domingo, 31 de dezembro de 2023

Ações atuais não são suficientes para manter o aquecimento sob 1,5°C

Um mundo acima de 1,5°C.
Um desfiladeiro entre os esforços atuais e as ações necessárias significa que as temperaturas globais estão a caminho de subir muito além das metas do Acordo de Paris.

O mundo está a caminho de ver as temperaturas globais subirem até 2,9°C acima dos níveis pré-industriais se os atuais compromissos de ação climática permanecerem inalterados, de acordo com um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

O Relatório de Lacunas de Emissões do PNUMA é uma revisão anual do fosso entre os atuais compromissos de ação climática dos países e quais esses compromissos devem ser para manter o aquecimento da Terra abaixo do limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris, um tratado internacional juridicamente vinculativo sobre mudanças climáticas.

O relatório deste ano descobriu mais uma vez que os esforços atuais dos países para limitar o aquecimento são insuficientes diante da aceleração de desastres climáticos e emissões ainda crescentes. O cenário mais otimista apresentado no relatório prevê que há apenas 14% de chance de que a humanidade limite o aquecimento a 1,5°C, apontando para um provável futuro de agravamento das inundações, ondas de calor, doenças e perdas de safras.

“A diferença de emissões é mais como um desfiladeiro de emissões”, disse António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas. Um desfiladeiro cheio de promessas quebradas, vidas quebradas e recordes quebrados. Embora o progresso para limitar as emissões tenha sido feito desde que o Acordo de Paris entrou em vigor em 2016, muitos países não mantiveram todos os seus compromissos.

Um mundo acima de 1,5°C

As temperaturas globais médias ultrapassaram brevemente os 2°C acima dos níveis pré-industriais na sexta-feira, de acordo com dados preliminares do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Alcance. Este ano, foram registrados 86 dias, com temperaturas globais médias superando a meta de 1,5°C. E embora os países tenham feito progressos, as emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo ainda estão aumentando: de 2021 a 2022, as emissões globais de gases do aquecimento do planeta aumentaram 1,2%, estabelecendo um novo recorde de emissões.

A meta de 1,5°C do Acordo de Paris marca um limite de aquecimento acima do qual centenas de milhões de pessoas enfrentarão o agravamento dos impactos climáticos, como ondas de calor com frequência e risco de vida, secas severas, redução da disponibilidade de água, inundações catastróficas e redução do rendimento das culturas.

As promessas atuais não são suficientes para evitar essas consequências, de acordo com o relatório. Em vez disso, os atuais esforços de mitigação estão no caminho certo para permitir um aumento de até 2,9°C – até o dobro da quantidade de aquecimento permitida pelo Acordo de Paris.

“O que precisamos ver na COP é um movimento maciço e acelerado sobre a descarbonização”, disse Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA.

Acelerar a mitigação

De acordo com o relatório, os países devem reduzir em 42% os níveis de emissões previstos para 2030 para permanecer abaixo do limite de 1,5°C. Para reduzir as emissões desta ação climática dramaticamente, serão necessárias medidas climáticas rápidas, escrevem os autores. “Os líderes devem aumentar drasticamente seu jogo agora com ambição recorde, ação recorde e redução de emissões recordes”, disse Guterres.

Em uma coletiva de imprensa, Andersen enfatizou a necessidade de os líderes mundiais interromperem o trabalho em novas infraestruturas de combustíveis fósseis. “Os governos não podem continuar se comprometendo a reduzir as emissões sob o Acordo de Paris e, em seguida, dar luz verde a enormes projetos de combustíveis fósseis”, disse ela.

As emissões per capita também diferem amplamente entre os países. Os Estados Unidos, por exemplo, representam 4% da população mundial atual, mas contribuíram com 17% de todo o aquecimento desde 1850. As desigualdades entre as emissões dos países destacam a necessidade de países com maior responsabilidade de acelerar suas ações climáticas e contribuir com fundos, como o Fundo Verde para o Clima, destinado a ajudar as economias em desenvolvimento a se adaptarem e mitigar as mudanças climáticas.

As conclusões do relatório serão usadas como entrada no primeiro Global Stocktake do mundo, um inventário do progresso mundial na ação climática que será concluído na próxima Conferência das Partes (COP28). Houve um progresso insignificante na redução de emissões desde a reunião do ano passado, a COP27, disse Anne Olhoff, editora-chefe científica do relatório.

Em resposta ao Global Stocktake, os países devem se comprometer a triplicar sua capacidade de energias renováveis, dobrar a eficiência energética e trazer energia limpa para todas as pessoas até 2030, disse Guterres. “Caso contrário, estamos simplesmente inflando os botes salva-vidas enquanto quebramos os remos”. (ecodebate)

Geleiras dos Andes perderam 42% da superfície nos últimos 30 anos

O recuo registrado nas últimas três décadas equivale a quase metade da extensão das geleiras tropicais andinas registrada em 1990.
Estudo aponta que as Geleiras dos Andes tropicais encolheram 42% entre 1990 e 2020, passando de um máximo de 2.429,38 km2 para apenas 1.409,11 km2.

Esse crescimento sem precedentes da perda de geleiras, tanto em extensão quanto em volume, pode ser atribuído às mudanças climáticas e a fatores não climáticos como o aumento das queimadas florestais nos últimos anos na Amazônia, que geram carbono negro que pode acelerar o recuo das geleiras.

As geleiras dos Andes tropicais estão passando por uma rápida redução, com potenciais impactos ambientais, culturais e econômicos para as populações locais, alerta um artigo científico publicado na revista Remote Sensing por especialistas da iniciativa MapBiomas Amazônia em colaboração com a Universidade Nacional Agrária La Molina, o Instituto de Pesquisas em Glaciares e Ecossistemas de Montanha, ambos do Peru, e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do Brasil.

