Análise econômica demonstra
que custo da preparação para eventos extremos é inferior aos prejuízos da
inação climática.
Um novo estudo da University
of Amsterdam (UvA), na Holanda, traz um argumento econômico poderoso para que
países e empresas acelerem seus planos de adaptação às mudanças climáticas.
Ao
contrário da percepção comum de que se preparar para o clima extremo é um custo
elevado, a pesquisa conclui que essa estratégia é, na verdade, um investimento
inteligente que protege e potencialmente fortalece as economias.
A pesquisa, intitulada “Why
economies gain by preparing for climate change” (“Por que as economias ganham
ao se preparar para as mudanças climáticas”, em tradução livre), utilizou
modelos econômicos de ponta para simular o impacto de diferentes níveis de
preparação frente a eventos como enchentes, secas prolongadas e ondas de calor.
A conclusão central é clara: economias que investem de forma proativa em infraestrutura resiliente, sistemas de alerta precoce e adaptação de setores-chave (como agricultura e energia) sofrem menos danos e se recuperam mais rapidamente quando desastres inevitavelmente ocorrem. Essa resiliência se traduz em uma proteção direta ao Produto Interno Bruto (PIB).
Manifestação em defesa do Meio Ambiente
Estudo mostra como
investimento inteligente é bom para o meio ambiente e para a economia.
O custo da inação versus o investimento
na preparação
O estudo da UvA vai além de
apenas afirmar que “é melhor prevenir do que remediar”. Ele quantifica a
vantagem econômica. De acordo com os pesquisadores, os custos econômicos da
“inação” – ou seja, de apenas reparar os estragos após um evento extremo – são
sistematicamente subestimados pelos modelos tradicionais.
Isso acontece porque os
impactos indiretos são enormes: uma enchente não para apenas uma fábrica, mas
interrompe cadeias de suprimentos inteiras, causa perdas de produtividade e
sobrecarrega os sistemas de saúde. Já uma economia preparada consegue amortecer
esses choques, mantendo a atividade econômica fluindo com muito mais
eficiência.
“Quando você olha apenas para o custo inicial de construir um dique mais alto ou modernizar uma rede elétrica, pode parecer um gasto significativo. Mas nosso modelo mostra que esse valor é irrisório perto das perdas econômicas catastróficas que são evitadas ao longo do tempo”, explicou um dos autores principais do estudo, em comunicado à imprensa.
Lições para o Brasil: Da teoria à prática
As descobertas da University
of Amsterdam ecoam com urgência no contexto brasileiro. O país, que já enfrenta
secas históricas no Centro-Sul, enchentes devastadoras no Nordeste e eventos
climáticos cada vez mais intensos, tem uma janela de oportunidade para integrar
a adaptação climática ao seu planejamento de desenvolvimento.
Para especialistas, o estudo
holandês serve como um alerta para o setor público e privado. Investir em:
• Infraestrutura resiliente:
estradas, portos e sistemas de drenagem preparados para volumes extremos de
chuva.
• Agricultura adaptativa:
desenvolvimento de culturas tolerantes à seca e técnicas de irrigação
eficientes.
Em um momento em que o debate
sobre mudança climática frequentemente se concentra nos custos da transição
energética, o estudo da University of Amsterdam oferece uma perspectiva
crucial: a adaptação não é um gasto, mas uma alavanca para a estabilidade e o
crescimento econômico sustentável no século XXI. A mensagem para os
formuladores de políticas é clara: adiar a preparação é a opção mais cara.
(ecodebate)




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