quinta-feira, 29 de junho de 2023

Aumento da temperatura média deve ser maior no Brasil

Aumento da temperatura média deve ser maior no Brasil, alerta estudo.
Segundo publicações da Coalização Energia Limpa, país deverá ver o aumento médio de 4°C e ter forte impacto no setor elétrico. Um estudo da Coalização Energia Limpa aponta que o Brasil poderá sentir de forma mais intensa os efeitos da crise climática. O aumento médio da maioria das regiões do País, que é calculado em pelo menos 4°C na temperatura média e isso poderá trazer grandes impactos no setor elétrico brasileiro dado a renovabilidade da matriz elétrica/ energética Nacional.

Entre as formas de se alcançar essa resiliência cita a adoção de uma nova forma de planejar, operar e governar o sistema elétrico. Para a Coalizão, a solução deve ser multifacetada, o que exigirá maior diversificação da Matriz Energética para desenvolver um sistema que possa suportar essas mudanças climáticas.

Aquecimento global: A chance de que o limite de 1,5°C, considerado essencial para evitar um cataclismo, seja rompido entre 2023 e 2027, é de dois terços.

Aumento da temperatura global deve superar limite de 1,5°C até 2027, alerta ONU.

Segundo especialistas, patamar é considerado limítrofe para evitar um cataclismo; cenário pode ser mitigado até o fim de século, mas janela de tempo é curta.

Em decorrência da redução de vazões, logo no início a entidade desaconselha a implantação de IHEs a fio d’água no Norte como é o caso da UHE Tapajós. A solar deverá ser predominante no Nordeste, concomitante com a eólica a GD combinadas com baterias em residências devem auxiliar no enfrentamento da mudança do clima, ao mesmo tempo em que se implanta projetos de UHEs reversíveis, armazenamento em baterias e amplia-se o uso de hidrogênio verde. (canalenergia)

Maiores lagos do mundo estão secando

Mais de 50% dos maiores lagos do mundo estão perdendo água, de acordo com uma nova avaliação publicada na Science. Os principais culpados não são surpreendentes: aquecimento do clima e consumo humano insustentável.

Resumo: A pesquisa relata os resultados de um estudo que analisou as mudanças nos níveis de água em quase 2.000 lagos e reservatórios da Terra. O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da mudança climática e do consumo humano no armazenamento de água doce. Os resultados mostraram que 53% dos lagos em todo o mundo experimentaram um declínio no armazenamento de água, equivalente a 17 lagos Meads. A conclusão do estudo foi que a mudança climática e o consumo humano são os principais fatores responsáveis pelas perdas de água em lagos naturais e reservatórios, afetando tanto áreas secas quanto úmidas do planeta.

Os pesquisadores criaram uma técnica para medir mudanças nos níveis de água em quase 2.000 dos maiores lagos e reservatórios do mundo, que representam 95% do armazenamento total de água de lagos na Terra.

A equipe combinou três décadas de observações de uma série de satélites com modelos para quantificar e atribuir tendências no armazenamento de lagos globalmente.

Globalmente, os lagos e reservatórios de água doce armazenam 87% da água do planeta, tornando-os um recurso valioso para os ecossistemas humano e terrestre. Ao contrário dos rios, os lagos não são bem monitorados, mas fornecem água para grande parte da humanidade – mais até do que os rios.

Mas, apesar de seu valor, as tendências de longo prazo e as mudanças nos níveis de água eram amplamente desconhecidas – até agora.

Para o novo artigo, a equipe usou 250.000 instantâneos da área do lago capturados por satélites entre 1992 e 2020 para pesquisar a área de 1.972 dos maiores lagos da Terra. Eles coletaram níveis de água de nove altímetros de satélite e usaram níveis de água de longo prazo para reduzir qualquer incerteza. Para lagos sem registro de nível de longo prazo, eles usaram medições recentes de água feitas por instrumentos mais recentes em satélites. A combinação de medições de nível recentes com medições de área de longo prazo permitiu aos cientistas reconstruir o volume de lagos que datam de décadas.