O estudo aponta que entre 1990 e 2020 foi constatada uma perda de 42% da cobertura das geleiras tropicais andinas, que passou de um máximo de 2.429,38 km2 para apenas 1.409,11 km2. O recuo registrado nas últimas três décadas equivale a quase metade da extensão das geleiras tropicais andinas registrada em 1990.

Esse crescimento sem precedentes da perda de geleiras, tanto em extensão quanto em volume, pode ser atribuído às mudanças climáticas e a fatores não climáticos como o aumento das queimadas florestais nos últimos anos na Amazônia, que geram carbono negro que pode acelerar o recuo das geleiras ao entrar na superfície das geleiras.

“A queima das florestas gera carbono negro, que acelera o recuo das geleiras quando entra em contato com sua superfície”, explica Efrain Turpo, que liderou o estudo. Turpo destaca que a perda de geleiras afeta a integridade dos ecossistemas que dependem do ciclo da água, agricultura, abastecimento de água potável, geração de eletricidade, turismo, entre outros. Maria Olga Borja, coautora do artigo, reforça a importância de reduzir as emissões que se originam na destruição de florestas para dar lugar a outros usos da terra, como agricultura e pecuária. O estudo ressalta ainda a urgência de os governos nacionais tomarem medidas decisivas para combater a crise climática, incluindo políticas e programas de adaptação às alterações climáticas, nomeadamente em bacias com geleiras, de forma a reduzir os impactos do degelo.

As geleiras tropicais andinas estão localizadas entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio (entre as latitudes 23N e 23S) dentro da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). O ritmo de mudança é rápido, com uma perda média anual de 28,42 km2. As mais afetadas foram as geleiras que estão a menos de 5.000 metros acima do nível do mar, que em 30 anos perderam quase 80,25% de sua área. A aceleração foi mais significativa a partir de 1995, quando a perda da Bacia Amazônica supera a de outras bacias. Em 2020 elas possuíam uma área aproximada de 869,59 km2.

Ao cobrir toda a região dos Andes tropicais em 36 anos de mapeamento anual, este estudo do MapBiomas Amazônia pode ser considerado o mais abrangente atualmente disponível, diz Raúl Espinoza, coautor do trabalho.

Os países mais afetados

As geleiras tropicais andinas estão presentes, com extensões muito variadas, em todos os países andinos. Aqueles com as maiores áreas são Peru (72,76%), Bolívia (20,35%) e Equador (3,89%). As maiores áreas glaciais, 44,75% do total, ocorrem na faixa entre -14° a -10° latitude, que contém as Cordilheiras Peruanas Blanca, Vilcanota, Vilcabamba e Urubamba. Nesses países, o recuo das geleiras em 2020 em relação a 1990 foi de 41,19% no Peru, de 42,61% na Bolívia e de 36,37% no Equador.

Colômbia, Chile e Argentina juntos respondem por 6,89% da cobertura das geleiras tropicais andinas (3,89%, 2,18%, 0,78% e 0,04%, respectivamente). A Venezuela tem percentual inferior a 0,01%, ou cerca de 0,03 km2. Apesar disso, teve uma perda de cobertura em 2020 em relação a 1990 de 96,93%. Na Colômbia, esse percentual foi de 60,19%; no Chile, de 47,24%; e na Argentina, de 45,47%.

Além dos impactos ambientais e econômicos, a retração das geleiras leva à perda de bens culturais, uma vez que as montanhas nevadas são de especial valor para as populações locais. “As populações dos países andinos vivem ainda hoje uma simbiose única entre o telúrico, o emocional e o natural, de modo que suas montanhas nevadas ao longo da Cordilheira dos Andes formam parte de sua visão de mundo, envolvendo mitos, lendas e práticas sociais e culturais ancestrais que sobrevivem até hoje, então a perda das geleiras representa um impacto em sua vida material e simbólica cotidiana”, aponta o sociólogo Raúl Borja Núñez.

Metodologia

Espinoza destaca a abordagem metodológica inovadora utilizada, uma vez que a extensão das geleiras foi derivada por meio de algoritmos de classificação semiautomatizados aplicados a dados de satélite. Ele afirma que isso tem sido possível graças aos avanços em termos de acessibilidade e continuidade temporal dos dados de satélite e ao desenvolvimento de plataformas de computação em nuvem.

“A análise do MapBiomas Amazônia apresenta uma nova compreensão das mudanças que as geleiras estão experimentando anualmente em diferentes áreas da cordilheira tropical dos Andes, conhecimento que é vital para uma melhor gestão dos recursos hídricos e adaptação às mudanças climáticas das populações andinas”, afirma Maria Olga Borja, coautora do artigo. Graças aos avanços nos últimos anos na acessibilidade e continuidade temporal dos dados de satélite e no desenvolvimento de plataformas de computação em nuvem, como o Google Earth Engine, foi possível mapear a evolução histórica da mudança das geleiras.

O MapBiomas Amazônia utiliza tecnologia de ponta para monitorar as mudanças no uso da terra na Bacia Amazônica e monitorar as pressões sobre suas florestas e ecossistemas naturais. Essa iniciativa resulta da colaboração da Rede MapBiomas, com sede no Brasil, e da Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (RAISG), que reúne organizações civis de seis países amazônicos.

Leia o artigo completo em: https://www.mdpi.com/2072-4292/14/9/1974/htm (acesso aberto). Saiba mais sobre o projeto MapBiomas Amazônia aqui: https://amazonia.mapbiomas.org/. (ecodebate)

Perda de gelo nos Andes ameaça Bacia Amazônica

A perda de gelo nos Andes, uma das maiores cadeias de montanhas do mundo, tem um impacto significativo na Bacia Amazônica, a maior floresta tropical do mundo.

