domingo, 29 de novembro de 2020

Chuvas irregulares recuperação dos rios no Pantanal será mais lenta

Com chuvas irregulares, recuperação dos níveis dos rios no Pantanal pode ser mais lenta.

Com chuvas irregulares, recuperação dos níveis dos rios no Pantanal pode ser mais lenta, segundo prognóstico do Serviço Geológico do Brasil.
Boletim semanal atualizado em 05/11/20 mantém tendência de recuperação dos níveis dos rios no MT e MS mesmo com o atraso do período chuvoso na região.

O Serviço Geológico do Brasil publicou em 05/11/20 novo boletim semanal de monitoramento da vazante no Pantanal. Na última semana, a tendência geral foi de recuperação de níveis na calha principal do rio Paraguai. Acesse aqui último boletim: http://www.cprm.gov.br/sace/paraguai/ultimo_boletim.php

De acordo com o pesquisador em Geociências, Marcus Suassuna, as chuvas observadas neste mês foram muito irregulares e ainda não caracterizam o início do da estação chuvosa. Nos últimos 7 dias, estimativas de chuvas por satélite, sugerem acumulados de 10 mm. “Ainda que a estação chuvosa se inicie, porém, os rios na calha do rio Paraguai levarão tempo para se recuperarem, haja vista serem rios de resposta lenta, principalmente sobre o MS. Além disso, a previsão das chuvas nos próximos 15 dias é de chuva pouco abaixo do normal para este período do ano, o que deve fazer com que essa recuperação dos rios seja lenta”, alertou. “Em Ladário, o rio Paraguai tem mostrado uma tendência de recuperação de níveis e, de acordo com os dados históricos, é improvável que o rio retorne ao regime de recessão neste local, após retomada a recuperação de níveis”, acrescentou.

No entanto, os níveis das estações ainda se encontram abaixo do normal para este período e dentro da zona de atenção para mínimas. No Mato Grosso, nos municípios de Cáceres, Cuiabá e Santo Antônio do Leverger, os rios estão na mínima histórica do registro de dados para este período do ano. À exceção das estações do rio Piquiri, no município Barão do Melgaço (MT). No total, o monitoramento abrange 21 estações distribuídas ao longo da bacia em oito municípios.

Prognóstico de níveis – Nas estações na calha do rio Paraguai, à exceção de Cáceres, as previsões com horizonte de 28 dias são mantidas pelo Serviço Geológico do Brasil. Para Ladário (MS), a previsão é que o rio Paraguai no próximo mês suba até 18 centímetros. Em Porto Murtinho (MS), em quatro semanas o rio deve alcançar a cota de 1,85 metros.

Panorama da bacia – Em Cuiabá (MT), o rio Cuiabá registrou em 05/11/20, o nível de 30 cm continuando entre as mínimas históricas do registro de dados. Em anos normais, a cota registrada seria 77 cm (mediana).

Em Cáceres (MT), o rio Paraguai que atingiu a mínima histórica entre todas as cotas já registradas nos dias 10 e 11 de outubro (50 cm). Hoje registra 88 cm. Esse valor ainda representa uma mínima, pois nunca o rio esteve tão baixo nessa época. O normal para a estação nesse período do ano seria o registro no dia de hoje de uma cota de 1,59 m (mediana).

Em Ladário (MS), município vizinho a Corumbá (MS), a cota do rio Paraguai registra hoje -12 cm, ainda bem abaixo da mediana para o período, que é 2,27 metros. A régua de Ladário é a referência para a definição pela Marinha do Brasil de restrições à navegação no rio Paraguai, que exige cotas acima de 1,5 metros.

Porto Murtinho (MS), mais ao Sul, o nível do rio Paraguai também subiu. Na semana passada, estava com 1,04 m e subiu mais 34 cm, chegando a cota atual de 1,38 m, no entanto, a mediana é 4,10 m, ou seja, ainda precisa subir mais de 2 m

 para atingir os níveis considerados normais.

SALA DE CRISE – Os dados atualizados do monitoramento e as previsões do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do rio Paraguai foram apresentados pelo pesquisador em Geociências, Marcus Suassuna, em 05/11/20 na Sala de Crise do Pantanal da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), criada para identificar medidas de resposta aos impactos da seca na Região Hidrográfica do Paraguai.

PREVISÃO DE CHUVAS – Estimativas de chuvas por satélite, sugerem acumulados de 10 mm nos últimos 7 dias na bacia do Paraguai como um todo, considerando a estação Porto Murtinho e utilizando o modelo MERGE/INPE. Maiores volumes de precipitação foram observados no trecho delimitado pela estação São José do Boriréu, onde são estimadas chuvas de aproximadamente 24 mm. No bioma Pantanal, foram estimados acumulados de chuvas de 14 mm em 7 dias. As chuvas observadas neste mês são prenúncio do início da estação chuvosa.

A estiagem deste ano é semelhante a seca registrada entre 1968 a 1973. A vazante extrema foi prevista pelo Serviço Geológico do Brasil a partir do mês de julho, com a divulgação do primeiro prognóstico. Saiba mais aqui: http://bit.ly/38hHvlA

De acordo com o Cemaden, a seca deste ano é a mais severa dos 22 anos de monitoramento do Índice Padronizado de Precipitação (SPI) na sub-bacia do alto Paraguai e do bioma Pantanal.

