terça-feira, 29 de setembro de 2020

Trópicos estão se expandindo em direção aos polos

Mudanças Climáticas – Os trópicos estão se expandindo em direção aos polos.
Expansão dos trópicos é resultado das mudanças climáticas.

Estudo descobriu relação direta entre o fenômeno de expansão tropical e o movimento de giros oceânicos que transportam águas quentes.

Os trópicos da Terra estão se expandindo em direção aos polos e essa expansão é impulsionada por mudanças nos oceanos causadas pela humanidade, de acordo com novas pesquisas.

Os cientistas notaram nos últimos 15 anos que essas faixas áridas estão se expandindo em direção aos polos em regiões como o Mediterrâneo, sul da Austrália e sul da Califórnia.

Os trópicos envolvem o meio da Terra como um cinturão quente e úmido. Esta parte do globo recebe a luz solar mais direta ao longo do ano e é caracterizada por altas temperaturas médias e chuvas intensas. Em contraste com o interior exuberante dos trópicos, no entanto, as bordas desta região são quentes e ressecadas.

Os cientistas notaram nos últimos 15 anos que essas faixas áridas estão se expandindo em direção aos polos em regiões como o Mediterrâneo, sul da Austrália e sul da Califórnia. Curiosamente, essas áreas secas se expandiram mais no hemisfério sul do que no hemisfério norte e os pesquisadores têm lutado para identificar exatamente o que está impulsionando a tendência.

Novo estudo no Journal of Geophysical Research: Atmospheres argumenta que a falha em concordar sobre um mecanismo exato foi, em parte, porque a maioria dos pesquisadores tem procurado no lugar errado. O novo estudo descobriu que a expansão tropical é impulsionada principalmente pelo aquecimento dos oceanos causado pelas mudanças climáticas, em vez de mudanças diretas na atmosfera. Uma mudança maior está acontecendo no hemisfério sul porque tem mais área de superfície do oceano, de acordo com o novo estudo.

A expansão tropical pode ter profundas implicações econômicas e sociais: o processo pode mudar o caminho das tempestades e causar incêndios florestais mais graves e secas em lugares como a Califórnia e a Austrália, que já sofrem com a falta de água.

As novas descobertas fornecem a evidência mais clara de que a expansão tropical é de fato impulsionada principalmente pelas mudanças climáticas, de acordo com os autores do estudo. Embora as flutuações climáticas naturais de longo prazo contribuam para as tendências observadas, essas variações por si só não podem explicar até que ponto a expansão já ocorreu.

Isso significa, argumentam os autores, que a mudança climática pode já ter contribuído significativamente para a expansão tropical, especialmente no hemisfério sul dominado pelos oceanos.

“Demonstramos que o aumento do aquecimento subtropical dos oceanos é independente das oscilações naturais do clima”, disse Hu Yang, cientista climático do Instituto Alfred Wegner em Bremerhaven, Alemanha e principal autor do novo estudo. “Isso é resultado do aquecimento global.”

Um fenômeno desconcertante

Artigo de 2006 publicado pela Science anunciou uma descoberta preocupante: em algumas partes do mundo, os trópicos estavam se expandindo. Pesquisadores tentaram descobrir o culpado desde que o artigo foi publicado. Cientistas estimam a partir de observações de satélite que esse alargamento está acontecendo a uma taxa de 0,25 a 0,5 graus de latitude por década. Mas, sem identificar uma causa raiz, eles não podem modelar com precisão a rapidez com que a expansão ocorrerá no futuro ou quais regiões ela impactará.

Alguns pesquisadores sugeriram que as emissões de gases de efeito estufa, a redução da camada de ozônio e os aerossóis na atmosfera estão impulsionando a expansão. Mas os modelos climáticos que usam essas variáveis para explicar a expansão subestimam consistentemente a velocidade da mudança e não explicam por que a expansão está acontecendo em algumas regiões, mas não em outras. Isso levou alguns pesquisadores a teorizar que a expansão tropical pode simplesmente ser explicada por oscilações naturais no clima da Terra. Mas a variação natural não se ajusta exatamente aos padrões que os cientistas já observaram.
Diagrama esquemático que explica a expansão tropical. O sombreado indica a temperatura da superfície do mar, as setas pretas tracejadas ilustram os ventos próximos à superfície, as manchas brancas são as zonas de convergência subtropical e as linhas tracejadas cinza grossas representam as frentes subtropicais. O aquecimento tropical profundo mantém o ramo crescente da circulação Hadley, a saber, o ITCZ. O fluxo de ar superior perde flutuabilidade quando é resfriado por resfriamento radiativo, gerando o ramo de afundamento da circulação de Hadley próximo aos subtropicais. Sob a força do comércio e dos ventos de oeste, o oceano subtropical é uma zona de convergência das águas superficiais. Portanto, o forçamento radiativo induzido por gases de efeito estufa produz mais aquecimento sobre a zona de convergência subtropical. Tal aquecimento empurra o gradiente de temperatura meridional de latitude média e os rastros de tempestade associados.

Oceano versus atmosfera

Yang e colegas começaram a notar a expansão tropical em 2015, ao analisar as correntes oceânicas que transportam água quente em direção aos polos. Isso os fez pensar: e se a expansão tropical fosse impulsionada não por mudanças na atmosfera, mas por mudanças no oceano?

Como o oceano e a atmosfera são sistemas altamente conectados, muitas vezes é difícil dizer qual está impulsionando o outro, disse Yang. No novo estudo, Yang e seus colegas analisaram as temperaturas da água nos principais giros oceânicos, grandes correntes oceânicas circulares que transportam água quente em direção aos polos e água fria em direção ao equador. Eles usaram observações de satélite da temperatura da superfície do mar entre 1982, o ano de início das observações e 2018, e compararam essas observações com dados sobre os trópicos em expansão que remontam a 1979.