Estudo do MapBiomas Amazônia aponta que as Geleiras dos Andes tropicais encolheram 42% entre 1990 e 2020, passando de um máximo de 2.429,38 km2 para apenas 1.409,11 km2. Esse crescimento sem precedentes da perda de geleiras, tanto em extensão quanto em volume, pode ser atribuído às mudanças climáticas e a fatores não climáticos como o aumento das queimadas florestais nos últimos anos na Amazônia, que geram carbono negro que pode acelerar o recuo das geleiras.

Esta perda de gelo é uma grande ameaça porque os Andes fornecem água para a Bacia Amazônica por meio de rios e riachos que fluem da montanha para a floresta. À medida que o gelo derrete, esses rios e riachos estão se tornando mais irregulares, com períodos de seca mais longos e inundações mais frequentes.

Essas mudanças estão tendo um impacto negativo no ecossistema da Bacia Amazônica. As secas estão causando a morte de árvores e plantas, enquanto as inundações estão destruindo habitats e levando à erosão do solo.

Os cientistas estimam que a perda de gelo nos Andes poderia reduzir o fluxo de água para a Bacia Amazônica em até 20%. Isso teria um impacto devastador na floresta, que é essencial para o clima global.

A Bacia Amazônica é um importante sumidouro de carbono, absorvendo grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera. A perda de gelo nos Andes poderia levar a um aumento nas emissões de gases de efeito estufa, o que agravaria as mudanças climáticas.

O governo brasileiro, que é responsável pela maior parte da Bacia Amazônica, está tomando algumas medidas para mitigar os impactos da perda de gelo nos Andes. O governo está investindo em projetos de reflorestamento e conservação para ajudar a proteger a floresta.

No entanto, mais ação é necessária para proteger a Bacia Amazônica. Os governos de outros países da América do Sul, que também são afetados pela perda de gelo nos Andes, precisam se unir para encontrar soluções para esse problema global. (ecodebate)

Corresponsabilidade ambiental pela geração e destinação de resíduos

É o que se convencionou chamar, no mercado, de corresponsabilidade ambiental. Ou seja, a empresa mantém-se vinculada ao resíduo por ela gerado até sua transformação ou destinação final, podendo ser penalizada caso seja detectada alguma irregularidade nesses processos.
A empresa geradora de resíduos é ambientalmente responsável por todas as etapas de processamento até sua destinação final

A responsabilidade ambiental de qualquer empresa geradora de resíduos é uma obrigação legal que pode ser compartilhada, mas jamais integralmente transferida a um parceiro. Dessa forma, é fundamental que empresas tenham fornecedores especializados nos serviços de coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos e líquidos para lidar especificamente com essa questão.

Há, inclusive, uma legislação que trata do tema. Assim, toda empresa que deixar de gerir e destinar corretamente seus resíduos e efluentes será severamente punida, até mesmo na esfera criminal.

De acordo com o Grupo Opersan, empresa de soluções ambientais para o tratamento de águas e efluentes, o que muitas empresas ainda desconhecem é que a responsabilidade dos geradores de resíduos não é automaticamente transferida para o parceiro fornecedor de serviços ambientais, mas sim compartilhada com ele.

É o que se convencionou chamar, no mercado, de corresponsabilidade ambiental. Ou seja, a empresa mantém-se vinculada ao resíduo por ela gerado até sua transformação ou destinação final, podendo ser penalizada caso seja detectada alguma irregularidade nesses processos.

O Grupo Opersan reforça que é de extrema importância que toda empresa geradora de resíduos busque parceiro confiável, com domínio técnico e credibilidade no mercado, com certificações que atestem sua qualificação nesse campo. “Para preservar a integridade das condições operacionais de uma empresa, é preciso cumprir a legislação ambiental”, pontua o grupo.

Tanto a empresa geradora quanto aquelas contratadas para fornecer solução de manuseio, tratamento e destinação final são igualmente responsabilizadas por qualquer infração que envolva resíduos gerados.

Isso significa que, mesmo após a coleta de resíduos, a empresa geradora continua legalmente responsável pelo resíduo originado das suas operações até a destinação final.

Desenvolvimento sustentável: descubra a relação entre gestão de resíduos e economia circular.

As leis de responsabilidade ambiental compartilhada

– A Constituição Federal estabelece em seu artigo 225, §3º, que todos os infratores devem responder pelos danos ambientais, como pessoa jurídica e pessoa física;

– Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) estabelecem como princípio norteador de atuação a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e seus resíduos;

– Lei de Crimes Ambientais que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente; em especial, Artigos 2, Artigo 3, Artigo 15, alíneas o e r, Artigo 54, Artigo 66 e Artigo 67.

Gestão correta dos resíduos 

Primeiramente, toda empresa contratante precisa conhecer bem as normas que regem esta atividade e as melhores práticas de gestão de resíduos para poder aplicar em sua operação e selecionar seu fornecedor com segurança e critérios consistentes.

Em se tratando da gestão de resíduos, sólidos ou líquidos, há quatro fases cruciais que devem ser observadas, cada qual abrangendo um conjunto específico de ações:

Geração: Determine o tipo e a quantidade dos resíduos gerados para dimensionar a melhor forma de dar sequência ao processo de tratamento; esta informação permite escolher uma empresa que demonstre capacidade técnica e operacional específicas para lidar com todo o resíduo gerado. Além disso, é importante realizar estudos para promover reduções do volume e do grau de agressividade ao meio ambiente, reduzindo desde esta fase o impacto da indústria na natureza.

