O entendimento vem de acordo com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. A aprendizagem, o conhecimento e a sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança de agregar novos valores aos antigos já existentes.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
sábado, 13 de dezembro de 2025
Desmatamento tropical aumenta as mortes por calor
Se você é brasileiro,
certamente conhece a música do cantor Jorge Ben Jor: “Moro num país tropical,
abençoado por Deus e bonito por natureza”. Enquanto a ideia de residir em um
país tropical sempre esteve associada a um clima quente e com belas paisagens,
a última década trouxe consigo novos – e alarmantes – contornos. O calor, antes
anunciado como uma qualidade, hoje, diante do desmatamento crescente, coloca
parte da população em uma situação de risco. Entre 2001 e 2020, 345 milhões de
pessoas foram expostas ao aquecimento das áreas degradadas, segundo pesquisas
recentes. E mais: neste mesmo período, esse aquecimento induzido pela perda
florestal esteve associado a uma média de 28 mil mortes anuais relacionadas ao
calor.
Esses dados são apresentados no estudo “O desmatamento tropical está associado a uma mortalidade considerável relacionada ao calor”, liderado pelo Instituto de Ciência do Clima e Atmosfera da Universidade de Leeds (Reino Unido), em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Kwame Nkrumah de Ciência e Tecnologia (Gana), que incluiu todas as regiões tropicais do mundo nas Américas, África e Ásia. A pesquisa demonstrou que o Sudeste Asiático é a região com maior taxa de mortalidade relacionada ao calor (8 a 11 mortes para cada 100 mil pessoas que vivem em áreas desmatadas), seguida pelas regiões tropicais da África e das Américas. “O desmatamento já é um problema de saúde pública”, afirma Beatriz Oliveira, pesquisadora da Fiocruz Piauí e uma das autoras do trabalho. Segundo ela, nas áreas onde ocorreram perda florestal, o que se viu foi um aquecimento maior que nas regiões vizinhas. “Quando você desmata, você tem um aquecimento local superior àquele proveniente da mudança climática”, diz.
Países de baixa renda são desproporcionalmente afetados pelo desmatamento na Amazônia
Quente demais
Embora o aquecimento global
não seja um problema novo, as configurações atuais não são as mesmas, explica o
historiador Luiz Marques, autor de livros como “Ecocídio: por uma (agri)
cultura da vida” (Expressão Popular) e “O decênio decisivo: propostas para uma
política de sobrevivência” (Editora Elefante).
“Há algo novo que emergiu, e é uma nova taxa de aquecimento médio global,
mais rápida. Da ordem de, provavelmente, o dobro daquela que foi constatada nos
40 anos anteriores a 2010”, explica, revelando que “estamos em um processo de
aquecimento”, e que, desde 2015, houve uma aceleração nesta taxa.
Segundo Marques, há um outro
aspecto que deve ser levado em consideração nos debates mais recentes, que é a
aceleração na perda de biomassa florestal. “Isso parece cada vez mais claro,
tanto nas florestas tropicais quanto nas boreais e temperadas. Mas no caso das
florestas tropicais, a questão é evidentemente mais grave, porque elas
concentram uma biodiversidade muito maior”. O historiador explica que o Brasil
é o país biologicamente mais rico do mundo. “De longe. Dos 17 países
‘megadiversos’ em termos de concentração de espécies endêmicas, cinco são
amazônicos. Então você vê que a Amazônia é o centro nevrálgico da
biodiversidade mundial”, afirma.
O que tem se observado é uma
grande perda da vegetação nativa nessa região, ainda que, segundo dados
recentes do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por
Satélite (Prodes), do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de
agosto de 2023 a julho de 2024, a área desmatada na Amazônia tenha sido de
6.288 km², cerca de 31% menor que o período anterior (atingindo a taxa mais
baixa desde 2018). Mesmo assim, um cenário alarmante, com diversas populações
vivendo em ambientes termicamente alterados. Beatriz Oliveira conta que hoje a
principal emissão de gás de efeito estufa do Brasil é por conta da falta de
controle do desmatamento. “A exposição [ao aquecimento local] está ligada à
questão de quantas pessoas residem naquela região, e isso difere um pouco do
Sul Asiático, porque lá é muito povoado. Então mesmo que lá tenha menos
desmatamento, e talvez um menor efeito do aquecimento induzido por ele, aquele
aquecimento gerou naquela população mais mortes do que no Brasil, na América
Central e América do Sul, onde está acontecendo mais o desmatamento”, explica.
Trabalho internacional contou
com participação de cientistas da Fiocruz e foi publicado na revista ‘Nature
Climate Change’.
Desmatamento X Saúde
O Relatório de Síntese AR6:
Mudanças Climáticas 2023, lançado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC), afirma que ultrapassar um nível específico de 1,5ºC
implicaria impactos diversos aos sistemas humanos e naturais. Ainda segundo o
documento, “quanto maior a magnitude e mais longa a duração da ultrapassagem,
mais ecossistemas e sociedades ficarão expostos a mudanças mais amplas e
intensas nos fatores de impacto climático”. Quanto à urgência de ação, o IPCC é
categórico: “Há uma janela de oportunidade que está se fechando rapidamente
para garantir um futuro habitável e sustentável para todos”. Esta limitação do
aquecimento está alinhada ainda com os objetivos do Acordo de Paris, firmado em
2015, durante a COP21, e principal tratado internacional sobre mudanças
climáticas.
