terça-feira, 1 de julho de 2025

Crise climática não nos permite perder tempo

Mudanças climáticas nos impõe a urgência de agir antes que seja tarde demais.

O aquecimento global deixou de ser uma ameaça distante para se tornar uma realidade incontestável que bate à nossa porta. Como temos documentado em diversas edições, este fenômeno resulta da interação complexa de múltiplos fatores ambientais e socioeconômicos, exigindo uma resposta igualmente multifacetada e urgente.

A Desigualdade Diante da Crise

A capacidade de enfrentar os impactos climáticos não será distribuída de forma equitativa pelo globo. Países desenvolvidos, com maior solidez tecnológica, industrial e econômica, poderão absorver – ao menos temporariamente – os custos devastadores dos desastres climáticos.

Já as nações em desenvolvimento e subdesenvolvidas enfrentarão consequências muito mais severas, com perdas humanas e materiais em escala alarmante, intensificando tragédias que já se tornaram rotineiras.

Contudo, essa proteção temporária dos países ricos é uma ilusão perigosa. Até o final do século XXI, nenhum canto do planeta escapará das consequências do aquecimento global. Projeções científicas apontam para a desertificação de, pelo menos, um quarto da superfície terrestre, transformando regiões inteiras em territórios inabitáveis.

Estes conceitos estão ajudando a aprofundar a crise climática global

O Falso Dilema Econômico

O argumento frequentemente usado de que as medidas mitigadoras implicariam custos econômicos insuportáveis revela uma miopia perigosa.

Esses custos serão pagos inevitavelmente – a única diferença é que nossas próximas gerações pagarão um preço exponencialmente maior, não para prosperar, mas simplesmente para sobreviver em um mundo hostil.

A transição para um modelo sustentável e a redução drástica das emissões de gases do efeito estufa certamente demandarão investimentos significativos e mudanças estruturais profundas.

No entanto, essa é a única alternativa viável para garantir condições mínimas de vida no planeta.

A Perspectiva de Gaia

O cientista James Lovelock, criador da revolucionária teoria de Gaia, oferece uma perspectiva que deveria nos tirar o sono. Segundo sua visão, a Terra funciona como um organismo vivo autorregulador, e as mudanças climáticas já ultrapassaram um ponto de não retorno.

Para Lovelock, nossa civilização dificilmente sobreviverá às transformações em curso.

Esta perspectiva nos força a confrontar uma verdade incômoda: não estamos lutando para “salvar o planeta”. Nossa arrogância antropocêntrica nos impede de compreender que a Terra já sobreviveu a pelo menos duas extinções em massa – há 250 milhões de anos, quando 90% da vida foi exterminada, e há 65 milhões de anos, quando os dinossauros desapareceram junto com 60% das espécies existentes.

Com o Planeta Terra em estado crítico, a crise climática é real e perigosa.

A Natureza Sempre Encontra um Caminho

A história geológica demonstra que a natureza possui uma capacidade extraordinária de recomeçar após catástrofes. O que está em jogo não é a continuidade da vida no planeta, mas a sobrevivência da humanidade e da biodiversidade atual. Se persistirmos em nossa trajetória destrutiva, eliminaremos a natureza como a conhecemos, mas o planeta encontrará novas formas de vida – possivelmente sem nossa participação.

A Hora da Ação

Chegamos ao limite do tempo disponível para debates intermináveis e ações tímidas. Cada dia de procrastinação compromete ainda mais as chances de deixarmos um mundo habitável para as próximas gerações. A escolha é simples, embora dolorosa: transformação radical agora ou condenação das futuras gerações a um planeta hostil.

O momento exige coragem política, investimentos massivos em tecnologias sustentáveis e, sobretudo, uma mudança fundamental em nossa relação com o meio ambiente. Não se trata mais de escolher entre crescimento econômico e proteção ambiental – trata-se de escolher entre adaptação inteligente e colapso civilizacional.

A ciência já disse tudo o que precisava dizer. Os dados estão na mesa. A natureza está enviando sinais inequívocos através de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

Agora é hora de transformar conhecimento em ação, antes que o planeta tome essa decisão por nós.

Quem achar que estou exagerando, leia as matérias “aquecimento global” e “mudanças climáticas” e tire suas próprias conclusões. (ecodebate)

Colapso da camada de gelo da Antártica Ocidental terá efeitos devastadores

Mas como ele também funciona como uma barragem natural para o gelo circundante na Antártida ocidental, os cientistas estimam que o seu colapso total poderá levar a um aumento do nível do mar de cerca de 3 metros – uma catástrofe para as comunidades costeiras do mundo.
Próximos anos são cruciais para o futuro da camada de gelo da Antártica Ocidental e para as regiões costeiras.

Um novo estudo acende um sinal de alerta global: os próximos anos são vitais para a segurança da Camada de Gelo da Antártica Ocidental (West Antarctic Ice Sheet – WAIS, no original em inglês)

A pesquisa, liderada pelo Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático (PIK), que utilizou simulações de modelos remontando a 800.000 anos, revela um cenário preocupante onde a camada de gelo pode entrar em colapso com um aquecimento oceânico mínimo.

As descobertas sugerem que um colapso total dessa camada de gelo poderia resultar em um aumento devastador de 4 metros no nível global do mar ao longo de centenas de anos.

Tal evento teria implicações profundas para as cidades costeiras e ecossistemas em todo o mundo.

Colapso da camada de gelo teria implicações muito mais profundas para todas as cidades costeiras, assim como também, na maioria dos ecossistemas mundiais.

1. A Camada de Gelo da Antártida Ocidental em um Ponto de Inflexão (Tipping Point)

• Dois Estados Estáveis: A pesquisa, que remonta a 800.000 anos, revela que a Camada de Gelo Antártica tem alternado entre dois estados estáveis. O estado atual é aquele em que a WAIS está presente, enquanto o outro é o de seu colapso.

• Gatilho de Inflexão: O principal fator de mudança entre esses dois estados é o aumento da temperatura do oceano ao redor da Antártica. O calor que derrete o gelo é fornecido principalmente pelo oceano, e não pela atmosfera.

2. Consequências Catastróficas e Irreversibilidade

• Aumento Significativo do Nível do Mar: Um colapso da WAIS levaria a um devastador aumento de quatro metros no nível global do mar, que se desenrolaria ao longo de centenas de anos.