Armazenamento: Após a geração do resíduo, providencie o armazenamento em equipamentos adequados para que possam ser coletados posteriormente pelo transportador. O local de armazenamento deve ser dimensionado de acordo com o tipo e quantidade de resíduo, sendo obrigatória a aplicação de estruturas que garantam a integridade do meio ambiente, como contenções impermeabilizadas. É recomendado prever fácil acesso, visando agilizar a coleta e diminuir as chances de acidentes nesta etapa.

Coleta e transporte: Devem ser realizados por empresas devidamente licenciadas, de acordo com o tipo de resíduo a ser removido, com equipamentos que apresentem capacidade de acondicionamento adequado e que atendam aos requisitos das normas técnicas aplicáveis, garantindo a segurança desde o local onde os resíduos são armazenados até onde serão processados.

Transformação: É quando os resíduos são adequadamente tratados para neutralizar seu potencial de poluição. O tratamento de resíduos consiste no conjunto de métodos e operações unitárias necessárias para garantir que os contaminantes presentes sejam degradados, removidos ou neutralizados, atendendo à legislação vigente para cada tipo de resíduo e disposição final adotada. O sucesso desta etapa depende de fatores como a escolha da correta rota de tratamento, com estrutura que atenda às normas técnicas, garantindo um processo estável. Para que se operem estações de tratamento de resíduos sólidos e líquidos de forma controlada e ambientalmente segura, é necessário profundo conhecimento técnico sobre o tema, bem como constante monitoramento do sistema.

Eliminação: A matéria residual deve ser descartada adequadamente, novamente, de acordo com os parâmetros da natureza. É importante ressaltar que até mesmo um aterro deve ser devidamente registrado e regularizado para evitar problemas mesmo após todo o trabalho de coleta, transporte e tratamento.

Com o cumprimento de todas as normas e etapas, as empresas envolvidas são preservadas assim como o meio ambiente e as comunidades potencialmente impactadas pelas empresas.

Reciclagem de efluentes: uma opção cíclica para um tratamento eficiente.

Como contratar uma empresa de tratamento de resíduos 

Avaliar criteriosamente a forma como a empresa de tratamento opera dentro das etapas descritas anteriormente é essencial para evitar eventuais problemas junto aos reguladores governamentais. Além disso, a empresa deve examinar os seguintes pontos:

Reconhecimento: Cabe verificar o histórico da empresa, buscar referências entre clientes assim como junto aos órgãos ambientais.

Credenciamento: Cheque as certificações e credenciais, verifique se possui todas as licenças necessárias para operar dentro das normas.

Visita técnica: Leve um especialista de sua própria empresa para conferir as instalações e verificar se o fornecedor tem condições de atender de forma eficaz.

Destinação final de resíduos: Confira se os locais de destinação final dos refugos tratados são legalizados e atendem às normas e leis.

Corresponsabilidade ambiental: A empresa geradora de resíduos é ambientalmente responsável por todas as etapas de processamento até sua destinação final.

CDF: Cheque se a empresa emite o Certificado de Destinação Final (CDF), comprovando que todos os resíduos foram tratados e receberam a destinação correta. (ecodebate)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Desafios do Marketing no Século XXI: Mudanças Climáticas

Precisamos de uma abordagem ao nosso pensamento que integre a viabilidade econômica de determinadas tecnologias e sistemas de produção e consumo, tendo em conta o seu significado social e o seu impacto ambiental

Embora a venda pessoal seja um meio de comunicação interativo que permite o engajamento bidirecional com os consumidores e outros stakeholders, os meios de marketing convencionais são principalmente sobre a disseminação unidirecional de informações em vez de interação e construção de relacionamento (BELZ; PEATTIE, 2012; RODRIGUES, 2021-23).

A noção limitada e unidirecional da comunicação do mix de marketing tradicional tem dado lugar há muito tempo a valorização da importância da comunicação bidirecional com consumidores. Para a sustentabilidade de marketing, a comunicação é tanto uma parte vital do mix de marketing quanto para os profissionais de marketing convencional (BELZ; PEATTIE, 2010; RODRIGUES, 2021).

O ano 2000, início de um novo século e, na verdade, de um novo milênio, proporcionou uma oportunidade para refletir sobre o estado do mundo e as perspectivas futuras para a humanidade. O rápido aumento populacional, as mudanças tecnológicas e o crescimento econômico sem precedentes do século XX combinaram uma série de desafios para o novo século, incluindo as mudanças climáticas.

Mudanças climáticas. Uma consequência do crescimento econômico do século XX e da queima de combustíveis para fornecer grande parte da energia que impulsionou nossas economias foi o lançamento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Durante o século XX, cresceu a preocupação com o papel do CO2 como um gás de efeito estufa que retém a energia recebida do sol (combinada com outros gases de efeito estufa, como o metano liberado tanto por processos naturais quanto pela atividade humana) e seu potencial para elevar a temperatura média global de maneiras que perturbarão cada vez mais os sistemas climáticos globais, resultando em mudanças potencialmente desastrosas.

Assim sendo, durante a última década do século XX, as mudanças climáticas evoluíram rapidamente de uma teoria científica sobre o futuro para se tornar uma preocupação atual primária de ambientalistas, políticos, economistas e líderes empresariais.

Em 2021, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) produziu seu sexto relatório. O sexto relatório é uma versão mais atualizada da série de grandes documentos que o IPCC vem produzido desde 1990, que reúne os mais recentes conhecimentos sobre mudanças climáticas, as ameaças que já estamos enfrentando hoje, e o que podemos fazer para limitar o aumento de temperatura ainda maiores que causarão perigos para todo o planeta.

