7-8 crianças 6-7 crianças 5-6 crianças 4-5 crianças 3-4 crianças 2-3 crianças 1-2 crianças
Os países e territórios com
as menores taxas de fecundidade do mundo são principalmente da Ásia Oriental e
da Europa, como Macau, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan, com taxas de fecundidade
total abaixo de 1,3 filhos por mulher. A Ucrânia, em particular, também figura
entre os países com taxas muito baixas, cerca de 0,99 filhos por mulher.
Países e territórios com as
menores taxas de fecundidade
Macau: 0,68 filhos por
mulher.
Hong Kong: 0,73 filhos por
mulher.
Coreia do Sul: 0,73 filhos
por mulher.
Taiwan: 1,09 filhos por
mulher.
Singapura: 1,17 filhos por
mulher.
Ucrânia: 0,99 filhos por
mulher.
O decrescimento populacional
é um desafio estrutural inevitável, mas não precisa significar estagnação ou
declínio do bem-estar.
Durante mais de 200 mil anos,
desde o surgimento do Homo sapiens, as taxas de mortalidade e de natalidade
eram altas e o padrão de vida da população mundial era muito baixo. Até o
início do século XIX, a maior parte dos nascimentos terminavam em mortes antes
mesmo dos bebês completarem a idade adulta. Crianças, adolescentes e jovens
tinham um horizonte de vida curto pela frente.
O resultado do processo de
desenvolvimento tem sido o enriquecimento médio do ser humano e a conquista de
uma vida mais longa. Antes da Revolução Industrial e Energética a expectativa
de vida média da população mundial estava em torno de 25 anos, ultrapassou
ligeiramente os 30 anos em 1900, mais do que dobrou no século XX e a
expectativa de vida ao nascer encontra-se atualmente pouco abaixo de 75 anos.
Ou seja, em cerca de 200 anos a expectativa de vida ao nascer dos seres humanos
foi multiplicada por um fator de cerca de 3 vezes. Isto nunca tinha acontecido
antes e nem vai acontecer no futuro.
Por outro lado, a conquista
da autodeterminação reprodutiva é essencial para a liberdade de decisão, para a
liberdade de iniciativa das pessoas e para superar os preconceitos, a
ignorância e os fatalismos. A transição demográfica é um fenômeno por
excelência da modernidade e é sincrônica ao processo de desenvolvimento e ao
aumento das taxas de urbanização.
Na configuração demográfica
antiga, a estrutura etária era muito rejuvenescida, com uma alta proporção de
crianças e jovens na população e uma baixa proporção de pessoas em idade
produtiva. As mulheres não tinham autonomia e nem grandes perspectivas
profissionais, pois, além da alta mortalidade materna, tinham baixa extensão do
tempo de sobrevivência e passavam a maior parte da vida dedicadas à
maternidade, ao cuidado dos filhos e ao trabalho doméstico familiar. O fato é
que nenhum país do mundo avançou, em termos econômicos e sociais, com a
prevalência de altas taxas de mortalidade e elevadas taxas de fecundidade.
Indubitavelmente, a transição demográfica é uma conquista civilizatória.
Porém, a redução das taxas de
fecundidade em muitos países não se estabilizou ao redor do nível de reposição
(de 2,1 filhos por mulher). Os países ricos e de renda média alta possuem
atualmente taxas de fecundidade total (TFT) em torno de 1,6 filho por mulher. Neste
patamar, a população destes países deve apresentar um decrescimento
populacional gradual e moderado no longo prazo.
Contudo, países com taxas de
fecundidade muito abaixo de 1,5 filho por mulher podem ter um decrescimento
populacional muito rápido e profundo, podendo prejudicar a adaptabilidade das
políticas públicas à nova dinâmica demográfica.
A Coreia do Sul, com 52
milhões de habitantes e densidade demográfica de 523 hab/km2,
apresenta idade mediana de 45,1 anos e expectativa de vida ao nascer de 84,4
anos, além de TFT de 0,73 filho por mulher, a segunda mais baixa do mundo,
juntamente com Hong Kong.
São Bartolomeu (Saint
Barthélemy) é uma ilha do Caribe, que é uma coletividade ultramarina da França,
com uma população de 11 mil habitantes, uma densidade demográfica de 523 hab/km2,
uma idade mediana de 38,9 anos, uma expectativa de vida ao nascer de 84,4 anos
e uma TFT de 0,82 filho por mulher.
