quarta-feira, 5 de março de 2025

Cientistas estimam o fim da biosfera na Terra

Estudo revela como o aquecimento do Sol e a redução do dióxido de carbono afetarão a biosfera terrestre, projetando o futuro das plantas, animais e micróbios no planeta.

Cientistas estimam que a biosfera da Terra pode chegar ao fim em 1,6 bilhão de anos. A previsão é baseada no aquecimento do Sol e na redução do dióxido de carbono na atmosfera.

O Sol se torna mais brilhante com o passar do tempo, o que aumenta o aquecimento solar.

O aquecimento solar intensifica o intemperismo das rochas, acelerando a remoção de dióxido de carbono da atmosfera.

A redução do dióxido de carbono na atmosfera compromete os ecossistemas terrestres.

As plantas enfrentam condições extremas de temperatura e escassez de dióxido de carbono, o que leva à sua extinção.

A redução da vegetação leva a uma queda drástica nos níveis de oxigênio, o que afeta os animais.

Micro-organismos anaeróbicos podem sobreviver até que o Sol atinja um ponto em que as águas dos oceanos comecem a evaporar.

A biosfera é a camada da Terra que é habitada pelos seres vivos. Ela é fundamental para a existência de vida no planeta, pois é onde se obtêm alimentos, água potável, matérias-primas e energia.

Aquecimento solar reduzirá o CO2 atmosférico

Cientistas estimaram o tempo restante para a biosfera da Terra sustentar a vida como conhecemos. À medida que o Sol se torna mais brilhante com o passar dos bilhões de anos, ele provocará mudanças no ciclo do carbono, reduzindo os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Esse processo, essencial para as plantas, comprometerá os ecossistemas terrestres de forma irreversível.

A pesquisa, conduzida pelo geofísico RJ Graham e sua equipe da Universidade de Chicago, demonstrou que o aquecimento solar intensificará o intemperismo das rochas, acelerando a remoção de CO2 da atmosfera. Esse fenômeno, embora natural, levará as plantas a enfrentar condições extremas de temperatura e escassez de dióxido de carbono, culminando em sua extinção.

No entanto, os cientistas projetam que essas mudanças ocorrerão de forma gradual, atingindo um ponto crítico apenas daqui a 1,6 bilhão de anos. Essa previsão, que dobra as estimativas anteriores, não apenas redefine o futuro da vida na Terra, mas também sugere que planetas semelhantes podem ter mais tempo para desenvolver vida complexa.

Como o Sol e o intemperismo afetam a sobrevivência das plantas

Com o aumento de 10% na luminosidade do Sol a cada bilhão de anos, os efeitos sobre a Terra tornam-se mais intensos. O aquecimento gradativo acelera o intemperismo das rochas, que absorvem mais dióxido de carbono da atmosfera. Essa redução afeta diretamente as plantas, essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas, criando condições cada vez mais hostis para a vida terrestre.

Cientistas projetam que a biosfera da Terra pode sobreviver por até 1,86 bilhão de anos

Os pesquisadores destacam que a escassez de CO2 pode levar as plantas à extinção, seja por inanição no ponto de compensação de carbono, seja pelo superaquecimento ao atingir limites de temperatura. No entanto, a pesquisa liderada por RJ Graham indica que a relação entre temperatura e intemperismo é menos linear do que se acreditava, trazendo novas perspectivas sobre o futuro da biosfera.

Dados recentes sugerem que o intemperismo não depende fortemente do aumento de temperatura, o que pode desacelerar a redução de CO2. Em certos momentos, o processo pode até se reverter temporariamente, adiando a extinção das plantas por até 1,86 bilhão de anos. Essa descoberta amplia as estimativas de sobrevivência da biosfera e redefine o papel do clima na evolução da vida terrestre.

O impacto das mudanças climáticas na vegetação e na vida terrestre

Um modelo computacional mais avançado, que combine simulações climáticas globais e interações detalhadas da vegetação dinâmica, seria crucial para entender plenamente os efeitos dessas transformações. Ele permitiria quantificar com maior precisão o impacto do aquecimento solar na longevidade da biosfera e na capacidade do planeta de sustentar vida.

