, essa indústria é vista como uma importante fonte de emissões de CO2, mas frequentemente afirma estar comprometida com um modelo de negócios de baixo carbono. O estudo de caso investiga fabricantes de software e hardware que foram incluídos na lista Forbes Global 2000 de 2019, classificando as maiores empresas públicas do mundo, e participaram da pesquisa CDP no mesmo ano.

Os cálculos mostram que em 2019 as empresas de tecnologia analisadas não divulgaram mais de 50% das emissões de gases de efeito estufa ao longo da cadeia de valor em seus próprios relatórios e / ou pesquisa do CDP. Em vez dos equivalentes de dióxido de carbono de 360 megatons (a unidade padronizada para todos os gases de efeito estufa), o estudo chega a um total de 751 megatons. A discrepância de 391 megatons é comparável às emissões anuais de gases de efeito estufa da Austrália.

Diferenças significativas entre empresas

Metade das empresas apresentou ao CDP dados que não estavam de acordo com os dados divulgados em seus próprios relatórios corporativos. Era especialmente comum que esses relatórios ignorassem as categorias do GHG Protocol que contribuem substancialmente para as emissões. Por exemplo, 43% das empresas negligenciaram as emissões do uso de produtos vendidos e 30% negligenciaram bens e serviços adquiridos.

As diferenças na qualidade das divulgações das empresas foram significativas. Enquanto algumas empresas omitiram apenas uma categoria do GHG Protocol, outras ignoraram todas as classes de emissões do escopo 3. Na maior discrepância encontrada pelos pesquisadores, as emissões divulgadas publicamente e o valor calculado diferiram por um fator de 185. Os valores mais próximos diferiram em apenas 0,06%. As empresas de hardware omitiram mais da metade de suas emissões globais e as empresas de software um pouco menos da metade. As empresas que anunciaram metas ambiciosas de redução de CO2 foram relativamente precisas em seus relatórios. Aqui, a diferença entre as quantidades divulgadas e ajustadas foi inferior a 20%.

“Considere a adoção de regulamentos vinculativos”

“O relato frequentemente assistemático e impreciso das pegadas de carbono das empresas é um problema para os formuladores de políticas, as partes interessadas e as próprias empresas”, disse Lena Klaaßen. “A falta de transparência dificulta o estabelecimento de metas realistas e o desenvolvimento de estratégias eficazes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a avaliação adequada das empresas”.

O papel das empresas na redução das emissões de CO2

Além de pesquisas adicionais em outros ramos, os autores acreditam que um novo marco regulatório é necessário. “À luz do sub registro atual que observamos, parece improvável que as diretrizes voluntárias por si só possam trazer divulgações mais precisas no futuro”, disse Christian Stoll. “Consequentemente, os formuladores de políticas devem pensar em diretrizes vinculativas com regras claras sobre como as emissões de gases de efeito estufa são relatadas”. (ecodebate)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Taxa de Desmatamento na Amazônia é a maior desde 2006

Desmatamento flagrado pelo IBAMA.

Representantes do governo brasileiro já chegaram à COP 26 sabendo da má notícia, mas insistiram em vender uma imagem supostamente sustentável.

A estimativa da taxa oficial de desmatamento na Amazônia Legal divulgada hoje por meio do Programa Prodes, aponta que 13.235 km² foram desmatados entre agosto/2020 e julho/2021.

O anúncio chega na semana seguinte ao encerramento da COP 26, onde o governo brasileiro tentou limpar sua imagem, mesmo sabendo que mais um recorde de desmatamento já havia sido batido, uma vez que o documento divulgado tem data de 27/10/21, ou seja, antes da COP 26. O anúncio também ocorre ao mesmo tempo em que o cerco para o desmatamento começa a se fechar: a comissão da União Europeia publicou em 17/11/21 o projeto da nova legislação do bloco que veda a compra de produtos ligados ao desmatamento.

“Apesar das tentativas recentes do governo em limpar sua imagem, a realidade se impõe mais uma vez. Os mais de 13 mil km² não surpreendem quem acompanhou os últimos três anos de desmonte na gestão ambiental brasileira e as tentativas de enfraquecer o arcabouço legal para a proteção do meio ambiente. Fica evidente que as ações necessárias por parte do Brasil para conter o desmatamento e as mudanças climáticas não virão deste governo que está estacionado no tempo e, ainda vê a floresta e seus povos como empecilho ao desenvolvimento”, declara Cristiane Mazzetti, porta-voz da campanha da Amazônia do Greenpeace.

Desmatamento na Amazônia tem a maior taxa em 15 anos.