Eles descobriram que o excesso de calor se acumulando nos oceanos subtropicais desde o início do aquecimento global em meados de 1800, levando as bordas tropicais e os giros oceânicos em direção aos polos. Quando os pesquisadores compararam o movimento dos giros oceânicos à expansão tropical, eles descobriram que os dois fenômenos coincidiam: a expansão tropical estava acontecendo em lugares onde os giros oceânicos se moviam em direção aos polos.
“Na verdade, estou realmente impressionado com este artigo”, disse Kristopher Karnauskas, professor associado do Departamento de Ciências Atmosféricas e Oceânicas da Universidade do Colorado em Boulder, que não estava conectado ao novo estudo. “Não existem muitos jornais por aí que investiguem realmente o papel do oceano no problema da expansão tropical”. (ecodebate)

Metade dos oceanos mundiais são afetados pelas mudanças climáticas

Mais da metade dos oceanos do mundo já são afetados pelas mudanças climáticas.
Mais da metade dos oceanos do mundo já são afetados pelas mudanças climáticas

Primeira estimativa do ponto em que áreas dos oceanos do mundo mostrarão evidências dos impactos das mudanças climáticas

Mais de 50% dos oceanos do mundo já podem ser afetados pelas mudanças climáticas, com esse número chegando a 80% nas próximas décadas, mostrou um novo estudo.

Os cientistas usaram modelos climáticos e observações em áreas mais profundas do oceano em todo o mundo para calcular pela primeira vez o ponto em que as mudanças nas temperaturas e nos níveis de sal – bons indicadores do impacto da mudança climática induzida pelo homem – superariam as variações naturais.

O estudo, publicado na Nature Climate Change, estima que 20-55% dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico agora têm temperaturas e níveis de sal visivelmente diferentes, enquanto isso aumentará para 40-60% em meados do século, e para 55-80% até 2080.

Também descobriu que os oceanos do hemisfério sul estão sendo afetados mais rapidamente pelas mudanças climáticas do que os do hemisfério norte, com mudanças sendo detectáveis lá desde os anos 1980.

O professor Eric Guilyardi, coautor da Universidade de Reading e LOCEAN-IPSL, Laboratório de Oceanografia e Clima de Paris, disse: “Temos detectado mudanças na temperatura do oceano na superfície devido às mudanças climáticas há várias décadas, mas mudanças em vastas áreas do oceano, particularmente as partes mais profundas, são muito mais difíceis de detectar”.

Mais da metade dos oceanos já é afetado pela mudança do clima.

Yona Silvy, aluna de doutorado da LOCEAN-IPSL / Sorbonne University e autora principal do estudo, disse: “Estávamos interessados em saber se os níveis de temperatura e sal eram grandes o suficiente para superar a variabilidade natural nessas áreas mais profundas, isto é, se eles subiram ou caíram mais do que jamais durante os picos e depressões normais”. Isso afeta a circulação global dos oceanos, o aumento do nível do mar e representa uma ameaça para as sociedades humanas e os ecossistemas.

Estudos anteriores avaliaram o impacto da mudança climática no oceano observando as temperaturas da superfície, as chuvas e o aumento do nível do mar, mas poucos examinaram os efeitos regionais no fundo do oceano para obter uma imagem mais completa.

Os efeitos das mudanças climáticas são mais difíceis de detectar em partes mais profundas e isoladas do oceano, onde o calor e o sal se espalham a uma taxa mais lenta devido a processos de mistura mais fracos. Também é difícil em áreas que são mal observadas ou onde a variabilidade natural é alta.

Yona Silvy e seus coautores usaram simulações de modelos com e sem o impacto da atividade humana e uma análise que combina a temperatura e o sal do oceano para detectar mudanças significativas e sua provável data de detecção, também conhecido como “tempo de emergência”. No entanto, essas são regiões que manterão a memória dessas mudanças por décadas a séculos.

As mudanças detectáveis acima da variabilidade natural foram calculadas para serem vistas nos oceanos do Hemisfério Norte entre 2010-2030, o que significa que aumentos ou diminuições na temperatura e nos níveis de sal provavelmente já ocorreram.

As mudanças mais rápidas e anteriores vistas no Hemisfério Sul enfatizam a importância do Oceano Antártico para o calor global e o armazenamento de carbono, já que as águas superficiais chegam às profundezas do oceano com mais facilidade. No entanto, esta parte do mundo também é particularmente mal observada e amostrada, o que significa que as mudanças provavelmente não serão detectadas por mais tempo.
Os cientistas argumentam que é necessário melhorar a observação dos oceanos e aumentar o investimento em modelagem dos oceanos para monitorar a extensão do impacto das mudanças climáticas nos oceanos do mundo e prever com mais precisão o efeito mais amplo que isso poderia ter no planeta. (ecodebate)

Constituição/1988, Instituições Públicas Ambientais e o desflorestamento amazônico

A Constituição Federal de 1988 e as Instituições Públicas Ambientais Municipais diante do desflorestamento na Amazônia.
A Constituição Federal de 1988 e as Instituições Públicas Ambientais Municipais diante do desflorestamento na Amazônia.

No caso da Amazônia, muitas das propostas apresentadas até hoje, levaram, conforme definido pelo indiano Bhagwati (1979), a uma perspectiva de desenvolvimento sustentado ou do crescimento empobrecedor, para essas questões, os governos, principalmente os municipais, após a promulgação da carta magna de 1988, quando as estruturas político-institucionais ambientais passaram a assumir um papel determinante na administração local.

O repasse das responsabilidades ambientais para a esfera municipal (saúde, educação, uso do solo urbano, etc.), com a criação de centenas de novos municípios, aliado ao aumento da organização civil (sindicatos, associações, conselhos, etc.), transformou essa esfera responsável pelos processos decisórios, sem o devido suporte do Estado nacional no que diz respeito a necessidade de descentralização das suas organizações estabelecidas nas capitais, sem a devida interiorização dessas estruturas e dos seus agentes públicos, tornando com isso os municípios desprovidos de armas para combater o desflorestamento na Amazônia com eficiência, eficácia e a efetividade esperada pela sociedade nacional e internacional.

A ação pública e os embates promovidos pelos pequenos produtores rurais ordenados em associações e sindicatos mal organizados e sem poder de mudanças estruturais, decorrente de baixa influência política com gestores públicos, perante os empresários, grandes latifundiários e especuladores de toda ordem, tem resultado em dificuldades da manutenção dos níveis de sobrevivência, cada vez mais improvável, dentro dos atuais padrões tecnológicos, políticos e administrativos locais, observados especialmente na produção de alimentos, nas relações mercantis e nas relações trabalhistas inadequadas ou ilegais, até certo ponto, criminosas, como a profusão do trabalho escravo.
Apesar disso, é cada vez mais iminente a necessidade de desenvolver-se o município, já entre o estado (federal, regional e estadual) e a população, só existe uma unidade governada – o município – geralmente marcada por fortes vieses urbanos, inclusive no meio rural (Abramovay, W., 2002), é, portanto, legítimo questionar a natureza das coletividades territoriais no contexto das populações rurais.