Os dados hidrológicos utilizados nos boletins são provenientes da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) de responsabilidade da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), operada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e demais parceiros. Os dados de monitoramento de chuvas foram obtidos por meio de imagens de satélite do produto MERGE/GPM, disponibilizados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os dados de previsão de chuva apresentados são do modelo CFS, gerados pelo NOAA. As previsões apresentadas neste boletim são baseadas em modelos hidrológicos e estão sujeitas às incertezas inerentes aos mesmos. (ecodebate)

Bacia do Rio Doce sofre desmatamento de 1.857 hectares entre 2018/2019

Bacia do Rio Doce sofre desmatamento de 1.857 hectares de Mata Atlântica entre 2018 e 2019.
Desmatamento em importantes áreas de proteção da água, pode agravar ainda mais a situação de rio que luta há cinco anos por recuperação após desastre em Mariana (MG).

Monitoramento inédito da Fundação SOS Mata Atlântica verificou a situação do desmatamento nas Bacias Hidrográficas do bioma. Essas regiões são conhecidas por desempenharem importante função ambiental e ecossistêmica para segurança hídrica e proteção da água. Somente entre 2018 e 2019, na bacia do rio Doce, por exemplo, foram desmatados 1.857 hectares de Mata Atlântica.

As informações são do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa que conta com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O estudo teve execução técnica da Arcplan e patrocínio de Bradesco Cartões. O Atlas traz informações de todos os remanescentes de vegetação nativa do bioma acima de três hectares.

O desmatamento ocorreu em seis sub-bacias do rio Doce. A que sofreu maior desmatamento foi a bacia do rio Suaçuí Grande, em Minas Gerais. Na região, foram desmatados 969 hectares de Mata Atlântica. Essa bacia abrange 48 municípios, com uma população de aproximadamente 500 mil pessoas, tendo como um dos principais municípios Governador Valadares. É uma das sub-bacias mais problemáticas da Bacia do Rio Doce em termos de erosão do solo, por falta de cobertura florestal da Mata Atlântica, o que acarreta impacto direto à qualidade da água, por carreamento de sedimentos e poluentes.

O desmatamento também aconteceu nas áreas de drenagem dos rios: Santo Antônio (343 hectares), Piracicaba (206 hectares), Piranga (146 hectares), Manhuaçu (138 hectares) e Caratinga (55 hectares), tributários importantes da bacia do rio Doce.

Para Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, assim como o ocorrido no desastre de Mariana, quando os rejeitos da barragem de Fundão atingiram essa região de cabeceira da bacia e percorreram quilômetros ao longo do rio Doce, os impactos para a qualidade ambiental não se limitaram apenas na água. “A sociedade precisa olhar para um rio pensando em sua bacia, pois tudo que acontece no entorno dele, impacta a qualidade de vida da população, dos ecossistemas e todas as atividades humanas. A bacia do rio Doce ainda está lutando por sua recuperação. Se o desmatamento continuar na região, pode ser que os esforços para sua recuperação não sejam eficazes. É urgente coibir essas ações”, afirma ela.

Desmatamento e crise hídrica

Os especialistas da Fundação SOS Mata Atlântica ainda destacam a ocorrência de desmatamento entre 2018 e 2019 em regiões do sul e sudeste do país que vêm sofrendo com crise hídrica. Entre elas, a Região Metropolitana de Curitiba, por exemplo, que tem enfrentado escassez e racionamento de água.

No Paraná a bacia do rio Iguaçu teve mais de 1.000 hectares de Mata Atlântica desmatados nesse período de monitoramento dos remanescentes florestais. Destaque para a região do Baixo Iguaçu, na sub-bacia Iguaçu 6, entre os municípios de Cascavel e Guarapuava, a quarta bacia hidrográfica que mais desmatou o bioma no último período analisado.

Vale destacar que o Paraná está entre os estados que mais desmatam a Mata Atlântica, revezando as primeiras colocações com Minas Gerais e Bahia. Entre 2018 e 2019, por exemplo, o estado foi o terceiro que mais desmatou o bioma com 2.767 hectares.

Tragédia: rompimento da barragem da Samarco respondeu por 65% do desmatamento na cidade de Mariana/MG entre 2014 e 2015.

Segundo Malu Ribeiro, gerente da Fundação SOS Mata Atlântica, assim como o impacto para a qualidade das águas, a floresta também influencia para a quantidade de água disponível para a população. “As florestas são reguladoras do clima nas suas regiões e funcionam como esponjas. Ou seja, quando chove, elas armazenam água no solo para, aos poucos, abastecerem os aquíferos, as nascentes e os rios. Se falta floresta, falta água”, destaca ela. (ecodebate)

98% dos brasileiros se dizem preocupados com meio ambiente

98% dos brasileiros se dizem preocupados com meio ambiente, aponta estudo.
Visão aérea de trecho da Bacia Amazônica.

Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada em 03/11/2020 mostra que 98% dos brasileiros se dizem preocupados com o meio ambiente.

Dentre eles, 77% estão muito preocupados, 17% se dizem mais ou menos preocupados e 4%, pouco preocupados.

O estudo aponta que 95% concordam que é possível alinhar progresso econômico com a conservação da região amazônica. São 93% os que afirmam que preservar a Amazônia é fundamental para a economia brasileira.

Os resultados do estudo, encomendado pela CNI ao Instituto FSB de Pesquisa, mostram ainda que 8 em cada 10 brasileiros acreditam que o país é capaz de explorar a floresta de forma inteligente, preservando seus recursos naturais.

Os brasileiros atribuem a diversos atores a responsabilidade pela preservação da Amazônia. Entre os que têm feito bem esse papel estão os indígenas, os ribeirinhos e os quilombolas com 58% de avaliações positivas; as ONGs ambientalistas (47%) e as universidades (39%).