• Processo Autossustentável e Irreversível: Uma vez que o “ponto de inflexão” é acionado, o colapso se torna autossustentável e é considerado “muito improvável de ser parado”. Reverter para o estado estável atual exigiria “vários milhares de anos de temperaturas iguais ou abaixo das condições pré-industriais”.

3. Urgência da Ação e Janela Estreita

• Rapidez da Desestabilização vs. Crescimento: Há uma diferença gritante na escala de tempo para a desestabilização de uma camada de gelo em comparação com seu crescimento. Enquanto leva dezenas de milhares de anos para uma camada de gelo crescer, são necessárias apenas décadas para desestabilizá-la pela queima de combustíveis fósseis.

• Ações Imediatas para Evitar o Catástrofe: Os autores enfatizam que “ações imediatas para reduzir as emissões ainda poderiam evitar um resultado catastrófico”. Os próximos anos são “vitais para garantir o futuro da Camada de Gelo da Antártida Ocidental”.

Os cientistas enfatizam a urgência de ações imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A pesquisa aponta que a Camada de Gelo da Antártica Ocidental tem oscilado entre dois estados estáveis no passado, impulsionada por aumentos na temperatura do oceano. No entanto, uma vez que o colapso é iniciado, o processo se torna praticamente irreversível e autossustentável, exigindo milhares de anos de temperaturas pré-industriais para qualquer reversão.

Colapso da camada de gelo da Antártica Ocidental é “inevitável”

Este estudo sublinha a importância crítica das decisões e ações tomadas nos próximos anos para evitar um desfecho catastrófico e garantir a estabilidade futura de um dos maiores e mais importantes reservatórios de gelo do planeta. (ecodebate)

domingo, 29 de junho de 2025

Florestas não se recuperam após a mineração de ouro na Amazônia

Em toda a Amazônia, a mineração de ouro agora é responsável por quase 10% do desmatamento.

Embora o impacto ambiental da mineração de ouro seja bem conhecido, uma equipe liderada por pesquisadores da USC Dornsife descobriu um culpado oculto por trás da lenta recuperação da floresta amazônica: perda de água causada pela remodelação do terreno.

Principais conclusões:

• Cientistas descobriram que a mineração de ouro em pequena escala na Amazônia peruana está destruindo a camada superficial do solo e remodelando a terra de maneiras que esgotam a água — um dos principais motivos pelos quais as florestas não voltar a crescer.

• O processo deixa para trás pilhas de areia quente e seca e lagoas estagnadas. Esses montes de areia podem atingir 60°C e drenar água até 100 vezes mais rápido do que o solo da floresta, tornando o terreno inóspito para o crescimento das árvores.

• Locais próximos a lagoas ou em altitudes mais baixas retêm mais umidade e mostram sinais de crescimento natural, sugerindo que o acesso à água — não apenas a qualidade do solo — desempenha um papel fundamental na recuperação florestal.

• Para melhorar o reflorestamento, os pesquisadores recomendam achatar as pilhas de areia e preencher os tanques de mineração para que as raízes das plantas possam alcançar o lençol freático com mais facilidade.

As florestas da Amazônia peruana não estão se recuperando após a mineração de ouro — não apenas porque o solo está danificado por metais tóxicos, mas porque a terra foi esvaziada de água. Um método comum de mineração conhecido como mineração por sucção remodela o terreno de forma a drenar a umidade e reter o calor, criando condições adversas nas quais nem mesmo as mudas replantadas conseguem sobreviver.

As descobertas, publicadas na Communications Earth & Environment, revelaram por que os esforços de reflorestamento na região têm fracassado. Um dos coautores do estudo é Josh West, professor de Ciências da Terra e Estudos Ambientais na Faculdade de Letras, Artes e Ciências Dornsife da USC.

“Sabemos que a degradação do solo retarda a recuperação florestal”, disse West, que também é Explorador da National Geographic. “Mas isso é diferente. O processo de mineração seca a terra, tornando-a inóspita para novas árvores”.

Mapeando uma paisagem amazônica danificada

A equipe de pesquisa foi liderada por Abra Atwood, cientista do Woodwell Climate Research Center e ex-aluna de West, que obteve seu doutorado na USC Dornsife em 2023. Trabalhando com colegas da Universidade de Columbia, da Universidade Estadual do Arizona e da Universidad Nacional de San Antonio Abad del Cusco, no Peru, a equipe estudou dois locais de mineração de ouro abandonados na região de Madre de Dios, no Peru, perto das fronteiras do Brasil e da Bolívia.

Eles usaram drones, sensores de solo e imagens subterrâneas para entender como a mineração por sucção remodela a terra. A técnica, comumente usada em operações de pequena escala e, muitas vezes, familiares, desintegra o solo com canhões de água de alta pressão. O sedimento solto é canalizado por comportas que filtram as partículas de ouro, enquanto o material mais leve, incluindo a camada superficial do solo rica em nutrientes, é levado pela água. O que resta são lagoas estagnadas — algumas do tamanho de campos de futebol — e imponentes pilhas de areia de até 9 metros de altura.

Ao contrário da mineração de escavação, que é usada em outras partes da Amazônia e pode preservar parte da camada superficial do solo, a mineração de sucção deixa pouco para trás para sustentar o novo crescimento.

Para medir a umidade e a estrutura do solo, os pesquisadores utilizaram imagens de resistividade elétrica, uma técnica que monitora a facilidade com que a umidade se move pelo solo. Eles descobriram que as pilhas de areia funcionam como peneiras; a água da chuva escoa por elas até 100 vezes mais rápido do que em solo não perturbado. Essas áreas também secam quase cinco vezes mais rápido após a chuva, deixando pouca umidade disponível para novas raízes.

Para comparar as condições, a equipe instalou sensores em vários locais — solos arenosos e argilosos, bordas de lagoas e florestas intocadas — e descobriu que os locais desmatados eram consistentemente mais quentes e secos. Em pilhas de areia expostas, as temperaturas da superfície chegaram a 60°C. “É como tentar cultivar uma árvore em um forno”, disse West.

Câmeras térmicas montadas em drones mostraram como o solo árido assava sob o sol, enquanto áreas florestais próximas e bordas de lagoas permaneciam significativamente mais frias.

“Quando as raízes não conseguem encontrar água e as temperaturas da superfície são escaldantes, até mesmo as mudas replantadas simplesmente morrem”, disse Atwood. “Isso explica em grande parte por que a regeneração é tão lenta”.