A vida na Terra é um equilíbrio entre clima e ciclos naturais

Nos cenários analisados por RJ Graham e sua equipe, as plantas C3 – que incluem a maior parte da vegetação terrestre – seriam as primeiras a desaparecer. Esse colapso deixaria apenas as plantas C4, como cana-de-açúcar e milho, sobrevivendo por mais 500 milhões de anos. Essa transição marcaria uma drástica redução na diversidade vegetal, com impactos profundos nos ecossistemas.

Portanto, com o colapso da vegetação, a vida animal também enfrentaria um declínio acentuado, causado pela falta de alimentos e pela redução extrema dos níveis de oxigênio. Contudo, alguns micróbios anaeróbicos poderiam resistir até que o Sol intensifique seu calor ao ponto de evaporar os oceanos, selando o destino da biosfera terrestre. (olhardigital)

segunda-feira, 3 de março de 2025

Crise climática já condena uma geração inteira a viver no calor extremo

A “Geração Overshoot” passará a vida suportando as condições adversas do aquecimento global.

A geração que fatalmente viverá suas vidas inteiras dentro deste período de calor sem precedentes na história da humanidade já tem nome: “Geração Overshoot”. Para tentar garantir o sucesso do Acordo de Paris, esta geração terá a árdua missão de remover da atmosfera uma enorme quantidade de GEE (Gases do Efeito Estufa).
Em um cenário otimista, se as metas do Acordo de Paris forem cumpridas, a crise climática terá sido resolvida ao final do século 21. Até lá, porém, a crise deve se agravar em meados deste século, quando muito provavelmente ocorrerá um período de “overshoot” (do inglês, ultrapassar). Durante esse período, a temperatura média do planeta deverá estar acima da meta proposta pelo Acordo.

Após este período de overshoot – que pode durar de uma a várias décadas -, a temperatura começará a cair até se estabilizar em 1,5°C na virada do século 21 para o século 22.

A geração que fatalmente viverá suas vidas inteiras dentro deste período de calor sem precedentes na história da humanidade já tem nome: “Geração Overshoot”.

Para tentar garantir o sucesso do Acordo de Paris, esta geração terá a árdua missão de remover da atmosfera uma enorme quantidade de GEE (Gases do Efeito Estufa). Ainda não é claro, porém, se tecnologias para remoção de GEE existirão na escala necessária para que essa geração possa evitar um colapso climático ao final deste século.

Nessa incerteza quanto ao futuro, o conflito entre os interesses da geração atual e os interesses da geração overshoot é um tema que merecerá mais discussão nos próximos anos e décadas.

Trajetórias possíveis

O Acordo de Paris, firmado em 2015, não estabeleceu um prazo concreto para o cumprimento das metas previstas no Artigo 2, que trata de um limite aceitável para o aquecimento global

A comunidade científica, de modo geral, entende que o Acordo de Paris estipula metas para serem cumpridas até o final do século 21. Existem duas razões para visarmos um marco temporal aparentemente tão distante como esse.

A primeira é uma restrição imposta pelo sistema climático do planeta: quanto mais GEE são emitidos (especialmente o CO2), mais a temperatura média global se eleva. Uma redução imediata das emissões de GEE, porém, não seria acompanhada de um declínio imediato da temperatura média global.

Mesmo que todos os países resolvessem eliminar hoje suas respectivas emissões, ainda assim a temperatura continuaria se elevando por várias décadas, até que a média global comece a regredir e se estabilizar em 1,5°C até o final do século 21.

A segunda razão é uma restrição imposta por princípios de justiça. O Acordo de Paris assumiu que os países mais pobres não poderiam reduzir imediatamente as suas respectivas emissões sem comprometer o próprio desenvolvimento e a perspectiva de erradicação da pobreza. Assim, o Acordo de Paris estipulou também, no Artigo 4, que cada país poderia continuar emitindo GEE até que suas respectivas emissões atinjam, o quanto antes, um pico.

Após o pico, as emissões devem ser então rapidamente reduzidas. A suposição de que a meta de longo prazo, estipulada no Artigo 2, poderia ser atingida bem antes do final do século 21, portanto, poderia se mostrar incompatível com a realidade do sistema climático do planeta e injusto para com os países em desenvolvimento.

O problema, porém, é que o Acordo de Paris não estipula nenhuma “trajetória” (pathway) específica para o cumprimento das metas de longo prazo. Existe uma infinidade de trajetórias compatíveis com essas metas.