Embora as alterações climáticas sejam apenas uma das muitas fontes de preocupação ambiental, em 2000 estavam a emergir como a mais importante.

As alterações climáticas tornaram-se uma questão que juntou muitos dos outros desafios que a humanidade enfrenta como causa ou efeito. As alterações no nosso clima terão um impacto profundo na distribuição e disponibilidade de abastecimento de água e na viabilidade dos sistemas de produção de alimentos, e são suscetíveis de exacerbar a perda de espécies que não conseguem adaptar-se e de danificar ainda mais os frágeis ecossistemas.

Muitos dos impactos mais severos das mudanças climáticas serão experimentados por aqueles em países mais pobres, e isso provavelmente aumentará sua vulnerabilidade a problemas de saúde. A saúde também será afetada nos países mais ricos do hemisfério norte, já que o aquecimento das temperaturas leva a mudanças no padrão e na prevalência de doenças.

O influente relatório de 2006 do economista Sir Nicholas Stern sobre a mudança examina o desafio não simplesmente como um desafio ambiental e humanitário iminente, mas em termos econômicos. E conclui que “ainda há tempo para evitar os piores impactos das alterações climáticas, se tomarmos medidas fortes agora”, referindo-se à necessidade de investir 1% do PIB global por ano para evitar sofrer os efeitos mais graves das alterações climáticas que podem encolher à força a economia global até 20%.

O relatório Stern retratou as alterações climáticas como susceptíveis de provocar a maior e mais ampla falha de mercado alguma vez vista, a menos que atuemos tanto para evitar o seu agravamento como para nos adaptarmos às mudanças que não podem ser evitadas.

Algumas das respostas às mudanças climáticas também ilustram as limitações de uma dependência excessiva de novas tecnologias ou mecanismos de mercado para fornecer soluções para tais desafios. Diante das evidências crescentes sobre os efeitos potencialmente desastrosos das mudanças climáticas, tem havido uma corrida para desenvolver tecnologias alternativas que permitam que os estilos de vida e padrões de consumo e desenvolvimento existentes permaneçam relativamente inalterados, enquanto mudam as tecnologias de produtos e produção para reduzir seu impacto no clima.

Por exemplo, mudança para carros movidos a biocombustível com a expectativa de que, como as plantas absorvem carbono à medida que crescem, isso compensará o carbono liberado quando o combustível é queimado, criando um combustível neutro em carbono. Esse ideal levou à promoção entusiástica do etanol à base de milho, particularmente nos Estados Unidos, onde a lei Renewable Fuel Standard exigiu que as refinarias do país misturassem nove bilhões de galões de biocombustíveis no suprimento nacional de combustível durante 2008.

Deste modo, a corrida aos biocombustíveis foi parcialmente responsável pelo aumento dos preços dos alimentos, que levou a tumultos nas ruas de cidades do México e de outros países mais pobres. Os benefícios ambientais dos biocombustíveis também têm sido questionados por meio de estudos que mostram que o óleo usado para cultivar e processar o milho e, portanto, embutido no etanol, o torna contribuinte mais do que uma solução para as mudanças climáticas (CRUTZEN et al., 2007). Também são necessários cerca de 1700 litros de água para criar um litro de etanol.

A história dos biocombustíveis demonstra que enfrentar os desafios do século XXI não será alcançado através do desenvolvimento de tecnologias individuais ou tipos específicos de mercado que abordem problemas específicos.

Em vez disso, precisamos de uma abordagem ao nosso pensamento que integre a viabilidade econômica de determinadas tecnologias e sistemas de produção e consumo, tendo em conta o seu significado social e o seu impacto ambiental, de uma forma muito mais holística. (ecodebate)

A população dos Estados Unidos deve começar a decrescer em 2081

População de USA em 2100.

Pela primeira vez as projeções oficiais dos Estados Unidos da América (EUA) indicam uma perspectiva de decrescimento demográfico no país.

A população dos EUA está estimada em 335 milhões de habitantes em 2023, deve crescer até 370 milhões de habitantes em 2080, para iniciar uma fase de decrescimento demográfico para 366 milhões de habitantes em 2100, segundo as novas projeções do US Census Bureau (o IBGE dos EUA), divulgadas no dia 08 de novembro de 2023.

O gráfico abaixo, com base nos novos dados do US Census Bureau, mostra a variação anual da população, o crescimento vegetativo (nascimentos – óbitos) e a migração líquida. Em 2023, o número de nascimentos está estimado em 3,63 milhões, o número de óbitos em 2,86 milhões, representando um crescimento vegetativo de 766 mil novos habitantes. A migração líquida (saldo entre imigração e emigração) está estimada em 853 mil pessoas. Portanto, os EUA vão apresentar um crescimento demográfico de 1,62 milhão de habitantes em 2023.

Em 2038, a população americana será de 354 milhões de habitantes, com 3,620 milhões de nascimentos e 3,633 milhões de óbitos. Portanto, será o primeiro ano com crescimento vegetativo negativo de 13 mil pessoas. Porém, a migração líquida será de 903 mil pessoas. Desta forma, o crescimento demográfico será de 890 mil pessoas (linha verde do gráfico).

O ano de 2080 será o último com crescimento demográfico positivo nos EUA, mas com um aumento de apenas 7 mil pessoas.

Em 2081, com 370 milhões de habitantes, os EUA terão 3,24 milhões de nascimentos, 4,23 milhões de óbitos e um decrescimento vegetativo de 998 mil pessoas. Com a migração líquida de 975 mil pessoas, os EUA terão um decrescimento demográfico de 23 mil pessoas.

