quarta-feira, 19 de julho de 2023

Algas marinhas ajudam no combate a insegurança alimentar

Algas marinhas podem ajudar a combater a insegurança alimentar global.
Incluindo as algas na dieta, um cenário promissor para a saúde e para o planeta.

A demanda por agricultura ambientalmente sustentável nas próximas décadas defende uma atenção mais focada nas algas marinhas como tendo potencial para apoiar a segurança alimentar e nutrição.

O cultivo de algas marinhas é uma atividade que vem ganhando destaque no cenário mundial, tanto pelo seu potencial econômico quanto pelos seus benefícios ambientais e sociais. Segundo um artigo publicado no site da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, as algas marinhas podem ser uma fonte alternativa de alimento, energia e fertilizante, além de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas e a conservação da biodiversidade marinha.

As algas marinhas são plantas aquáticas que crescem em ambientes marinhos ou de água salobra, formando ecossistemas complexos e produtivos. Elas são ricas em proteínas, vitaminas, minerais e fibras, podendo ser consumidas diretamente ou processadas em produtos alimentícios, como farinha, óleo e gelatina.

Além disso, as algas marinhas podem ser usadas como matéria-prima para a produção de biocombustíveis, bioplásticos e biofertilizantes, reduzindo a dependência de recursos fósseis e agrícolas.

Algas marinhas – implicações de segurança dos alimentos segundo a FAO.

O cultivo de algas marinhas também traz benefícios para o meio ambiente, pois elas capturam carbono da atmosfera e o armazenam no fundo do mar, ajudando a combater o aquecimento global. As algas marinhas também liberam oxigênio na água, melhorando a qualidade do ambiente para outras espécies. Além disso, elas fornecem abrigo e alimento para diversos organismos marinhos, aumentando a biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas.

O cultivo de algas marinhas pode ser uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável de comunidades costeiras, especialmente em países em desenvolvimento. Segundo o artigo da Universidade Tufts, as algas marinhas podem gerar renda e emprego para pescadores e agricultores familiares, que podem aproveitar a infraestrutura existente para implantar fazendas de algas. O cultivo também pode melhorar a segurança alimentar e nutricional dessas populações, que podem ter acesso a um alimento saudável e barato.

* O cultivo de algas marinhas requer pouca água doce, fertilizantes inorgânicos e terra. Em termos de emissões de gases com efeito de estufa, as algas absorvem azoto, fósforo e dióxido de carbono, pelo menos até à colheita, altura em que a maior parte destes pode ser libertada. O teor de vitaminas, minerais e proteínas de muitos tipos de algas marinhas é alto. Não é de estranhar, portanto, que o potencial das algas marinhas para assumirem um maior papel na alimentação do mundo, com impactos negativos mínimos no ambiente, tenha sido amplamente proclamado (Duarte et al., 2021). *

Oportunidades e desafios associados às atividades relacionadas a algas marinhas em países de baixa e média renda (LMICs).

Algas – atividades relacionadas

Oportunidades

Desafios

Produção agrícola

•Muitos LMICs têm condições costeiras adequadas para a produção agrícola.

•Potencial para mulheres pequenas agricultoras desenvolverem novas fontes de renda.

•Potencial da aquicultura marinha para mitigar a eutrofização e a poluição costeira.

•Experiência limitada, serviços de extensão, pesquisa pública localizada para aproveitar. •A oferta de mão de obra pode ser uma restrição sazonal devido às demandas agrícolas e domésticas existentes.

•Impactos desconhecidos das mudanças climáticas na viabilidade do ecossistema para apoiar o cultivo de algas marinhas.

Processamento e adição de valor

•Ingredientes de algas marinhas processadas de vários tipos podem contribuir para produtos alimentícios aprimorados.

•Processamento e embalagem de produtos de algas marinhas para mercados mais amplos representa novos fluxos de renda em potencial.

•Fontes limitadas de capital de investimento.

•Infraestrutura da cadeia de valor atualmente subdesenvolvida na maioria dos LMICs.

•A segurança alimentar e os padrões de qualidade precisam ser estabelecidos e monitorados para facilitar o investimento privado e o marketing.

Comércio (exportações)

•Espera-se que a demanda global por produtos e extratos de algas marinhas cresça.

•Algas marinhas podem ser uma nova forma de commodity de exportação de alto valor.

•Nem todas as espécies de algas com preços altos podem ser produzidas em todos os lugares.

•Falta de regulamentação e políticas do mercado internas necessárias para facilitar as exportações de produtos de algas marinhas.

Consumo e nutrição

•Novos ingredientes alimentares de alta densidade nutricional podem se tornar parte de produtos alimentícios processados ​​localmente.

•‘Vegetais do mar’ frescos podem complementar as dietas locais das comunidades costeiras de baixa e média renda ao longo do tempo.

•A diversidade alimentar pode ser aumentada através de produtos frescos de algas marinhas.

•A qualidade geral da dieta melhorou por meio de compras no mercado, apoiadas pela receita do cultivo e processamento de algas marinhas.

•Potencial desconhecido para a entrada de algas marinhas nas dietas locais de baixa e média renda onde ainda não existem produtos do mar.

•As algas não podem ser consumidas em quantidades suficientes que forneçam altos níveis de quilocalorias ou proteínas.

•Os preços dos produtos de algas provavelmente serão altos em relação a outros vegetais locais, restringindo assim a demanda.

Incluindo as algas na dieta, um cenário promissor para a saúde e para o planeta.

No entanto, o cultivo de algas marinhas também enfrenta desafios e riscos, que devem ser considerados antes de sua expansão. Entre eles estão a falta de regulamentação e fiscalização, que pode levar à exploração excessiva e à degradação ambiental; a competição por espaço e recursos com outras atividades marítimas; a vulnerabilidade às mudanças climáticas e aos eventos extremos; e a necessidade de pesquisa e inovação para aumentar a produtividade e a qualidade das algas.

Portanto, o cultivo de algas marinhas é uma atividade promissora, mas que requer planejamento e gestão adequados para garantir sua sustentabilidade. O artigo da Universidade Tufts sugere que é preciso haver uma cooperação entre governos, setor privado, academia e sociedade civil para criar políticas públicas que incentivem o desenvolvimento do setor de forma responsável e integrada. Além disso, é preciso investir em educação e capacitação para os produtores de algas marinhas, bem como em divulgação e conscientização para os consumidores sobre os benefícios desse alimento.

Tendências globais no fornecimento de plantas aquáticas, 1971–2019 3. Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, 2022. (ecodebate)

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