Salvando a Amazônia com melhores práticas

Embora a equipe tenha observado algum crescimento perto das bordas dos lagos e em áreas baixas, grandes extensões de terra permaneceram descobertas, especialmente onde há grandes acúmulos de areia. Essas áreas, que ficam mais distantes do lençol freático e perdem umidade rapidamente, são mais difíceis de reflorestar.

Entre 1980 e 2017, a mineração de ouro em pequena escala destruiu mais de 95.000 hectares de floresta tropical — uma área mais de sete vezes o tamanho de São Francisco — na região de Madre de Dios. Na Reserva Nacional de Tambopata e arredores, as operações continuam a se expandir, ameaçando tanto a biodiversidade quanto as terras indígenas. Em toda a Amazônia, a mineração de ouro agora é responsável por quase 10% do desmatamento.

Os pesquisadores sugerem que os esforços de recuperação poderiam se beneficiar da remodelação do próprio terreno. Aplainar as pilhas de areia da mineração e preencher lagoas abandonadas poderia aproximar as raízes das árvores das águas subterrâneas, melhorando a retenção de umidade e estimulando o crescimento. Embora a erosão natural possa eventualmente fazer o mesmo, o processo é lento demais para atender às necessidades urgentes de reflorestamento.
Garimpos ilegais de ouro concentram mercúrio no solo, contaminando o solo e a água, com isso, destruindo a floresta amazônica.

“Só existe uma floresta amazônica”, disse West. “É um sistema vivo diferente de tudo na Terra. Se a perdermos, perderemos algo insubstituível”. (ecodebate)

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Resíduos de Serviços de Saúde em Hospitais no Mundo

A Geração de Resíduos de Serviços de Saúde em Hospitais do Mundo (2000 – 2019).
Resíduos dos serviços de saúde: responsabilidade cível e criminal

Culpabilidade jurídica (cível e criminal) quanto ao gerenciamento e descarte dos resíduos produzidos pelos serviços de saúde.

O gerenciamento inadequado de resíduos de saúde no Brasil apresenta riscos de contaminação e impactos socioambientais, exigindo ações de planejamento e controle mais efetivas.

A legislação brasileira, incluindo a Resolução CONAMA nº 358/2005, estabelece classificações e diretrizes para o manejo dos resíduos de saúde, mas ainda enfrenta desafios na implementação e fiscalização.

O descarte incorreto dos resíduos de saúde pode levar a responsabilizações jurídicas tanto no âmbito cível, com base na responsabilidade objetiva, quanto no âmbito penal, incluindo pessoas físicas e jurídicas.

Os resíduos de serviços de saúde (RSS), como os gerados em hospitais, são um desafio global para a saúde pública e o meio ambiente. A pandemia de COVID-19, por exemplo, levou a um aumento significativo na geração e manejo desses resíduos em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a pandemia gerou milhares de toneladas extras de RSS, incluindo equipamentos de proteção individual (EPIs).

O que são Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)?

Os RSS são todos os materiais descartados por estabelecimentos de saúde, como hospitais, clínicas, laboratórios e centros de pesquisa. Esses resíduos incluem materiais que podem ser perigosos, como agulhas, seringas, materiais cirúrgicos contaminados, e também materiais comuns, como embalagens e papéis.

Principais Grupos de RSS:

Os RSS são classificados em diferentes grupos com base nos riscos que representam:

Grupo A (Infectantes):

Materiais com possível presença de agentes biológicos que podem causar infecções, como algodão contaminado, gaze, espátula, entre outros.

Grupo B (Químicos):

Materiais que contêm substâncias químicas perigosas, como medicamentos vencidos e resíduos de produtos químicos.

Grupo C (Radioativos):

Materiais que contêm substâncias radioativas, como resíduos de radioterapia.

Grupo D (Comuns):

Resíduos que não são considerados perigosos, mas que ainda precisam ser gerenciados adequadamente.

Grupo E (Perfurocortantes):

Materiais que podem causar lesões, como agulhas, lâminas e outros objetos perfurocortantes.

Gerenciamento de RSS:

O gerenciamento adequado de RSS é crucial para proteger a saúde humana e o meio ambiente. Isso envolve:

Segregação na fonte:

Separação dos resíduos em diferentes recipientes, de acordo com sua classificação.

Acondicionamento:

Armazenamento dos resíduos em embalagens adequadas para evitar vazamentos e contaminações.

Transporte:

Transporte dos resíduos de forma segura, utilizando veículos e equipamentos apropriados.

Tratamento:

Utilização de métodos de tratamento, como incineração, esterilização ou tratamento físico-químico, para eliminar ou reduzir os riscos.

Disposição final:

Descarte dos resíduos em locais adequados, que possam receber e tratar os resíduos de forma segura.

Desafios no Gerenciamento de RSS:

Aumento da geração:

A pandemia de COVID-19 e o crescimento da população geram um aumento na quantidade de RSS.

Inadequada gestão em muitos países:

Em muitos países, a infraestrutura e a capacidade de gerenciamento de RSS são insuficientes, o que leva a problemas de saúde e ambientais.

Necessidade de investimentos em RSS:

É necessário investir em tecnologia, infraestrutura e treinamento para garantir um gerenciamento adequado de RSS.

Impactos do Gerenciamento Inadequado:

Saúde humana: O contato com RSS não gerenciados pode levar a infecções e doenças.

Saúde ambiental: O descarte inadequado de RSS pode contaminar o solo, as águas e o ar.

Desequilíbrio ambiental: O excesso de resíduos pode gerar problemas de saúde e desequilíbrio ambiental.

Em suma, o gerenciamento adequado de RSS é fundamental para proteger a saúde humana, o meio ambiente e garantir a sustentabilidade dos sistemas de saúde em todo o mundo. A pandemia de COVID-19 evidenciou a importância de investir em infraestrutura e treinamento para garantir que os RSS sejam gerados e gerenciados de forma segura e responsável.

De acordo com a OMS (2024), 85% do total de resíduos gerados por atividades de saúde se enquadram como resíduos gerais e não perigosos, enquanto 15% são considerados perigosos, podendo ser infecciosos, químicos ou radioativos – desde que a segregação na fonte seja feita de forma correta e extremamente rigorosa.

A geração de Resíduos de Serviços de Saúde – RSS tem aumentado em todo o mundo devido ao crescimento populacional e ao envelhecimento da população, que tem elevado a demanda por atendimento médico.