Todos esses esforços são ainda
mais emergenciais quando se tem em mente que meio ambiente e saúde estão
intrinsecamente ligados. A questão do desmatamento, por exemplo, está longe de
ser uma questão exclusivamente “ambiental”, tendo em vista que ele é um
impulsionador significativo da temperatura local. A exposição prolongada ao
calor extremo prejudica a capacidade do corpo de regular a temperatura interna,
de acordo com o estudo “Quente demais para ignorar: o crescente impacto das
ondas de calor na saúde do Brasil”, publicado em 2025, e que tem Beatriz
Oliveira também como um dos autores.
Algumas áreas estão mais
adaptadas ao calor, com uma população já acostumada às variações, mas há outros
locais em que isso não acontece. E com a maior frequência de dias mais quentes,
a exposição dessas pessoas aumenta, assim como o impacto sobre sua saúde. “Uma
vez que você está exposto a esses dias que não são tão normais para você, essa
exposição acaba fazendo com que o seu corpo precise se esforçar mais para se
manter a temperatura corporal interna”, diz. Em 2023, por exemplo, durante um
show da cantora Taylor Swift, no Rio de Janeiro, Ana Clara Benevides Machado,
uma jovem de 23 anos morreu por “exaustão térmica por exposição difusa ao
calor”, após passar mal em meio as 60 mil pessoas que estavam no estádio do
Engenhão para a apresentação. Na época, a cidade passava por uma onda de calor
com condições de temperatura extrema, com sensações térmicas que se aproximavam
dos 50ºC. De acordo com a perícia, houve um “quadro hemodinâmico (choque), cardiovascular
e comprometimento grave dos pulmões, e morte súbita”.
Publicado recentemente, o
“Relatório de 2025 do Lancet Countdown sobre saúde e mudanças climáticas”,
destaca que “dos 20 indicadores que monitoram os riscos à saúde relacionados às
mudanças climáticas, 60% atingiram níveis inéditos no ano mais recente de
dados”. Isso porque o corpo humano fica sobrecarregado ao tentar lidar com
tantas alterações.
A termo regulação é a responsável pela capacidade de seres vivos manterem uma temperatura corporal adequada ao seu metabolismo. E para que o corpo consiga fazer isso, há uma série de mecanismos fisiológicos que acontecem. “Isso significa que, principalmente, os sistemas cardiovascular e respiratório vão lançar mão de mecanismos para que você dissipe esse calor e mantenha a temperatura do seu corpo, entre eles, a vasodilatação”, explica Oliveira, complementando que o principal processo de dissipação do calor é o suor. “E aí você exige muito do seu sistema cardiovascular. Às vezes, você tem que respirar mais, e com mais esforço, porque precisa de mais oxigênio, o que acaba sobrecarregando o seu corpo para manter aquela temperatura corporal”, conta a pesquisadora da Fiocruz.
Calor gerado por desmatamento causa 28 mil mortes por ano
Vulnerabilidades
Mas será que todos conseguem
se proteger do calor da mesma forma? A resposta é não. Quando se pensa nos
mecanismos termo regulatórios, crianças e idosos têm mais dificuldade de
executá-los. Nos idosos, por exemplo, a pele mais rugosa dificulta a dissipação
de calor, somando-se ainda a outros fatores decorrentes do próprio processo de
envelhecimento. De acordo com o Lancet Countdown, em 2024, pessoas idosas com
mais de 65 anos e bebês com menos de 1 ano tiveram exposição a ondas de calor
em níveis recordes, com aumentos de 304% e 389%, respectivamente, em comparação
com o período entre 1986 e 2005. Ainda de acordo com o documento, ambos os
grupos estão “particularmente em risco”.
Oliveira elucida também as
ameaças às pessoas que trabalham expostas a um calor extremo. “Eu produzo calor
sentada, mas consigo manter minha temperatura e produzir muito menos calor do
que uma pessoa que está vendendo alguma coisa na praia, por exemplo. Que está
exposta ao calor externo, fazendo atividade física e ainda, com o calor interno
que produz”, reforça. A pesquisadora explica que roupas que protegem da
exposição ao sol muitas vezes impedem a dissipação de calor. “As questões
comportamentais e de vulnerabilidade, combinadas, tendem a exercer algum tipo
de impacto na saúde, principalmente nesses sistemas vitais que estão muito
associados à troca de calor”.
Além disso, outra
vulnerabilidade é alçada ao campo de disputas entre aqueles que podem se
proteger e aqueles que não têm escolha, senão adoecer. Para Luiz Marques, esta
é uma questão que tem um lado óbvio e um menos óbvio. “O lado óbvio, que é o
senso comum, é o fato de que os estratos sociais e as nações mais pobres não
podem comprar um ar-condicionado, elas vivem em territórios mais vulneráveis a
enchentes, a secas, têm um vínculo com o mar muito forte, no caso das
populações litorâneas, dependendo muito fortemente da pesca”. Ele complementa:
“Se os preços aumentam, se o arroz aumenta 20% ou 40%, isso não vai impactar o
meu orçamento, porque sou uma pessoa da classe média, mas vai impactar
enormemente uma pessoa de renda muito mais baixa. Então, tudo isso nos leva a
concluir claramente que existe uma enorme injustiça climática baseada
exatamente na desigualdade”, afirma.
Cenário futuro
Em novembro de 2025, o Brasil
sediou a 30ª Conferência das Partes (COP30), órgão máximo da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), da Organização das Nações
Unidas. O evento internacional, que deve contar com a participação dos 198
países-membros da ONU, tem como objetivo acompanhar e fortalecer as ações
globais de enfrentamento à crise climática. Para Luiz Marques, a escolha de
Belém (PA) para sediar a COP30 é uma escolha estratégica do ponto de vista
geopolítico, por ser uma região amazônica, mas ele relembra que, desde 1992,
quando aconteceu a UNFCCC, o acordo tinha como objetivo estabilizar as
concentrações atmosféricas de CO2 e outros gases de efeito estufa, e
que isso não aconteceu. “Não houve essa estabilização. Muito pelo contrário.
