quinta-feira, 3 de abril de 2025

Sul do Brasil e Amazônia merecem toda a nossa atenção em 2025

Clima: Sul do Brasil e Amazônia merecem toda a nossa atenção em 2025, diz pesquisador.

Jose Marengo, especialista em aquecimento global, explica que fenômeno La Niña ainda não pode ser confirmado.
Registro feito em maio do desastre que atingiu Porto Alegre, no caso, o pátio de veículo da Polícia Rodoviária Federal

O ano de 2025 começou ainda com incertezas sobre o que esperar sobre o clima. O professor e cientista José Marengo, especialista sobre aquecimento global, alerta que o Brasil não está mais sob efeitos do fenômeno El Niño, mas ainda não se sabe se ele será substituído pela La Niña, o fenômeno inverso.

“El Niño significa que há o aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico, que traz seca para Amazônia e chuva para o Sul do Brasil. Era isso que estava acontecendo desde 2023 e terminou em meados de 2024”, explica Marengo que é coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Em entrevista ao programa Bem Viver, o professor explicou que será necessário esperar até o fim de janeiro para entender a intensidade da La Niña, que por sua vez consiste no resfriamento anormal do oceano Pacífico.

“Existe essa preocupação porque, atualmente, nós temos seca na Amazônia, então ter uma La Niña poderia aliviar essa situação, mas isso é discutível”, pondera. Para o professor, o Sul e o Norte do Brasil devem receber mais atenção no que diz respeito à climatologia e, principalmente, prevenção de desastres. “Essas duas regiões merecem toda nossa atenção: Sul do Brasil e a Amazônia. Dependendo da intensidade da La Niña a situação pode resolver em uma parte e piorar em outras”.
Equilíbrio delicado para a Amazônia Legal Brasileira

Podemos dizer que foi surpreendente o ano de 2024, climaticamente falando?

Sim, na verdade, os anos 2023 e 2024 têm sido impactantes em termos de desastres. E de fato têm em comum. Na segunda metade de 2023, começou o El Niño, que continuou na primeira metade de 2024.

Isso fez com que grandes eventos, como a seca de 2023, continuassem em 2024 na Amazônia – ainda continua neste momento – e também afetou a região do Pantanal.

Os níveis dos rios caíram muito. O rio Paraguai esteve em um dos seus menores índices em Assunção, no Paraguai. Aqui no Brasil, em Ladário, o rio Negro teve o volume mais baixo detectados desde 1902.

E além disso, tivemos outros extremos de 2024 como as chuvas no Espírito Santo, e é claro, o que passa a ser talvez o maior desastre climático no Brasil: as chuvas no Rio Grande do Sul.

Os infratores teriam um prazo de 6 meses para investir em programas de recuperação e preservação e, assim, diminuir o débito

O que mostrou realmente que somos muito vulneráveis aos extremos de clima.

Ano passado o Acre, por exemplo, enfrentou dois tipos de extremos, a seca e a cheia, com os rios da região atingindo patamares históricos. Faz sentido esse tipo de situação?

Realmente faz sentido, sim, porque uma das consequências da mudança climática é mudanças nos extremos. Os extremos passam a ser mais extremos.

Outra coisa importante a ser comentada foram os extremos de temperatura. Em alguns lugares nós tivemos recorde de temperatura, tanto na região sudeste, como no Sul e em parte do Norte.

Esse recorde nos levou a incêndios e queimadas na Amazônia. Isso foi o que chamamos de eventos compostos do clima, ou seja, uma seca associada ou simultânea com uma onda de calor.

O Brasil enfrentou uma onda de fumaça no ano passado, atingindo 60% do território. É exagero afirmar que isso pode se tornar normal?

Não, infelizmente não é exagero. A causa dos incêndios da Amazônia é humana. Sabemos que para os povos andinos o fogo é um fato cultural, utilizado principalmente para preparar o terreno para a próxima campanha agrícola. Claro, é fogo controlado.