O melhor dos mundos possíveis é aquele em que as metas do Acordo de Paris são cumpridas. No entanto, dependendo de escolhas que se fazem hoje, o melhor dos mundos possíveis pode também significar o pior dos mundos para a geração overshoot, que terá de viver sob extremos climáticos sem precedentes na história da civilização.
Conflito de gerações

Países como o Brasil têm uma prerrogativa legítima de querer alcançar o “nível de país desenvolvido”. Com base nisso, o governo atual, ao invés de defender a redução, defende a ampliação da exploração de petróleo. A Organização Nacional da Indústria do Petróleo chegou mesmo a sugerir que a exploração na Margem Equatorial brasileira seria de suma importância para as ‘futuras gerações’.

O problema, porém, é que quanto mais exploramos combustíveis fósseis na geração atual, maior será a elevação da temperatura para a geração overshoot – e por um período mais prolongado.

O que muita gente não percebe é que não importa se o petróleo a ser explorado na Margem Equatorial nos próximos anos será consumido no Brasil ou no exterior, as consequências para o clima são as mesmas, pois GEE não veem fronteiras nacionais.

A suposição de que a exploração na Margem Equatorial não envolverá riscos para o meio ambiente não leva em consideração que o principal risco não é o de um derramamento de óleo na região, mas o de um aumento da temperatura global incompatível com as metas do Acordo de Paris.

Uma coisa é “perder autossuficiência em petróleo em menos de 10 anos”, outra bem diferente é perder a Amazônia devido à “savanização” e “colapso de grande escala” da floresta. O mesmo se aplica ao Pantanal. A geração atual pode lucrar com a exploração na Margem Equatorial. A geração overshoot, porém, terá muito a perder.

Ter clareza sobre essa questão é fundamental para que possa haver um entendimento nacional e internacional sobre a trajetória a ser seguida no cumprimento do Acordo de Paris.

Existe atualmente a expectativa por uma transição energética justa. Mas a questão é saber: justa para quem? Para a geração atual, para a geração overshoot ou para as gerações que viverão no século 22? Beneficiar os interesses de uma geração em detrimento das outras vai contra a ideia de justiça Inter geracional.

Geração overshoot e mitigações retroativas

Seria talvez possível alegar que a geração overshoot não terá de enfrentar os mesmos desafios que a geração atual está tendo de enfrentar. Ela herdará da geração atual os benefícios da transição energética, mas sem que ela mesma tenha de arcar com os custos da transição.

Segundo essa alegação, em meados deste século as emissões globais já terão atingido um pico e estarão retrocedendo em ritmo acelerado, rumo à estabilização da temperatura em 1,5°C na virada para o século 22. A geração overshoot, assim, terá todos os benefícios da energia verde abundante, contanto que a geração atual tenha por enquanto a liberdade de emitir o que for necessário para financiar o desenvolvimento humano e tecnológico que beneficiará as próximas gerações.

Essa alegação, no entanto, desconsidera um dado crucial sobre a crise climática – um dado que tem sido inteiramente deixado de lado no debate público sobre políticas para lidarmos com a crise.

Num cenário bastante otimista, a geração overshoot não terá de passar pelo sacrifício de reduzir as suas próprias emissões, já que ela supostamente contará com novas matrizes energéticas que não envolvem a emissão e acúmulo de GEE. No entanto, ela terá ainda assim de mitigar retroativamente as emissões do passado – um passado que, obviamente, inclui o nosso presente. Denominamos esse processo de “mitigação retroativa”, ou seja: remover da atmosfera os GEE que não foram mitigados no passado.

Em um relatório de 2014, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) percebeu que a simples redução das emissões de GEE, por si só, já não permitiria mais evitarmos uma tragédia climática no futuro. Seria necessária também uma remoção substancial dos GEE já acumulados na atmosfera.

O IPCC alertou ainda para outro problema: não era claro se tecnologias para CCS (Captura e Armazenamento de Carbono), incluindo DAC (Captura Diretamente do Ar), poderiam ser implantadas em escala global a tempo de podermos evitar uma catástrofe.

Em 2018, um novo relatório foi ainda mais reticente quanto à expectativa de que tecnologias de CCS pudessem ser implantadas na escala necessária para garantir o cumprimento das metas do Acordo de Paris.