Os dados divulgados pelo INPE representam um aumento de 21,97% na taxa de desmatamento em relação ao ano anterior. Esta é a maior taxa de desflorestamento já registrada, desde 2006. Na média, houve um aumento de 52,9% na área desmatada nos três anos de governo Bolsonaro (média de 11.405 km² entre 2019 e 2021) em relação à média dos três anos anteriores (média de 7.458 km² entre 2016 e 2018). “O governo atual, com sua política antiambiental, elevou drasticamente o patamar de desmatamento na maior floresta tropical do planeta. Estes são níveis inaceitáveis perante a emergência climática que vivemos no Brasil e no mundo, com extremos climáticos e seus impactos cada vez mais devastadores e frequentes”, comenta Cristiane. “E essa situação só vai piorar, se o Senado aprovar o PL da Grilagem, que beneficia invasores de terras públicas e incentiva ainda mais desmatamento”, completa.

Amazônia Legal tem maior desmatamento desde 2006.

No período em que a taxa foi medida, 32% dos alertas de desmatamento se concentraram nas Florestas Públicas Não Destinadas, alvo frequente de grilagem de terras. A última audiência pública do Senado para discutir o PL 2633/2020, já aprovado na Câmara dos Deputados deve acontecer na próxima semana, com isso a matéria pode ser votada em Plenário logo na sequência. (ecodebate)

Saiba o que são as Soluções baseadas na Natureza

Saiba o que são as Soluções baseadas na Natureza – SbN.
Ações se inspiram na natureza para amenizar problemas ambientais e são importantes para que o Brasil alcance metas do Acordo de Paris.

Entre 31/10 e 12/11/21 líderes mundiais, organizações e ativistas se reuniram em Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26. O Brasil, país com a segunda maior área de florestas do mundo, se comprometeu novamente a investir para reverter o desmatamento e a degradação ambiental até 2030.

Comprometeram-se também com a meta países como Austrália, China, Estados Unidos, Guatemala, Rússia, Turquia e União Europeia. Essas nações ficam obrigadas a realizar investimentos públicos e aplicar fundos de iniciativa privada para atingi-la. Alguns desses fundos foram levantados para aumentar os investimentos em bioeconomia e Soluções baseadas na Natureza (SbN), expressão que foi citada várias vezes na COP26.

De acordo com Nicole Brassac de Arruda, pesquisadora do Lactec, centro de ciência e tecnologia, se a redução dos impactos da intervenção humana não pode ser feita de forma integral, as SbN são caminhos para absorver carbono e regular o ciclo hidrológico, reduzindo o desmatamento e o risco de enchentes. “As SbN simulam o funcionamento da natureza em iniciativas que buscam diminuir a vulnerabilidade dos espaços a eventos como enchentes e erosão do solo”, explica.

A pesquisadora enfatiza que as SbN permitem avanços na direção do desenvolvimento sustentável das cidades: “Quando são incentivadas pelo poder público, auxiliam na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, além de promover saúde e bem-estar para a população”.

O que são as Soluções baseadas na Natureza

As SbN são um conceito que se baseia em processos naturais para impactar de forma positiva a sociedade, o meio ambiente e a economia. Segundo a Aliança Brasil em Soluções Baseadas na Natureza, elas são essenciais para que o Brasil consiga cumprir outra meta com a qual se comprometeu: o Acordo de Paris. A seguir, confira como funcionam quatro exemplos de Soluções baseadas na Natureza.

1 – Jardins de chuva

Altamente impermeabilizado, o solo nos espaços urbanos faz com que a água das chuvas escoe com maior velocidade e tenha menor infiltração no solo, o que contribui para a ocorrência de enchentes e a menor recarga das águas subterrâneas.

Os jardins de chuva são projetados para tratar, reter e absorver essa água que escoa de ruas, telhados e gramados, permitindo que mais dela penetre no solo e seja reincorporada ao ciclo hidrológico. Compostos de arbustos, flores e demais espécies de vegetação, esses jardins são plantados em áreas de encostas naturais ou depressões do terreno em espaços urbanos. Para compô-los, é ideal escolher espécies de plantas nativas e resistentes, que possam receber bastante água em um curto período de tempo e pouca nos períodos de seca.

2 – Parques lineares

Os parques lineares são construídos no entorno de corpos d’água como rios e córregos, formando uma linha verde ao longo de seus trajetos. Assim como os jardins de chuva, quando associados ao planejamento da cidade, esses parques multifuncionais podem se tornar uma alternativa aos problemas de drenagem urbana e a regularização do ciclo da água.