Na outra ponta, os atores que menos contribuem para a preservação do bioma, na opinião dos entrevistados, são, respectivamente, fazendeiros e pecuaristas (42% de avaliação ruim/péssimo); Congresso Nacional (40%); governos estaduais (36%); governo federal (35%); países estrangeiros (35%) e empresas que atuam na região (35%).

Eis outros dados constatados pelo levantamento:

78% dos brasileiros sentem alto grau de orgulho em relação à Amazônia;

50% dos brasileiros se dizem afetados por algum problema ambiental, índice que chega a 57% entre os moradores dos Estados que compõem a Amazônia Legal;

60% consideram as queimadas/incêndios florestais a maior ameaça ao meio ambiente no país;

59% das pessoas afirmam saber o que é desenvolvimento sustentável, mas, destas, apenas 55% (28% do total de entrevistados) sabem tratar-se da preocupação, ao mesmo tempo, com o meio ambiente, com a sociedade em geral e com a geração de emprego e renda no país;

77% dizem acreditar que o Brasil deveria destinar mais áreas para a preservação do meio ambiente;

83% dizem que a preservação da floresta amazônica é muito importante para o crescimento do país, pois o desenvolvimento nacional depende do meio ambiente protegido.

O Instituto FSB Pesquisa entrevistou, por telefone, 2.000 pessoas com idades a partir de 18 anos, nas 27 unidades da Federação.

Foram feitas duas amostras de 1.000 entrevistas, cada uma representativa das populações dos Estados abrangidos pela região chamada Amazônia Legal (Região Norte e Estados do Mato Grosso e parte do Maranhão) e das demais 18 unidades da Federação.

Em cada uma dessas amostras, a margem de erro é de 3%, com intervalo de confiança de 95%. Depois, foi gerado o resultado nacional após ponderação da amostra desproporcional.

Nos resultados da amostra de 2.000 entrevistas, a margem de erro é de 3,4%, com intervalo de confiança de 95%. Devido ao arredondamento dos dados, a soma dos percentuais pode variar de 99% a 101%. (poder360)

Saiba sobre as principais normas para construções sustentáveis

Um dos setores da indústria que mais consomem energia e recursos naturais é o da construção civil. Para mudar essa realidade e impulsionar o desenvolvimento de construções mais sustentáveis, diversas empresas do setor têm investido em processos, práticas e tecnologias que diminuam ou impeçam a geração de impactos ambientais.

No entanto, para dar andamento a obras de visão sustentável é preciso que sejam seguidas algumas normas e regras que irão garantir a redução e otimização do consumo de insumos, materiais e energia; a diminuição da produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos; o descarte correto de sobras e resíduos; a preservação do ambiente natural; e a segurança e bem-estar dos trabalhadores envolvidos.

Segundo o diretor comercial da empresa de revestimentos sustentáveis Ecogranito, Renato Las Casas, o conceito de construção sustentável se baseia em uma série de medidas que são adotadas ao longo de todas as etapas de uma obra para alcançar a sua sustentabilidade. “Por meio da implementação destas ações é possível minorar os prejuízos ao meio ambiente, evitar o desperdício de matérias-primas e elevar a qualidade de vida das pessoas que irão ocupar o futuro imóvel”, ressalta.

Uma obra sustentável deve contar com um projeto que considere todos os aspectos de uma construção, desde a pré-produção – momento que deve ser direcionado a análise do ciclo de vida da edificação e dos materiais que serão empregados, e também voltado a aplicação de medidas que controlem a geração de resíduos e promovam o reaproveitamento e reutilização de produtos e insumos – até o período de vida útil da mesma, além de sua manutenção. “A adoção da sustentabilidade em uma obra também envolve o planejamento do uso da água, a utilização de energias renováveis e a adequação do projeto de construção ao clima do local selecionado para abrigar o imóvel. A boa escolha dos materiais também é muito importante para este tipo construção. É interessante que sejam priorizados os produtos de maior qualidade e durabilidade. Ainda é preciso que os mesmos sejam de fabricação simples e não poluente, e possuam maior potencial de reutilização”, aponta.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) disponibiliza diversas normas para tornar uma construção sustentável, dentre as principais estão a NBR 15112:2004, que estabelece os requisitos exigíveis para o projeto, implantação e operação das áreas de transbordo e triagem de resíduos. Essa norma contribui diretamente para a gestão adequada de resíduos sólidos. “Já a NBR 15215-1:2005 orienta sobre a valorização da iluminação natural, que não só proporciona uma maior leveza aos ambientes de um imóvel, como também ajuda a diminuir o consumo de energia elétrica. Para facilitar a entrada e a propagação da luz do dia nas construções é indicada a aplicação de blocos de vidro nas paredes. Também existem normas que direcionam o aquecimento solar da água; a construção de tanques sépticos em imóveis que não possuem rede de esgoto; o reaproveitamento da água da chuva em coberturas de áreas urbanas; o uso de tijolos de solo-cimento; a utilização de areia descartada de fundições, a instalação de sistema fotovoltaico para a geração de energia, a adoção do telhado verde, entre outras”, comenta.

“Quando estas normas são seguidas, as construções adquirem as condições necessárias para receber a ventilação, iluminação e aquecimento de forma natural. Além de não causar danos ao ecossistema, este tipo de edificação pode evitar gastos excessivos, prevenir o esgotamento de recursos naturais e proporcionar ambientes autossustentáveis”, conclui. (ecodebate)

Degradação florestal supera índice de desmatamento na Amazônia

Dados de satélite coletados ao longo de 23 anos foram analisados. Cientistas alertam para aumento de emissões, perda de biodiversidade e risco de doenças infecciosas.

degradação florestal é o resultado do conjunto de perturbações que ocorrem por influência humana e a despeito de a floresta continuar de pé. No desmatamento, a floresta é removida e substituída por pasto, monocultura ou pelo simples abandono. A degradação é um fenômeno mais difícil de ser percebido.