Muitas das questões apresentadas a pesquisadores e agentes de desenvolvimento, pelas coletividades locais e regionais, traduzem-se em termos de ajuda à tomada de decisões ou de planejamento. Trata-se, portanto, de reforçar a capacidade de ação e de iniciativa dos atores locais e de suas organizações, utilizando-se técnicas seguras que, possam de fato, possibilitar a intervenção no processo de planejamento do desenvolvimento local sustentado. Mas, por outro lado, o manuseio dessas técnicas se tornaram no empoderamento das autoridades locais, principalmente as políticas, e, seu uso ou aplicação, muitas das vezes são utilizadas em benefício próprio e dos seus asseclas, em detrimento daqueles realmente necessitados.

O artigo 182 da CF, recomenda que apenas os municípios com mais de 20.000 habitantes devem possuir, no seu arcabouço legal, seus Planos Diretores. Todavia, na Amazônia é muito comum que se tenha municípios com menos de 20.000 habitantes, mas com grandes áreas geográficas com muitos recursos naturais que precisam ser transformados em riqueza para população local, seja ela do ponto de vista da preservação, conservação e até uso econômico destes. Mas, esses interesses escapam das políticas públicas dos dirigentes, usando muitas vezes dessas lacunas na lei para que se utilizem disso para explorar e incentivar a exploração do uso desses recursos sem o menor controle do Estado nacional.

Isso implica na prática, que os nossos legisladores não conhecem a Amazônia, seus municípios e muito menos os habitantes da floresta, já que os municípios são obrigados a não possuir, a partir do seu Plano Diretor, outros planos de desenvolvimento também importantes para o progresso destes, como: Criação de Conselhos ambientais, planos de gestão dos recursos naturais, planos de gestão do seu território, planos de gestão agrícolas, etc.

A partir desses planos, a criação de leis locais que recomendem o uso adequado desses recursos naturais, de modo que a sustentabilidade social e econômica sejam garantidas, pode-se dar início a uma série de ações que possam conhecer como se dá o empoderamento local das associações, sindicatos e que esses possam de forma efetiva atuar junto aos representantes populares na construção dessas leis e dos documentos aqui relacionados, além de participarem efetivamente dos Conselhos definidos pela lei máxima da nação.

No aspecto inerente ao setor agrícola, reconhecendo que a agricultura familiar caracteriza a produção local na Amazônia, representando, segundo dados do Censo do IBGE de 2006, ser eles (agricultores familiares) responsáveis por 76,9% da ocupação rural e 70% da produção de alimentos básicos, se encontram dispersos pelos municípios, além de haver em algumas regiões estagnação da produção, falta de energia elétrica para o processamento dos produtos, falta de vias vicinais em condições de trafegabilidade para escoamento da produção, ausência de preços que garantam os recursos mínimos paras os agricultores continuarem a produzir (ex. o arroz da marca Tio João, originado no RGS chega a um preço menor que o preço de custo do produzido na região da Transamazônica), além de outros problemas crônicos, que sua superação destes estão há passos lentos.

Na Amazônia temos em torno de 25 milhões de consumidores, que precisam ser munidos de bens de primeira necessidade, com a produção de alimentos básicos prejudicada, a segurança alimentar fica ameaçada, pois, quando o produtor não encontra guarida do Estado e dos seus órgãos públicos, onde estão os recursos naturais produtivos, esses recursos ficam ao abandono e, nas mãos daqueles, que sem o menor apreço ou receio das autoridades, sempre distantes, fazem o que querem, inclusive praticam o desflorestamento.

Onde se tem fome e pobreza, os recursos naturais são atingidos diretamente com sua exploração destruidora, pois atrás de baixos salários os trabalhadores empobrecidos buscam desesperadamente trabalho degradante ou ilegal para manter a si e seus familiares, atacados por doenças e outros males sociais são presas fáceis para os exploradores, toda degradação ambiental começa com a degradação social da população menos assistida pelo poder público.
Ainda há uma luz no final do túnel, quando o governo federal deverá encaminha ao Congresso nacional, uma nova reforma administrativa, que por sua vez deverá, a nosso ver, uma reforma não apenas com foco na estrutura de pessoal (servidores e Celetistas), mas também estrutural, quando deverá interiorizar nossos agentes públicos e seus órgão devem alcançar onde o povo está, ou seja, nos municípios, mais pobres da Amazônia, assim deveremos ter massa crítica para em conjunto com a população local pudermos, ai sim, combater o desflorestamento da Amazônia. (ecodebate)

10 vezes mais plástico no Atlântico do que se pensava

Estudo estima que há pelo menos 10 vezes mais plástico no Atlântico do que se pensava.
Estudo estima que há pelo menos 10 vezes mais plástico no Atlântico do que se pensava

A massa de microplásticos ‘invisíveis’ encontrados nas águas superiores do Oceano Atlântico é de aproximadamente 12-21 milhões de toneladas, de acordo com uma pesquisa publicada na revista Nature Communications.

Significativamente, esse valor é apenas para três dos tipos mais comuns de lixo plástico em uma faixa de tamanho limitada. Ainda assim, é comparável em magnitude às estimativas de todos os resíduos de plástico que entraram no Oceano Atlântico nos últimos 65 anos: 17 milhões de toneladas. Isso sugere que o suprimento de plástico para o oceano foi substancialmente subestimado.

A autora principal do artigo, Dra. Katsiaryna Pabortsava, do National Oceanography Center (NOC), disse “Anteriormente, não podíamos equilibrar a massa de plástico flutuante que observamos com a massa que pensávamos ter entrado no oceano desde 1950”. Isso ocorre porque estudos anteriores não haviam medido as concentrações de partículas microplásticas “invisíveis” abaixo da superfície do oceano. Nossa pesquisa é a primeira a ter feito isso em todo o Atlântico, do Reino Unido às Malvinas.

O coautor, Professor Richard Lampitt, também do NOC, acrescentou “se assumirmos que a concentração de microplásticos que medimos a cerca de 200 metros de profundidade é representativa daquela na massa de água até ao fundo do mar abaixo com uma profundidade média de cerca de 3000 metros, então o Oceano Atlântico pode conter cerca de 200 milhões de toneladas de lixo plástico nesta categoria limitada de tipo e tamanho de polímero. Isso é muito mais do que se pensava ter sido fornecido”.