Com isso, embora os RSS representem uma pequena porcentagem dos resíduos gerados nos ambientes urbanos, os questionamentos sobre qual a melhor forma de se fazer a gestão e gerenciamento desses resíduos, de modo a garantir a saúde da população e preservação do meio ambiente, surgem com mais força devido à parcela destes resíduos que apresenta características químicas, biológicas e/ou físicas que podem representar riscos significativos.

Também é possível perceber o crescente uso de descartáveis nos estabelecimentos de saúde. De modo geral, essa escolha faz sentido por garantir que os materiais que requerem esterilização estejam livres de contaminantes, diminuindo os riscos à saúde do paciente.

Há outras vantagens vinculadas a essa escolha, como por exemplo, não ser necessário um profissional ou setor para realizar as esterilizações dos equipamentos utilizados nos procedimentos. Com isso, evita-se o gasto com a mão de obra voltada para a atividade, agiliza processos e é possível recorrer, seja direto com o distribuidor/fabricante ou com o órgão responsável pela fiscalização, nos casos em que o produto descartável adquirido esteja com alguma inconformidade. Por outro lado, a opção pelos descartáveis impacta diretamente na geração de RSS, aumentando o volume de resíduos descartados.

Mesmo o tema sendo importante e global, os estudos sobre a geração dos RSS em estabelecimentos de saúde só estão ganhando força nos últimos anos, como mostrado no artigo Healthcare waste generation in hospitals per continent: a systematic review, disponível pelo link: https://doi.org/10.1007/s11356-022-19995-1 (Mol et al., 2022), que avaliou a geração de RSS em hospitais cujas informações estavam reportadas em artigos científicos.

Estudos como este, sobre o gerenciamento dos RSS, têm indicado que países com menor desenvolvimento e maior vulnerabilidade tendem a ter menos acesso ao conhecimento sobre a importância de um bom gerenciamento de RSS, que é essencial para garantir a segurança da população e do meio ambiente.

De acordo com a OMS (2024), 85% do total de resíduos gerados por atividades de saúde se enquadram como resíduos gerais e não perigosos, enquanto 15% são considerados perigosos, podendo ser infecciosos, químicos ou radioativos – desde que a segregação na fonte seja feita de forma correta e extremamente rigorosa.

Essa informação disponibilizada pela OMS (2024) foi utilizada como referência para se comparar com a porcentagem dos resíduos perigosos em relação ao total dos resíduos de saúde gerados nos hospitais do mundo, conforme estudo de Mol et al. (2022), indicando um valor de 34%, ou seja, valor significativamente maior do que os dados relatados pela OMS, embora haja um intervalo de duas décadas entre os estudos, como ressaltado no artigo.

Apenas a América do Norte, com taxa de 11%, teve resultados parecidos com os dados relatados pela OMS. No entanto, nas demais regiões avaliadas, a porcentagem foi consideravelmente mais alta, sendo: Ásia (37%), África (37%), América Latina (25%), Europa (28%) e Oceania (33%).

Cabe destacar que os autores, durante a pesquisa, se depararam com limitações, como o fato do assunto ser pouco discutido, os dados apresentarem variações quantitativas ao longo do tempo, por se tratarem de diferentes estudos que consideram instituições diferentes, além das diferenças culturais e legislativas sobre práticas em relação aos RSS, interferindo nos resultados (Mol et al., 2022).

O estudo de Mol et al. (2022) também mostra a importância de se ter controle sobre os dados quantitativos e qualitativos da geração dos RSS, para que seja possível estabelecer medidas de gestão e gerenciamento eficientes.

Além disso, por mais que a classificação dos RSS siga, em sua maioria, um padrão de perigosos e não perigosos em âmbito internacional, o estudo mostra que ter uma classificação padrão e global possibilitará que nos próximos estudos seja possível avaliar a real situação em relação aos RSS em âmbito mundial e entender como ocorre o gerenciamento e a gestão dentro e fora dos estabelecimentos de saúde.

Finalmente, apesar da importância e relevância do tema, ainda há um número pequeno de estudos que abordam a geração e o gerenciamento dos RSS, tanto em escalas menores quanto em escala global.

Destinação final correta dos RSS

Essa limitação dificulta o alcance de resultados precisos e na formulação de estratégias eficazes. Por isso, ressalta-se a importância do investimento em pesquisas mais amplas e padronizadas para aprimorar as práticas de gestão e garantir a saúde da população e do meio ambiente. (ecodebate)

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Aquecimento global deve bater recordes até 2029

Aquecimento global deve bater recordes até 2029, alertam cientistas.
Relatório da ONU prevê temperaturas acima do limite de 1,5°C nos próximos anos, com impactos como secas, incêndios e eventos climáticos extremos.

Os últimos anos já foram marcados por ondas de calor históricas, incêndios florestais devastadores e tempestades cada vez mais intensas. Mas, segundo um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o pior ainda está por vir.

Publicado no Los Angeles Times, o artigo de Corinne Purtill, “A warming planet is poised to get even hotter, forecasters warn“, destaca que o mundo deve enfrentar temperaturas recordes até 2029, ultrapassando o limite crítico de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais — meta estabelecida pelo Acordo de Paris para evitar as piores consequências das mudanças climáticas.

Trabalhador se refresca em dia de calor extremo em Jamu, na Índia.

Metade da população global teve um mês extra de calor intenso no último ano de 2024.

O que diz o relatório?

Baseado em mais de 200 modelos climáticos de 14 institutos internacionais, o estudo aponta que:

• Há 86% de chance de pelo menos um ano entre 2025 e 2029 superar o recorde de 2024 como o mais quente da história.

• 70% de probabilidade de a temperatura média dos próximos cinco anos exceder 1,5°C acima da era pré-industrial.

• Ondas de calor, secas prolongadas e eventos extremos, como furacões e enchentes, devem se intensificar.

Para cientistas como Mike Flannigan, da Universidade Thompson Rivers, o cenário é “desolador”. Ele alerta que os impactos podem ser ainda piores do que o previsto, afetando regiões como o oeste dos EUA, onde incêndios florestais e escassez hídrica já são realidade.

ONU projeta aquecimento global recorde até o fim de 2029

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, planeta enfrentará temperaturas acima de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais nos próximos cinco anos.

Por que o limite de 1,5°C é tão importante?

O Acordo de Paris definiu essa meta para evitar colapsos irreversíveis, como:

• Degelo acelerado no Ártico, elevando o nível do mar.

• Mortandade de corais, essenciais para ecossistemas marinhos.