Apesar do preocupante aumento nos índices de desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos, a análise das duas últimas décadas aponta uma tendência de queda. No entanto, dados de satélite mostram que a degradação só fez aumentar no período e, em 2014, superou o desmatamento.
Durante o período do estudo, de 1992 a 2014, 337.427 km2 (área equivalente à do Maranhão) sofreram perda de vegetação, comparados a 308.311 quilômetros quadrados que foram completamente desmatados, uma descoberta que tem implicações graves para as emissões globais de gases de efeito estufa e a perda da biodiversidade.

degradação florestal está ligada a surtos de doenças infecciosas como resultado do maior contato entre humanos e a vida selvagem desabrigada. Especialistas alertam que a Amazônia pode ser a fonte da próxima pandemia.

Extração seletiva de madeira, queima do sub-bosque, efeito de borda e fragmentação florestal: os fatores de pressão que compõem a degradação custaram caro à Floresta Amazônica no Brasil, de acordo com um estudo publicado na revista Science.

Eraldo Matricardi, da Universidade de Brasília, e David Skole, da Michigan State University, lideraram uma equipe internacional de pesquisadores que analisou 23 anos de dados de satélite em toda a Amazônia brasileira para mapear áreas de desmatamento e degradação. Eles analisaram o espectro de luz presente em cada pixel de 1.200 imagens do satélite Landsat, cada uma representando 30 metros quadrados de floresta, para determinar a proporção de vegetação verde e, como efeito, a extensão da degradação.

“A luz refletida em cada pixel é a combinação da luz do solo nu, da vegetação fotossintética e da não fotossintética, [tal como] os caules e galhos das árvores”, explica Skole. Estimar a fração de vegetação verde em cada pixel permitiu à equipe visualizar a degradação florestal em larga escala. A equipe mapeou a degradação causada como consequência do desmatamento (extração seletiva de madeira e incêndios no sub-bosque) e a completa conversão da terra em madeira, pastos, plantações ou outras atividades humanas.

A análise confirmou que as taxas de desmatamento caíram a partir de um pico de 29 mil km2/ano em 2003 para 6 mil km2/ ano em 2014. Contudo, este declínio no desmatamento foi compensado por uma tendência de aumento da degradação florestal e, em 2014, a taxa de degradação superou o índice registrado para o desmatamento. Está aumento da extração de madeira e as queimadas no sub-bosque. Para se ter uma ideia, durante os 23 anos do período do estudo, a taxa anual de corte seletivo de madeira aumentou 270%.

A degradação florestal pelos incêndios e corte seletivo de madeira ocorreram de maneira quase que contínua na paisagem por longos períodos de tempo e não foi substituída por outras formas de degradação ou pelo desmatamento. “A área afetada pela degradação equivale a 10% do total da Amazônia e, ao contrário do que se pode imaginar, uma parte considerável dessa degradação não levou ao desmatamento”, diz Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Darcy Ribeiro, coautor do estudo.

Os dados também revelaram uma grande mudança geográfica na perturbação da floresta: a extração seletiva de madeira está se movendo para oeste, para longe do “arco do desmatamento” histórico nos estados de ParáMato Grosso e Rondônia, no leste da Amazônia. Essa mudança não parece “ter sido afetada por políticas ou regulação ou mitigação, então é provável que fique ainda mais significativa”, alerta Skole.
A peça perdida do quebra-cabeças

Acordos e iniciativas internacionais dependem não só do monitoramento do desmatamento, mas também da degradação florestal. Por conta disso, os resultados do novo estudo podem influenciar diretamente no resultado de iniciativas globais que visam deter a perda de biodiversidade e as emissões de carbono, como, por exemplo, o programa de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) da Convenção do Clima da ONU. “É preciso começar a levar em conta a degradação”, diz Skole.

As descobertas também podem ter implicações importante para a contagem das emissões globais de gases de efeito estufa e para os compromissos brasileiros com o Acordo de Paris. “As florestas da Amazônia brasileira armazenam 25% do carbono contido acima do solo em todas as florestas tropicais do mundo, tornando seu papel extremamente importante e inquestionável para o ciclo global e a regulação climática”, diz Wayne Walker, diretor do Programa de Carbono no Centro de Estudos Climáticos Woodwell, localizado no estado americano do Maine.

“Esses resultados, que são coerentes com nossas descobertas, confirmam que a atenção do Brasil para com o monitoramento do desmatamento resultou em significativa subestimação das emissões de carbono da floresta”, acrescenta Walker, que não participou diretamente do estudo publicado na Science. “Proteger as florestas intactas, enquanto se incentiva a recuperação de áreas degradadas, deve ser um componente fundamental de qualquer estratégia ampla de mitigação do clima.”

Pedlowski alerta que “a situação atual é provavelmente pior do que a mostrada no artigo científico [que observou apenas a degradação florestal até 2014], especialmente por causa do maior número de incêndios florestais que aconteceram em 2019 e 2020”.

Amazônia mais perto do ponto irreversível

A degradação florestal, além de ser um fator-chave das emissões de carbono, também está ligada a mudanças nos ciclos da água e de nutrientes, que, segundo especialistas, podem levar ao ponto de virada ecológica que transformaria a Amazônia de floresta tropical biodiversa em savana degradada.