Em 2100, os EUA terão uma população de 366 milhões de habitantes, com 3,13 milhões de nascimentos, 4,35 milhões de óbitos e decrescimento vegetativo de 1,23 milhão de pessoas. Com a migração líquida está prevista em 944 mil pessoas, o país terá uma redução de 283 mil habitantes.

Portanto, a imigração tem e terá um papel decisivo na dinâmica demográfica dos EUA. O gráfico abaixo, também com dados das projeções do US Census Bureau, mostra diferentes cenários da migração líquida nos EUA. Os números apresentados anteriormente são da projeção média (a mais provável), com a população americana em 2100 de 366 milhões de habitantes.

Em um cenário de alta imigração a população americana em 2100 seria de 435 milhões de habitantes. Em um cenário de baixa migração a população ficaria em 319 milhões de habitantes (menos do que em 2023). Em um cenário de migração líquida zero, a população dos EUA cairia para 226 milhões de habitantes.

Os EUA tinham uma população de 158 milhões de habitantes em 1950 e de 310 milhões em 2010. Portanto, dobrou de tamanho em 60 anos. Nas projeções da Divisão de População da ONU, divulgadas em 2010, se estimou um contingente de quase 500 milhões de habitantes em 2100. Porém, as novas estimativas (revisão 2022) indicam, na projeção média, um montante pouco abaixo de 400 milhões de habitantes em 2100. Houve, portanto, redução do ritmo de incremento populacional.

As novas projeções do US Census Bureau indicam um ritmo de variação populacional ainda menor. Mas os EUA continuam sendo o maior país do continente americano e o 3º mais populoso do mundo, além de ser o 4ª país em extensão territorial com 9,3 milhões de km2, possuindo uma densidade demográfica de 37 habitantes por km2. Na segunda metade do século XXI, os EUA serão superados pelas populações da Nigéria, Paquistão e República Democrática do Congo.

População de USA entre 1950 e 2100.

Historicamente, os EUA são os responsáveis pela maior quantidade de emissão de gases de efeito estufa, embora tenham sidos ultrapassados pela China nas emissões correntes. São também um dos países que apresentam uma grande Pegada Ecológica per capita. Neste sentido, a redução do ritmo de crescimento populacional e o decrescimento demográfico ao longo do século XXI será um fator de alívio para o meio ambiente. (ecodebate)

Telefónica pretende reduzir em 90% suas emissões até 2030

Compromisso permitirá atingir emissões líquidas zero até 2040, incluindo a sua cadeia de valor.
A Telefónica anunciou que pretende alcançar uma redução de 90% em suas emissões operacionais globais (escopo 1 e 2), além de 56% em toda a sua cadeia de valor. A operadora antecipa, assim, suas previsões ao atingir uma redução de 80% em 2022, oito anos antes do previsto. Este compromisso permitirá atingir emissões líquidas zero até 2040, incluindo a sua cadeia de valor. O anúncio foi feito durante a abertura do 14º workshop global de energia e mudanças climáticas.

A diretora de sustentabilidade da Vivo, marca comercial da Telefônica Brasil, Joanes Ribas, destacou que a empresa reduziu suas próprias emissões em 88% nos últimos sete anos, graças ao uso de energia 100% renovável e biocombustíveis em suas operações, além de programas de eficiência e melhoria operacional.

A Vivo compensa todas as emissões diretas que não pode evitar com projetos de conservação da Amazônia. Para alcançar o desafio global de emissões líquidas zero até 2040, está desenvolvendo um trabalho sólido em sua cadeia de valor, junto aos seus 125 fornecedores mais intensivos em emissões, para que realizem seus inventários e assumam compromissos ambientais.

O Grupo Telefónica conseguiu reduzir, em 2022, o consumo de energia em 7,2% em comparação com 2015, mesmo com o tráfego gerenciado por suas redes aumentando 7,4 vezes. Para alcançar isso, foram determinantes a implementação de projetos de eficiência energética e contar com 82% do consumo global de eletricidade proveniente de fontes renováveis, 100% no Brasil, Europa, Peru e Chile.

Para garantir o cumprimento de seus objetivos a curto, médio e longo prazo, a Telefónica, também, possui um plano de ação climática, aprovado pelo conselho de administração, no qual estabelece objetivos e medidas respaldados pela ciência para apoiar sua transição para uma economia com baixa emissão de carbono. Esse plano permite que a mesma seja mais eficiente e resiliente, aproveitando as oportunidades de uma economia descarbonizada. A empresa está ciente de seu papel como motor de mudança na economia e nas sociedades em que opera, uma vez que as transições verde e digital caminham juntas, apoiando seus clientes em seus próprios objetivos de descarbonização com conectividade e soluções digitais. (canalenergia)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Cidades brasileiras já enfrentam riscos climáticos significativos

Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Santos são cidades consideradas com alta vulnerabilidade às mudanças climáticas na costa brasileira, e ações de adaptação e índices de vulnerabilidade estão sendo desenvolvidos.
Secas, fortes precipitações, enchentes urbanas e calor extremo são considerados os principais fatores climáticos de atenção mapeados entre as cidades do país. Famílias de baixa renda e idosos são os grupos mais afetados.

Das 105 cidades brasileiras que reportaram seus dados climáticos no último ano para o CDP, maior plataforma mundial para acompanhamento de dados ambientais de empresas, cidades, estados e regiões, 93 (89%) afirmaram enfrentar riscos climáticos significativos e 40 (38%) reportaram que os fatores mapeados em suas regiões serão mais intensos no futuro.

Considerando um universo de 100 cidades brasileiras, foram identificados 283 riscos climáticos, sendo as secas o principal (18%), seguido de fortes precipitações (11%) e enchentes urbanas (11%). Na quarta posição está calor extremo (10%) que, no levantamento global, foi apontado como o pior risco climático para 51% das cidades do mundo todo.