Houve um aumento de mais de 60% desde 1992 até hoje. Não houve nem
desaceleração do aumento das concentrações, houve aceleração. Não só aumentou,
como aumentou o ritmo. É um fracasso que não posso relativizar”. Outro ponto a
ser considerado, é referente à quantia gasta em decorrência das mortes
relacionadas ao calor. Segundo outro estudo do The Lancet Countdown “Latin
America Report 2025”, O Brasil registrou o maior aumento absoluto nos custos de
mortalidade relacionada ao calor, de 2015 a 2024, entre países da América
Latina com o crescimento de cerca de R$ 20 milhões, em relação a década
anterior.
Beatriz Oliveira destaca
algumas mudanças dessa COP. “Ela tem um grande avanço para a gente, em que, de
fato, a saúde estar sendo colocada como uma pauta bem sólida. Ao invés de focar
mais nas discussões políticas e acordos políticos, econômicos, que é muito do
que a COP às vezes faz, colocaram essa questão de discutir a saúde pública.
Esse é um grande ganho que a gente tem”, afirma. A pesquisadora aponta ainda
como o SUS pode servir de lição do Brasil para o mundo nos aspectos voltados à
estruturação de políticas em saúde. “O Brasil é um país continental, com várias
realidades diferentes. O SUS é uma política capilarizada que te permite olhar
de uma forma muito mais orgânica, para essas questões do clima”, reforça e cita
exemplos: “Ele atende cerca de 70% da população, tem uma estrutura
hierarquizada, com responsabilidade entre seus entes federados, com repasse
financeiro bem definido, com estratégias localizadas e territorialidades, com
as equipes de saúde da família, com linhas específicas de cuidado, com vários
aspectos que estão relacionados, inclusive, às mudanças do clima”, diz.
Neste sentido, a Fiocruz divulgou no fim de outubro uma carta aberta para a Conferência, em que alerta: “a crise climática é, antes de tudo, uma crise de saúde”. Para garantir a proteção da saúde humana e ambiental, o documento lista diretrizes que podem fazer frente aos desafios atuais, como a importância de dar centralidade à saúde e suas determinações socioambientais nas políticas climáticas; fortalecer a resiliência dos sistemas de saúde; garantir financiamento climático para a pasta; entre outros.
Desmatamento tropical causa cerca de 28.000 mortes anuais por calor
É dentro deste panorama
crítico, em que diversas medidas devem ser referendadas por diferentes nações
para que mudanças possam efetivamente ocorrer, que Oliveira reflete sobre
aquilo que é possível fazer dentro do panorama atual de aquecimento. “Não somos
nós que decidimos economicamente vários dos fatores que influenciam a liberação
desses gases. Então trabalhamos com o que chamamos de fator de risco, que é a
ameaça climática, a exposição, a vulnerabilidade, e o efeito que eles têm na
saúde humana. Reduzir a vulnerabilidade é reduzir a exposição dessas pessoas a
um aquecimento que está acontecendo”, diz e complementa: “Fazemos isso com
melhora no acesso à saúde, emitindo alertas para as populações que são mais
sensíveis, e em alguns casos disponibilizando medidas de acesso à saúde, por
exemplo, para não deixar acontecer o que aconteceu com aquela jovem durante o
show. Enfim, reduzir vulnerabilidade é dar condições de vida”, conclui.
(ecodebate)
Sociedade mais saudável e produtiva para sustentar vidas mais longas
Ações em nível social e de
saúde pública
Saúde e saneamento: Garantir
o acesso universal à saúde básica, medicamentos, água potável e saneamento
básico é fundamental para a prevenção de doenças e o aumento da expectativa de
vida.
Ambiente saudável: Combater a
poluição do ar e a exposição a toxinas ambientais, que podem acelerar o
envelhecimento e aumentar o risco de doenças, é essencial.
Acesso a serviços: Incentivar a realização de exames preventivos e consultas regulares, combatendo a disparidade entre o reconhecimento da importância da saúde e a prática efetiva de medidas preventivas.
Construir uma sociedade mais saudável e produtiva para sustentar vidas mais longas
Ações individuais para uma
vida longa
Hábitos saudáveis: Adotar uma
alimentação equilibrada e rica em nutrientes, não fumar, limitar o consumo de
álcool, praticar exercícios físicos regularmente, dormir bem e gerenciar o
estresse são hábitos cruciais.
Atividade física e mental:
Manter o corpo e a mente ativos com atividades físicas, exercícios de lazer e
atividades que estimulem o cérebro, como aprender coisas novas, promove
longevidade.
Bem-estar mental e social:
Cultivar a espiritualidade, fortalecer os laços sociais e ter uma rede de apoio
são fatores que contribuem para o envelhecimento saudável.
Ações para a produtividade
sustentável
Gestão do tempo e saúde no
trabalho: Criar sistemas de trabalho que não levem ao esgotamento, com pausas
adequadas e foco em produtividade sustentável, sem excesso de estresse.
Planejamento e disciplina:
Ter metas claras, uma rotina bem definida e disciplina para manter um padrão de
esforço equilibrado é a chave para a produtividade sustentável ao longo do
tempo.
Educação contínua: Manter-se
em aprendizado ao longo da vida (aprender a aprender) para garantir a
relevância profissional por um longo período.
