terça-feira, 13 de julho de 2021

Aquecimento global já é responsável por 1 a cada 3 mortes por calor

Artigo europeu mostra que, entre 1991 e 2018, países de rendas média e baixa foram os mais afetados pelos óbitos em decorrência do aumento das temperaturas.
Aquecimento global é responsável por 1 a cada 3 mortes por calor.

De acordo com um estudo publicado na revista Nature Climate Change em 31/05/21, cerca de 37% das mortes associadas ao calor durante os períodos recentes de verão entram na conta de um evento impulsionado por atividades humanas: o aquecimento global.

Liderada pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, na Inglaterra, e pela Universidade de Berna, na Suíça, a pesquisa utilizou dados dos anos 1991 a 2018 pertencentes a 732 regiões de 43 países.

“Esse é o maior trabalho de detecção e atribuição sobre os riscos atuais das mudanças climáticas à saúde”, afirma, em nota, Antonio Gasparrini, um dos autores do artigo. “A mensagem é clara: as mudanças climáticas não apenas terão impactos devastadores no futuro, como todos os continentes já estão experienciando as consequências terríveis das ações humanas no nosso planeta.”

No estudo, a mortalidade foi definida como o número de óbitos por calor que ocorreram em situações de exposição a temperaturas superiores ao ideal para a saúde humana, que varia entre as regiões.

A partir desse parâmetro, os especialistas analisaram as condições climáticas do passado simulando cenários com e sem as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa. Assim, foi possível diferenciar o aquecimento ligado a atividades humanas e o calor atrelado a tendências naturais.

Mapa com as estimativas da proporção, em porcentagem, de mortalidade relacionada ao calor atribuída às mudanças climáticas.

Além de mostrar que mais de um terço das mortes por calor podem ser atribuídas ao aquecimento global, o estudo revela que o problema é mais grave em países de renda baixa ou média — e vale lembrar que, comparado às nações mais ricas, eles tiveram menor participação nas emissões que catalisam o aumento de temperaturas.

Na América do Sul e na América Central, por exemplo, os pesquisadores observaram uma taxa superior a 76% no Equador e na Colômbia. No sudeste asiático, os números variam entre 48% e 61%.

A investigação também traz informações sobre localidades mais específicas. Em Santiago, no Chile, ocorreram 136 mortes adicionais por ano em função do aquecimento global (44,3% do total de óbitos por calor). Em Nova York, nos Estados Unidos, foram 141 (44,2%). Em Tóquio, no Japão, 156 (35,6%); e m Madri, na Espanha, 177 (31,9%).

Devido à falta de dados referentes a locais da África e do Sul da Ásia, os pesquisadores reconhecem que o estudo possui uma limitação de amplitude. Mesmo assim, as conclusões servem como evidência de que é necessário adotar políticas para frear o aquecimento global e implementar medidas de proteção às populações.

 “Espera-se que a proporção de mortes relacionadas ao calor continue a crescer se não fizermos algo sobre as mudanças climáticas ou nos adaptarmos”, constata a pesquisadora Ana Vicedo-Cabrera. “Até agora, a temperatura média global aumentou 1ºC, que é apenas uma fração do que iremos enfrentar se as emissões crescerem de forma descontrolada”, finaliza.

Ação do homem é responsável por 37% das mortes por calor, aponta pesquisa.

Estudo inédito mostra os impactos do aquecimento global induzido pelo homem na saúde das populações. Prejuízos são maiores em países não classificados como grandes emissores, como Brasil, Colômbia, Guatemala e Filipinas. Nessas regiões, o índice supera os 60%, ou seja, seis em cada 10 óbitos. (revistagalileu.globo)

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