“Para determinar os perigos da contaminação do plástico para o meio ambiente e para os humanos, precisamos de boas estimativas da quantidade e das características desse material, como ele entra no oceano, como se degrada e o quão tóxico é nessas concentrações. Este artigo demonstra que os cientistas tiveram uma compreensão totalmente inadequada até mesmo do mais simples desses fatores, quanto existe, e parece que nossas estimativas de quanto é despejado no oceano foram enormemente subestimadas”.

Pabortsava e Lampitt coletaram amostras d’água do mar durante a expedição da 26th Atlantic Meridional Transect entre setembro e novembro/2016. Filtraram grandes volumes de água do mar em 3 profundidades selecionadas nos 200 metros superiores e detectaram e identificaram contaminantes plásticos usando espectroscopia de última geração técnica de imagem. O estudo focalizou o polietileno, o polipropileno e o poliestireno, que são os tipos de plástico mais proeminentes comercialmente e também os de maior lixo.

Este estudo se baseia na pesquisa de ponta do NOC sobre contaminação marinha por plásticos, que visa compreender melhor a magnitude e a persistência da exposição a plásticos e os danos potenciais que ela pode causar. Este trabalho foi apoiado pelo programa EU H2020 AtlantOS e pelo NOC. O programa AMT foi apoiado pela Capacidade Nacional do Conselho de Pesquisa de Meio Ambiente do Reino Unido como financiamento para o Laboratório Marinho de Plymouth e o NOC. (ecodebate)

domingo, 27 de setembro de 2020

Plástico encontrado no oceano Atlântico é 10 vezes maior ao estimado

Quantidade de plástico encontrado no oceano Atlântico é 10 vezes superior ao estimado.

Segundo o Centro de Oceanografia Nacional do Reino Unido, a quantidade de plástico depositado no Atlântico é 10 vezes superior ao que anteriormente se havia estimado, o que demostra que o problema mundial do plástico é provavelmente muito maior do que se imaginava.
As novas medições aos 200 metros superiores do Atlântico encontraram entre 12 e 21 milhões de toneladas de partículas microscópicas de três dos tipos mais comuns de plástico, em cerca de 5% do oceano. O que representa uma concentração no Atlântico de cerca de 200 milhões de toneladas dos plásticos comuns.

Estimativas anteriores, com base em cálculos da quantidade de resíduos urbanos geridos nas áreas costeiras, apontavam para uma quantidade entre os 17 milhões e 47 milhões de toneladas de plástico lançadas no Atlântico, ao longo de 65 anos compreendidos entre 1950 a 2015.

Segundo Katsiaryna Pabortsava, do Centro de Oceanografia Nacional do Reino Unido, principal autora do estudo citada pelo ‘The Guardian’, a principal descoberta “é que há uma quantidade enorme de partículas microplásticas, mesmo muito pequenas, no oceano Atlântico superior, numa quantidade muito superior à estimativa anterior. A quantidade de plástico foi enormemente subestimada”.

Com esta descoberta, os especialistas esperam estimular os legisladores a reforçarem as suas apostas no que ainda pode ser feito para impedir que tanto plástico chegue aos mares, colocando a vida marinha em grande risco.
Lixo em East Beach, na Ilha Henderson, no Pacífico Sul. Pelo menos 25 milhões de toneladas de resíduos são despejadas por ano nos oceanos; 80% destas tem origem nas cidades.

“A sociedade está muito preocupada com o plástico, com a saúde dos oceanos e com a saúde humana”, disse Pabortsava, alertando para a urgência de “responder a perguntas fundamentais sobre os efeitos deste plástico e aferir se prejudica a saúde do oceano. Os efeitos podem ser sérios, mas podem demorar algum tempo a atingir níveis subletais”. (atlasdasaude)

Nível de plástico no Atlântico é 10 vezes maior do que estimativa anterior

Quantidade de plástico no Atlântico é pelo menos 10 vezes maior do que o estimado anteriormente, mostra estudo do Centro de Oceanografia Nacional do Reino Unido.

Estudo mostra o aumento da quantidade de plásticos que atinge os oceanos.

A poluição oceânica por plástico é um tema crescente, que teve início por volta de 1970, quando apareceu pela primeira vez na literatura científica. Apesar disso, mais de 50 anos depois, ainda não há estimativas rigorosas sobre quantidades e as origens dos materiais plásticos que entram no ambiente marinho.

Muita coisa deve ser alterada no consumo para que níveis de plástico nos oceanos diminuam.

A quantidade de plástico no oceano Atlântico é pelo menos 10 vezes maior do que o estimado anteriormente pelos cientistas. Novas medições encontraram entre 12 e 21 milhões de toneladas de partículas microscópicas de três dos tipos mais comuns de plástico, em cerca de 5% do oceano. Isso indicaria uma concentração no Atlântico de cerca de 200 milhões de toneladas destes plásticos comuns.

As estimativas anteriores, com base em cálculos da quantidade de resíduos urbanos mal geridos nas áreas costeiras, eram de que entre 17 milhões e 47 milhões de toneladas de plástico foram lançadas no Atlântico no total ao longo de 65 anos (de 1950 a 2015). (uol)

Queimadas no pantanal aumentaram 240% entre 2019 e 2020

Queimadas no pantanal aumentaram 240% no acumulado deste ano comparado a 2019.

Nos primeiros 13 dias de agosto foram registrados mais focos de calor que em todo o mês no ano passado.
Fogo MS

Incêndios no Pantanal registram o pior mês de julho da história.

Os focos de queimadas no Pantanal aumentaram 240%, entre 1º de janeiro e 13 de agosto, comparados ao mesmo período do ano passado. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apenas nos 13 primeiros dias deste mês foram contabilizados mais focos de calor de que em todo o mês de agosto de 2019: 2.578 contra 1.684. Um alta de 53%, informou o G1.

A proliferação de queimadas no Pantanal está muito acima da média histórica. Julho foi o pior mês de queimadas no bioma em uma década. O INPE identificou 1.684 focos de calor na região, quase sete vezes mais do que a média registrada nos meses de julho de 2009 a 2019 (244).

A devastação notificada em julho é o triplo da registrada em 2017 — que, até agora, era o mês de julho mais ardente da década, com 449 notificações de fogo. E o avanço é ainda mais avassalador se comparado à taxa vista em 2019. Neste caso, em apenas um ano, as queimadas cresceram 382%.