É importante não confundirmos aqui essas tecnologias com o tipo de tecnologia que, por exemplo, a Petrobrás emprega para remoção de CO2 durante a exploração de petróleo. Nesse caso, o CO2 é capturado e reinjetado no poço de petróleo, mas com o objetivo de explorar mais petróleo ainda. O que se ganha com a captura de CO2 é a capacidade de produzir ainda mais emissões de GEE, que a geração overshoot terá de remover da atmosfera depois.

Para agravar o problema, estudos recentes mostram que já praticamente não existem mais trajetórias para o cumprimento das metas do Acordo de Paris sem a utilização massiva de CCS.

Seria talvez possível alegar que já existe um mecanismo bastante eficiente para fins de captura e armazenamento de carbono: as florestas. No entanto, a suposição de que a preservação de florestas e o reflorestamento de áreas desmatadas poderiam servir de alternativa ao uso de tecnologias de CCS é bem pouco realista. A quantidade de GEE que deve ser removida da atmosfera para o cumprimento das metas do Acordo de Paris é superior à capacidade de absorção das florestas atualmente existentes, ou em vias de recuperação.

Não seria então mais racional investir no plantio de novas florestas ao invés de investir no desenvolvimento de tecnologias de CCS? Em princípio, sim, mas a criação de novas florestas em escala global demandaria uma quantidade monumental de terras e de água. Isso poderia comprometer a segurança hídrica e alimentar da geração overshoot.

Além disso, é necessário levar também em consideração o tempo necessário para o crescimento de novas florestas, e o risco de perdas resultantes de queimadas, que se tornaram mais frequentes devidos às mudanças climáticas. Nesse caso, as florestas deixam de absorver GEE e se tornam elas mesmas emissoras de GEE.
Recordes de calor: mapa mostra os dias mais quentes registrados nos cinco continentes que já foi ultrapassado.

Valor máximo já atingido pelos termômetros foi de 56,7ºC, no Vale da Morte, na Califórnia, em 1913.

O cenário em que a geração overshoot terá de viver não é nada animador, mas ele é ainda menos inóspito do que os cenários que as gerações subsequentes terão pela frente, caso as metas do Acordo de Paris não sejam cumpridas.

Compete à geração atual garantir que o período de overshoot seja tão breve quanto possível. Somente assim a geração overshoot poderá não apenas se adaptar a cenários climáticos sem precedentes, mas também legar às gerações subsequentes a esperança de cenários mais promissores. (veja.abril)

Derretimento de gelo revela floresta milenar “enterrada” em montanhas

 Pesquisadores encontraram mais de 30 árvores que teriam se formado há cerca de seis mil anos no Planalto Beartooth, em Wyoming, nos Estados Unidos.

Um subfóssil de pinheiro de casca branca revelado abaixo de uma mancha de gelo derretido na região de Yellowstone indica que uma floresta madura cresceu acima da linha atual das árvores há cerca de 6.000 anos, quando as temperaturas eram semelhantes às condições do século 20 e mais frias do que as atuais.

Cientistas da Universidade Estadual de Montana (MSU), nos Estados Unidos, descobriram uma floresta milenar de pinheiros de casca branca que estava “soterrada” por gelo alpino, nas Montanhas Rochosas, cordilheira localizada na América do Norte, entre as províncias de Colúmbia Britânica e Alberta, no Canadá, e os estados de Idaho, Montana, Wyoming, Colorado e Novo México, nos EUA.

Os pesquisadores encontraram mais de 30 árvores aproximadamente 3.100 metros acima do nível do mar enquanto realizavam uma pesquisa arqueológica no Planalto Beartooth, em Wyoming. Eles estimam que a floresta se formou há cerca de seis mil anos. A descoberta foi descrita em artigo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, no final de dezembro.

Segundo os pesquisadores, a floresta prosperou por séculos até que o clima começou a esfriar, há cerca de 5.500 anos, devido ao declínio da radiação solar no verão. As temperaturas mais frias deslocaram a linha de árvores para baixo e transformaram a paisagem da alta montanha de floresta para a tundra [bioma em que predomina o frio extremo] alpina que existe hoje.

Além disso, segundo David McWethy, um dos autores do estudo e professor associado do Departamento de Ciências da Terra na Faculdade de Letras e Ciências da MSU, a atividade vulcânica subsequente no Hemisfério Norte fez com que as temperaturas já frias da região caíssem. A floresta de pinheiros foi, então, rapidamente envolta de gelo.

No entanto, com o aquecimento da região nos últimos anos, a mancha de gelo começou a derreter, permitindo que os primeiros sinais da floresta milenar fossem descobertos.