O mês de julho foi considerado o mais quente da história, e de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, no mês de setembro quatro capitais bateram o recorde de temperatura do ano. Números do DataSus mostram que em Manaus, diante das queimadas e da seca dos rios, foram registradas mais de 7 mil internações por doenças respiratórias de janeiro a julho de 2023.

“Nesse cenário de aumento na frequência de eventos climáticos extremos, como secas, incêndios e chuvas torrenciais, o que nos alerta é que somente uma em cada dez cidades brasileiras têm algum tipo de planejamento climático estruturado. É extremamente urgente a implementação de ações sólidas de transição e mitigação, pois estamos cruzando uma linha que pode ser irreversível”, afirma Maria Clara Nascimento, Coordenadora de Cidades, Estados e Regiões do CDP Latin America.

No total, 55 cidades brasileiras estão colocando em prática iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Foram reportadas 217 ações e políticas, sendo que o setor de transporte lidera a lista, com 65 projetos, seguido de resíduos com 50, energia com 44, e agricultura, silvicultura e uso da terra com 31.

Um exemplo de medidas para combater a mudança do clima e seus impactos é a implementação da utilização de biodiesel em toda a frota de ônibus municipal na cidade de Fortaleza (CE). De acordo com um levantamento feito pela equipe da cidade, as emissões de Gases de Efeito Estufa de Fortaleza durante o ano de 2018 totalizaram o quantitativo de 4.5 toneladas métricas de CO2e (tCO2e), sendo o setor de transporte o principal contribuinte para as emissões de gases poluentes para o meio ambiente. Assim, este projeto pretende reduzir 1.9 toneladas de gases de efeito estufa até 2030, o que representa uma redução de 42,2% das emissões totais do município.

Já São José dos Campos, no interior de São Paulo, é referência em projeto de reflorestamento para adaptação climática ao adotar o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), mecanismo de valorização para os benefícios gerados pelos ecossistemas e pela biodiversidade, como proteção do solo, produção de água e estocagem de carbono.

Cerca de 43% das cidades reconhecem que os riscos climáticos devem se intensificar no futuro, o que pode agravar ainda mais a vulnerabilidade de algumas populações. No Brasil, as famílias de baixa renda foram elencadas por 58% dos municípios como o grupo a ser mais afetado com a materialização dos riscos climáticos, seguidos de idosos (32%), comunidades marginalizadas (28%) e crianças (25%). (ecodebate)

Árvores urbanas são aliadas no enfrentamento das mudanças climáticas

A arborização urbana exerce fundamental importância, por ser a forma mais eficaz de mitigar os poluentes emitidos, garantindo ar mais puro e, como resultado, melhoria na saúde respiratória e alívio psicológico.
Os eventos climáticos que temos visto no mundo e, em especial, aqui no Brasil, são evidências mais do que claras de que o nosso planeta está febril

As tão anunciadas mudanças do clima, de fato, já se instalaram, de modo que o futuro é agora e nossas ações hoje serão muito importantes para que essa e as próximas gerações sintam com menos intensidade toda essa transformação. Uma dessas ações está diretamente ligada à arborização urbana.

Contudo, infelizmente, quando se pensa em árvores nas grandes cidades, logo se imagina problemas, quedas e estragos. Foi assim nesta última tempestade tropical que a cidade de São Paulo presenciou, quando as árvores foram consideradas as vilãs do caos vivido.

A ideia deveria ser completamente oposta. A arborização urbana exerce fundamental importância, por ser a forma mais eficaz de mitigar os poluentes emitidos, garantindo ar mais puro e, como resultado, melhoria na saúde respiratória e alívio psicológico. Igualmente relevante, ela também se mostra essencial para amenizar impactos causados pelas mudanças climáticas, ao diminuir as ilhas de calor, o que, inclusive, traz conforto e bem-estar. Para tudo isso acontecer, porém, ela precisa constar no planejamento das cidades.

Nas metrópoles, há um problema intrínseco com relação à arborização urbana, uma vez que a árvore tem sempre que lidar com os conflitos e obstáculos da cidade, como a fiação aérea, calçadas estreitas, espaços de plantio inadequados, além da falta de manutenção e de manejo adequado. Soma-se ainda os insuficientes investimentos e capacitação de pessoal para atuar nesse tipo de serviço.

A consequência de tudo isso são as podas erradas, incluindo a de raiz, sufocamento do colo da árvore e má escolha de espécies a serem plantadas no viário, mesmo com estudos e dados científicos à disposição para evitar esse equívoco. O resultado é o que vimos recentemente na capital paulista.

Não bastasse tamanhos obstáculos, temos ainda as grandes edificações, construídas muito próximas umas das outras, o que geram corredores de vento com velocidades acima de 120 km/h, e que facilmente acarretam quedas das árvores.

O caos vivido recentemente deve servir como alerta para que os (as) gestores (as) públicos(as) mudem e possam dar a devida atenção para a arborização urbana. As árvores não podem ser lembradas apenas quando caídas.

Elas devem ser preservadas como pilares para a garantia de ar limpo, frescor e boas sombras, especialmente em dias de elevadas temperaturas, com recordes que acompanham toda essa mudança climática.

É, assim, necessário um olhar diferenciado do poder público para esse tema, pois as árvores são nossas aliadas nesta história. (ecodebate)

Calor extremo causou mais de 70 mil mortes na Europa em 2022

Calor extremo pode ter causado mais de 70 mil mortes prematuras na Europa em 2022.
Um novo estudo feito pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), na Espanha, revisou dados de um levantamento sobre mortes de calor em 2022. O primeiro artigo, publicado na revista Nature Medicine em julho de 2023, indicava que 62.862 pessoas faleceram devido a temperaturas altas.