Os resultados foram surpreendentes: 53% dos lagos em todo o mundo experimentaram um declínio no armazenamento de água. Os autores comparam essa perda com a magnitude de 17 Lake Meads, o maior reservatório dos Estados Unidos.

Para explicar as tendências em lagos naturais, a equipe aproveitou avanços recentes no uso da água e modelagem climática. A mudança climática e o consumo humano de água dominaram o declínio líquido global no volume de lagos natural e as perdas de água em cerca de 100 grandes lagos.

Lagos em áreas secas e úmidas do mundo estão perdendo volume. As perdas em lagos tropicais úmidos e lagos árticos indicam tendências de secagem mais amplas do que se pensava anteriormente.

Os pesquisadores também avaliaram as tendências de armazenamento em reservatórios. Eles descobriram que quase dois terços dos grandes reservatórios da Terra sofreram perdas significativas de água.

Enquanto a maioria dos lagos globais está diminuindo, 24% tiveram aumentos significativos no armazenamento de água. Os lagos em crescimento tendem a estar em áreas subpovoadas no interior do planalto tibetano e nas grandes planícies do norte da América do Norte e em áreas com novos reservatórios, como as bacias dos rios Yangtze, Mekong e Nilo.

Os autores estimam que cerca de um quarto da população mundial, 2 bilhões de pessoas, reside na bacia de um lago que está secando, indicando uma necessidade urgente de incorporar o consumo humano, as mudanças climáticas e os impactos da sedimentação na gestão sustentável dos recursos hídricos.

Declínio generalizado do armazenamento em grandes lagos globais de outubro de 1992 a setembro de 2020.

Tendências de armazenamento de água de lago (LWS) para 1.058 lagos naturais (pontos vermelhos escuros e azuis escuros) e 922 reservatórios (pontos vermelhos claros e azuis claros). Os reservatórios recentemente cheios depois de 1992 são indicados como pontos roxos claros. Todos os pontos coloridos denotam tendências estatisticamente significativas (p < 0,1), enquanto nenhuma tendência significativa é mostrada como pontos cinza. A classificação dos regimes climáticos entre regiões áridas e úmidas foi feita por meio do índice de aridez [razão entre a precipitação média anual e a evapotranspiração potencial média anual (materiais e métodos)]. (ecodebate)

93% das bacias do Cerrado reduzirão disponibilidade d'água

 93% das bacias do Cerrado devem ter redução na disponibilidade de água.

Alto Paraíso (GO) – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no município de Alto Paraíso.

O desmatamento para monocultura e pastagem é o principal responsável pela diminuição de 34% da vazão dos rios do Cerrado até 2050.

No Cerrado, 93% das bacias devem ter redução na disponibilidade de água, é o que aponta o estudo The heavy impact of deforestation and climate change on the streamflows of the Brazilian Cerrado biome and a worrying future, apoiado pelo ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza).

Segundo a pesquisa, o bioma deve perder 34% da sua vazão de água nos próximos 28 anos. O estudo em fase de revisão pela revista científica Sustainability, concluiu que o desmatamento é a principal causa dessa diminuição, responsável por 56% do impacto. Devem ser perdidos 23.653 m³/s até 2050, só nos rios analisados no estudo, essa perda equivale à vazão de oito rios Nilo.

A situação é motivo de preocupação local, nacional e global. Os recursos hídricos do Cerrado estão cada vez mais escassos localmente e já apresentam perda de 15,4% da vazão dos rios. Ainda assim, água segue sendo exportada para China, União Europeia e Estados Unidos em forma de “água virtual”, ou seja, água consumida na produção dos grãos e carne (commodities).

A pesquisa analisou o comportamento de 81 bacias hidrográficas no Cerrado, em um período entre 1985 e 2022. Destas, 88% já apresentam diminuição da vazão devido às intensas mudanças do uso do solo na área de abrangência da bacia hidrográfica. O número alto indica tendência sistêmica de escassez de água e ampliação do estresse hídrico até 2050 em especial ocasionado pela ocupação agropecuária de larga escala, o agronegócio.