O aumento da longevidade não
deve ser visto apenas como um problema, mas, em especial, como uma oportunidade
e um imperativo para a sociedade
O professor Andrew Scott
parte do reconhecimento de que a longevidade, isto é, o fato de vivermos muito
mais do que no passado, representa uma das maiores conquistas da história da
humanidade, mas geralmente é visto como um problema, não uma oportunidade. Para
se contrapor “ao catastrofismo demográfico”, ele busca transformar essa
narrativa negativa, propondo que a longevidade seja vista como um imperativo
positivo.
Scott faz uma diferenciação
entre:
a) Idade cronológica – tempo
de vida transcorrido;
b) Idade prospectiva – anos
restantes esperados;
c) Idade biológica – índice
de saúde real do organismo.
Ele destaca que envelhecer bem significa investir desde cedo em saúde, educação, riqueza, relacionamentos e propósito — para que os anos adicionais sejam ativos e produtivos.
Longevidade saudável
O
livro defende uma economia perene, onde indivíduos, instituições e mercados se
adaptam para promover anos de vida mais saudáveis e produtivos. Isso requer:
1) Reformular a previdência,
educação, saúde e mercado de trabalho;
2) Criar empregos e
atividades amigáveis para pessoas mais velhas, com flexibilidade e incentivo à
requalificação.
O professor Scott critica
sistemas de saúde centrados em intervenções médicas tardias e propõe foco na
prevenção, inclusive biotecnologias que retardem o envelhecimento biológico.
Ele sugere que aumentar o healthspan (anos saudáveis) pode render benefícios
econômicos imensos, mais que erradicar doenças isoladas.
Inspirado na ideia de uma vida
com múltiplas fases — educação, família, reinvenção profissional — Andrew Scott
recomenda:
a) Criação de carreiras
diversificadas;
b) Mobilização de redes
pessoais e profissionais;
c) Frequência à educação
continuada e
d) Preparação financeira
adaptável às mudanças de vida.
Em síntese, Scott, argumenta
que o aumento da longevidade não deve ser visto apenas como um problema, mas,
em especial, como uma oportunidade e um imperativo para a sociedade. Ele
destaca que a estrutura social e econômica atual, baseada em um modelo de três
fases (educação, trabalho e aposentadoria) é inadequada para um mundo com maior
longevidade e vidas que se prolongam por mais de 100 anos.
Scott defende a necessidade
de uma reestruturação do ciclo de vida, promovendo aprendizado contínuo,
carreiras flexíveis e mais diversificadas e uma visão da aposentadoria como um
período de novas atividades e contribuições, e não apenas de inatividade. O
autor conclui que, para prosperar na era da longevidade, é crucial investir em
saúde, educação e no bem-estar geral, transformando a sociedade para que ela
sustente e valorize vidas mais longas.
Envelhecer melhor significa
aumentar a expectativa de vida saudável, de modo a diminuir a diferença em
relação à expectativa de vida. Precisamos nos preparar para vidas mais longas
em idades cada vez mais jovens. Em vez de concentrar recursos apenas no apoio
aos idosos, precisamos ajudar os jovens a se tornarem os idosos mais saudáveis
de todos os tempos.
Desta forma, o envelhecimento
populacional é uma realidade inexorável e deve ser acolhido, não temido. Cabe
aos indivíduos, à sociedade civil e às políticas públicas se adaptarem e
explorarem plenamente as oportunidades dessa nova dinâmica demográfica do
século XXI. (ecodebate)
quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
A falsa dicotomia da Comissão Europeia entre combustíveis e emissões
Em um discurso que ecoou
pelos corredores do poder em Bruxelas e além, a presidente da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen, fez uma declaração que merece ser desmontada
com cuidado.
Ela afirmou que a luta da
União Europeia contra a mudança climática “não é contra os combustíveis que a
causam, apenas a poluição que eles emitem”. À primeira vista, soa como um
pragmatismo necessário. Na realidade, é uma concessão perigosa que confunde o
público e mina a transição energética.
A fala, proferida durante um evento sobre inovação, tenta traçar uma linha nítida onde existe apenas uma teia de interdependências. Von der Leyen busca tranquilizar setores industriais e parceiros geopolíticos, sugerindo que o problema não é o carvão, o petróleo e o gás em si, mas sim o CO₂ que liberam na atmosfera. O remédio proposto, portanto, não seria a substituição acelerada dessas fontes de energia, mas a sua “limpeza” por meio de tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
O erro conceitual fundamental
A declaração contém um erro
lógico e científico fundamental. Os combustíveis fósseis são intrinsecamente
poluentes. A sua queima é a principal fonte das emissões de gases de efeito
estufa que causam a crise climática.
Separar conceitualmente o
“combustível” da “poluição” é como dizer que se é contra os tiros, mas não
contra as armas que os disparam, apenas contra os projéteis. É uma distinção
artificial que serve a um propósito político.
Ao adotar essa retórica, a
Comissão Europeia, que se autoproclama líder global no clima, corre um risco
enorme: o de legitimar a permanência dos combustíveis fósseis no nosso sistema
energético por décadas.
A mensagem que passa é que podemos continuar a perfurar, a extrair e a queimar, desde que tenhamos uma solução tecnológica mágica para lidar com as consequências. Essa é uma aposta arriscadíssima.
Os riscos da dependência tecnológica
A estratégia implícita nas
palavras de von der Leyen coloca todos os ovos na cesta da captura de carbono.
No entanto, esta tecnologia, embora promissora, ainda é incerta, de alto custo
e não está operacional em escala significativa. Confiar nela como pilar central
da descarbonização é adiar as ações concretas e comprovadas que sabemos serem
necessárias: a expansão massiva das energias renováveis, a eficiência
energética e a eletrificação dos transportes.
