Os dados deste artigo tem como base o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2016, uma publicação da Associação das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – Abrelpe que anualmente divulga os dados estatísticos relacionados com suas atividades no país. Nos artigos anteriores, estão descritos os dados gerais da produção de resíduos no país, a disposição final dos resíduos sólidos urbanos – RSU, os resíduos de construções e demolições – RCD, os resíduos dos serviços de saúde – RSS e outras informações complementares. Neste artigo estão descritas as ações referentes à logística reversa e reciclagem.
A reciclagem, definida como um processo de transformação dos resíduos em insumos ou novos produtos é uma prioridade na gestão de acordo com a Lei 12.305/2010 que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS. A logística reversa, instrumento vinculado ao princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e restituição dos resíduos e/ou produtos obsoletos aos setores empresariais para aproveitamento no mesmo ciclo, em outros ciclos produtivos ou para destinação final ambientalmente adequada, implantada através de acordos setoriais e termos de compromissos dos setores empresariais é um instrumento fundamental da PNRS.
As embalagens e restos de agrotóxicos, óleos
lubrificantes e pneus usados possuem sistemas próprios de coleta e destinação.
As embalagens em geral também estão previstas em acordo setorial a partir de
2015 com meta de em 24 meses recolherem e destinarem adequadamente 3.800
toneladas/dia, mas ainda não há dados disponíveis. Os eletroeletrônicos,
lâmpadas, pilhas e baterias não estão no relatório da Abrelpe em 2016.
1 – Logística Reversa
Agrotóxicos – O Impev, Instituto
Nacional de Processamento de Embalagens Vazias desde 2001 realiza a logística
reversa e a gestão pós-consumo das embalagens vazias de agrotóxicos através do
Sistema Campo Limpo em todas as regiões do país. Em 2016 foram 44.528 toneladas
recolhidas, 94% do total de embalagens primárias comercializadas, sendo 90%
recicladas e 4% incineradas. Em comparação com 2015, houve uma redução de 2%.
Mas mesmo com esta queda o Brasil manteve a liderança e a referência mundial na
destinação de embalagens vazias de agrotóxicos.
Óleos lubrificantes – O Instituto Jogue
Limpo criado pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de
Combustíveis e Lubrificantes – Sindicom é responsável pelo Programa Jogue Limpo
para a logística reversa e a gestão pós-consumo das embalagens de óleos
lubrificantes. Este foi o primeiro Acordo Setorial realizado com o Ministério
do Meio Ambiente em 2012 e está atuante em 14 estados – RS, SC, PR, SP, RJ, MG,
ES, BA, SE, AL, PB, PE, RN e CE – e 4.136 municípios com 39.436 pontos de
coleta regulares. Em 2016 foram recolhidas 92 milhões de embalagens,
correspondentes 4.591 toneladas de plásticos, redução de 7,6% em relação ao
panorama de 2015.
Pneus – A Reciclanip,
desde 1999 é a entidade representante dos fabricantes nacionais de pneus para a
logística reversa e a gestão pós-uso, com pontos de coleta em todas as regiões
do país em 1025 municípios, com foco nos municípios com mais de 100 mil
habitantes – Resolução Conama 416/2009. Em 2016 foram recolhidas e recicladas
457 mil toneladas de pneus inservíveis, com crescimento de 1,1% em relação ao
ano de 2015.
2 – Reciclagem
São analisados os setores de alumínio, papel e
plástico com base nas informações fornecidas pelas respectivas associações
representativas destes setores para a Abrelpe. As associações utilizadas como
base das informações não estão listadas e as informações fornecidas são do ano
de 2015. O vidro não está incluído por inexistirem dados atualizados e
confiáveis sobre a sua reciclagem.
Alumínio – Os dados fornecidos
são bastante vagos. Embora o panorama se refira ao ano de 2016, informa-se que
no ano anterior de 2015 a reciclagem total de alumínio no Brasil foi de 602
toneladas, com uma relação entre o volume reciclado e o consumo doméstico de
38,5% em uma média mundial de 27,1%, colocando o Brasil em oitavo lugar nesta
relação de consumo. No segmento de latas para o envase de bebidas, com dados
também de 2015, informa-se que o Brasil está em primeiro lugar com 97,9%
correspondentes a 292,5 mil toneladas recicladas.
Papel – Os dados são de
2015, com base na divisão da taxa de recuperação de papéis com potencial de
reciclagem pela quantidade de papéis recicláveis consumidos durante o período.
Informa-se que no ano de 2015 a taxa de recuperação foi de 63,4% com
crescimento de 4%. Destaque para o setor de embalagens com 80% de reciclagem.
Plástico – São fornecidos os
dados somente do PET com base nas informações da Abipet – Associação Brasileira
da Indústria de PET, indicando 51% de reciclagem com 274 mil toneladas em 2015
e queda de 12,73% em relação ao panorama anterior de 2014 com 314 mil
toneladas. Para ter-se uma ideia da queda na reciclagem do PET, os números
estão abaixo dos dados de 2010, em que foram recicladas 282 mil toneladas.
2010
|
2011
|
2012
|
2014
|
2015
|
282
|
294
|
331
|
314
|
274
|
Tabela
1 – Série histórica da reciclagem do PET no Brasil em 2010-2015. Toneladas X
1000. Os dados de 2013 não estão disponíveis nas informações fornecidas.
(ecodebate)
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