A demanda por
agricultura ambientalmente sustentável nas próximas décadas defende uma atenção
mais focada nas algas marinhas como tendo potencial para apoiar a segurança
alimentar e nutrição.
O cultivo de algas
marinhas é uma atividade que vem ganhando destaque no cenário mundial, tanto
pelo seu potencial econômico quanto pelos seus benefícios ambientais e sociais.
Segundo um artigo publicado no site da Universidade Tufts, nos Estados Unidos,
as algas marinhas podem ser uma fonte alternativa de alimento, energia e
fertilizante, além de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas e a
conservação da biodiversidade marinha.
As algas marinhas são
plantas aquáticas que crescem em ambientes marinhos ou de água salobra,
formando ecossistemas complexos e produtivos. Elas são ricas em proteínas,
vitaminas, minerais e fibras, podendo ser consumidas diretamente ou processadas
em produtos alimentícios, como farinha, óleo e gelatina.
Além disso, as algas marinhas podem ser usadas como matéria-prima para a produção de biocombustíveis, bioplásticos e biofertilizantes, reduzindo a dependência de recursos fósseis e agrícolas.
Algas marinhas – implicações de segurança dos alimentos segundo a FAO.
O cultivo de algas
marinhas também traz benefícios para o meio ambiente, pois elas capturam
carbono da atmosfera e o armazenam no fundo do mar, ajudando a combater o
aquecimento global. As algas marinhas também liberam oxigênio na água,
melhorando a qualidade do ambiente para outras espécies. Além disso, elas
fornecem abrigo e alimento para diversos organismos marinhos, aumentando a
biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas.
O cultivo de algas
marinhas pode ser uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável de
comunidades costeiras, especialmente em países em desenvolvimento. Segundo o
artigo da Universidade Tufts, as algas marinhas podem gerar renda e emprego
para pescadores e agricultores familiares, que podem aproveitar a
infraestrutura existente para implantar fazendas de algas. O cultivo também
pode melhorar a segurança alimentar e nutricional dessas populações, que podem
ter acesso a um alimento saudável e barato.
* O cultivo de algas
marinhas requer pouca água doce, fertilizantes inorgânicos e terra. Em termos
de emissões de gases com efeito de estufa, as algas absorvem azoto, fósforo e
dióxido de carbono, pelo menos até à colheita, altura em que a maior parte
destes pode ser libertada. O teor de vitaminas, minerais e proteínas de muitos
tipos de algas marinhas é alto. Não é de estranhar, portanto, que o potencial
das algas marinhas para assumirem um maior papel na alimentação do mundo, com
impactos negativos mínimos no ambiente, tenha sido
amplamente proclamado (Duarte
et al., 2021). *
Oportunidades e desafios
associados às atividades relacionadas a algas marinhas em países de baixa e
média renda (LMICs).
|
Algas – atividades relacionadas |
Oportunidades |
Desafios |
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Produção agrícola |
•Muitos
LMICs têm condições costeiras adequadas para a produção agrícola. •Potencial
para mulheres pequenas agricultoras desenvolverem novas fontes de renda. •Potencial
da aquicultura marinha para mitigar a eutrofização e a poluição costeira. |
•Experiência
limitada, serviços de extensão, pesquisa pública localizada para aproveitar.
•A oferta de mão de obra pode ser uma restrição sazonal devido às demandas
agrícolas e domésticas existentes. •Impactos
desconhecidos das mudanças climáticas na viabilidade do ecossistema para
apoiar o cultivo de algas marinhas. |
|
Processamento e adição de valor |
•Ingredientes
de algas marinhas processadas de vários tipos podem contribuir para produtos
alimentícios aprimorados. •Processamento
e embalagem de produtos de algas marinhas para mercados mais amplos
representa novos fluxos de renda em potencial. |
•Fontes
limitadas de capital de investimento. •Infraestrutura
da cadeia de valor atualmente subdesenvolvida na maioria dos LMICs. •A
segurança alimentar e os padrões de qualidade precisam ser estabelecidos e
monitorados para facilitar o investimento privado e o marketing. |
|
Comércio (exportações) |
•Espera-se
que a demanda global por produtos e extratos de algas marinhas cresça. •Algas
marinhas podem ser uma nova forma de commodity de exportação de alto valor. |
•Nem
todas as espécies de algas com preços altos podem ser produzidas em todos os
lugares. •Falta
de regulamentação e políticas do mercado internas necessárias para facilitar
as exportações de produtos de algas marinhas. |
|
Consumo e nutrição |
•Novos ingredientes alimentares de
alta densidade nutricional podem se tornar parte de produtos alimentícios
processados localmente. •‘Vegetais do mar’ frescos podem
complementar as dietas locais das comunidades costeiras de baixa e média
renda ao longo do tempo. •A diversidade alimentar pode ser
aumentada através de produtos frescos de algas marinhas. •A qualidade geral da dieta melhorou
por meio de compras no mercado, apoiadas pela receita do cultivo e
processamento de algas marinhas. |
•Potencial
desconhecido para a entrada de algas marinhas nas dietas locais de baixa e
média renda onde ainda não existem produtos do mar. •As
algas não podem ser consumidas em quantidades suficientes que forneçam altos
níveis de quilocalorias ou proteínas. •Os
preços dos produtos de algas provavelmente serão altos em relação a outros
vegetais locais, restringindo assim a demanda. |
No entanto, o cultivo de algas marinhas também
enfrenta desafios e riscos, que devem ser considerados antes de sua expansão.
Entre eles estão a falta de regulamentação e fiscalização, que pode levar à
exploração excessiva e à degradação ambiental; a competição por espaço e
recursos com outras atividades marítimas; a vulnerabilidade às mudanças
climáticas e aos eventos extremos; e a necessidade de pesquisa e inovação para
aumentar a produtividade e a qualidade das algas.
Portanto, o cultivo de algas marinhas é uma atividade promissora, mas que requer planejamento e gestão adequados para garantir sua sustentabilidade. O artigo da Universidade Tufts sugere que é preciso haver uma cooperação entre governos, setor privado, academia e sociedade civil para criar políticas públicas que incentivem o desenvolvimento do setor de forma responsável e integrada. Além disso, é preciso investir em educação e capacitação para os produtores de algas marinhas, bem como em divulgação e conscientização para os consumidores sobre os benefícios desse alimento.
Tendências globais no fornecimento de plantas aquáticas, 1971–2019 3. Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, 2022. (ecodebate)




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