Só que quando nós temos uma situação de seca e ondas de calor conjuntamente, o fogo controlado sai do controle.

Por isso, hoje precisamos de mais fiscais, ter uma política de zero fogo, que é algo muito difícil, mas precisa ser implantada. Ao mesmo tempo que os municípios, o corpo de bombeiros tenha uma equipe sempre disponível, trabalhando 24 horas, como acontece em outras regiões do mundo.

Em 2024 tivemos número expressivos de combate ao desmatamento, mas mesmo assim o nível de fogo foi altíssimo. Como que essa conta fecha?

O efeito do combate ao desmatamento não é imediato. Se caiu em 2024, não significa que já vamos ter um resultado prático em 2024.

Na verdade, nós precisamos ter uma tendência de redução por uma década, depois veremos as consequências dessa redução. Não é automático.

Por isso que se fala que se não reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa agora, não vamos conter o aquecimento global em 2°C até 2050 ou 2060.
Atitude Sustentável: 7 dicas para combater o aquecimento global

E quais são as expectativas para 2025?

Fenômeno El Niño já acabou, mais ou menos, em maio/24. E aí começou a se configurar o seu oposto, a La Niña.

Acontece que La Niña ainda não se manifestou de fato. Nós estamos com água relativamente mais frias, o que caracteriza os fenômenos, mas não no nível que de fato configura a La Niña. Existem indícios que, na verdade, só vamos ter ela no verão de 2025.

Durante La Niña chove muito na Amazônia e no Nordeste também, mas temos seca no sul e sudeste do Brasil

Então existe essa preocupação porque atualmente nos temos seca na Amazônia. Ter uma La Niña poderia aliviar essa situação, muitos têm essa esperança de que um La Niña forte pode terminar com os problemas de seca no Brasil, mas isso é discutível, porque apesar da chuva intensa no sul do Brasil no ano passado, existe uma região que ainda enfrenta seca, no caso o estado do Paraná, a bacia do Paraná como um todo. Um La Niña forte pode prejudicar mais essa região.

Essas duas regiões merecem toda nossa atenção: Sul do Brasil e a Amazônia. Dependendo da intensidade da La Niña, a situação pode resolver em uma parte e piorar em outras.

É muito cedo, temos que esperar talvez até janeiro para poder saber um pouco mais.

A ciência há décadas alerta para desastres climáticos como o que ocorreu em 2024 no Rio Grande do Sul.

Como devemos agir para ter mais eficiência na prevenção de desastres?

Precisamos de uma integração entre governo federal, estadual e municipal.

No Cemaden nos trabalhos com desastres. Nós fazemos previsão de alerta, de desastres. Então nós avisamos de enxurradas, inundações.

Informação é gerada pelo governo federal, que passa para a defesa civil geral, que repassa para a estadual e depois do município em questão.

Existe uma corrente, e se essa corrente se quebra em algum momento, nós vamos ter problemas. É o que aconteceu em São Sebastião em 2023. As chuvas foram previstas e o alerta foi emitido. O que faltou foi essa conexão entre a defesa civil e a defesa civil municipal. Situação semelhante com o que aconteceu no Rio Grande do Sul.

Então falta essa conexão. Importante comentar que isso não é só no Brasil. Em Valência, na Espanha a situação foi muito semelhante. Você deve se lembrar como a população ficou revoltada com a falta de alerta. (brasildefato)

terça-feira, 1 de abril de 2025

Nosso país não está entre os 30 mais quentes do mundo

Ondas de Calor no Brasil: Nosso país está entre os 30 mais quentes do mundo?
Quando pensamos nos países mais quentes do mundo, é normal achar que essas nações ficam próximas ao deserto do Saara ou no Oriente Médio. Claro, muitos países dessas regiões entraram no top 30, mas você sabia que certas ilhas estão entre os países mais quentes do mundo? E não importa se é verão ou não, esses lugares tendem a ser quentes o ano todo. E o Brasil, onde será que se coloca nesse ranking?