No auge da onda de calor na Europa, as anomalias de temperatura atingiram picos de +4ºC na Itália, França e Espanha.

O ônus da mortalidade relacionada ao calor durante o verão de 2022 na Europa pode ter excedido 70.000 mortes, de acordo com um estudo liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), um centro de pesquisa apoiado pela Fundação “la Caixa”, em colaboração com o Centro de Supercomputação de Barcelona (BSC).

Os autores do estudo, publicado no The Lancet Regional Health – Europa, revisaram para cima as estimativas iniciais da mortalidade associada a temperaturas recordes em 2022 no continente europeu.

Em um estudo anterior, publicado na Nature Medicine, a mesma equipe usou modelos epidemiológicos aplicados a dados semanais de temperatura e mortalidade em 823 regiões em 35 países europeus e estimou que o número de mortes prematuras relacionadas ao calor em 2022 era de 62.862. Nesse estudo, os autores reconheceram que o uso de dados semanais seria esperado para subestimar a mortalidade relacionada ao calor, e apontaram que os dados diários da série temporal são necessários para estimar com precisão o impacto de altas temperaturas na mortalidade.

O objetivo do novo estudo foi desenvolver um referencial teórico capaz de quantificar os erros decorrentes do uso de dados agregados, como a temperatura semanal e mensal da série. Os modelos baseados em dados temporalmente agregados são úteis porque os dados agregados estão disponíveis em tempo real de instituições como o Eurostat, facilitando a quantificação do risco para a saúde dentro de alguns dias após a sua emergência.

Para desenvolver um quadro teórico, a equipe de pesquisa agregou temperaturas diárias e registros de mortalidade de 147 regiões em 16 países europeus. Eles então analisaram e compararam as estimativas de mortalidade relacionada ao calor e ao frio por diferentes níveis de agregação: diariamente, semanalmente, 2 semanas e mensalmente.

A análise revelou diferenças nas estimativas epidemiológicas de acordo com a escala de tempo de agregação. Em particular, verificou-se que modelos semanais, 2 semanais e mensais subestimaram os efeitos do calor e do frio em relação ao modelo diário, e que o grau de subestimação aumentou com o comprimento do período de agregação. Especificamente, para o período 1998-2004, o modelo diário estimou uma mortalidade anual por frio e calor de 290.104 e 39.434 mortes prematuras, respectivamente, enquanto o modelo semanal subestimou esses números em 8,56% e respectivamente.

“É importante notar que as diferenças foram muito pequenas durante períodos de frio extremo e calor, como o verão de 2003, quando a subestimação pelo modelo de dados semanal foi de apenas 4,62%”, explica Joan Ballester Claramunt, pesquisadora do ISGlobal que lidera o projeto EARLY-ADAPT do Conselho Europeu de Pesquisa.

A equipe usou esse quadro teórico para revisar a carga de mortalidade atribuída às temperaturas recordes experimentadas em 2022 em seu estudo anterior. De acordo com os cálculos feitos utilizando a nova abordagem metodológica, esse estudo subestimou a mortalidade relacionada ao calor em 10,28%, o que significaria que a carga real de mortalidade relacionada ao calor em 2022, estimada pelo modelo de dados diário, foi de 70.066 mortes e não 62.862 mortes como originalmente estimado.

Usando dados semanais para analisar os efeitos das temperaturas a curto prazo

“Em geral, não encontramos modelos baseados em dados agregados mensais úteis para estimar os efeitos a curto prazo das temperaturas ambientais”, explica Ballester. “No entanto, os modelos baseados em dados semanais oferecem precisão suficiente nas estimativas de mortalidade para serem úteis na prática em tempo real na vigilância epidemiológica e para informar políticas públicas como, por exemplo, a ativação de planos de emergência para reduzir o impacto das ondas de calor e períodos de frio”.

É uma vantagem nesta área de pesquisa poder usar dados semanais, uma vez que os pesquisadores muitas vezes encontram obstáculos burocráticos que dificultam ou são impossíveis de projetar estudos epidemiológicos em larga escala com base em dados diários. Segundo Ballester, quando os dados diários não estão disponíveis, o uso de dados semanais, que são facilmente acessíveis para a Europa em tempo real, é uma solução que pode oferecer “uma boa aproximação das estimativas obtidas usando o modelo de dados diário”.

“A agregação de dados de mortalidade no nível semanal tem implicações importantes para a concepção de sistemas de alerta precoce de saúde, orientados para o clima sustentável usando dados disponíveis publicamente”, diz a professora Rachel Lowe, professora de pesquisa da ICREA, líder do Grupo de Resiliência em Saúde Global do BSC e diretora da Lancet Countdown na Europa.

O mês de julho de 2022 foi caracterizado por ondas de calor intensas e, em algumas partes, prolongadas, que afetaram a Europa e o resto do mundo, quebrando vários recordes de temperatura do ar. Tal como relatado no último Boletim Climático publicado pelo Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S), julho de 2022 foi um dos três julhos mais quentes alguma vez registrados a nível mundial e o sexto julho mais quente para a Europa. Esta imagem, criada a partir de dados recuperados do C3S, mostra a anomalia da temperatura do ar na superfície para junho de 2022. Conforme destacado pela cor vermelha sombreada mais escura, as anomalias de temperatura atingiram picos de +4ºC em Itália, França e Espanha. (ecodebate)

Degradação florestal na Amazônia afeta área três vezes maior que desmatamento

Entre março de 2023 e de 2024, INPE detectou aviso de degradação para 20,4 mil km², maior que os 18 mil km² do período anterior. É necessári...