• Secas extremas na Amazônia, ameaçando o regime de chuvas na América do Sul.

• Crises agrícolas globais devido a perdas de safras.

Apesar disso, o relatório ressalta que o aquecimento médio em 20 anos pode permanecer abaixo de 1,5°C — um alívio temporário, mas insuficiente sem cortes drásticos nas emissões de gases-estufa.

Amazônia Legal não pode ser destruída, senão os ‘Rios Voadores’ que regula os ciclos das chuvas no mundo também serão destruídos.

Os EUA e a crise climática

O artigo destaca que os Estados Unidos, um dos maiores emissores históricos de CO2, estão reduzindo investimentos em ciência climática. No governo Trump, cortes orçamentários na NOAA (agência meteorológica) e a exclusão de termos como “crise climática” de documentos oficiais fragilizam a capacidade de prever e mitigar desastres.

Enquanto isso, fenômenos como os incêndios na Califórnia em janeiro de 2024 — alimentados por vegetação seca após chuvas intensas — ilustram o “efeito chicote” climático: oscilações bruscas entre extremos de seca e umidade.

O que esperar?

Para Park Williams, climatologista da UCLA, a tendência de recordes anuais de temperatura deve continuar enquanto as emissões não caírem. Ko Barrett, da OMM, reforça: “Não há sinais de trégua nos próximos anos”, com impactos crescentes na economia, biodiversidade e saúde pública.

O relatório da OMM é mais um alerta urgente. Se governos e sociedade não acelerarem a transição para energias limpas e políticas de adaptação, os próximos anos trarão caos climático a “quintais” em todo o mundo — incluindo o Brasil, onde a Amazônia e as cidades já sofrem com eventos extremos. Como disse Flannigan: “É assustador. E em breve estará no quintal de quase todo mundo”.

1.5°C é o chamado “limite seguro” das mudanças climáticas para evitar consequências das mudanças climáticas.

Temperaturas recordes devem persistir nos próximos 5 anos, alerta novo relatório climático

Organização Meteorológica Mundial está mais pessimista quanto ao aquecimento do planeta e prevê que limite de aquecimento de 1,5°C seja superado nesse período. (ecodebate)

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Clientes podem zerar a conta de energia reciclando resíduos sólidos

Projeto Vale - Luz já beneficiou clientes nas áreas da concessão da companhia no Nordeste, Centro Oeste e Sudeste.

Cliente da Neoenergia em Pernambuco, por exemplo, não paga a conta de energia há oito anos ao trocar resíduos sólidos recicláveis por descontos na fatura.
Na Semana Mundial da Energia, a atitude de uma pernambucana chama a atenção como exemplo de sustentabilidade e economia de energia. Há oito anos, a dona de casa Maria José de Assis, de 59 anos, não paga a conta de luz. O segredo? Simples: ela separa os resíduos sólidos recicláveis e a troca por descontos na fatura através do Projeto Vale Luz, do Programa de Eficiência Energética da Neoenergia, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por mês, a partir da coleta seletiva, Maria José economiza cerca de R$ 200 que seriam destinados ao pagamento da luz.  Desde que foi implementado pela Neoenergia há 17 anos, o Projeto Vale Luz repassou mais de R$ 5,4 milhões em descontos na conta de energia de aproximadamente 75 mil clientes em quatro estados e no Distrito Federal.

“Eu junto tudo direitinho e efetuo a troca na tenda do Projeto Vale Luz toda segunda-feira. Tem mês que eu vou cinco vezes, outros quatro. Desde que o projeto começou aqui na comunidade, eu participo. É um benefício muito grande, uma economia de dinheiro e de energia”, destaca Maria José, moradora do Córrego do Genipapo, no Recife. Ela é um dos exemplos dos clientes da Neoenergia, distribuídos em Pernambuco (Neoenergia Pernambuco), Rio Grande do Norte (Neoenergia Cosern), Distrito Federal (Neoenergia Brasília), São Paulo (Neoenergia Elektro) e na Bahia (Neoenergia Coelba), que recebem descontos na conta de energia a partir do Projeto Vale Luz.

Através do Projeto Vale Luz, a companhia incentiva a adoção da coletiva seletiva como uma prática cotidiana. Essa iniciativa proporciona economia de energia elétrica, pois, ao reciclar materiais, evita-se a necessidade de produzir novos produtos a partir de matéria-prima bruta, que demanda muito mais energia. Além disso, a prática auxilia na redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, colabora para a preservação dos ecossistemas e ainda ajuda no orçamento mensal dos clientes participantes. Implementado em 2008 de maneira pioneira no setor elétrico pela Neoenergia, o Projeto Vale Luz consiste na troca de resíduos sólidos recicláveis por descontos na fatura de energia.

“Iremos celebrar, neste 29 de maio, o Dia Mundial da Reciclagem, e não poderíamos deixar de enaltecer os resultados alcançados ao longo de quase duas décadas com as ações do Projeto Vale Luz, da Neoenergia. Foram quase 13 mil toneladas de resíduos sólidos coletadas pelas distribuidoras da Neoenergia desde 2008 e transformadas em benefício direto nas contas de energia de mais de 74 mil clientes em quatro estados brasileiros mais o Distrito Federal. Esses números reforçam nosso compromisso em contribuir para a sustentabilidade e economia de energia em nossas áreas de concessão e gerar um movimento de mudanças positivas de atitudes em prol do meio ambiente”, destaca Ana Christina Mascarenhas, superintendente do Programa de Eficiência Energética da Neoenergia.
Descontos na conta de energia

As distribuidoras do grupo no Nordeste (Neoenergia Coelba (BA), Neoenergia Pernambuco (PE) e Neoenergia Cosern (RN) foram as primeiras a implementarem o Vale Luz. A partir de 2023, a Neoenergia Elektro (SP/MS) e a Neoenergia Brasília (DF) também passaram a oferecer o serviço aos clientes. O projeto é sustentando por três pilares de trabalho: o econômico, com descontos na conta de energia dos clientes; o ambiental, pois evita o descarte incorreto dos resíduos; e o de eficiência energética, pois o processo de reciclagem consome muito menos energia do que o tradicional. 