O estudo chama atenção para as mudanças no uso da terra pela expansão da agricultura e de pastagens, responsável por cerca de 46% da emissão de gases de efeito estufa (GEE) do país, o que é um dos fatores de impacto do agronegócio nas mudanças climáticas. Impacto esse que retorna, intensificando secas e impactando a própria agricultura e ampliando conflitos por água.

Mudança na governança das águas

A principal conclusão da análise é que a expansão da agricultura para commodities e a escassez de água estão intrinsecamente ligadas. Yuri Salmona, geógrafo, doutor em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília e responsável pela pesquisa, comenta que o aumento da exportação de commodities que consomem água mudou a governança das águas.

“Os controles local, regional e nacional das águas do Cerrado foram substituídos por atores que dominam a cadeia global de produtos agropecuários”, diz o especialista. Isso significa que a água do rio, em vez de beneficiar as comunidades locais ou a população brasileira, está sendo controlada por empresas do agronegócio que desviam o fluxo hídrico para irrigação e enviam água para importadores em forma de commodities. Salmona indica que o uso da água para produção agrícola no Brasil tem que ser monitorada e avaliada com rigor por órgãos governamentais que garantam o interesse coletivo em detrimentos a interesses particulares.

Cerrado pode perder um terço da água até 2050.

Mudanças climáticas

Apesar das mudanças no clima também interferirem na redução da vazão dos rios, a pesquisa mostra que o desmatamento é o grande fator isolado que interfere na segurança hídrica. Por meio de testes estatísticos, modelagens validadas e repetidas checagens para mapear a oscilação da vazão dos rios ao longo do tempo, Salmona e seus colegas conseguiram estabelecer projeções para as próximas décadas e analisá-las a partir do isolamento dos efeitos do desmatamento e das mudanças climáticas. O resultado mostrou que as mudanças climáticas contribuíram com 43% da redução da vazão, menos que o desmatamento, responsável por 56% do impacto negativo nas águas. E modelagens futuras produzidas pelo estudo indicam que o papel do uso do solo na redução da vazão dos rios do Cerrado deve ter peso ainda maior.

Essa conclusão foi alcançada a partir da observação do aumento da evapotranspiração potencial, associado ao aumento de temperatura e de radiação. Apesar de as mudanças climáticas terem sido sentidas com mais intensidade durante o período de seca, foi possível constatar que as alterações no regime de chuvas, não são protagonistas na redução das vazões.

Yuri Salmona comenta que o uso indevido do solo para a exploração agropecuária intensifica as consequências negativas da mudança no clima. “A gente está sobrepondo efeitos negativos às mudanças climáticas, por meio da ampliação do desmatamento e sobre uso da água para irrigar plantações em larga escala, estamos jogando contra nós mesmos. Estamos perdendo a chance de mitigar os efeitos do desequilíbrio climático e estamos aumentando a preocupação com a disponibilidade de água”, lamenta.

Segundo a Agência Nacional de Águas, com base na conjuntura dos recursos hídricos no Brasil de 2018, 68% do consumo de água é feito pela agricultura. Somada à pecuária, 80% da água está comprometida ao agronegócio, que por si só, de acordo com o Mapbiomas, é responsável por 97% do desmatamento no Cerrado, principal emissor de carbono no país.

Conflitos socioambientais e monopólio da água

Das bacias analisadas, três rios apresentam casos emblemáticos cuja mudança de padrão da vazão se deu a partir de 1997. São eles o Rio Arrojado (BA), Rio de Ondas (BA) e Rio Corda (MA). Este último, cuja situação é a pior de todas, pode se tornar intermitente nos próximos anos se o ritmo do desmatamento seguir o ritmo atual. Os três rios abastecem comunidades tradicionais da região, mas também, o agronegócio que ocupa imensas áreas nestes territórios do MATOPIBA, sigla que define a porção de Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Por lá, o número de conflitos por água segue uma crescente.