As queimadas no Pantanal estão levando ao êxodo de populações ribeirinhas, acometidas de problemas de saúde e de dificuldade de obter seu sustento. Levantamento do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), realizado em oito comunidades ribeirinhas na margem de cidades do Mato Grosso do Sul assoladas por incêndios, mostra que as pessoas que deixam suas casas, em geral, recorrem a parentes que moram na região urbana. Na área vivem cerca de 1.110 pessoas, distribuídas em cerca de 240 famílias.

SOS Pantanal.

Focos de incêndio bateram recorde nos primeiros 7 meses de 2020 no Pantanal.

Segundo o G1, a comparação entre os números absolutos de queimadas entre biomas mostra que a Amazônia tem o maior número de focos. No entanto, a floresta amazônica no Brasil representa uma área mais de 30 vezes maior do que a do Pantanal. Já o número de focos não acompanha a extensão: é apenas quatro vezes mais alto.

Pesquisadores relacionam as queimadas do Pantanal ao desflorestamento da Amazônia. É da floresta que vem a maior parte da umidade que alimenta o Pantanal, explicam. Segundo o G1, as áreas de desmatamento aumentaram 34,5% em um ano, de agosto de 2019 a julho de 2020.

Apesar dos números recordes de queimadas nos dois biomas, este ano, o IBAMA gastou, até 30 de julho, apenas 19% de seus recursos previstos para prevenção e controle de incêndios florestais. A lei orçamentária de 2020 destinou R$ 35,5 milhões para que o instituto tomasse iniciativas que poderiam conter o avanço do fogo em ecossistemas, mas somente R$ 6,8 milhões foram investidos nos primeiros 7 meses do ano.
Operação Pantanal segue com ação de militares combatendo incêndio no Mato Grosso. (ig)

Florestas do Acre podem ser afetadas por incêndio

Amazônia em Chamas 20: Florestas do Acre podem ser mais afetadas por incêndios, diz NASA.
Índices de queimadas são maiores 23,5% do que o ano de 2016, quando a região foi afetada pelo fenômeno El Niño. A imagem acima mostra área de floresta sendo queimada na BR-364 entre os municípios de Feijó e Tarauacá

Rio Branco/AC – O aumento expressivo nas taxas de desmatamento no estado do Acre, as elevadas temperaturas e a previsão de um “verão amazônico” mais seco, fazem dessa porção da Amazônia Ocidental mais vulnerável e a sofrer com incêndios florestais neste ano de 2020. O número de queimadas deste ano na região é 23,5% maior do que o registrado há quatro anos, quando a região estava afetada pelo fenômeno El Niño. Entre 01/01 e 13/08/2020 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou 1.497 focos de calor no estado contra 1.212 no mesmo de 2016. No igual período de 2019 foram 1.583 focos de calor, que apontam para uma queda de 5,4% nas queimadas.

A situação de 2020 é ainda preocupante diante dos dados levantados por instituições de pesquisas que apontam elevada concentração de desmate e queimadas nas regiões com a maior concentração de floresta nativa.

Em maio, a agência espacial dos Estados Unidos, a NASA, divulgou estudo apontando que, entre os estados da Amazônia brasileira, o Acre é o que tem a maior probabilidade de ser atingido por incêndios florestais: 85%. O principal motivo para isso, segundo a NASA, é o aquecimento das águas do Oceano Atlântico, que tem como principal efeito a redução da umidade na parte mais sul da Amazônia e uma concentração maior ao norte.

O fenômeno é conhecido pela sigla em inglês AMO, cuja tradução para o português é Oscilação Multidecadal do Atlântico. Além do Acre, seus efeitos são sentidos no sul do Amazonas, sudoeste do Pará, Mato Grosso e Rondônia. Os departamentos de Pando, na Bolívia, e Madre de Dios, no Peru, também são atingidos. Entre os três países, o departamento boliviano de Santa Cruz de la Sierra tende a ser o mais afetado por fogo em vegetação: 92%.
Queimada em Rio Branco em agosto de 2020.

“A previsão da temporada de incêndios é consistente com o que vimos em 2005 e 2010, quando as temperaturas quentes da superfície do oceano Atlântico geraram uma série de furacões severos e provocaram secas recordes em todo o sul da Amazônia, que culminaram em incêndios florestais generalizados na Amazônia”, disse Doug Morton, chefe do Laboratório de Ciências Biosféricas do Goddard Space Flight, da NASA, em entrevista publicada no site da agência norte-americana.

“Do ponto de vista das condições meteorológicas a probabilidade é tanto de termos chuvas abaixo da média ou temperaturas acima da média. Então você tem as condições para as ocorrências de algum tipo de incêndio florestal. Temos um cenário propício para isso”, diz Liana O. Anderson, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

“Existe essa relação do aumento da temperatura do oceano Atlântico que acaba deslocando a zona de convergência, que é o grande processo responsável pelas chuvas na Amazônia, um pouquinho mais para o norte. O deslocamento dessa grande massa de chuva que cruza toda região tropical move um pouquinho para o norte, provocando mais chuvas, e a parte sul da Amazônia enfrenta uma seca”.

“Com essas condições de seca mais proeminente e tendendo a se agravar nos próximos meses, os riscos de incêndios florestais aumentam bastante”, completa.

Alertas de desmatamento na Amazônia nos primeiros trimestres de 2016 a 2020 apontam recorde em sinais de devastação nos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano.

O estudo da NASA levou em consideração para elaborar o risco de incêndio florestal na Amazônia não apenas as condições climáticas causados pelo AMO, como também o histórico recente de desmatamento e registro de focos de queimada dos últimos anos. Em 2019, a maior floresta tropical do mundo concentrou níveis recordes de derrubada e queimadas, tendência que se mantém agora em 2020.

De acordo com o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre janeiro e julho foram emitidos avisos de desmate para uma área de 4.730 km2 na Amazônia Legal. Entre 01/01 e 13/08/2020 foram 40.059 focos de queimadas na região.

Alta no desmatamento

Queimada em Rio Branco, capital do Acre.

Um dos menores estados do Norte do país em extensão territorial, o Acre passava quase despercebido quando da divulgação de dados como estes. As áreas desmatadas no estado sempre foram muito inferiores quando comparadas com Pará, Mato Grosso ou a vizinha Rondônia. De 2019 para cá, porém, o estado vem dando contribuições significativas para o aumento do desmatamento na Amazônia.