Essa narrativa é conveniente para a indústria dos combustíveis fósseis, que vê na captura de carbono uma nova linha de negócio e uma “licença social” para continuar operando. Enquanto investimos bilhões para tentar limpar a poluição de termelétricas a carvão e gás, estamos desviando recursos que poderiam ser usados para tornar a energia solar e eólica mais baratas e eficientes. É um jogo de soma zero, onde cada euro em falsas soluções é um euro a menos nas verdadeiras.
União Europeia decide encerrar até 2050 a era dos combustíveis fósseis no bloco
O contexto geopolítico
O timing da declaração não é
inocente. Num momento de instabilidade geopolítica e pressão sobre os preços da
energia, von der Leyen parece sinalizar que a UE está disposta a ser flexível.
A mensagem para parceiros como os EUA e para nações produtoras de gás é: “Não
queremos acabar com vocês, apenas queremos que se tornem mais limpos’’.
Embora diplomaticamente
astuto, este posicionamento dilui a urgência do abandono dos combustíveis
fósseis. Em vez de liderar pelo exemplo, mostrando que um futuro energético
limpo é não apenas necessário, mas também economicamente superior, a UE parece
recuar, aceitando a premissa de que ainda precisaremos destes combustíveis por
um “longo prazo”.
Isso enfraquece a sua posição
nas negociações climáticas internacionais e desencoraja investimentos decisivos
na transição.
Adiando o inevitável
A crise climática não será
resolvida com nuances semânticas ou com a fé em tecnologias não comprovadas.
Ela exige uma ação clara e corajosa para desmantelar o sistema energético que a
causou.
As palavras de Ursula von der Leyen, ao tentarem criar uma dicotomia entre combustíveis e emissões, representam um passo atrás na retórica e, potencialmente, na ambição da União Europeia.
Comissão propõe que União Europeia corte emissão de poluentes em 90% até 2040
A verdade inconveniente é que
a luta contra as mudanças climáticas é, sim, uma luta contra os combustíveis
fósseis.
Admitir isso é o primeiro
passo para vencê-la. Ao não o fazer, a presidente da Comissão Europeia não é
pragmática; apenas adia o inevitável e coloca em risco o futuro que prometeu
proteger. (ecodebate)
A queda da fecundidade não é uma trajetória irreversível
Urbanização e Estilo de Vida:
Mudança do campo para a cidade, priorizando educação e carreira.
Empoderamento Feminino: Maior
participação no mercado de trabalho e busca por estabilidade.
Educação: Mulheres com maior
nível de escolaridade tendem a ter menos filhos.
Planejamento Familiar: Acesso
a métodos contraceptivos e maior consciência sobre parentalidade.
Crises: Pandemias e doenças
(como Zika) podem acelerar a queda.
Por Que Não é Necessariamente
Irreversível (ou, Pelo Menos, Não de Forma Linear):
Desejo Persistente: Muitos
ainda desejam ter filhos, mas enfrentam barreiras econômicas e de estabilidade.
Falta de Apoio: A ausência de
políticas públicas pode levar mulheres a desistirem da maternidade, sugerindo
que apoio adequado poderia reverter a decisão.
Ajuste Demográfico:
Especialistas veem um ajuste de longo prazo, não um colapso populacional, com
uma possível estabilização em níveis mais baixos.
Ciclos Econômicos: Ciclos de
incerteza e melhoria podem influenciar a fecundidade, como visto na década de
2020.
O Que Acontece:
A fecundidade está caindo a
níveis históricos no Brasil e no mundo, mas muitas vezes por falta de
condições, não por falta de vontade.
A queda gera desafios como
envelhecimento da população e pressão sobre sistemas de saúde e previdência.
Portanto, a trajetória é complexa: a queda é real, mas a ideia de que é uma via de mão única sem possibilidade de modulação ou reequilíbrio futuro é contestada por análises que apontam para fatores modificáveis e desejos latentes.
O Colapso Demográfico Silencioso no Brasil: Aspectos Sociais, Ideológicos e Econômicos da Queda da Natalidade
A afirmação de que a queda da
fecundidade não é uma trajetória irreversível está correta, pois a queda não é
um processo unilateral e pode ser alterada por intervenções externas, políticas
públicas ou mudanças sociais e econômicas. Fatores como a falta de políticas
públicas de cuidado, altos custos, barreiras de gênero e desigualdades
econômicas influenciam a decisão de ter menos filhos, mas políticas adequadas poderiam
ajudar a reverter essa tendência.
A reversibilidade da
fecundidade: A ideia de que a queda da fecundidade é irreversível não é
universalmente aceita. O processo pode ser afetado por fatores externos e pode
não ser totalmente unilateral, dependendo do contexto social, econômico e
político.
Fatores que influenciam a
queda: A queda da fecundidade não é necessariamente uma escolha voluntária, mas
pode ser influenciada por barreiras econômicas, sociais e de gênero, como a
falta de políticas de cuidado e a dificuldade de conciliar carreira e
maternidade, levando as pessoas a não terem o número de filhos que desejam.
Possíveis intervenções: A falta de vontade não é o fator principal; a falta de opções para ter os filhos desejados é o que leva à queda da fecundidade. Intervenções como políticas públicas de cuidado, licenças parentais e políticas que promovam a igualdade de gênero podem ajudar a reverter essa tendência e a incentivar as pessoas a terem mais filhos.
Pessoas se aglomeram em área da favela de Lagos, capital da Nigéria.
Durante mais de 200 mil anos,
desde o surgimento do Homo sapiens, as taxas de mortalidade e natalidade eram
elevadas e a humanidade não tinha os meios para controlar os efeitos
indesejados da mortalidade precoce. Para sobreviver, uma alta natalidade era a
arma para enfrentar a alta mortalidade.