Ao acrescentar a degradação florestal mapeada no estudo à equação, “o limiar para o chamado ponto de inflexão está muito mais próximo do que a comunidade científica estimou até agora”, diz Pedlowski. “Se quisermos evitar [o ponto de virada], controlar a degradação florestal será tão importante quanto controlar o desmatamento”.

degradação florestal também está conectada a surtos de doenças infecciosas, resultantes do contato mais frequente entre humanos e a vida selvagem desabrigada. Um estudo divulgado no ano passado aponta que um aumento de 10% no desmatamento na Amazônia Brasileira estava ligado a um aumento de 3,3% nos casos de malária.

Destruição negligenciada

A degradação das florestas da Amazônia tem sido historicamente negligenciada por políticos, ativistas e até mesmo cientistas, em parte porque é bem mais difícil detectá-la em comparação desmatamento. “Não se pode administrar aquilo que não se pode medir”, lamenta Walker.

Para piorar, Pedlowski alerta que a abordagem atual de “pouco caso” do governo de Jair Bolsonaro transformou a Amazônia em um “velho oeste”, o que pode resultar em desmatamento e degradação ainda mais severos. Para evitar esse potencial desastre ecológico, “o primeiro passo é restabelecer as ferramentas de comando e controle que foram desmanteladas pelo governo Bolsonaro e impedir o enfraquecimento de órgãos fundamentais como o IBAMA, o ICMBio e o INPE”.

As agências ambientais brasileiras foram alvo de retirada de financiamento e de desregulação sob a direção de ex-militares recém-nomeados pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. “Sem essas agências funcionando adequadamente, não há chance de conter o avanço tanto do desmatamento quanto da degradação na Amazônia brasileira”, acrescenta.
Pedlowski diz que conservar a Amazônia exigirá uma mudança na mentalidade do atual governo do Brasil, abandonando a visão de que proteger e restaurar as florestas é um empecilho ao progresso econômico. Na verdade, é o contrário. “Quando queimamos um único metro quadrado de Floresta Amazônica, estamos perdendo uma quantidade inestimável de riqueza”. (ecodebate)

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Tecnologia por trás da reutilização d’água na indústria

O valor da água: conheça a tecnologia por trás de sua reutilização na indústria.

Estação de tratamento de água.

Dependendo do setor industrial em que é necessário utilização de água no processo, há 8 principais métodos de tratamento hoje aliado à tecnologia

Nunca a sociedade valorizou tanto a água quanto nesta estiagem prolongada. Mas muitos desconhecem as técnicas envolvidas em seu tratamento no contexto industrial, de forma a aproveitar cada gota e devolver esse recurso tão precioso de volta à cadeia produtiva.

O fato é que cada unidade fabril requer diferentes aplicações da água, com requisitos muito específicos, por exemplo, em relação aos equipamentos que a utilizam para resfriamento ou na forma de vapor. Eles precisam ser muito bem definidos para oferecer uma configuração adequada e garantir uma escolha correta, por exemplo, das válvulas do sistema, com dimensionamentos customizados e próprios para os parâmetros de operação (pressão, temperatura e fluido).

A partir de minha experiência com esses equipamentos, gostaria de destacar abaixo as principais situações de tratamento da água permitidos hoje pela tecnologia.

Os Desafios da indústria na gestão da água.
A gestão racional da água é um desafio-chave para o planeta neste século XXI, esta era norteada pela preocupação global com a sustentabilidade, com as severas alterações climáticas, as alarmantes crises hídricas e outros fenômenos que, até décadas atrás, não integravam o rol de preocupações da humanidade.

Água potável

Em geral recuperada de águas subterrâneas, ela requer diferentes ações para ser efetivamente considerada potável. As principais providências incluem a precipitação ou floculação de partículas suspensas; absorção de substâncias orgânicas dissolvidas com uso de carvão ativado; ultrafiltração; esterilização com adição de cloro ou por meio da radiação de luz UV, entre outros. Na sequência, listo algumas dessas técnicas de limpeza:

*Ultrafiltração

A água a ser tratada é conduzida com pressão reduzida (< 1 bar) por meio de diafragmas com poros de aproximadamente 0,01 μm. Além da retenção de minúsculas substâncias sólidas, opacidades, pólens e bactérias, e, parcialmente, retenção de vírus. Pelo diafragma passam apenas a água, os ingredientes solúveis, como endurecedores ou substâncias minerais, além das moléculas menores.

*Trocador iônico

Em determinadas regiões, as águas subterrâneas podem conter grandes concentrações de íons alcalinos-terrosos, vários tipos de ácido carbônico e sulfatos. Para a desmineralização parcial, a água potável passa pelo leito misturador do trocador iônico, o que reduz os níveis de nitrato, sulfato, cloreto, carboneto de hidrogênio (HCO3-) e os endurecedores cálcio e magnésio. O ácido carbônico, formado pela reação desses produtos, pode ser removido em uma torre de água purificada, conectada a jusante. Nesse caso, as válvulas borboleta são as mais adequadas.

*Descontaminação por Ultravioleta

Antes de chegar às residências, a água ainda pode passar por descontaminação por meio de radiação UVC, processo físico em que os microrganismos que ainda estão presentes na água são neutralizados, o que impede sua proliferação.

Além do tratamento de água potável, existem outras qualidades de água a serem tratadas no contexto da indústria:

Água residual industrial

Esse é um tratamento bastante complexo, pois cada água residual apresenta uma característica própria, e o produto final também tem determinações específicas. Para customizar o resultado desejado, são necessárias válvulas versáteis e controladores de processo que possibilitem atendimento individual ao fluido de operação e todo o processo.

