Menos é mais: como o
decrescimento salvará o mundo.
A exploração da natureza e a
domesticação do mundo natural já passaram dos limites. A humanidade está
promovendo um ecocídio em larga escala que pode se transformar em suicídio.
“Acreditar que o crescimento
(demo) econômico exponencial pode continuar infinitamente num mundo finito é
coisa de louco ou de economista” (1966) - Kenneth Boulding (1910-1993)
A humanidade já superou a
capacidade de carga do Planeta e já ultrapassou 4 das 9 fronteiras planetárias.
A lógica do crescimento econômico é incompatível com a sustentabilidade. Hoje
em dia a preocupação maior do mundo é com a emergência sanitária provocada pela
pandemia da covid-19. Mas, no longo prazo, a emergência sanitária é o maior
desafio do século e é uma “ameaça existencial” à civilização como afirmou o
presidente dos EUA, Joe Biden, na abertura da Cúpula dos Líderes do Clima.
Uma das afirmações centrais
de Hickel, e que ele detalha na primeira parte do livro, é que “não há nada
natural ou inato no comportamento produtivista que associamos ao homo
economicus”. Essa criatura é o produto de cinco séculos de reprogramação
cultural. Em outras palavras, fomos encorajados, até mesmo compelidos a nos
comportar de maneira a justificar o produtivismo e o acumulo de bens materiais.
O autor considera que as propostas de desmaterialização da economia e o
desacoplamento entre produção e recursos naturais não ocorre na prática, pois o
que funciona é o “Paradoxo de Jevons”, já que os ganhos microeconômicos não
ocorrem em nível macroeconômico.
Além de defender o
decrescimento, Hickel defende a justiça social e critica as desigualdades que
são os subprodutos mais significativos e intencionais da expansão capitalista e
um dos desafios mais intransponíveis que a população mundial tem que enfrentar.
Ele diz: “a justiça é o antídoto para o imperativo do crescimento – e a chave
para resolver a crise climática”. A conclusão de Hickel sobre a transição
ideológica necessária deixa claro que não será difícil e que a janela de
oportunidade se fecha rapidamente. Ele escreve como “a luta diante de nós é
mais do que apenas uma luta pela economia. É uma luta por nossa própria teoria
do ser. Requer descolonizar não apenas terras, florestas e povos, mas
descolonizar nossas mentes”.
O livro “Menos é mais” está
alinhado com outros estudos fundamentais. Artigo de Steffen et. al (2015), que
atualizou a metodologia e os dados das fronteiras planetárias, mostrou que
quatro das nove fronteiras já foram ultrapassadas: Mudanças climáticas; Perda
da biodiversidade; Mudança no uso da terra e Fluxos biogeoquímicos (fósforo e
nitrogênio). Duas delas, a Mudança climática e a Perda de biodiversidade, são o
que os autores chamam de “limites fundamentais” e tem o potencial para conduzir
o Sistema Terra a um novo estado que pode levar a civilização ao colapso. As
duas grandes ameaças que pairam sobre a civilização e a vida na Terra são:
Mudanças climáticas e aquecimento global e o Ecocídio gerado pela 6ª extinção
em massa
Outra contribuição recente foi o relatório elaborado por Sir Partha Dasgupta, um dos mais prestigiados economistas contemporâneos. Dasgupta diz que os interesses da humanidade, a ideologia da engenhosidade humana e a apologia à tecnologia pregam que se pode fazer o uso do que se quiser da natureza. Mas este ideal de progresso, além de ser eticamente inaceitável, é economicamente desastroso. O gráfico abaixo resume a situação, pois enquanto a produtividade econômica aumenta, cresce o capital humano, mas diminui o capital natural. Para prosseguir um futuro sustentável exigirá uma mudança transformadora em nosso modo de pensar e agir.
Ou seja, enquanto a economia cresce, a humanidade enriquece e a natureza empobrece. A exploração da natureza e a domesticação do mundo natural já passou dos limites. A humanidade está promovendo um ecocídio em larga escala que pode se transformar em suicídio. A economia tradicional tende a ver a natureza apenas como um bem econômico a serviço do bem-estar da humanidade e como uma mercadoria que faz circular a economia pagando salários, lucros e juros. A tão decantada racionalidade do Homo economicus virou um problema de insensibilidade natural e uma prática especialista, com sérios danos à biodiversidade.
A mensagem central do livro “Menos é mais” é que o mundo precisa promover um decrescimento das atividades mais poluidoras do Planeta e promover a redistribuição dos bens públicos e comuns, como forma de evitar o colapso ambiental, garantindo não somente a qualidade de vida humana (com menos consumo), mas também a qualidade da vida ambiental e a regeneração ecológica.
Desaceleração do crescimento: para alguns, é o que devemos perseguir.
Um PIB em expansão é a marca
registrada de uma economia saudável – será mesmo?
Alguns acham que, pelo bem da humanidade, deveria haver um decrescimento, ou seja, o certo seria parar de crescer, mesmo que seja por um determinado espaço de tempo. (ecodebate)
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