Nesta galeria, olhamos para a temperatura média anual dos 30 países mais quentes do mundo, além de sua temperatura mais alta já registrada. Clique para ver quais nações entraram na lista!

30. Emirados Árabes Unidos

Temperatura média anual: 26,65°C

Maior temperatura registrada: 52,1°C

29. Samoa

Temperatura média anual: 26,7°C

Maior temperatura registrada: 35,3°C

28. Guiné-Bissau

Temperatura média anual: 26,75°C

Maior temperatura registrada: 45°C

27. São Vicente e Granadinas

Temperatura média anual: 26,8°C

Maior temperatura registrada: 33,9°C

26. Camboja

Temperatura média anual: 26,8°C

Maior temperatura registrada: 48,7°C

25. Bahrein

Temperatura média anual: 26,8°C

Maior temperatura registrada: 42,6°C

24. Brunei

Temperatura média anual: 26,85°C

Maior temperatura registrada: 38°C

23. Sudão

Temperatura média anual: 26,9°C

Maior temperatura registrada: 49,7°C

22. Sri Lanka

Temperatura média anual: 26,95°C

Maior temperatura registrada: 39,8°C

21. Nigéria

Temperatura média anual: 27°C

Maior temperatura registrada: 46,4°C

20. Somália

Temperatura média anual: 27,05°C

Maior temperatura registrada: 47,8°C

19. Seychelles

Temperatura média anual: 27,15°C

Maior temperatura registrada: 34,8°C

18. Togo

Temperatura média anual: 27,15°C

Maior temperatura registrada: 47,5°C

17. Níger

Temperatura média anual: 27,15°C

Maior temperatura registrada: 49,5°C

16. Catar

Temperatura média anual: 27,15°C

Maior temperatura registrada: 50,4°C

15. Kuwait

Temperatura média anual: 27,15°C

Maior temperatura registrada: 53,9°C

14. Gana

Temperatura média anual: 27,2°C

Maior temperatura registrada: 43,8°C

13. Ilhas Marshall

Temperatura média anual: 27,4°C

Maior temperatura registrada: 35,6°C

12. Singapura

Temperatura média anual: 27,5°C

Maior temperatura registrada: 37°C

11. Gâmbia

Temperatura média anual: 27,5°C

Maior temperatura registrada: 49°C

10. Benin

Temperatura média anual: 27,55°C

Maior temperatura registrada: 44,9°C

9. Palau

Temperatura média anual: 27,6°C

Maior temperatura registrada: 35°C

8. Tuvalu

Temperatura média anual: 27,65°C

Maior temperatura registrada: 48°C

7. Mauritânia

Temperatura média anual: 27,65°C

Maior temperatura registrada: 56°C

6. Senegal

Temperatura média anual: 27,85°C

Maior temperatura registrada: 50,5°C

5. Maldivas

Temperatura média anual: 28°C

Maior temperatura registrada: 36,8°C

4. Djibouti

Temperatura média anual: 28°C

Maior temperatura registrada: 46,1°C

3. Kiribati

Temperatura média anual: 28,2°C

Maior temperatura registrada: 50°C

2. Mali

Temperatura média anual: 28,25°C

Maior temperatura registrada: 49,8°C

1. Burkina Faso

Temperatura média anual: 28,29°C

Maior temperatura registrada: 47,2°C

Brasil

Apesar de sentirmos muito calor em terras tupiniquins, o Brasil está bem longe de ser um dos países mais quentes do planeta, ocupando o 70º lugar no ranking. A média de temperatura em todo território nacional é de 25,45°C e o pico de temperatura oficialmente registrado é de 44,8°C. (msn)

segunda-feira, 31 de março de 2025

Brasil investirá US$ 6 trilhões no setor de energia até 2050 para zerar emissões

Brasil precisa investir US$ 6 trilhões no setor de energia até 2050 para zerar emissões, diz BNEF.