Recuperação de águas de processamento

Seja para alimentar caldeiras para a produção de vapor, refrigerar centrais elétricas ou como líquido básico na indústria farmacêutica, para ser usada na indústria a água precisa ser distribuída, bloqueada e dosada. Para isso, usam-se válvulas ou válvulas de bloco multivias bastante complexas.

Recuperação de água purificada e de alta pureza

A pureza dos fluidos de processo é decisiva em muitos segmentos, para se obter a devida qualidade do produto final. Na indústria de semicondutores, por exemplo, a preparação de água de alta pureza da melhor qualidade é uma vantagem competitiva. E para que alcancem a qualidade necessária, os componentes do sistema também devem atingir certos requisitos. Aqui, recomendo o uso de equipamentos resistentes fabricados com fluoro plásticos.

Reuso de água e seus benefícios para a indústria e o meio ambiente.

Dessalinização da água do mar

Por fim, essa técnica deverá atender uma demanda das próximas décadas, e não somente nos países industriais, por conta da escassez crescente da água. Um método eficiente é a recuperação de água potável por meio da dessalinização da água do mar. (clickpetroleoegas)

Infraestrutura natural urbana reduz efeitos das mudanças climáticas

Parque do Ibirapuera, SP.

Soluções baseadas na Natureza, como parques urbanos, jardins de infiltração e telhados verdes biodiversos, reduzem impactos de chuvas intensas, elevação das temperaturas e eventos climáticos extremos.

Crescimento e adensamento populacional tem se mostrado um fenômeno irreversível no mundo todo. Último relatório da ONU - Organizações das Nações Unidas sobre a população global projetou que, em 2100, a quantidade de pessoas no planeta pode chegar a 10,9 bilhões, levantando preocupações quanto à pressão sobre as cidades, em especial em áreas sensíveis como o acesso à água.

Uma das alternativas que têm avançado nos últimos anos para ajudar a enfrentar o problema é a chamada infraestrutura natural, que consiste na incorporação de Soluções baseadas na Natureza (SBN) para resolver questões relacionadas à segurança hídrica e à resiliência. Por meio da implantação de áreas verdes em pontos estratégicos das cidades, cria-se um sistema natural capaz de absorver a água da chuva, filtrar sedimentos do solo e reduzir custos com saneamento e saúde pública.

“Muitas cidades estão pensando em seus sistemas de drenagem porque as tubulações que existem hoje, feitas décadas atrás, não dão conta de escoar o volume atual de água durante grandes tempestades, que acaba provocando enchentes e invadindo edificações. Isso é especialmente importante num cenário de crise climática, em que as chuvas estão cada vez mais intensas e concentradas em curtos períodos, criando uma sobrecarga sobre esses sistemas. Adotar estratégias que usam a proteção da natureza como solução eleva os municípios ao que chamamos de Cidades baseadas na Natureza”, explica o gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, André Ferretti.

A aplicação prática da infraestrutura natural acontece por meio de soluções como jardins de infiltração, parques e telhados verdes, que juntos podem reduzir a quantidade de água que chega aos sistemas de drenagem, gerando ao mesmo tempo benefícios socioeconômicos. “Ao absorverem a água da chuva e diminuírem sua velocidade de escoamento até chegarem às tubulações, essas áreas verdes, com solo altamente permeável, ajudam a prevenir a ocorrência de enchentes e alagamentos, o que evita muitos prejuízos. Esses espaços também servem como áreas de lazer e bem-estar para a população”.

Um estudo do World Resources Institute (WRI Brasil), publicado em 2018 em parceria com diversas entidades, mostrou que o aumento da cobertura florestal em 8% no Sistema Cantareira, na capital paulista, poderia reduzir em 36% a sedimentação. “Ao impedir que mais sedimentos cheguem aos rios e, consequentemente, às estações de tratamento, a infraestrutura verde também alivia os cofres públicos, reduzindo o custo de tratamento da água que abastece as cidades”.

Para se ter uma ideia do impacto que isso pode gerar, a Estação de Tratamento de Água do Guandu, a maior do mundo, que fica no Rio de Janeiro, gasta 140 toneladas de sulfato de alumínio, 30 toneladas de cloreto férrico e mais 25 toneladas de cal diariamente para retirar impurezas da água que abastece a Região Metropolitana do Rio. Ferretti cita ainda o exemplo do movimento Viva Água, que reúne diversos atores para proteger e recuperar ecossistemas naturais e incentivar o empreendedorismo com impacto socioambiental positivo na Bacia do Rio Miringuava, em São José dos Pinhais (PR), minimizando a sedimentação do rio e contribuindo com a segurança hídrica da região.
Infraestrutura natural reduz efeitos de mudanças climáticas nas cidades.

Parques urbanos, jardins de chuva e telhados verdes, reduzem impactos de chuvas, altas temperaturas e eventos climáticos.

Design urbano sustentável

Entre as principais ações de urbanismo que as grandes cidades estão colocando em prática estão os jardins de infiltração. Também conhecidos como jardins de chuva, são espaços ao longo do território urbano que servem como esponjas, ajudando na absorção da água. Além do aspecto funcional, contribuem para a valorização do espaço público e das propriedades em seu entorno. O ideal é que sejam instalados em partes mais baixas do terreno, que tendem a ser mais impactados por fortes chuvas.