Porém, no século XIX, após a
Revolução Industrial e Energética, houve avanços na produção e distribuição dos
meios de subsistência e aperfeiçoamentos na medicina e no saneamento básico que
possibilitaram a redução progressiva das taxas de mortalidade. Com a
confirmação da maior sobrevivência das crianças, após um período de aceleração
do crescimento vegetativo da população, as taxas de natalidade também começaram
a cair e mantiveram um longo período de redução do número de crianças nas
famílias.
A transição demográfica
desarmou a chamada “bomba populacional” e reduziu o ritmo de crescimento da
população mundial. O gráfico abaixo mostra a queda da fecundidade no mundo e
nos continentes. Observa-se que a Taxa de Fecundidade Total (TFT) do mundo
estava em torno de 5 filhos em meados do século passado e caiu para 2,25 filhos
por mulher em 2023.
A Europa e a América do Norte tinham TFT por volta de 3 filhos por mulher em 1950, passando para taxas abaixo do nível de reposição. A Ásia e a América Latina tinham TFT perto de 6 filhos por mulher e já apresentam patamares abaixo do nível de reposição. Somente a África apresenta, atualmente, taxas elevadas (4 filhos por mulher), embora represente uma queda do patamar de 6,5 filhos que havia em 1950.
Hoje em dia já existem dezenas de países com taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição e muitosdestes países já apresentam decrescimento populacional. Como escrevi no artigo “Mitos e realidade da dinâmica populacional”, publicado no 12º Encontro da ABEP (Alves, 2000), a transição demográfica tendia a se aprofundar no século XXI e o mito da “explosão populacional” seria substituído pelo mito da “implosão demográfica”.
O bilionário Elon Musk é um
dos principais defensores da necessidade de aumento das taxas de fecundidade.
Ele considera que “o declínio populacional deve levar ao colapso da
civilização”. O presidente Donald Trump, que está promovendo severas políticas
anti-imigratórias, prometeu ser “o presidente da fertilização”. Juntamente com
os setores conservadores e da extrema-direita, Trump tem promovido uma agenda
pronatalista e chegou a propor um “bônus de bebê” em dinheiro de US$ 5.000 a
cada mãe americana após o parto.
Por traz da ideia de colapso
populacional está a concepção de que a transição da fecundidade, na ausência de
uma intervenção externa, é um processo unilateral e basicamente irreversível.
Desta forma, o decrescimento populacional é visto como um “apocalipse
demográfico” que resultaria no despovoamento dos países. Mas seria esse
processo realmente um fato inexorável?
O gráfico abaixo mostra o
exemplo de 5 países que apresentam taxas de fecundidade em ascensão nos anos
2000. O Cazaquistão e a Mongólia tinham elevadas taxas de natalidade, passaram
pela transição demográfica e apresentaram taxas de fecundidade total (TFT)
abaixo do nível de reposição na virada do milênio. Porém, nos últimos 20 anos
os dois países apresentaram uma recuperação da taxa de fecundidade.
No Cazaquistão a TFT chegou a 1,9 filho por mulher em 2000 e subiu para 3,1 filhos por mulher em 2022. Na Mongólia, a TFT chegou a 1,98 em 2004 e subiu para 3 filhos em 2015 e estava em 2,7 filhos por mulher em 2023. Outro país que apresentou recuperação da fecundidade é o Uzbequistão, que tinha TFT de 2,7 filhos por mulher em 2000, caiu para 2,3 filhos em 2012 e subiu para 3,5 filhos por mulher em 2023.
A Romênia e a Bulgária tinham TFT de 1,3 filho por mulher em 2000 e passaram para níveis acima de 1,7 filho por mulher em 2023. A fecundidade nestes dois países do Leste Europeu continua abaixo do nível de reposição, mas está longe de gerar pânico por falta de bebês.
O fato é que existem diversos
exemplos de países onde o declínio da TFT desmente o mito da irreversibilidade
da queda do número de filhos. Ao longo das décadas as populações vão se
adaptando à dinâmica demográfica. Um decrescimento demográfico moderado e gradual
pode trazer muitas oportunidades para o avanço social e ambiental.
Como mostrou Adair Turner no
artigo “The Case for Gradual Population Decline” (PS, 03/10/2025), ao contrário
da sabedoria convencional, o rápido crescimento populacional raramente gera dividendos
demográficos, enquanto baixas taxas de fecundidade não levam necessariamente à
estagnação. Nos últimos 50 anos, as economias de crescimento mais rápido do
mundo – Coreia do Sul, China, Taiwan e Singapura – registraram as menores taxas
de fecundidade, variando entre 0,8 e 1,2 filho por mulher. Em contraste, as
maiores taxas de fecundidade são encontradas onde a pobreza permanece arraigada
ou os direitos das mulheres são severamente restringidos, como na África
Subsaariana (4,26) e no Afeganistão (4,76).
Desta forma, taxas de fecundidade na faixa de 1,5 a 1,9 filhos por mulher pode trazer muitos ganhos. Em vez de ser temida, a taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição deve ser celebrada como uma marca registrada de uma sociedade próspera, onde as pessoas são livres para decidir como viver suas vidas.