Conforme levantamento do Sistema de Alerta de Desmate (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em julho o Acre foi responsável por 12% de todo o desmatamento registrado; Mato Grosso – que sempre lidera com o Pará os índices de devastação – respondeu por 9%.  Em 2019, o Acre desmatou 706,48 km2 de floresta, aponta o Prodes/INPE; uma diferença bastante expressiva quando comparado com 2018 (461,25 km2) e 2017 (245,66 km2).

A elevação das taxas de derrubada se dá por conta da mudança de ambiente político nas esferas federal e estadual. O atual governo local tem como principal política para o desenvolvimento econômico o fortalecimento do agronegócio. Em março de 2019, o governador Gladson Cameli (PP) fez um discurso na cidade de Sena Madureira visto como o “liberou-geral” para a destruição da floresta, ao desmoralizar a atuação do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).

“Quem for da zona rural, e que o seu Imac estiver multando, alguém me avise porque eu não vou permitir que venham prejudicar quem quer trabalhar. Avise-me e não pague nenhuma multa porque quem está mandando agora sou eu. Não paguem”, disse o governador.

O que chama a atenção no pequeno estado é o deslocamento da pressão humana sobre a floresta. Se antes as derrubadas e o fogo estavam concentrados na porção leste – onde ficam as maiores fazendas de gado – agora eles seguem rumo a uma área ainda muito rica em floresta preservada, chegando até as regiões isoladas e difícil acesso.

Falar em desmatamento ou incêndios em municípios isolados como Jordão ou Marechal Thaumaturgo era quase inconcebível até anos atrás; a realidade agora é outra. O Acre ainda mantém intacto quase 87% de sua cobertura florestal nativa.
Em julho/2020 o Acre desmatou mais que o Mato Grosso.

Desde 2019 os municípios dos Vales do Envira/Tarauacá, Purus e Juruá passam a concentrar grande parte das áreas desmatadas e incendiadas. Em 2020, Feijó lidera o ranking de desmatamento: 45,11 km2. Em julho o município ficou entre os 10 que mais perderam vegetação nativa na Amazônia Legal.

O primeiro lugar no ranking de desmatamento se repete no de queimadas: de janeiro até 13 de agosto foram 339 focos de calor detectados no município, que tem a maior quantidade de terras indígenas no estado.

Feijó e Tarauacá se revezam na primeira posição entre os 22 municípios acreanos que mais queimam este ano, juntos, os dois municípios vizinhos concentram 43% do total de focos detectados até a segunda quinzena de agosto.

Com um “verão amazônico” mais seco e prolongado – como apontam as projeções da NASA -, a possibilidade de o fogo feito em roçados, áreas de pastagem ou para a limpeza da área derrubada causarem incêndios florestais são altas; os efeitos são imensuráveis numa região cujo combate ao fogo seria difícil pelas dificuldades de logística. Em 2019 o Acre registrou 1.910 hectares de floresta em pé queimada. Em 2005 foram 350 mil.

Aumento de grilagem

Ampliação de área de pasto na BR 364 no Acre.

Segundo a pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (LabGama), da Universidade Federal do Acre (Ufac), Sonaira Silva, o desmatamento em alta na região mais ao sul da Amazônia ocorre tanto para a prática da invasão de terras públicas quanto para a expansão de áreas agrícolas, sobretudo da pecuária.

“Está tendo muita invasão de terras públicas, grilagem mesmo. Também tem as propriedades privadas que estão expandindo suas áreas de uso, além dos pequenos produtores que ampliam os roçados para sua subsistência, mas o maior volume de desmatamento é em terras públicas. Eu estimo que de 80 a 90% destas áreas desmatadas vão ser destinadas para a pastagem”, diz Sonaira Silva.

No Acre a Floresta Estadual do Antimary é uma das mais impactadas para a prática da grilagem. A unidade passou a ser alvo frequente de operações do Batalhão de Polícia Ambiental para tentar conter o crime. Outra UC impactada pela chegada de invasores é a Reserva Extrativista Chico Mendes. Esta invasão é diferenciada, pois é feita pelos próprios moradores, que passaram a “cortar” suas colocações para a venda de lotes.

Apenas em julho passado, segundo o INPE, a reserva teve desmatado 10 km2 de sua cobertura florestal, o terceiro maior resultado entre as áreas protegidas da Amazônia. O primeiro lugar pertence à Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará: 15 km2. Estas são duas unidades de conservação já bastante pressionadas e impactadas pelas atividades no seu entorno, com destaque para a agropecuária.

Para o consultor-convidado do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) Paulo Barreto, o crescimento das taxas de desmatamento dentro das áreas protegidas é o exemplo de como as terras públicas vêm sendo griladas nos últimos anos. Essa grilagem, aponta ele, ocorre se recorrendo a mecanismos oficiais para dar aparência de legalidade ao que foi feito de forma ilegal. É o caso do Cadastro Ambiental Rural, o CAR.

“Os caras estão usando o CAR. Eles estão grilando e cadastram porque acham que o cadastro é um passo para regularizar, e sabe que não vai ser punido. Até pagam o ITR Eles usam instrumentos públicos para grilar”, afirma Barreto. Segundo ele, uma mudança percebida é o aumento das áreas desmatadas, saindo de poucos hectares para até dois mil hectares, o que mostra o poder de capital de quem o pratica. Na região, em média, a derrubada de um hectare de floresta custa mil reais.

Esta floresta que foi ao chão logo será queimada. As grandes áreas incendiadas são feitas não pelo pequeno, mas pelo médio e grande produtor. No Acre, segundo Sonaira Silva, a maioria das áreas queimadas com mais de 50 hectares foi detectada em terras públicas. “Boa parte são fazendas que estão se ampliando. Quem consegue queimar tanta área não é o pequeno produtor”, diz a pesquisadora.

Por muitas décadas as queimadas na Amazônia são caracterizadas por ocorrer em áreas agrícolas, para limpeza de roçados ou pastagens. Sem acesso a tecnologias e assistência dos governos, as famílias de pequenos e médios produtores rurais recorrem ao fogo para “renovar o solo” para a próxima safra. Desde 2019, pesquisadores apontam uma mudança neste comportamento, com as queimadas em áreas recém desmatadas crescendo.

O que diz o governo do Acre
Monumento de Chico Mendes em Rio Branco.