Opção já bastante conhecida, mas com aplicação ainda pouco disseminada, é o telhado verde. Esse tipo de recurso auxilia na regulação microclimática das edificações e ajuda a acumular a água da chuva, sobretudo quando usado em conjunto com cisternas. “Essa água pode ser usada para a limpeza das áreas comuns, reduzindo o consumo de água potável. Isso é ainda mais importante nos períodos de seca”, diz Ferretti.

Outra aplicação da infraestrutura natural acontece por meio dos parques e áreas verdes em geral, que além dos benefícios similares de filtragem de sedimentos e retenção de água, geram impacto positivo sobre a saúde e o bem-estar das pessoas, à medida que se tornam espaços de lazer e relaxamento para a população e atuam na redução da poluição sonora e atmosférica. Além disso, as árvores também reduzem a velocidade de escoamento da água, impedindo que o sistema de drenagem se sobrecarregue rapidamente.

“O poder público precisa perceber que isso tem valor. E agora, nas eleições municipais, o eleitor pode avaliar e cobrar dos candidatos esse tipo de compromisso. Evitar alagamentos é igual reduzir grandes despesas, desde o tratamento da água até o sistema de saúde. Em um cenário de mudanças climáticas, com chuvas intensas seguidas por longos períodos de estiagem, ter controle sobre a disponibilidade da água é uma questão de sobrevivência”, afirma o gerente da Fundação Grupo Boticário.

O projeto de telhado verde mais conhecido de Blumenau está situado na sede da Cia. Hering e foi idealizado por Burle Marx, um dos principais paisagistas que já atuaram no país.

De acordo com o DataSUS, em 2018, foram registradas mais de 230 mil internações por doença de veiculação hídrica, provocadas principalmente por falta de saneamento básico ou pelo contato com água suja em enchentes. Entre as doenças estão diarreia, leptospirose e hepatite A. Os gastos com internações com estas enfermidades no Sistema Único de Saúde (SUS) chegou a R$ 90 milhões no mesmo ano, segundo o Painel Saneamento Brasil, do Instituto Trata Brasil. (ecodebate)

Mudanças climáticas podem aumentar as secas severas

Mega secas – que duram duas décadas ou mais – tendem a aumentar graças à mudança climática, de acordo com uma pesquisa liderada pela Universidade de Queensland.

O professor Hamish McGowan, da UQ, disse que as descobertas sugerem que a mudança climática levaria ao aumento da escassez de água, redução da cobertura de neve no inverno, incêndios florestais mais frequentes e erosão do vento.

A revelação veio após uma análise dos registros geológicos do Período Eemiano – 129.000 a 116.000 anos atrás – que ofereceu uma representação do que poderíamos esperar em um mundo mais quente e seco.

“Descobrimos que, no passado, uma quantidade semelhante de aquecimento foi associada a condições de mega seca em todo o sudeste da Austrália”, disse o professor McGowan.

“Essas condições mais secas prevaleceram por séculos, às vezes por mais de 1000 anos, com os eventos do El Niño provavelmente aumentando sua gravidade.”

A equipe se engajou na paleoclimatologia – o estudo dos climas passados – para ver como será o mundo como resultado do aquecimento global nos próximos 20 a 50 anos.

“O Período Eemiano é o mais recente na história da Terra quando as temperaturas globais eram semelhantes, ou possivelmente um pouco mais altas do que o presente”, disse o professor McGowan.

“O ‘calor’ daquele período foi em resposta ao forçamento orbital, o efeito no clima de mudanças lentas na inclinação do eixo da Terra e a forma da órbita da Terra em torno do sol”.

Professor Hamish McGowan usando uma lanterna frontal rastejando por uma pequena caverna para obter acesso às estalagmites a cerca de 120 metros abaixo da superfície na Gruta Cave, NSW. “Nos tempos modernos, o aquecimento é causado por altas concentrações de gases estufa, embora este período ainda seja um bom análogo para nossas previsões climáticas atuais e futuras”.

Os pesquisadores trabalharam com o serviço de Parques e Vida Selvagem de New South Wales para identificar estalagmites nas Cavernas Yarrangobilly na seção norte do Parque Nacional Kosciuszko.

Pequenas amostras do pó de carbonato de cálcio contido nas estalagmites foram coletadas, depois analisadas e datadas na UQ.

Essa análise permitiu que a equipe identificasse períodos de precipitação significativamente reduzida durante o Período Eemiano.

“São descobertas alarmantes, em uma longa lista de descobertas alarmantes que cientistas do clima divulgaram nas últimas décadas”, disse o professor McGowan.

“Esperamos que esta nova pesquisa permita novas percepções sobre nosso clima futuro e os riscos que ele pode trazer, como secas e incêndios florestais associados”.

“Mas, o mais importante, se os humanos continuarem a aquecer o planeta, este é o futuro que todos podemos estar olhando”.

A pesquisa foi parte de um projeto apoiado pela Snowy Hydro Ltd para desenvolver a compreensão da provável variabilidade do clima em um mundo mais quente e o impacto no hidroclima do sudeste da Austrália. (ecodebate)

Ártico está morrendo e tem o menor nível de gelo em outubro/20

“O principal impulso pelo qual fui dirigido foi o esforço sincero para compreender os fenômenos dos objetos físicos em sua conexão geral e para representar a natureza como um grande todo, movido e animado por forças internas” - Alexander von Humboldt (1769/1859).

O gelo do Ártico está desaparecendo a uma velocidade estonteante. A extensão de gelo do polo Norte em outubro de 2020 é a menor de todos os tempos.