Segundo a pesquisadora do Lactec, contrapor a impermeabilização do solo é um desafio: “A construção de parques lineares de maneira isolada não é uma resposta única para problemas de enchentes, por exemplo. No contexto das SbN, devem ser consideradas várias soluções de integração entre a infraestrutura verde e a infraestrutura cinza, buscando a resolução dos problemas da cidade”.

3 – Recuperação de áreas verdes degradadas

No caminho que faz pela superfície terrestre até voltar aos corpos de água, superficiais ou subterrâneos, as águas pluviais podem arrastar consigo solo, folhas, galhos e, inclusive, poluentes. Atividades de conservação ambiental como a recomposição de mata ciliar e demais áreas verdes degradadas e o uso de plantas de cobertura na agricultura — que protegem o solo de erosão e auxiliam na infiltração da água — podem reduzir essa poluição nas bacias hidrográficas, além de contribuir para a recarga de aquíferos.

4 – Estações de tratamento de esgoto baseadas na natureza

Também conhecidos como alagados construídos, são sistemas de tratamento de esgoto domésticos ou industriais baseados em processos biológicos como a fitorremediação. Esse processo utiliza plantas para remover diferentes tipos de poluentes da água com baixo custo de energia. A água que passa por este tratamento pode, então, ser reutilizada para os mais diversos fins, de acordo com a qualidade atingida pelo processo — o que diminui a pressão sobre os recursos hídricos.

As SBN podem render impactos positivos do ponto de vista socioeconômico, além do ambiental.

Soluções baseadas na natureza podem diminuir emissões globais.

Sobre o Lactec

Instituto privado sem fins lucrativos, o Lactec é um dos maiores centros de ciência e tecnologia do Brasil. (ecodebate)

Aquecimento global acelera a frequência dos extremos de calor

A frequência de extremos de calor e temperaturas e chuvas recordes têm aumentado em todo o mundo como resultado do aquecimento global, de acordo com um projeto de pesquisa internacional liderado pela Universidad Complutense de Madrid (UCM) e envolvendo a participação do Instituto de Geociências (CSIC- UCM).

O estudo, publicado na Climate and Atmosphere Science estima que a ocorrência de temperaturas recordes é oito vezes maior do que o que seria esperado sem o aquecimento global e que pelo menos uma em cada quatro novas chuvas recordes é causada pelas mudanças climáticas.

“Embora as mudanças observadas nas temperaturas globais sejam aparentemente pequenas, em torno de 0,2ºC por década, tem havido um aumento desproporcional na frequência de climas extremos. Esse aumento incomum teria sido impossível sem o aquecimento global de origem antropogênica”, indica Alexander Robinson, É investigadora do Departamento de Ciências da Terra e Astrofísica da UCM e do IGEO (CSIC-UCM).

Outra das conclusões do estudo é que as regiões tropicais, que incluem países vulneráveis com menor nível de responsabilidade pelo aquecimento global, são as que estão experimentando os maiores aumentos de condições climáticas extremas.

“As informações obtidas permitem monitorar os efeitos do aquecimento global e manter o nível de conscientização pública sobre esse problema. Além disso, as análises regionais são úteis como ferramenta informativa e como suporte nas negociações sobre mudanças climáticas entre diferentes países”, conclui Robinson.

Níveis sem precedentes

Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram as temperaturas médias mensais e a precipitação diária em estações terrenas ao redor do globo para determinar a frequência histórica de eventos extremos de diferentes magnitudes e registrar eventos em nível global e regional. Esses resultados foram comparados com a evolução esperada em um clima estacionário – sem mudanças climáticas.

“Podemos afirmar que a ocorrência de eventos recordes nas últimas décadas é inédita no registro instrumental e sua frequência tem aumentado com o aquecimento global. índice de aquecimento global”, acrescenta David Barriopedro, pesquisador do IGEO.

(ecodebate)

Aproveitamento integral dos alimentos garante alimentação sem desperdício e mais nutritiva

Publicação gratuita desenvolvida por estudantes de Nutrição e Metabolismo da USP ensina receitas para o aproveitamento integral dos alimentos.
Você sabia que é possível diminuir o desperdício de alimentos na hora de preparar refeições? Além disso, o uso de talos, cascas e sementes pode contribuir para uma alimentação mais nutritiva e saborosa. Para orientar a população sobre o aproveitamento integral dos alimentos com receitas e dicas, alunos do curso de Nutrição e Metabolismo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP criaram o livro digital Um pouco de história e 10 receitas para tornar o desperdício zero.

