De
acordo com um estudo publicado na revista Nature Climate Change em 31/05/21,
cerca de 37% das mortes associadas ao calor durante os períodos recentes de
verão entram na conta de um evento impulsionado por atividades humanas: o
aquecimento global.
Liderada
pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, na Inglaterra, e pela
Universidade de Berna, na Suíça, a pesquisa utilizou dados dos anos 1991 a 2018
pertencentes a 732 regiões de 43 países.
“Esse
é o maior trabalho de detecção e atribuição sobre os riscos atuais das mudanças
climáticas à saúde”, afirma, em nota, Antonio Gasparrini, um dos autores do artigo.
“A mensagem é clara: as mudanças climáticas não apenas terão impactos
devastadores no futuro, como todos os continentes já estão experienciando as
consequências terríveis das ações humanas no nosso planeta.”
No
estudo, a mortalidade foi definida como o número de óbitos por calor que
ocorreram em situações de exposição a temperaturas superiores ao ideal para a
saúde humana, que varia entre as regiões.
A partir desse parâmetro, os especialistas analisaram as condições climáticas do passado simulando cenários com e sem as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa. Assim, foi possível diferenciar o aquecimento ligado a atividades humanas e o calor atrelado a tendências naturais.
Mapa com as estimativas da proporção, em porcentagem, de mortalidade relacionada ao calor atribuída às mudanças climáticas.
Além
de mostrar que mais de um terço das mortes por calor podem ser atribuídas ao
aquecimento global, o estudo revela que o problema é mais grave em países de
renda baixa ou média — e vale lembrar que, comparado às nações mais ricas, eles
tiveram menor participação nas emissões que catalisam o aumento de
temperaturas.
Na
América do Sul e na América Central, por exemplo, os pesquisadores observaram
uma taxa superior a 76% no Equador e na Colômbia. No sudeste asiático, os
números variam entre 48% e 61%.
A
investigação também traz informações sobre localidades mais específicas. Em
Santiago, no Chile, ocorreram 136 mortes adicionais por ano em função do
aquecimento global (44,3% do total de óbitos por calor). Em Nova York, nos
Estados Unidos, foram 141 (44,2%). Em Tóquio, no Japão, 156 (35,6%); e m Madri,
na Espanha, 177 (31,9%).
Devido
à falta de dados referentes a locais da África e do Sul da Ásia, os
pesquisadores reconhecem que o estudo possui uma limitação de amplitude. Mesmo
assim, as conclusões servem como evidência de que é necessário adotar políticas
para frear o aquecimento global e implementar medidas de proteção às
populações.
“Espera-se que a proporção de mortes
relacionadas ao calor continue a crescer se não fizermos algo sobre as mudanças
climáticas ou nos adaptarmos”, constata a pesquisadora Ana Vicedo-Cabrera. “Até
agora, a temperatura média global aumentou 1ºC, que é apenas uma fração do que
iremos enfrentar se as emissões crescerem de forma descontrolada”, finaliza.
Estudo inédito mostra os impactos do aquecimento global induzido pelo homem na saúde das populações. Prejuízos são maiores em países não classificados como grandes emissores, como Brasil, Colômbia, Guatemala e Filipinas. Nessas regiões, o índice supera os 60%, ou seja, seis em cada 10 óbitos. (revistagalileu.globo)



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