“Esta é uma evidência bastante dramática de mudança de ecossistema devido ao aquecimento da temperatura”, afirma McWethy em comunicado. “É uma história incrível de quão dinâmicos esses sistemas são”.

Segundo os autores do artigo, as manchas de gelo, diferentemente das geleiras, não fluem e acumulam gelo de forma lenta e quase contínua, “permitindo a preservação de materiais depositados, como pólen, carvão e macrofósseis dentro de suas camadas congeladas”.

Para conseguir entender a história da floresta congelada, os pesquisadores precisaram estudar vários elementos do antigo ecossistema. Eles analisaram camadas de isótopos de água e materiais orgânicos em núcleos de gelo retirados de uma área e colheram seções transversais de madeira das árvores antigas para datação por rádio carbono.

Segundo Greg Pederson, paleoclimatologista do Northern Rocky Mountain Science Center do US Geological Survey e principal autor do artigo recém-publicado, o trabalho provou que a linha de árvores do planalto mudou para cima em resposta ao aquecimento regional e que a floresta prosperou por 500 anos enquanto as condições climáticas permaneceram moderadas e úmidas.

“O planalto parece ter sido o lugar perfeito para permitir que manchas de gelo se estabelecessem e persistissem por milhares de anos, registrando informações importantes sobre o clima passado, a atividade humana e as mudanças ambientais”, afirma Pederson.

Com isso, os resultados do estudo sugerem que as condições climáticas atuais, com predomínio de temperaturas mais altas, podem levar as árvores a se moverem para o alto, em áreas do planalto que agora são tundras.

“As temperaturas da estação de crescimento são o controle primário da elevação e latitude da linha das árvores”, afirma Pederson. “No entanto, em locais individuais da linha das árvores, outros fatores como umidade, vento, cobertura de neve e perturbação humana pode desempenhar um papel importante em ditar a estrutura da floresta e os limites de elevação”.

Portanto, os autores dizem ser impossível prever exatamente como serão as futuras florestas de linha de árvores no Planalto de Beartooth em termos de densidade, distribuição ou composição de espécies de árvores, o que variará dependendo de quanto aquecimento ocorrer. A linha de árvores provavelmente aumentará conforme o clima esquentar, segundo os pesquisadores, mas os níveis de precipitação determinarão a estrutura e a extensão da nova floresta.

Essas mudanças terão implicações significativas para o futuro ecossistema, de acordo com os autores. Eles afirmam que menos neve em altitudes elevadas poderia afetar o abastecimento de água para irrigação e geração de eletricidade. McWethy acrescentou que se as florestas começarem a se estabelecer na tundra, as condições de combustível podem mudar drasticamente, aumentando potencialmente o risco de incêndios florestais.

Gelo derretido revela floresta de 6 mil anos em montanha dos EUA

“É por isso que estudos de mudanças ecológicas passadas são mais do que peças interessantes de ciência”, diz Pederson. “Eles têm implicações muito maiores para os recursos dos quais todos dependemos”. (cnnbrasil)

sábado, 1 de março de 2025

Onda de calor em SP atinge diversas regiões com impactos extremos

Onda de calor em SP pode atingir diversas regiões com impactos extremos.

Meteorologistas alertam que esse fenômeno deve ocorrer nos próximos dias.
As temperaturas podem chegar a até 5°C a mais que o normal

O Brasil está se preparando para uma nova onda de calor, com temperaturas que podem ultrapassar os 35°C em diversas regiões, incluindo o estado de São Paulo.

Meteorologistas alertam que esse fenômeno, que deve ocorrer nos próximos dias, trará uma série de impactos extremos para a população e o meio ambiente.

Embora a data exata ainda não esteja definida, a previsão é que as temperaturas fiquem significativamente acima da média, podendo chegar a até 5°C a mais que o normal. Conheça os truques para deixar sua casa fresca no calor.

A onda de calor é alimentada, em grande parte, pelo fenômeno climático “El Niño”, que tem se tornado cada vez mais frequente. Esse fenômeno ocorre quando o aquecimento das águas do Pacífico interfere no padrão climático global, intensificando as ondas de calor.

O El Niño bloqueia os ventos frios que normalmente ajudam a dissipar o calor e concentra as altas temperaturas, tornando os efeitos mais severos, especialmente em regiões como o sudeste brasileiro.