Brasil precisa investir US$ 6 tri para zerar emissões até 2050, diz BloombergNEF.

O Brasil, que já conta com um dos setores de energia mais limpos do G20, precisará investir US$ 6 trilhões de agora até 2050 para acelerar a descarbonização de toda a economia.

País precisa escalar rapidamente seus esforços de descarbonização para se tornar uma economia de emissões líquidas zero até meados do século. Dentro do setor de energia do Brasil, o transporte responde por 53% das emissões, a maior parte dos investimentos para zerar as emissões, portanto, deveria ser direcionada para veículos elétricos. No cenário base, em que nenhuma política adicional é introduzida, a capacidade solar instalada atinge 200 GW até 2050.
O Brasil precisa escalar rapidamente seus esforços de descarbonização para se tornar uma economia de emissões líquidas zero (net zero) até 2050, de acordo com o New Energy Outlook: Brazil, divulgado pela BloombergNEF (BNEF). O relatório se baseia nos resultados do estudo principal New Energy Outlook 2024 da BNEF e examina a trajetória de descarbonização do Brasil usando modelagem de baixo para cima nos setores de energia, transporte, indústria e edifícios até 2050.

Com base nos cenários climáticos e de energia mais recentes da BNEF, as emissões relacionadas à energia do Brasil respondem por metade das emissões totais do país; agricultura (excluindo uso da terra), mudança no uso da terra e silvicultura contribuem para a metade restante. Dentro do setor de energia do Brasil, o transporte responde por 53% das emissões, seguido pela indústria com 25%, energia elétrica e energia combinadas com 11% e edifícios com 6%.

Energia Renovável: O Caminho Sustentável para o Futuro

US$ 6 trilhões até 2050 com foco na eletrificação do transporte

No Net Zero Scenario (NZS) da BNEF, que mapeia um caminho para emissões líquidas zero globalmente até 2050, o investimento necessário para o país atingir o net zero é de US$ 6 trilhões entre hoje e meados do século. No entanto, isso é apenas 8% maior do que os gastos necessários no cenário de transição econômica (ETS), o caso base da BNEF, que descreve como o setor de energia evolui como resultado de mudanças tecnológicas baseadas em custos e assume que nenhuma intervenção política adicional é feita. Dois terços do investimento do NZS estão no lado da demanda de energia, particularmente nas vendas de veículos elétricos.

O futuro net zero do Brasil requer uma gama de tecnologias diferentes, com a eletrificação servindo como o principal impulsionador nos esforços do país para descarbonizar. A partir de 2040, a eletrificação se torna a principal força por trás da redução de emissões, principalmente na descarbonização do transporte rodoviário, edifícios e indústria. A eletrificação sozinha é responsável por 55% das reduções de emissões entre agora e 2050, em comparação com um cenário de “nenhuma transição” em que a descarbonização e a eficiência energética permanecem estagnadas.

Solar e eólica são política “sem arrependimentos”

O progresso do Brasil até o momento na descarbonização da energia, sob o ETS, a energia limpa ainda responde por 38% das reduções de emissões entre hoje e 2050. Priorizar a implementação de tecnologias maduras, como eólica e solar, continua sendo uma opção de política “sem arrependimentos” no curto prazo, com base em uma perspectiva econômica.

“O Brasil tem uma matriz elétrica limpa, o que coloca o país em uma boa posição para descarbonizar sua economia por meio da eletrificação. No entanto, metade do uso final de energia hoje ainda vem de combustíveis fósseis. Alguns setores difíceis de abater, como aviação e aço, exigem soluções diferentes e, por isso, não há net zero no Brasil sem bioenergia, hidrogênio verde e captura de carbono”, diz o autor principal do relatório, Vinicius Nunes.

A legislação generosa de medição líquida, ou o sistema de compensação de créditos de energia, alimentou um boom solar de pequena escala no Brasil. No cenário de caso base, a capacidade solar instalada atinge 200 gigawatts até 2050, dos atuais 52 GW.