O ajuste demográfico deve ocorrer no longo prazo e o “apocalipse populacional” parece ser apenas um mito que não corresponde à realidade global. (ecodebate)
terça-feira, 9 de dezembro de 2025
Legislações sobre os resíduos de serviços de saúde vigentes no Brasil
As legislações vigentes no
Brasil sobre resíduos de serviços de saúde (RSS) incluem a RDC ANVISA nº
222/2018, que regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento dos RSS, e a
Resolução CONAMA nº 358/2005, que trata do tratamento e disposição final desses
resíduos. A base legal maior é a Lei nº 12.305/2010 (Política Nacional de
Resíduos Sólidos), regulamentada pelo Decreto nº 10.936/2022.
Legislações principais
Lei nº 12.305/2010 (Política
Nacional de Resíduos Sólidos): Institui a base para a gestão de resíduos
sólidos no país, que se aplica também aos RSS.
Decreto nº 10.936/2022:
Regulamenta a Lei nº 12.305/2010, detalhando os princípios e diretrizes da
PNRS.
RDC ANVISA nº 222/2018: É a
norma mais específica e atual para o gerenciamento de resíduos de serviços de
saúde, estabelecendo as Boas Práticas de Gerenciamento.
Resolução CONAMA nº 358/2005:
Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos de serviços de
saúde e estabelece os requisitos para o planejamento, tratamento e disposição
final.
Normas complementares
ABNT NBR 10004/2004: Classifica
os resíduos sólidos de acordo com seu potencial de periculosidade (incluindo a
patogenicidade, toxicidade e outras características).
NR 32: Norma Regulamentadora que trata da segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde, com diretrizes que influenciam o manejo de RSS, como a proteção dos trabalhadores contra agentes biológicos.
A criação de legislações locais é uma importante ferramenta para se expandir o monitoramento desses resíduos, levando em consideração a característica particular de cada local e gerador
Os Resíduos de Serviço de Saúde
(RSS) são definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na
Resolução RDC ANVISA n°. 222/2018 como todos os resíduos resultantes das
atividades exercidas pelos geradores de RSS, incluindo todos os serviços cujas
atividades estejam relacionadas com a atenção à saúde humana ou animal. Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 15% dos RSS são
considerados perigosos (OMS, 2023), portanto, se descartados de forma
inadequada tem potencial para causar danos ao meio ambiente e à saúde humana.
Desse modo, ressalta-se a importância de normativas e legislações voltadas para
o gerenciamento adequado dos RSS, de forma a assegurar a saúde da população e a
proteção do meio ambiente. Nesse contexto, o estudo “Comparative Analysis of
Healthcare Waste Legislation: Alignment and Discrepancies between Federal,
State, and Municipal Regulations”
(https://www.lidsen.com/journals/aeer/aeer-06-04-031) publicado na revista
Advances in Environmental and Engineering Research em 2025, busca analisar de
forma qualitativa e quantitativa as normativas relacionadas aos RSS vigentes
nos Estados brasileiros e nas suas capitais. A análise baseou-se no comparativo
das principais legislações estaduais e municipais (exclusivamente das capitais
brasileiras) em relação às federais, a Resolução CONAMA n° 358/2005 e a RDC
ANVISA n° 222/2018, que são referências para o gerenciamento dos RSS, de modo a
perceber os benefícios evidentes na adoção de tais normas.
As duas principais normas
federais baseadas para o comparativo especificam como deve ser aplicado o
gerenciamento de RSS dentro de estabelecimentos de serviço de saúde, de forma a
buscar melhor segregação, armazenamento e descarte desses resíduos, objetivando
amenizar quaisquer impactos ambientais, além de priorizar o bem-estar e a
segurança dos colaboradores. A RDC n° 222/18 é mais direcionada à fase intra
estabelecimento, e regulamenta as boas práticas de gerenciamento dos RSS e dá
outras providências (ANVISA,2018) e a Resolução CONAMA n° 358/2005, mais
voltada para a fase extra estabelecimento, dispõe sobre o tratamento e a
disposição final dos RSS e dá outras providências (CONAMA,2005).
Os resultados do estudo, foram
apresentados nas seguintes tabelas, divididos conforme Estados e capitais.
Aqueles que não apresentaram normativas voltadas especificamente para RSS, de
acordo com a metodologia, não foram incluídos nas tabelas de resultados.
Tabela 1. Avaliação das
legislações referentes aos RSS nos estados do Brasil.