São Paulo o impacto da onda de calor tende a ser ainda mais agudo devido à falta de áreas verdes e ao excesso de concreto na cidade. 

A densa urbanização cria o chamado "efeito ilha de calor", onde as construções e ruas pavimentadas absorvem e retêm o calor, dificultando a dissipação das altas temperaturas.

Com isso, a sensação térmica na cidade pode ser ainda mais intensa, afetando diretamente a qualidade de vida e o bem-estar da população.

As consequências para a saúde também são preocupantes. O aumento das temperaturas traz riscos como insolação e exaustão térmica, condições que podem afetar pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças e aqueles com doenças preexistentes.

É fundamental que a população esteja atenta aos sinais do corpo e busque se proteger durante esses períodos de calor extremo, adotando medidas como hidratação constante e evitando a exposição solar durante as horas mais quentes do dia.

Além dos impactos na saúde humana, o aumento das temperaturas também pode agravar problemas ambientais, como a escassez de água e o risco de incêndios florestais. O calor intenso prejudica a vegetação e pode tornar o solo mais propenso à secagem, o que compromete a fauna e flora locais.

Pessoas que vivem nas ruas de São Paulo não conseguem água e sofrem com calor extremo

Recordes de temperatura extremas previstas ameaçam a saúde de dezenas de milhares de pessoas, que não têm moradia. (diariodolitoral)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Pesquisadores apontam janeiro de 2025 como o mais quente da história

Pesquisadores apontam que o mês de janeiro de 2025 foi o mais quente já registrado em toda a história, com temperaturas 1,75°C mais elevadas do que as do final do século XIX. O aumento das temperaturas deverá ser discutido nas Comissões de Meio Ambiente e de Mudanças Climáticas. O climatologista Carlos Nobre alerta que temperaturas mais elevadas aumentam a intensidade e a frequência dos fenômenos extremos do clima. Já a senadora Leila Barros (PDT-DF) defende um maior comprometimento do Parlamento com os temas ambientais.
O mês de janeiro/2025 foi o mais quente já registrado na história, segundo os especialistas. O aumento da temperatura deverá ser tema de debates nas comissões de mudanças climáticas e meio ambiente.

A Comissão de Meio Ambiente do Senado e a Comissão Mista de Mudanças Climáticas deverão discutir o aumento da temperatura mundial. O mês de janeiro deste ano foi o mais quente já registrado no mundo, segundo o Observatório Europeu do Clima, o programa da União Europeia que analisa o clima e o ambiente do planeta. O primeiro mês deste ano teve temperaturas médias 1,75°C mais elevadas do que as registradas no final do século XIX, neste mesmo período do ano. Um alerta de que o planeta está cada vez mais quente, com consequências para toda a humanidade, entre elas o aumento da frequência e da intensidade dos fenômenos extremos do clima, como nos explica o climatologista Carlos Nobre.

(Carlos Nobre) “O que acontece é o seguinte, quando a temperatura está mais alta, os oceanos evaporam muito mais água e a água ela leva energia, energia da evaporação, depois quando condensa nas nuvens, libera toda aquela energia; também os gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera retém mais calor e aumentam a sua temperatura; e mais energia na atmosfera gera um aumento dos eventos extremos em todo o planeta”.

Janeiro de 2025 foi o mais quente já registrado

O aumento das temperaturas em janeiro surpreendeu os cientistas que estudam as mudanças do clima, que esperavam uma redução com chegada do fenômeno La Niña, que costumeiramente resfria a água dos oceanos. Ao contrário do que ocorreu em janeiro do ano passado, quando ainda estávamos sob a influência do El Niño, que provocou o aquecimento dos oceanos e aumento das temperaturas. Para a presidente da Comissão de Meio Ambiente no último biênio, senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, é fundamental o Parlamento atuar para diminuir a influência das atividades humanas no aquecimento global.

(Senadora Leila Barros) “Nós temos que realmente rever legislações, rever orçamento, ter muito comprometimento e responsabilidade para tratarmos de um tema que é fundamental para o nosso país e as futuras gerações. Então, é essencial reconhecer que nossa existência está profundamente conectada com o equilíbrio do meio ambiente, respeitando os limites ecológicos do nosso planeta”.