Ao longo dos últimos 17 anos, os descontos foram concedidos a 47.298 clientes na Bahia através da Neoenergia Coelba, num montante de R$ 2,5 milhões; a 13.386 clientes em Pernambuco via Neoenergia Pernambuco, somando R$ 2 milhões; no Rio Grande do Norte, pela Neoenergia Cosern, a 12.815 clientes que receberam R$ 790,8 mil em descontos. Desde 2023, no estado de São Paulo, pela Neoenergia Elektro, os descontos concedidos via Projeto Vale Luz já somam R$ 21,6 mil a 679 clientes; e a outros 755 clientes no Distrito Federal, via Neoenergia Brasília, somando R$ 26,5 mil.

Como trocar resíduos sólidos por descontos na conta de energia.

Programa de reciclagem gera desconto na conta de energia.

O Projeto Vale Luz da Neoenergia Cosern, que é regulado pela Aneel, se divide em duas linhas: os pontos fixos e itinerantes das tendas em Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante; e com a Retorna Machine, em quatro pontos de Natal. Todos os meses, o cronograma do projeto é publicado no seguinte endereço: https://www.neoenergia.com/eficiencia-energetica/vale-luz.

Dois novos pontos entraram em funcionamento: a Máquina Retorna Machine no Supermercado Nordestão, em Lagoa Nova; e uma nova tenda itinerante na Home Center Ferreira Costa, em Capim Macio, funcionando todos os sábados das 09h às 15h. Há, também, o Ecoponto no Supermercado Nordestão do Conjunto Santa Catarina, que funciona de segunda-feira a sábado, das 07h às 19h.

Veja onde trocar resíduos sólidos por descontos

Tendas Fixas do Vale Luz

Parnamirim

Dias: Segunda-feira a Sábado (exceto feriados) – Das 8h às 18h (segunda a sexta) e das 8h às 14h (sábado)

Endereço: Av. Pres. Getúlio Vargas, 1010 – Posto Pinheiro Borges

São Gonçalo do Amarante

Dias: Segunda-feira a Sábado (exceto feriados) – Das 7h às 19h (segunda a sábado)

Endereço: Av. Dr. Ruy Pereira dos Santos, 258 – SuperFácil Atacado

Natal

Dias: Segunda-feira a Sábado (exceto feriados) – Das 7h às 19h

Endereço: Estacionamento do Supermercado Nordestão, no Conjunto Santa Catarina, na Av. Dr. João Medeiros Filhos, zona Norte de Natal.

Cadastro de catadores, condomínios e empresas

O Projeto Vale Luz contempla ações voltadas para todos os perfis de consumidores com benefícios específicos para catadores(as) de recicláveis, por exemplo. Essa categoria pode optar pelo recebimento do valor correspondente aos itens coletados por dinheiro. O pagamento é feito via Pix até 48 horas após a entrega e pesagem dos itens no ponto de coleta.

O cadastro dos catadores pode ser feito em um dos pontos de coleta do Vale Luz com RG, CPF, comprovante de residência e dados da conta bancária para fins de registro no projeto. O (a) trabalhador(a) assina uma declaração confirmando o desempenho da atividade.

As empresas e condomínios que desejam aderir ao Projeto Vale Luz devem seguir os passos indicados no link a seguir:

https://www.neoenergia.com/eficiencia-energetica/vale-luz

Materiais aceitos:

Vidro;

Papel e Papelão: jornais, revistas, cadernos e caixas;

Plásticos: PET (embalagens de detergente, garrafas PET e sacolas);

Metal: latas de alumínio (refrigerante, cerveja, suco), latas de aço, latas de produtos alimentícios (leite em pó e conservas), aerossol desodorante, alumínio grosso e ferro;

Óleo Vegetal: óleo de soja, canola, girassol, gergelim, amendoim, milho, coco, algodão e mamona;

Eletrônicos: CPU com placa mãe, televisores, monitores, celulares (sem bateria), impressoras e copiadoras;

Baterias: o material deve estar limpo e seco na hora da troca e serão aceitas apenas baterias de veículos automotivos.

Retorna Machine

As máquinas coletoras são o ponto de partida para o Programa Triciclo de Benefícios, que garante ao cliente, a cada descarte, os tricoins – pontuação que será revertida em créditos na conta de energia. Todo o material descartado deve estar higienizado e constar o código de barras legível. É por meio da leitura desse código que a máquina identifica o material e contabiliza os pontos ao usuário. Aquele que depositar 10 latas de alumínio ou 15 garrafas PET, por exemplo, em qualquer uma das máquinas, receberá a pontuação de 150 tricoins, equivalente a R$1,00, que poderá ser creditado na conta de luz.

Para participar, cada usuário deverá criar uma conta Triciclo que poderá ser gerada através do site cliente.triciclo.eco.br ou pelo aplicativo Triciclo (disponível para IOS e Android nas lojas App Store e Google Play). O cliente poderá descartar até 25 embalagens por dia para converter os tricoins em desconto na conta de energia. Se houver um descarte superior a este número, o material será recolhido e reciclado, mas não contabilizará na pontuação de tricoins.

Os consumidores poderão colocar latas de alumínio e aço, embalagens de plástico e longa vida, e vidro nas máquinas Retornas Machine em qualquer lugar do Brasil e solicitar o resgate dos tricoins por descontos nas contas de energia da Neoenergia Cosern.

A Neoenergia Cosern conta com quatro máquinas automáticas de reciclagem, chamadas de Retorna Machines, que estão dispostas em locais distintos da cidade (veja lista abaixo), aumentando as possibilidades de acesso ao Projeto Vale Luz.

Onde encontrar a Retorna Machine?

Natal Shopping, na Av. Sen Salgado Filho, Candelária – Zona Sul;

Carrefour, na BR-101 (trecho urbano), Candelária – Zona Sul;

Supermercado Favorito, na Av. Eng. Roberto Freire, Capim Macio – Zona Sul;

Supermercado Nordestão, na Av. Sen Salgado Filho x Av. Antônio Basílio, Lagoa Nova – Zona Sul. (Neoenergia)

sábado, 21 de junho de 2025

Tragédia Persistente do Plástico

Guia de Estudo: A Tragédia Persistente do Plástico.
A persistente tragédia do plástico refere-se ao grave problema ambiental causado pela produção e descarte inadequado de plástico, que polui o meio ambiente e ameaça a saúde humana e a biodiversidade. Essa crise é impulsionada pelo uso excessivo e descartável de plásticos, pela falta de sistemas eficazes de reciclagem e pela decomposição lenta do material.

Impactos ambientais:

Poluição dos oceanos:

Milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos anualmente, afetando a vida marinha, causando a morte de animais por ingestão ou emaranhamento.