As figuras abaixo mostram que a extensão de gelo no Polo Norte era de 9,3 milhões de km2 em 1992, caiu para 7,5 milhões de km2 em 2013 e 5,3 milhões de km2 em 2020. A média do período 1981-2010 foi de 8,3 milhões de km2, portanto, em outubro de 2020 houve uma redução de 4 milhões de km2 em relação à 1992 e de 2 milhões de km2 em relação à média de 1981-2010.
O gráfico abaixo mostra que a perda de gelo nos meses de outubro tem ocorrido ao ritmo de -10,1% por década e que o maior degelo ocorreu em 2020. Nesta marcha, poderia ocorrer a perda total de gelo antes do fim do atual século.
Existe um círculo vicioso preocupante. O aquecimento global tem levado ao degelo do Ártico e quando o gelo ou a neve desaparecem, dão lugar ao oceano mais escuro ou a uma vegetação que refletem menos os raios solares e absorvem em maior proporção o calor. O fenômeno eleva as temperaturas da água e do ar, piorando, assim, o problema. Já é possível navegar tranquilamente nos meses de setembro do polo norte e agora a navegação já pode ser feita em outubro, o que é bom para os interesses econômicos do comércio, mas é péssimo para o meio ambiente (Alves, 14/10/2020).

No mês de setembro, um bloco de gelo com cerca de duas vezes o tamanho de Manhattan se separou da maior plataforma de gelo remanescente do Ártico, no nordeste da Groenlândia, após temperaturas recordes no verão. Com o aquecimento do Ártico ocorrendo pelo menos duas vezes mais rápido que o aquecimento global médio, a taxa de derretimento da Groenlândia pelo menos triplicou nas últimas duas décadas. Se este ritmo continuar, o derretimento poderá fazer, em futuro distante, com que o nível do mar suba em até 7 metros, afogando as cidades costeiras.

Para agravar o problema, a aceleração do aquecimento do Ártico aumenta o risco de feedback auto reforçador de degelo do permafrost. Existem duas vezes mais carbono preso no permafrost do que o que já foi lançado na atmosfera. A erosão do permafrost pode ser completamente desastroso, já que o metano é várias vezes mais poluente do que o CO2. À medida que as temperaturas globais aumentam, também é possível que ainda mais metano possa ser emitido do fundo do mar raso da plataforma ártica da Sibéria Oriental.

Matéria do jornal The Guardian (27/10/2020) mostra que cientistas encontraram evidências de que depósitos de metano congelado no Oceano Ártico – conhecidos como os “gigantes adormecidos do ciclo do carbono” – começaram a ser liberados em uma grande área da encosta continental da costa leste da Sibéria. Altos níveis do potente gás de efeito estufa foram detectados a uma profundidade de 350 metros no Mar de Laptev, perto da Rússia, gerando preocupação entre os pesquisadores de que um novo ciclo de feedback climático pode ter sido acionado, o que poderia acelerar o ritmo do aquecimento global.

Este círculo vicioso que se auto reforça, pode aquecer a temperatura em velocidade acelerada e tornar várias partes da Terra inabitáveis, sendo que as ondas letais de calor e os eventos climáticos extremos podem matar mais gente do que a atual pandemia da covid-19. O aumento das rotas de navegação, da extração de petróleo e de outras atividades econômicos no Ártico só agravam o quadro da perda de gelo.

Artigo de Maria-Vittoria Guarino et. al. publicado na Nature Climate Change (10/08/2020), utilizou a última geração de modelos climáticos para simular o gelo do mar Ártico durante o período quente de 120.000 anos antes da última era do gelo. As simulações mostraram que, durante essa era, o Ártico provavelmente nunca esteve sem gelo no verão. A equipe também fez simulações de modelos para o futuro e descobriu que o gelo marinho do Ártico provavelmente desaparecerá entre 2030 e 2050.

Gelo marítimo do Ártico tem menor nível já registrado.

Outro novo estudo, publicado na revista “Nature Climate Change”, usou a última geração de modelos climáticos para simular o gelo do mar Ártico durante o período quente de 120.000 anos antes da última era do gelo. As simulações mostraram que, durante essa era, o Ártico provavelmente estava sem gelo no verão. A equipe também fez simulações de modelos para o futuro e descobriu que o gelo marinho do Ártico provavelmente desaparecerá entre 2030 e 2050.

Uma ameaça adicional do degelo vem da possibilidade do reaparecimento de vírus e bactérias retidos nas camadas mais profundas do Polo Norte e que podem emergir à superfície, na medida em que o gelo se transforma em água. Vírus liberados e maior circulação humana são bombas- relógio para o surgimento de novas epidemias.

Como mostrou Dana Nuccitelli (28/10/2020) o Ártico vive um pacto suicida, com uma relação mutualmente destrutiva entre o degelo e o aquecimento global: “O clima mais quente e a perda de gelo do mar Ártico formam um verdadeiro pacto suicida. Há uma espiral da morte com o círculo vicioso de feedback entre derretimento-aquecimento, pois mais derretimento de neve e gelo geram ainda mais aquecimento, em um ciclo contínuo”.

Derretimento de gelo na Groenlândia já é irreversível, diz estudo.

Nevascas anuais já não são mais suficientes para reabastecer blocos de gelo perdidos.

O que está acontecendo no Polo Norte em outubro de 2020 deve servir de alerta para o mundo, pois a morte do Ártico pode significar também a morte da civilização humana que não conseguiria prosperar em um mundo em constante aquecimento e em uma Terra inabitável. (ecodebate)

Ondas de calor devem diminuir em 2025

Ondas de calor devem diminuir em 2025, aponta Climatempo. O pico de emissões em 2025 é uma boa notícia, decerto, mas a física é implacável...