Novas tecnologias para descarbonização

Outros caminhos importantes para atingir o zero líquido incluem captura e armazenamento de carbono (CCS), hidrogênio e bioenergia, que juntos respondem por 27% das reduções de emissões, principalmente em setores de uso final. O transporte responde por mais da metade da demanda de hidrogênio em 2050. O transporte marítimo e a aviação combinados atingem 2,3 milhões de toneladas métricas de demanda de hidrogênio no Brasil em 2050, embora a categoria de crescimento mais rápido seja o hidrogênio como um agente de craqueamento para produzir combustíveis de aviação sustentáveis de base biológica.

A demanda de hidrogênio do Brasil aumentaria cinco vezes dos dias atuais até 2050 na NZS, atingindo 8,3 milhões de toneladas métricas em meados do século. Setores difíceis de abater, como aço, alumínio, cimento e produtos químicos, enfrentam dificuldades para descarbonizar em um cenário impulsionado pela economia sem mais intervenção política.

Brasil investirá US$ 6 trilhões para alcançar net zero até 2050.

No cenário de referência, capacidade instalada de energia solar atingirá 200 GW, diz BNEF.

Futuro net zero do país exige tecnologias diferentes, com a eletrificação sendo o principal impulsionador nos esforços do país rumo à descarbonização. A partir de 2040, a eletrificação se tornará o principal fator de redução das emissões, principalmente por meio da descarbonização dos setores industrial, de transporte rodoviário e do consumo em edifícios. (pv-magazine-brasil)

sábado, 29 de março de 2025

Mudança climática e o aquecimento global 2025

Em 2025 o Brasil deverá ter um clima quente na maior parte do país, mas com a possibilidade de frio no Sul. O mês de janeiro/25 foi o mais quente já registrado na história.

Previsões climáticas

Verão termina em 20 de março

Outono começa em 20 de março e termina em 20 de junho

O inverno começa em 20 de junho e termina em 22 de setembro

Impactos do aquecimento global

O aquecimento global aumenta a frequência e a intensidade de fenômenos extremos do clima

O aquecimento global leva o ciclo da água a novos extremos

Desafios climáticos

Conscientizar sobre a importância da diversidade de espécies e dos ecossistemas

Realizar projetos de reflorestamento e proteção de habitats

Restaurar ecossistemas

Promover a agricultura regenerativa

Fortalecer a bioeconomia

Gerir resíduos sólidos

Gerar energia a partir dos resíduos

Descarbonizar a economia

Educar as comunidades sobre o meio ambiente

O que se pode esperar do clima para o Brasil em 2025

‘Estamos vivenciando os primeiros impactos de um mundo a +1,5ºC’, diz pesquisador sobre mudança climática

Johan Rockstrom, do Instituto Potsdam, afirma que efeitos globais são 'advertência severa' sobre impactos reais.

Equipes de resgate combateram incêndio em Los Angeles/USA. Inúmeras pessoas morreram e milhares ficaram fora de casa.

Mudanças climáticas explicam pior incêndio da história de Los Angeles (USA)

Pela primeira vez, desde 2024, estamos vivendo em um planeta com média de temperatura acima de1,5ºC. O mundo sofreu um aumento do limite simbólico estabelecido pelo Acordo de Paris para combater a mudança climática, uma situação que exige uma "ação climática pioneira", segundo a ONU.

Os efeitos reais do aquecimento global atual não têm precedentes em pelo menos 120 mil anos. É uma "advertência severa", disse Johan Rockstrom, do Instituto Potsdam, que pesquisa o impacto da mudança climática. "Estamos vivenciando os primeiros impactos de um mundo a +1,5ºC", disse.