Acúmulo de microplásticos:

O plástico se decompõe em micropartículas que contaminam solos, água e alimentos, entrando na cadeia alimentar e impactando a saúde humana.

Danos à biodiversidade:

A poluição plástica afeta ecossistemas terrestres e marinhos, comprometendo a sobrevivência de diversas espécies e alterando habitats.

Impactos na saúde humana:

Ingestão de microplásticos:

Estudos apontam que humanos podem consumir plásticos através da alimentação, com consequências ainda desconhecidas para a saúde. 

Exposição a substâncias tóxicas:

O aquecimento de recipientes plásticos pode liberar substâncias nocivas à saúde, como dioxinas e ftalatos, potencialmente cancerígenas.

Risco de doenças:

A ingestão de plástico por animais, como observado em filhotes de cagarra-negra, pode causar neurodegeneração, semelhante a doenças como Alzheimer e Parkinson, alertando para potenciais efeitos em humanos.

Soluções e desafios:

Redução do consumo:

Diminuir o uso de plásticos descartáveis, optar por produtos com menos embalagens e utilizar sacolas reutilizáveis são medidas importantes.

Melhoria da reciclagem:

Implementar sistemas eficientes de coleta e reciclagem, além de desenvolver tecnologias que facilitem a decomposição do plástico.

Inovação e alternativas:

Buscar materiais alternativos ao plástico e investir em pesquisa para desenvolver soluções de reciclagem e biorremediação.

A tragédia persistente do plástico é um problema complexo que exige ações conjuntas em diversas áreas, incluindo a conscientização individual, o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e a busca por soluções inovadoras para reduzir a poluição e seus impactos negativos.

Este guia de estudo tem como objetivo auxiliar na revisão do artigo “Lucros que não se decompõem: a tragédia persistente do plástico“, de Reinaldo Dias. Utilize-o para consolidar seu entendimento sobre o tema e se preparar para avaliações.

Artigo destaca a crise da poluição plástica como uma ameaça ambiental grave e persistente, impulsionada por interesses econômicos da indústria petroquímica e de grandes corporações.

Ele explica como a produção global de plástico aumentou exponencialmente e a reciclagem é ineficiente, resultando em milhões de toneladas de resíduos que contaminam oceanos, ecossistemas e até mesmo a água potável e o corpo humano.

O artigo também ressalta a resistência de países produtores de petróleo e multinacionais a um tratado global juridicamente vinculativo e a importância de alternativas sustentáveis e políticas públicas eficazes para enfrentar o problema.

Tópicos Chave para Revisão:

• Plástico como símbolo da era do descartável: Entender por que o plástico se tornou o principal símbolo da crise ambiental atual e da cultura do descarte.

• Interesses econômicos e a poluição plástica: Analisar o papel da indústria petroquímica e de grandes corporações na perpetuação da crise plástica e na resistência a soluções.

• Crescimento da produção e consumo de plásticos: Compreender a escala da produção global de plástico, as projeções futuras e a contribuição de grandes multinacionais para a poluição.

• Limitações da reciclagem: Identificar os desafios técnicos e econômicos que limitam a eficácia da reciclagem em larga escala e por que ela não é a única solução para a crise.

• Impactos ambientais do plástico: Detalhar os efeitos da poluição plástica nos ecossistemas marinhos, na vida selvagem (ex: cagarra-negra) e a onipresença de micro e nanoplásticos.

• Impactos na saúde humana: Discutir a presença de micro e nanoplásticos em alimentos, água potável e no corpo humano, e as potenciais consequências para a saúde (doenças cardiovasculares, inflamações, danos celulares).

• Impactos na segurança alimentar: Analisar como a poluição por microplásticos afeta a fotossíntese de plantas e algas, impactando a produção de alimentos e a pesca.

• O Tratado Global sobre Plásticos: Entender a origem, os objetivos e as dificuldades nas negociações para um tratado internacional juridicamente vinculante.

• Entraves internacionais e resistência: Identificar os principais atores (países produtores de petróleo, indústria petroquímica) que resistem ao tratado e as estratégias utilizadas (lobby, greenwashing, manipulação da opinião pública).

• Retrocessos políticos: Citar exemplos de políticas que enfraqueceram a luta contra a poluição plástica.

• Alternativas sustentáveis e políticas públicas: Explorar as propostas para a transição para materiais mais sustentáveis, a importância da economia circular e o papel das políticas públicas nacionais (ex: Projeto de Lei 2524/2022) e do engajamento da sociedade civil.

• A necessidade de uma abordagem global e urgente: Compreender a importância de acordos internacionais juridicamente vinculantes e investimentos na economia circular para enfrentar a crise plástica.

Questionário:

1. Por que o plástico é considerado o símbolo mais perverso da era do descartável, de acordo com o artigo?

2. Qual é o volume anual aproximado de plástico produzido globalmente e qual a projeção alarmante para as próximas décadas?

3. Quais são as seis empresas citadas no estudo de 2024 como responsáveis por um quarto da poluição plástica global identificada?

4. Como a indústria petroquímica tem reagido ao avanço das energias renováveis e veículos elétricos, de acordo com o texto?

5. Qual o objetivo do Tratado Global sobre Plásticos e qual o prazo inicial para a conclusão das negociações?

6. Quais foram as mudanças notáveis nos compromissos ambientais da Coca-Cola, citadas no artigo, durante as negociações do Tratado Global de Plásticos em 2024?

7. Como a ingestão de plásticos tem afetado os filhotes de cagarra-negra (Puffinus griséus), de acordo com o estudo mencionado?

8. Onde micro e nanoplásticos estão sendo detectados, além dos oceanos, e quais são as potenciais ameaças à saúde humana?

9. Qual a estimativa de quantidade de microplásticos detectáveis encontrada em um litro de água engarrafada, segundo a pesquisa da Universidade de Columbia?

10. Qual a taxa aproximada de reciclagem de plástico no Brasil e no mundo, e quais fatores dificultam a reciclagem em larga escala?

Questões em Formato de Ensaio:

As questões a seguir buscam ir além da memorização de informações. A proposta é incentivar uma análise mais crítica sobre como as questões ambientais estão diretamente ligadas a interesses econômicos, decisões políticas e modelos de produção e consumo. Reflita sobre como essas dimensões se cruzam e afetam a busca por soluções reais para a crise da poluição plástica

1. Analise criticamente o papel dos interesses econômicos da indústria petroquímica e de grandes corporações na perpetuação da crise da poluição plástica, com base nos argumentos apresentados no artigo.