A publicação gratuita e didática é resultado da iniciativa da Liga Acadêmica de Sustentabilidade e Alimentação Coletiva (Lasac) e do Centro Estudantil Josué Castro (Cejoca). As duas organizações estudantis de estudantes da FMRP desenvolvem anualmente um projeto social voltado para a população (confira no vídeo abaixo).

“Orientar sobre o aproveitamento integral dos alimentos é importante, pois propicia maior aporte de nutrientes para o organismo. Os talos, cascas, folhas e sementes são ricos em vitaminas, minerais e proteínas; são fontes de fibra que ajudam a regular o intestino; e ainda podem ter antioxidantes que fortalecem a saúde, aumentam a imunidade e retardam o envelhecimento”, explica Stefani Justa, diretora de marketing da Lasac e secretária do Cejoca.

O desperdício é definido pelo descarte intencional de alimentos que poderiam ser consumidos, mas possuem aparência desagradável. “Em 2019, o mundo desperdiçou cerca de 17% de toda a produção de alimentos mundial e a maior parte é gerada nos domicílios, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a organização inglesa Waste and Resources Action Programme”, conta Stefani.

Para incentivar o aproveitamento integral dos alimentos, o e-book traz receitas de preparo de torta com sobra de arroz e talos de couve, brócolis, couve-flor e acelga; farofa de folhas e talos de beterraba, rabanete e brócolis; bolinho de sobras de arroz e feijão; carne louca com casca de banana; bolinho com folhas e talos de brócolis; bolo de banana com casca; doce de casca de laranja e de entrecasca de melancia; pudim de pão e abacaxi; suco de abacaxi com couve; e bolo de laranja com casca.

Livro oferece receitas e explica sobre aproveitamento integral de alimentos.

“Com criatividade e com checagem se os alimentos realmente estão adequados para o consumo, é possível aproveitar até carne assada, carne moída, arroz, macarrão, hortaliças, feijão, pão, frutas e leite”, comenta a aluna do curso de Nutrição e Metabolismo da FMRP, Stefani.

O livro digital ainda dá dicas de como evitar o desperdício, confira:

• Planejar: o planejamento das compras do mês pode auxiliar na compra do que é realmente necessário, diminuindo o risco de excesso que pode estragar.

• Conservar: o armazenamento adequado dos alimentos é importante para evitar a proliferação de micro-organismos.

• Aproveitar integralmente os alimentos: evitar o descarte de cascas, folhas, talos e sementes;

• Descartar: não descartar o alimento considerando apenas a aparência, pois, em muitos casos, ele poderia ser aproveitado retirando apenas a parte imperfeita.

Como fazer uma composteira

Uma alternativa para redução do desperdício proposta pelo e-book é a prática da compostagem das cascas, talos, folhas e sementes que não podem ser consumidos. A compostagem é um processo de decomposição que transforma o resíduo orgânico em adubo rico em nutrientes para as plantas.

“A compostagem é importante, pois produzindo adubo a partir de lixo orgânico, que seria descartado em aterros, evita a poluição do solo, dos lençóis freáticos e a produção de gás metano, que polui a atmosfera. O húmus produzido na compostagem é rico em nutrientes e pode ser utilizado na agricultura, em jardins e plantas, substituindo os produtos químicos”, explica Stefani.

Entre os materiais que podem ser inseridos estão: frutas, verduras, legumes, pó e filtro de café, casca de ovo, guardanapos, palitos, serragem, folhas secas e sachê de chá. Já na lista de não compostáveis estão restos de carne, laticínios, óleos, gorduras, alimentos cozidos, papel higiênico usado, fezes de animais e alimentos salgados.

O passo a passo de como montar a composteira caseira em baldes ou no chão pode ser conferido na página 37 do e-book, neste link.

Clique aqui para acessar o e-book Um pouco de história e 10 receitas para tornar o desperdício zero.

Clique no player para ver o vídeo de apresentação da edição de 2021 do projeto social desenvolvido pelos estudantes da FMRP:

Assista ao interessante vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=hz9xpbg-GkQ.

Carne louca de casca de banana, bolinho de brócolis com folhas e talos e doce de casca de laranja são algumas das receitas disponíveis no livro.

Receitas com cascas, folhas e sementes garantem alimentação sem desperdício e mais nutritiva.

Publicação gratuita desenvolvida por estudantes de Nutrição e Metabolismo da USP ensina receitas para o aproveitamento integral dos alimentos. (ecodebate)

Lixo eletrônico: geração cresce mais que a reciclagem

A geração mundial de lixo eletrônico está aumentando cinco vezes mais rápido do que a reciclagem documentada de lixo eletrônico. 62 milhões ...