O ano de 2024 foi o mais quente da história e o primeiro a romper a barreira de 1,5°C de aumento na temperatura média da Terra, estipulado como limite crítico pelo Acordo de Paris. Os dados mostram um aumento médio de 1,55ºC na temperatura média global, que chegou a 15,10°C, e foram divulgados pelo observatório europeu Copernicus.

Por isso, em 2024, o mundo potencialmente viveu "o primeiro ano civil com uma temperatura média global de mais de 1,5ºC, acima da média de 1850-1900". Isto confirma as tendências de alta de temperaturas vistas na última década.

"Temperaturas sem precedentes em 2024 exigem uma ação climática drástica em 2025", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. "Ainda há tempo para evitar o pior da catástrofe climática", mas os líderes devem "agir agora", enfatizou Gutérres.

É improvável que o novo ano quebre esses recordes novamente, mas o Gabinete de Meteorologia Britânico alertou que 2025 pode ser um dos três anos mais quentes já registrados no planeta. Os dados também foram confirmados nos Estados Unidos pela agência de oceanos e atmosfera do país (NOAA).

Em 2025, conforme o Acordo de Paris, os países signatários devem anunciar os novos compromissos climáticos, atualizados a cada 5 anos, com os EUA, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta, sob a gestão do negacionista climático Donald Trump.

No entanto, os esforços para a redução de gases de efeito estufa estão diminuindo em alguns países ricos: apenas −0,2% nos EUA no ano passado, diz um relatório independente.

Sinal de alerta

Os incêndios devastadores na região de Los Angeles, que deixaram pelo menos dez mortos e milhares de casas queimadas, coincidiram com as previsões alarmantes.

Outros desastres agravados pela mudança climática surgiram nos últimos meses: 1.300 mortos em ondas de calor extremo na peregrinação a Meca em junho/2024, inundações históricas no Rio Grande do Sul, e também na África e na Espanha, furacões violentos nos Estados Unidos e no Caribe.

Em termos econômicos, os desastres naturais causaram US$ 320 bilhões (R$ 1,9 trilhão) em prejuízos econômicos no mundo todo em 2024, segundo a seguradora Munich Re.

No entanto, durante a COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, o financiamento estabelecido para que os países em desenvolvimento possam mitigar os efeitos climáticos foi de apenas US$ 300 bilhões, e permaneceu quase em silêncio sobre as ambições de redução de gases de efeito estufa e, em particular, a eliminação de combustíveis fósseis.

Restringir o aquecimento a 1,5°C em vez de 2°C, o limite mais alto do Acordo de Paris, reduziria significativamente suas consequências mais catastróficas, segundo o IPCC, o painel de especialistas climáticos da ONU.

"Cada ano da última década [2014-2024] foi um dos dez mais quentes já registrados", alertou Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço de Mudança Climática (C3S) do Copernicus. Os oceanos, que absorvem 90% do excesso de calor causado pela humanidade, também continuaram seu superaquecimento, atingindo um recorde no ano passado.

Média anual de temperaturas na superfície, excluindo as áreas polares, atingiu o nível inédito de 20,87°C, quebrando o recorde de 2023.

"Em nossas mãos"

Além dos impactos imediatos das ondas de calor marinhas sobre os corais e peixes, esse superaquecimento duradouro dos oceanos, o principal regulador do clima da Terra, afeta as correntes marinhas e atmosféricas.

Mares mais quentes liberam mais vapor de água na atmosfera, fornecendo energia adicional para tufões, furacões e tempestades.

O Copernicus observa, portanto, que o nível de vapor de água na atmosfera também atingiu um recorde em 2024, aproximadamente 5% acima da média de 1991-2020.

No ano passado, o mundo testemunhou o fim do fenômeno natural El Niño, que induz ao aquecimento global e aumento de eventos extremos, e uma transição para condições neutras ou o fenômeno oposto, La Niña. A Organização Meteorológica Mundial alertou em dezembro que este fenômeno seria "curto e de baixa intensidade" e insuficiente para compensar os efeitos da mudança climática.