A reportagem consultou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente para saber quais providências vêm adotando para mitigar os efeitos de um “verão amazônico” mais severo. De acordo com a pasta, desde o início de junho os seus técnicos se reúnem com especialistas de todo o país para tratar das previsões climáticas para a região e seus impactos.

“As chuvas encontram-se abaixo da média durante a transição entre a estação chuvosa e seca em todo o estado do Acre, e isso representa a possibilidade de uma seca severa no estado, nos moldes das que ocorreram em 2005 e 2010 e que afetaram sobremaneira o estado do Acre”, nota da Sema assinada pela secretária-executiva Vera Reis Brown,

Questionada sobre quais medidas adota para evitar os incêndios em áreas de floresta, a Sema informou que “o governo não está esperando que o fogo pegue na floresta para agir”.

“Iniciamos a implementação de um plano operacional estratégico nas áreas de maior criticidade no estado, ou seja nas florestas públicas, através de missões integradas de comando e controle com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – Sema, Polícia Militar, através do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) e Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).”

Esta ação mais repressiva seria voltada para combater os crimes de invasão de terras públicas (grilagem) nas unidades de conservação estaduais. Do ponto de vista de médio e longo prazo a Sema informa que trabalha com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA) para a regularização dos passivos, “trazendo os produtores para a legalidade, com o desenvolvimento de estratégias de integração institucional”.

“Sabe-se que o Acre tem tido um posicionamento proativo dos órgãos competentes e responsáveis sobre o caráter irregular das atividades de desmatamento. No entanto um alinhamento das atividades de monitoramento e fiscalização, com o suporte dos órgãos de inteligência tem sido de fundamental importância, pois a situação atual se configura de forma diferente, quando há o envolvimento de outros ilícitos como as invasões de terras públicas”.
Fumaça causada pelas queimadas em Rio Branco.

A agência Amazônia Real está realizando a cobertura Amazônia em Chamas 2020 para publicar reportagens exclusivas sobre a devastação da floresta. Neste período em que o mundo enfrenta a pior crise sanitária da atualidade, a pandemia do novo coronavírus, os responsáveis pelos desmatamentos e queimadas não dão trégua. A fumaça dos incêndios deixa em vulnerabilidade a biodiversidade e compromete a saúde das populações tradicionais e urbanas da região amazônica.

Leia a reportagem que abriu a nova série:

Amazônia em Chamas 20: “Tudo que vai queimar está pela frente”, diz Setzer sobre a temporada do fogo.

Rodovia em Rio Branco, capital do Acre. (amazoniareal)

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Incêndios em Mato Grosso do Sul aumentam 74% com relação a 2019

Emergência ambiental no Pantanal – Incêndios em Mato Grosso do Sul aumentam 74% com relação a 2019.
MS – Governo estadual decreta situação de emergência ambiental no Pantanal

Dados compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que o número de focos de queimadas e incêndio registrados em Mato Grosso do Sul já é 74% superior ao total verificado no mesmo período de 2019, o que obrigou o governo estadual a decretar situação de emergência ambiental no Pantanal. 

De 1º de janeiro até 16/08/2020 o satélite de referência (Aqua_M-T) acumulou sinais de 5.959 focos de calor em território sul-mato-grossense. No mesmo período de 2019 foram registrados 3.415 ocorrências. No ano passado, considerados os mesmos sete meses e meio, o estado já tinha registrado o resultado mais preocupante desde 2016: uma variação da ordem de 239% se comparados aos 1.006 focos de incêndios e queimadas identificados entre 1º janeiro e 16/08/2018.

Já no Mato Grosso, o número de ocorrências se mantém praticamente estável em comparação ao ano passado. Imagens de satélite registradas entre 1º de janeiro e 16/08/20 apontam a existência de um total de 13.238 focos de incêndios e queimadas. No mesmo período de 2019 foram registrados 13.225 ocorrências. O resultado anterior, no entanto, representou um acréscimo de 85% sobre os 7.149 focos identificados do começo de 2018 a meados de agosto, sendo o pior resultado do estado nos últimos cinco anos, tendo interrompido dois períodos sucessivos de queda dos números.

Preocupante, a situação dos dois estados da região Centro-Oeste chamam a atenção principalmente pelas chamas que consomem a vegetação do Pantanal, colocando em risco a vida de animais, inclusive de espécies em extinção, e de moradores da região.

Apesar disso, o maior aumento do número de registros de focos de incêndio e queimadas ocorreu em Santa Catarina, na Região Sul. Enquanto de janeiro a meados de agosto de 2019 o satélite Aqua_M-T acumulou 889 ocorrências, no mesmo período deste ano foram 1.615, ou 82% a mais.

Veja a variação do número de incêndios por estado.

Tabela de incêndios mostra comparativo dos últimos 5 anos.

Pior seca

Comparando os registros históricos de temperatura e chuvas, técnicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) concluíram que esta é a seca mais intensa a atingir o Pantanal em pelo menos 60 anos.

O Cemaden aponta que, no primeiro semestre deste ano – antes, portanto, que a situação se agravasse com o fim do período de chuvas na região Centro-Oeste – as queimadas e incêndios florestais atingiram áreas do Pantanal que, somadas, totalizam mais de 2.800 km², o que corresponde a quase 90% dos cerca de 3.266 km² territoriais ocupados pela capital do Mato Grosso, Cuiabá.

De acordo com os especialistas do centro vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, as chamas destruíram a flora e expulsaram ou mataram espécies animais em áreas protegidas incluídas na Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional (ou Lista de Ramsar, em alusão à cidade iraniana de Ramsar, onde, em 1971, ocorreu a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, da qual o Brasil é signatário), bem como em territórios indígenas.

“Apesar da vegetação ter adaptações para resistir ao fogo, os extremos da seca e a recorrência das queimadas têm impactos na biodiversidade florística e na fauna, além dos impactos da fumaça para a saúde humana”, aponta o Cemaden em seu informe.

Segundo o centro, a partir de junho, o número de focos de calor aumentou mais de dez vezes em comparação aos meses anteriores. O que impacta também a produção agrícola. Municípios como Jaciara, Nossa Senhora do Livramento e Santo Antônio do Leverger já tiveram entre 60% e 80% de suas áreas agro produtivas afetadas pela seca, de acordo com os técnicos do Cemaden.

Adversidades

Para Angelo Rabelo, presidente do Instituto Homem Pantaneiro, uma organização não governamental (ONG) que atua para a preservação do bioma em parceria com órgãos públicos e empresas privadas, a situação no Pantanal é “bastante adversa”.