2. Discuta os múltiplos impactos da poluição plástica no meio ambiente e na vida selvagem, utilizando exemplos específicos mencionados no texto para ilustrar a gravidade do problema.

3. Explique como a presença de micro e nanoplásticos afeta a saúde humana e a segurança alimentar global, descrevendo os estudos e achados apresentados no artigo.

4. Avalie as limitações e desafios da reciclagem como solução para a crise plástica, contrastando a taxa de reciclagem global e brasileira com a produção de plástico e a geração de resíduos.

5. Com base no artigo, discuta a importância de um Tratado Global sobre Plásticos juridicamente vinculante e analise os principais entraves internacionais e a resistência enfrentada em suas negociações.

Glossário de Termos-Chave:

• Poluição Plástica: Acúmulo de resíduos plásticos no meio ambiente, causando danos a ecossistemas, vida selvagem e, potencialmente, à saúde humana.

• Era do Descartável: Período caracterizado pela produção e consumo massivos de produtos de uso único, projetados para serem descartados após o uso.

• Lobbies: Grupos de interesse que buscam influenciar a tomada de decisões políticas e regulatórias em benefício próprio.

• Combustíveis Fósseis: Fontes de energia não renovável, como petróleo, carvão e gás natural, que são a base da produção de plástico.

• Multinacionais: Grandes corporações que operam em diversos países.

• Pegada Ambiental: O impacto total de um indivíduo, organização ou produto no meio ambiente.

• Indústria Petroquímica: Setor da indústria que utiliza derivados de petróleo e gás natural para produzir produtos químicos, incluindo plásticos.

• Polímeros: Moléculas grandes e complexas que formam a base dos plásticos.

• Tratado Global sobre Plásticos: Instrumento internacional juridicamente vinculante em negociação para combater a poluição plástica.

• Comitê de Negociação Intergovernamental (INC): Órgão responsável pela formulação do Tratado Global sobre Plásticos.

• Juridicamente Vinculante: Que possui força legal e obriga os signatários a cumprir suas disposições.

• Padrões de Consumo: Os hábitos e escolhas da população em relação à compra e uso de produtos.

• Inovação Tecnológica: Desenvolvimento de novas tecnologias e processos.

• Engajamento de Setores Público e Privado: Colaboração entre governos, empresas e outras organizações.

• Greenwashing: Prática de marketing que busca apresentar uma imagem ambientalmente responsável sem mudanças substanciais nas práticas.

• Biodiversidade Marinha: A variedade de vida nos oceanos.

• Microplásticos: Fragmentos plásticos menores que 5 milímetros de diâmetro.

• Nanoplásticos: Fragmentos plásticos ainda menores que os microplásticos, invisíveis a olho nu.

• Neurodegeneração: Deterioração progressiva das células nervosas.

• Biomarcadores: Substâncias ou estruturas que indicam a presença de uma condição biológica ou doença.

• Insegurança Alimentar: Situação em que as pessoas não têm acesso físico, social e econômico a alimentos suficientes, seguros e nutritivos.

• Fotossíntese: Processo pelo qual plantas e outros organismos convertem a energia da luz em energia química.

• Aterros Sanitários: Locais destinados ao descarte final de resíduos.

• Aliança para Acabar com o Lixo Plástico (AEPW): Iniciativa formada por empresas da indústria petroquímica e de bens de consumo.

• Associação Nacional de Recursos de Contêineres de PET (NAPCOR): Associação da indústria de embalagens plásticas.

• Influenciadores Digitais: Pessoas com um grande número de seguidores em redes sociais que promovem produtos ou mensagens.

• Transição Gradual: Mudança progressiva de um estado para outro.

• Bioeconomia: Modelo econômico que utiliza recursos biológicos renováveis para produzir bens e serviços.

• Economia Circular: Modelo econômico que busca maximizar o uso de recursos, mantendo produtos e materiais em ciclo o maior tempo possível.

• Projeto de Lei: Proposta de lei em análise no poder legislativo.

• Educação Ambiental: Processo que visa formar indivíduos conscientes e engajados com a proteção do meio ambiente.
Gabarito do Questionário:

1. O plástico se tornou o símbolo mais perverso da era do descartável devido à sua persistência no meio ambiente, demorando centenas de anos para se decompor, e por representar a lógica do consumo rápido e descarte irresponsável.

2. Atualmente, cerca de 460 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente, com projeções alarmantes da OCDE indicando que esse volume poderá triplicar até 2060 se políticas globais rigorosas não forem implementadas.

3. As seis empresas citadas como responsáveis por um quarto da poluição plástica global identificada são Coca-Cola, PepsiCo, Danone, Nestlé, Altria e Philip Morris International.

4. Diante da redução do consumo de combustíveis fósseis devido ao avanço das energias renováveis e veículos elétricos, a indústria petroquímica tem direcionado seus investimentos agressivamente para a produção de plásticos como alternativa econômica.

5. O objetivo do Tratado Global sobre Plásticos é eliminar a poluição plástica até 2040 por meio de um instrumento internacional juridicamente vinculante. O prazo inicial para a conclusão das negociações era o final de 2024, mas foi estendido.

6. A Coca-Cola removeu de seu site a meta de garantir que 25% de suas bebidas fossem vendidas em embalagens reutilizáveis até 2030 e reduziu suas metas de conteúdo reciclado nas embalagens para 35-40% até 2035, adiando também metas de coleta.

7. A ingestão de plásticos está causando danos cerebrais em filhotes de cagarra-negra, semelhantes às doenças de Alzheimer e Parkinson em humanos, além de neurodegeneração, deterioração do estômago e ruptura celular, comprometendo a sobrevivência.

8. Micro e nanoplásticos estão sendo detectados em alimentos, água potável (inclusive engarrafada), ar e até mesmo no corpo humano, sendo associados a inflamações, doenças cardiovasculares e danos celulares, representando uma ameaça à saúde pública.

9. Segundo a pesquisa da Universidade de Columbia, um litro de água engarrafada pode conter, em média, 240.000 fragmentos de plástico detectáveis, sendo 90% deles nanoplásticos.

10. A taxa de reciclagem de plástico no Brasil é de pouco mais de 1%, enquanto globalmente é de apenas 9%. Dificuldades técnicas e econômicas, especialmente para plásticos complexos, limitam a reciclagem em larga escala. (ecodebate)

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