"O futuro está em nossas mãos: ações rápidas e decisivas ainda podem mudar a trajetória do nosso clima futuro", enfatiza Carlo Buontempo, diretor do C3S. (brasildefato)

quinta-feira, 27 de março de 2025

Ondas de calor intensa pressionam a infraestrutura elétrica

Ondas de calor em fevereiro/25 pressionaram a infraestrutura elétrica no país.

Em 17/02/25 Sudeste e Centro Oeste bateram recorde na demanda média, alcançando 54.599 MWmed. Com a previsão de temperaturas até 7°C acima da média nos próximos dias, segundo a Climatempo, as distribuidoras de energia enfrentam um grande desafio.
A onda de calor que atingiu o Brasil se estendeu até o final de fevereiro/25. Tendência é que as temperaturas permaneçam elevadas em boa parte do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, com temperaturas entre 5ºC e 7ºC acima da média de fevereiro que já é elevada.

O calor intenso e prolongado traz um desafio para o planejamento das distribuidoras de energia, que veem a demanda crescer, podendo gerar sobrecarga e superaquecimento em equipamentos como transformadores, subestações e cabos elétricos, o que reduz a sua eficiência e pode causar interrupções segundo alerta a Climatempo, empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo.

Um novo recorde na demanda média de carga no Sudeste/Centro-Oeste foi registrado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em 17/02/25, de 54.599 MWmed. Em menos de 30 dias, esta é a segunda vez que houve registro de recorde de demanda média, superando em 1,1% os 53.997 MWmed de 22 de janeiro.

Em nível nacional, o ONS registrou em 12/02/25 mais uma quebra de recorde na demanda de carga instantânea no Sistema Interligado Nacional (SIN), que alcançou a marca de 103.785 MW. Foi o terceiro recorde do ano, superando os patamares aferidos em 11/02/25 (103.335 MW) e 22/1 (102.810 MW).

“Para minimizar impactos, é essencial um acompanhamento contínuo da previsão climática, com destaque para previsões mensais, que auxiliam as distribuidoras no planejamento e na operação do sistema elétrico”, explica a meteorologista e especialista da Climatempo para o setor elétrico, Marcely Sondermann.

Calor extremos tem se tornado mais frequente

Calor extremo pressiona sistema elétrico e bate recordes de consumo no Brasil.

Uma onda de calor ocorre quando as temperaturas ficam ao menos 5°C acima da média durante 5 dias consecutivos. Nos últimos anos, essas ondas têm sido cada vez mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, e fenômenos naturais como o El Niño (aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, que ocorreu em 2023 e 2024), também favorecem a ocorrência de ondas de calor.

A meteorologista lembra que, atualmente, estamos sob a influência do La Niña, caracterizado pelo resfriamento do Pacífico equatorial. “No entanto, outros oceanos permanecem muito aquecidos, intensificando as ondas atmosféricas e favorecendo a formação de bloqueios atmosféricos – como o que estamos enfrentando agora em fevereiro. Esses bloqueios atmosféricos estão associados a massas de ar seco e quente, que favorecem a ocorrência de ondas de calor”, conta.

Apesar do calor intenso, a chuva ainda deve ocorrer nos próximos dias, mas de forma isolada. As pancadas serão mais esparsas e terão pouco efeito na redução do calor. Isso acontece porque a massa de ar quente inibe a formação de nuvens carregadas, favorecendo dias mais secos e quentes na maior parte das regiões impactadas.

De acordo com a Climatempo, faltando pouco para o fim do verão, a tendência é a que o período de chuva retorne amenizando o calor mais forte. Mas, ainda poderá ter alguns novos episódios de onda de calor até o fim do verão. (pv-magazine-brasil)

Sul do Brasil e Amazônia merecem toda a nossa atenção em 2025

Clima: Sul do Brasil e Amazônia merecem toda a nossa atenção em 2025, diz pesquisador. Jose Marengo, especialista em aquecimento global, e...