Taiwan (região especial da
China), com 23 milhões de habitantes, com densidade demográfica de 656 hab/km2,
tem idade mediana de 44,2 anos, uma expectativa de vida ao nascer de 80,8 anos
e TFT de 0,86 filho por mulher.
Porto Rico (território não
incorporado dos Estados Unidos da América), localizado no nordeste do Mar do
Caribe, possui população de 3,2 milhões de habitantes, densidade demográfica de
373 hab/km2, idade mediana de 45,5 anos, expectativa de vida ao
nascer de 81,9 anos (superior a Eo dos EUA) e TFT de 0,94 filho por mulher.
Singapura é uma cidade-Estado
muito rica, localizada na ponta sul da Península Malaia, no Sudeste Asiático,
tem 5,8 milhões de habitantes e densidade demográfica de 8,5 mil hab/km2,
apresenta idade mediana de 35,7 anos e expectativa de vida ao nascer de 83,9
anos, além de TFT de 0,95 filho por mulher.
A Ucrânia, nação do leste
europeu em guerra com a Rússia desde 2022, tem 37,9 milhões de habitantes e
densidade demográfica de 65 hab/km2, apresenta idade mediana de 42,1
anos e expectativa de vida ao nascer de 74,7 anos, além de TFT de 0,99 filho
por mulher.
A China era o país mais populoso
do mundo até 2022, mas perdeu o primeiro lugar para a Índia. Em 2024 tinha uma
população de 1,4 bilhão de habitantes, densidade demográfica de 148 hab/km2,
idade mediana de 39,6 anos, expectativa de vida ao nascer de 78 anos e TFT de 1
filho por mulher.
Evidentemente, taxas de fecundidade tão baixas não são sustentáveis no longo prazo. Provavelmente, estas nações enfrentam um problema temporário, pois a TFT deve aumentar nos próximos anos e décadas, mesmo que não voltem ao nível de reposição. O gráfico abaixo mostra a evolução das taxas de fecundidade entre 2000 e 2023 nos referidos países e territórios.
Taxas de fecundidade em torno de 1,5 filho por mulher podem ser perfeitamente administradas, implicando em um decrescimento populacional moderado. Este decrescimento pode ser um fato positivo, pois com menos crianças e jovens, as famílias e os governos podem investir mais na educação e na qualificação profissional dos indivíduos. Isso pode elevar a produtividade e compensar parte da redução do número de trabalhadores.
Áreas urbanas podem se tornar
mais habitáveis, com menos congestionamentos e maior qualidade de vida. Espaços
abandonados podem ser convertidos em áreas verdes ou habitação social. Mudanças
nos valores sociais podem fortalecer solidariedade intergeracional e novas
redes de apoio.
O decrescimento populacional
pode ajudar a mitigar a crise climática e ambiental e pode facilitar a
adaptação diante da aceleração do aquecimento global e da 6ª extinção em massa
das espécies, abrindo espaço para a restauração ecológica. Menor densidade
populacional em áreas de risco (zonas costeiras, regiões áridas) pode reduzir o
impacto de eventos extremos. Facilita políticas de relocação e adaptação
urbana.
Com
menor demanda, é possível investir em sistemas mais sustentáveis de transporte,
saneamento e habitação, adaptados à realidade do aquecimento global. Em um
mundo de escassez hídrica e alimentar, menores populações poderão reduzir
conflitos por água, terras férteis e energia. A China, por exemplo, já
apresenta decrescimento da população, embora continue aumentando a renda per
capita e melhorando os indicadores sociais.
Em síntese, o decrescimento populacional é um desafio estrutural inevitável, mas não precisa significar estagnação ou declínio do bem-estar. Se houver políticas adequadas em educação, inovação tecnológica e adaptação dos sistemas de proteção social haverá a possibilidade de construir uma sociedade mais equilibrada, sustentável e centrada no bem-estar humano, com respeito a todas as formas de vida da Terra.
Fecundidade fica abaixo do nível de reposição em 20 das 22 maiores economias do mundo
Para termos um mundo mais
sustentável, tendência de redução do crescimento populacional precisa vir
acompanhada de queda no consumismo e na exploração dos recursos naturais.
(ecodebate)





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