|
Avaliação das Legislações referentes
aos RSS no Brasil – Estados |
||||||||||||
|
Estados |
Destaque por norma |
|||||||||||
|
N° Norma |
Ano |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
G |
H |
I |
||
|
Acre |
Lei Ordinária n° 1401 |
2001 |
N/A |
N/A |
Sim |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Sim |
Ñ |
Ñ |
2 |
|
Amapá |
Instrução Normativa SEMA n° 6 |
2008 |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Sim |
1 |
|
Lei Ordinária n° 2505 |
2020 |
N/A |
N/A |
N/A |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
0 |
|
|
Amazonas |
Lei Ordinária n° 7244 |
2024 |
N/A |
N/A |
N/A |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
0 |
|
Espirito Santo |
Decreto n° 5851-R |
2024 |
N/A |
Ñ |
Sim |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Sim |
Ñ |
2 |
|
Lei n° 6407 |
2000 |
Sim |
Ñ |
Ñ |
Sim |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
2 |
|
|
Mato Grosso |
Instrução Normativa n° 001 |
2023 |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
0 |
|
Mato Grosso do Sul |
Lei n° 1.807 |
1997 |
N/A |
Sim |
Sim |
Sim |
Ñ |
Sim |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
4 |
|
Lei n° 4474 |
2014 |
Ñ |
Ñ |
Sim |
Ñ |
Ñ |
Sim |
Ñ |
Ñ |
Ñ |
2 |
|
|
Minas Gerais |
COPAM n° 171 |
2011 |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Sim |
Sim |
Não |
Não |
3 |
|
Pará |
Lei Ordinária n° 6517 |
2002 |
Sim |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Sim |
Sim |
Não |
Não |
4 |
|
Paraná |
Resolução Conjunta SEMA/SESA n° 002 |
2005 |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Sim |
1 |
|
Lei Estadual n° 16322 |
2009 |
N/A |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
2 |
|
|
Rio de Janeiro |
Lei n° 6635 (Redação dada pela lei 10601/2024) |
2013 |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Sim |
Não |
Não |
3 |
|
Rio Grande do Sul |
Lei Ordinária n° 10099 |
1994 |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
1 |
|
Rondônia |
Lei n° 592 |
1994 |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
1 |
|
Santa Catarina |
Resolução Conjunta CONSEMA e DIVS n°02 |
2019 |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
0 |
|
São Paulo |
Portaria CVS – 21 |
2008 |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Sim |
Não |
3 |
|
Sergipe |
Lei Ordinária n° 7.913 |
2014 |
N/A |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
2 |
|
Tocantins |
Portaria n° 94 |
2025 |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
1 |
|
Quantitativo dos destaques por
pergunta |
4 |
4 |
8 |
2 |
1 |
5 |
6 |
2 |
2 |
|||
|
Total geral de destaques |
34 |
|||||||||||
A: Segue uma classificação dos
resíduos diferente da RDC ANVISA n° 222/2018 e da CONAMA n° 358/2005?; B: Mais
restritivo que a legislação federal?; C: Específica ou inclui algum tema a mais
que a legislação federal?; D: Define um tratamento específico?; E: Sugere
alguns tratamentos considerando a classificação dos resíduos?; F: Proíbe algum
tratamento em específico?; G: Detalha sobre segregação, manejo, abrigos,
coleta, transporte interno/externo, destinação ou outros?; H: Dispõe sobre RSS
gerados pelos serviços de atenção domiciliar?; I: Estabelece a opção de Plano
de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde Simplificado?; hachuradas em
cinza: destaque dado pelos autores.
Tabela 2. Avaliação das
legislações referentes aos RSS nas capitais do Brasil.
|
Avaliação das Legislações referentes
aos RSS no Brasil – Capitais |
||||||||||||
|
Capitais |
Destaque por norma |
|||||||||||
|
Número da Norma |
Ano |
A |
B |
C |
D |
E |
F |
G |
H |
I |
||
|
Rio Branco |
Lei n° 2.107 |
2015 |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
0 |
|
Salvador |
Decreto n° 16.592 |
2006 |
N/A |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
1 |
|
Goiânia |
Lei n° 9522 |
2014 |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
1 |
|
Belo Horizonte |
Decreto n° 10.296 |
2000 |
N/A |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
2 |
|
Decreto n° 16.509 |
2016 |
N/A |
N/A |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Sim |
3 |
|
|
João Pessoa |
Lei Ordinária n° 12.735 |
2013 |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
0 |
|
Recife |
Decreto n° 18.480 |
2000 |
Sim |
Sim |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
4 |
|
Teresina |
Decreto n° 9.432 |
2009 |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
1 |
|
Rio de Janeiro |
Portaria COMLURB n° 7 |
2024 |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
2 |
|
Natal |
Decreto n° 7.168 |
2013 |
N/A |
Sim |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
2 |
|
Porto Velho |
Lei Complementar n° 136 |
2001 |
N/A |
Sim |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
2 |
|
São Paulo |
Decreto n° 37.471 |
1998 |
N/A |
Sim |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
Não |
2 |
|
Distrito Federal |
Lei n° 4.352 |
2009 |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
2 |
|
Quantitativo dos destaques por
pergunta |
1 |
7 |
7 |
0 |
0 |
0 |
5 |
1 |
1 |
|||
|
Total geral de destaques |
22 |
|||||||||||
A: Segue uma classificação dos
resíduos diferente da RDC ANVISA n° 222/2018 e da CONAMA n° 358/2005?; B: Mais
restritivo que a legislação federal?; C: Específica ou inclui algum tema a mais
que a legislação federal?; D: Define um tratamento específico?; E: Sugere
alguns tratamentos considerando a classificação dos resíduos?; F: Proíbe algum
tratamento em específico?; G: Detalha sobre segregação, manejo, abrigos,
coleta, transporte interno/externo, destinação ou outros?; H: Dispõe sobre RSS
gerados pelos serviços de atenção domiciliar?; I: Estabelece a opção de Plano
de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde Simplificado?; hachuradas em
cinza: destaque dado pelos autores.
Para a realização da pesquisa,
houve algumas limitações destacadas pelos autores, como desafios na busca das
legislações, devido à ausência de fontes padronizadas e confiáveis sobre o
tema, não descartando a possibilidade da existência de mais legislações
específicas que não foram encontradas na metodologia aplicada. Contudo, mesmo
com tal limitação, foi possível avaliar o cenário no país em relação aos RSS
através da análise das legislações encontradas.
Nesta perspectiva, é possível
concluir que, ao se implantar normas específicas em um Estado/município,
pode-se obter resultados vantajosos não apenas para os estabelecimentos, mas
para a sociedade como um todo.
-
Quanto se gasta de água por dia no mundo. Todo mundo sabe que economizar água é o mínimo que podemos fazer pela saúde do planeta. Nã...
-
Mapa representando os aquíferos Guarani e Alter do Chão Localizado sob o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o aquífero Guarani é c...
-
Sete dicas para economizar água durante o banho Reservatórios podem estar mais cheios, mas ainda é preciso evitar desperdício. Desli...




