“Em Mato Grosso do Sul, os focos de incêndio continuam intensos, mas em Mato Grosso a situação é ainda mais complicada”, contou à Agência Brasil o ex-comandante da Polícia Ambiental do Mato Grosso do Sul.

Rabelo diz que uma das áreas mais afetadas no Mato Grosso do Sul fica próxima a Corumbá, onde, segundo ele, foram registrados mais de 2 mil focos de incêndio e queimadas. “Muitas áreas que estavam sem nenhuma atividade pecuária permitiram que o fogo avançasse de forma contínua a partir de abril”, acrescentou o ex-comandante da Polícia Ambiental de Mato Grosso do Sul, fazendo coro a produtores rurais que sustentam que a criação de unidades de conservação em áreas próximas à Corumbá onde antes havia criação de gado, e a consequente proibição da utilização destas terras para pasto, acaba por facilitar a propagação do fogo pela vegetação na época da seca.

Ainda de acordo com Rabelo, brigadistas, militares das Forças Armadas e voluntários tentam apagar o fogo, mas além da vegetação seca, se deparam com obstáculos impostos pela dificuldade de acesso a muitos dos pontos em chama. Helicópteros têm sido empregados não só para transportar as equipes até os locais de trabalho, como para despejar sobre as chamas a água captada em rios próximos.

“Nem mesmo por água é possível acessar muitos destes lugares. Esperamos que, até o fim da semana, tenhamos uma ajuda determinante, que seria a chuva, pois a umidade do ar já aumentou e há indicativos de chuvas”, acrescentou o presidente da ONG.

Emergência ambiental

No fim de julho, o governo de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência ambiental na área do Pantanal sul-mato-grossense por 180 dias. Além disso, suspendeu as autorizações ambientais de queima controlada pelo mesmo período, e solicitou apoio federal para combater os focos de calor.

Em resposta ao pedido de auxílio estadual, o Ministério da Defesa deflagrou em 25/7/20 a chamada Operação Pantanal. Coordenada pelo Comando do 6º Distrito Naval, a ação conta com a participação de cerca de 400 profissionais, entre militares das Forças Armadas aptos a enfrentar incêndios florestais; do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); bombeiros de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, além de brigadistas e voluntários.

Em nota divulgada em 17/08/2020, o Comando do 6º Distrito Naval relatou que no início da operação havia 21 pontos de incêndio no Pantanal sul-mato-grossense. “Ao longo dos trabalhos, os índices iniciais foram ultrapassados, passando para o total de 32 pontos. Após três semanas de atividades, os pontos de queimadas foram controlados e, no momento, não há registros de fogo aparente na região. As ações foram então estendidas à porção do Pantanal no Mato Grosso em 06/08/20 e prosseguem, apresentando, como resultado, uma redução dos pontos [iniciais] de incêndios”, sustenta a organização, destacando que “há quase um mês as equipes estão trabalhando diante desse cenário, sem registro de incidentes relevantes ou a perda de vidas humanas”. (ecodebate)

Alimentos que não são tão saudáveis ao que parece

Cinco alimentos que não são tão saudáveis quanto parecem.
Ao tentar equilibrar a alimentação em busca da perda de peso, muitas pessoas acabam caindo na armadilha dos falsos saudáveis. Isso porque, muitos alimentos que parecem inofensivos, são ricos em gorduras ou substâncias químicas que aumentam a ingestão calórica e acabam dificultando o processo de emagrecimento.

A nutricionista Gabi Lodewijks, aponta que muitos deles são os produtos anunciados como light ou diet. “Uma boa dica é sempre olhar o rótulo. Essas nomenclaturas quase sempre são as responsáveis por gerar essa confusão. Nos refrigerantes Lights, por exemplo, há grande teor de sódio. Já no chocolate diet, a quantidade de gordura é bem maior”, alerta.

Ainda que os falsos saudáveis existam, a nutricionista aponta que não é preciso apontá-los como vilões, podendo ser encaixados em uma dieta ou reeducação alimentar de acordo com o objetivo. “É a quantidade de consumo desses alimentos que vai ditar se eles vão atrapalhar ou não a perda de peso. O problema é que, ao pensar que são saudáveis, as pessoas tendem a consumi-los sem restrições”, alerta.

Confira os cinco alimentos que não são tão saudáveis quanto parecem:

Gelatina

Apesar de parecer uma alimentação leve, a gelatina não deixa de ser um alimento processado, que possui conservantes, corantes e açúcares em sua composição. Em crianças, o consumo exacerbado pode levar ao desenvolvimento de problemas gástricos e até alergia.

Barra de cereais

Um dos lanches “fitness” mais rápidos adotados, não é tão nutricional assim. Esse snack, pode esconder gorduras e açúcares na composição, em especial os com cobertura de chocolate. Na hora de comprar, a nutricionista aponta que é preciso ter atenção ao rótulo. Cereais e oleaginosas devem ser os primeiros da lista. Para verificar os açúcares procure por nomes como xarope de glicose, glucose de milho, açúcar invertido ou maltodextrina. “Optar por um mix de frutas secas pode ser uma saída melhor para o lanchinho da tarde”, recomenda.

Granola

Caso o cliente não preste atenção em qual granola está comprando, pode cair em uma pegadinha e consumir mais açúcar do que gostaria. “Compre versões sem compostos cristalizados, além disso, a granola de boa procedência possui grãos e sementes em maior quantidade”, recomenda Gabi.

Pão integral

Por não haver legislação que regule quando de fato um alimento é integral ou não, muitos dos pães ditos integrais vêm com farinha branca em maior quantidade. “Quando for comprar, a farinha integral deve ser a primeira da lista, o que significa que é o ingrediente em maior quantidade no produto”.
Peito de peru

Peito de peru pode ser trocado pelo queijo, o frango, o atum, a carne moída, o ovo ou cogumelos, fontes proteicas e magras mais saudáveis.

Mesmo pouco calórico quando em comparação com demais carnes, o peito de peru não deixa de ser um alimento embutido e, portanto, rico em sódio, corantes e conservantes. Duas fatias médias podem conter até 500 mg de sódio, ¼ do valor diário recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). (ecodebate)

Aquecimento global é pior para os mais pobres

O aquecimento global reflete a desigualdade institucionalizada, pois, atinge diretamente aqueles que possuem os menores recursos à sobrevivê...