Ano de 2025 tem o janeiro mais quente da história

Os dados divulgados pelo Instituto Copernicus - o serviço climático da União Europeia - revelam ainda que dos últimos 19 meses, 18 estiveram 1,5°C acima da média pré-industrial. (12.senado)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Futuras ondas de calor podem ser mais letais do que o previsto

Futuras ondas de calor podem ser mais letais do que o previsto, apontam estudos.

Cenário vislumbrado por cientistas foi descrito como thermogeddon -- uma metáfora para "Armagedom térmico".
Termômetro da avenida Paulista registra 35ºC durante onda de calor que atingiu a capital paulista no mês de setembro/2023.

O planeta está aquecendo e, se nada for feito, a vida na Terra pode se tornar insustentável. Pesquisas indicam que as ondas de calor podem se tornar cada vez mais intensas no futuro e até mesmo mais mortais, tornando o planeta um ambiente hostil.

Pesquisas recentes apontam que eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, serão cada vez mais frequentes e intensas. Elas ocorrem quando a temperatura fica, pelo menos, 5ºC acima da média por mais de 5 dias seguidos.

Esse aumento da temperatura está intimamente relacionado com a umidade do ar: quanto mais seco, mais quente. No Brasil, até outubro de 2024, todos os meses tiveram ondas de calor.

Estimativas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontam que, entre 2024 e 2028, as temperaturas médias globais podem ser entre 1,1°C e 1,9°C mais altas do que a média do período pré-industrial (1850-1900). É provável que a marca simbólica de 1,5°C, do Acordo de Paris, exceda em 80% em 5 anos, marcando uma aceleração preocupante no ritmo do aquecimento global.

Previsões preocupam, uma vez que, com o aumento da temperatura, o corpo humano perde sua capacidade de se resfriar, algo essencial para a vida.

Em pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, da Academia Nacional dos Estados Unidos, em 2010, os pesquisadores Matthew Huber e Steven Sherwood, descreveram como a temperatura de bulbo úmido (wet-bulb temperature, TW), que combina calor e umidade, é fundamental para determinar a capacidade do corpo humano de dissipar calor.

Quando a TW excede os 35°C por períodos prolongados, o corpo humano não consegue resfriar-se adequadamente, levando à hipertermia. Nessas condições, a temperatura corporal sobe rapidamente, causando falência de órgãos e morte.

A pesquisa destaca que, embora já existam regiões do planeta com temperaturas altíssimas, como os desertos, a baixa umidade desses lugares permite que o suor evapore e mantenha o corpo resfriado.

O problema ocorre em regiões tropicais e subtropicais, onde a combinação de calor extremo e alta umidade elimina essa capacidade de resfriamento. Atualmente, os valores máximos de TW observados raramente ultrapassam 31°C.

No entanto, um estudo indica que um aumento global médio de 7°C seria suficiente para que algumas regiões do planeta começassem a atingir o limite de 35°C da TW, cenário no qual as ondas de calor ultrapassariam os limites fisiológicos de sobrevivência, oferecendo riscos até mesmo a indivíduos saudáveis.

O mesmo estudo estima ainda que a queima contínua de combustíveis fósseis pode levar a um aquecimento médio global de até 12°C nos próximos séculos.

O cenário vislumbrado pelos cientistas foi descrito pela revista New Scientist como o thermogeddon — uma metáfora para “Armagedom térmico”. Não só a capacidade biológica de sobrevivência seria mais difícil diante das previsões, como também os impactos socioeconômicos podem ser devastadores.

Trabalhos ao ar livre ou em ambientes sem climatização se tornariam impossíveis, prejudicando setores como agricultura, construção civil e transporte. Além disso, o aumento do uso de ar-condicionado elevaria os custos de energia, pressionando as economias e os sistemas elétricos.

Com um aumento de 12°C, grande parte da superfície terrestre hoje habitada se tornaria inabitável.

Como frear o thermogeddon

A mitigação desse cenário depende de ações urgentes e coordenadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Em entrevista ao Jornal da USP, Carlos Nobre, climatologista e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), destaca a importância de que o Brasil esteja na vanguarda das resoluções das questões climáticas.

Para ele, é necessário acelerar a transição energética para fontes limpas e cessar as emissões de gases estufas por desmatamento — algo que resolveria cerca de 50% da questão até 2030.

Na COP 29, realizada em novembro, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões líquidas de gases do efeito estufa entre 59% e 67% até 2035 (o equivalente a 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO2), alinhando-se ao Acordo de Paris.

Futuras ondas de calor podem ser mais letais do que o previsto

No próximo ano, o país será a sede da COP 30, em Belém (PA). A expectativa é consolidar esforços globais para a mitigação dos impactos negativos e frear o aquecimento global. (cnnbrasil)

domingo, 23 de fevereiro de 2025

La Ninã provoca seca no Sul e alagamentos no Norte do Brasil

No Brasil, o El Niño costuma trazer calor generalizado e chuvas intensas no Sul, como o ocorrido na primeira metade do ano. A La Niña, em geral, ameniza as temperaturas e pode trazer chuva para parte da Amazônia, embora seque o Sul.
La Niña provoca seca no sul e alagamentos no norte do Brasil.

O fenômeno climático conhecido como La Niña voltou a se manifestar, conforme anunciado pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA). Este fenômeno é caracterizado por temperaturas abaixo da média na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Em contraste com o El Niño, que traz condições mais quentes, a La Niña faz parte do sistema conhecido como El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e tem importantes implicações nos padrões climáticos globais.

Segundo a NOAA, as condições atuais de La Niña estão presentes no Pacífico Tropical e devem persistir até pelo menos abril de 2025. É esperado que a transição para condições neutras aconteça entre março e maio de 2025. O fenômeno é responsável por alterar padrões de vento, precipitação e temperatura, impactando diversas regiões do mundo de maneiras distintas.

Quais são os efeitos do La Niña no clima global?

Durante a ocorrência de La Niña, as águas frias do oceano contribuem para mudanças significativas nas condições climáticas globais. No Brasil, especialmente, o fenômeno tende a provocar uma redução das chuvas no Sul do país, o que pode aumentar o risco de estiagens. Em contrapartida, as regiões Norte e Nordeste podem registrar uma elevação nos níveis de precipitação, resultando em mais umidade.

Nesse contexto, são esperadas temperaturas mais baixas no Sul do Brasil devido à maior frequência de massas de ar frio. No entanto, durante períodos de seca, aumentam também as chances de ondas de calor, que podem causar extremos de temperatura. Globalmente, a presença da La Niña costuma estar associada a uma leve diminuição das temperaturas médias planetárias.

Mar agitado

La Niña ocorre quando os ventos alísios sopram com intensidade sobre o oceano Pacífico, deslocando a camada de água quente para o oeste.

Qual o impacto da La Niña na agricultura brasileira?

No setor agrícola, os efeitos do La Niña podem ser substanciais, principalmente em regiões que já apresentam vulnerabilidade a condições de seca prolongada. No Rio Grande do Sul, por exemplo, existe a preocupação de que a escassez de chuva afete a produtividade de culturas essenciais, como milho e soja. A falta de precipitação pode levar a déficits hídricos significativos, comprometendo colheitas e a economia rural.

Como a La Niña difere do El Niño?

A La Niña é frequentemente comparada ao seu fenômeno-irmão, o El Niño, devido aos seus efeitos opostos no sistema climático global. Enquanto no El Niño as temperaturas marítimas se elevam acima da média, resultando em condições mais quentes e mudança nos padrões meteorológicos, a La Niña promove temperaturas mais frias na superfície do Oceano Pacífico, afetando a circulação atmosférica de maneira distinta.

1. Temperatura: La Niña traz resfriamento, enquanto o El Niño provoca aquecimento.

2. Chuvas: A La Niña tende a diminuir precipitações no sul do Brasil; o El Niño pode aumentá-las.

3. Efeitos Globais: Ambos influenciam ventos e convecções, mas em direções diferentes.

Como o fenômeno influencia a temperatura do planeta?

Mesmo com a presença de La Niña, que poderia contribuir para resfriar o planeta, os impactos das mudanças climáticas globais fazem com que as temperaturas médias durante o fenômeno sejam mais elevadas do que em episódios de décadas anteriores. Essa complexa interação mostra que, embora eventos como El Niño e La Niña ainda impactem significativamente o clima global, o aquecimento global geral resulta em marcas térmicas mais altas.

Esse cenário desafia cientistas a reinterpretarem as tendências climáticas e adaptarem previsões e modelos para compreender melhor as variações meteorológicas. O estudo contínuo desses fenômenos é essencial para prever seus impactos localmente e no panorama global, ajudando políticas a mitigar efeitos adversos em setores como a agricultura e a infraestrutura. (brasil.perfil)

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