No oeste da Bahia, por exemplo, desde de 2012 a indústria do agronegócio teve acesso irrestrito à água, em uma região de aumento da escassez e piora de conflitos sociais por insegurança hídrica. Lá, o setor tem avançado sobre rios que abastecem e territórios que abrigam comunidades de fecho de pasto, geraizeiros, agricultores familiares e pescadores com o objetivo de expandir plantações, gerando revoltas e protestos da população.

Segundo uma investigação da Agência Pública, no oeste baiano, o agronegócio capta 1,8 bilhão de litros de água por dia de maneira gratuita. Esse volume de água é o suficiente para abastecer cerca de 11,8 milhões de brasileiros, população maior que a de 22 estados brasileiros e do Distrito Federal. Parte dessa água é captada por meio de barramentos em riachos e veredas, captação direta de rios e por meio de poços que acessam água subterrânea que compõem o aquífero Urucuia.

Importância hídrica e energética do Cerrado

Conhecido como “berço das águas”, o Cerrado abriga nascentes de 8 das 12 bacias hidrográficas mais importantes do país e o segundo maior reservatório subterrâneo de água do mundo, que são os aquíferos Guarani e Urucuia. Além disso, fornece 70% da água do Rio São Francisco, que abastece a região Nordeste brasileira, e 47% da água do Rio Paraná, que abastece a hidrelétrica de Itaipu. Suas águas são importantes também para Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.

Além de saciar a sede, a ausência de água interfere diretamente na disponibilidade de energia elétrica no Brasil, cuja matriz energética é baseada nas hidroelétricas. Para Salmona, o futuro é preocupante. “Nossa análise indica que estamos abraçando um futuro de incertezas com relação à disponibilidade de água no Cerrado. Dados nos permitem prever uma diminuição crítica da disponibilidade de água e, consequentemente, aumento de conflitos por água”, afirma. Para o pesquisador, os mais prejudicados serão as comunidades tradicionais locais, mas também o próprio agronegócio e grande parte da população brasileira, que depende das águas do Cerrado.

Necessidade de conservação

Apoiador da pesquisa, o ISPN destaca a necessidade de implementação de políticas públicas específicas para o bioma Cerrado, que garantam a conservação ambiental e a proteção dos povos guardiões. O assessor de políticas públicas do Instituto, Guilherme Eidt, destaca que o Cerrado corre risco e precisa de atenção tanto quanto a Amazônia.

“Cerrado em pé é fundamental para a garantia de segurança alimentar, segurança hídrica, segurança energética, segurança climática global e manutenção da sociobiodiversidade. Os povos, as comunidades tradicionais e agricultores familiares são essenciais para a conservação do meio ambiente e equilíbrio climático”, aponta.

Para Eidt, é preciso valorizar os biomas não florestais e estimular uma política de transparência na cadeia de commodities, que permita rastrear os produtos até a origem. O advogado acrescenta ainda que os países importadores e legislações internacionais são tão importantes e responsáveis quanto o Brasil nesta tarefa.

“É importante que a normativa europeia garanta a inclusão de outros ecossistemas naturais no seu escopo. O Parlamento Europeu aprovou um texto ambicioso que deve ser garantido no diálogo com as demais instituições europeias. Acreditamos em outro modelo de desenvolvimento, que gere renda com conservação ambiental”, finaliza Eidt. (ecodebate)

terça-feira, 27 de junho de 2023

Secas severas aumentarão com aquecimento de 1,5°C

 No Brasil as secas severas devem aumentar mesmo com aquecimento de 1,5°C.

No cenário de aquecimento de 1,5°C, a probabilidade de seca deverá triplicar no Brasil e na China, quase dobrar na Etiópia e Gana, aumentar ligeiramente na Índia e aumentar substancialmente no Egito.

Secas mais frequentes e duradouras causadas pelo aumento das temperaturas globais representam riscos significativos para as pessoas e ecossistemas em todo o mundo – de acordo com uma nova pesquisa da Universidade de East Anglia (UEA).

O estudo mostra que mesmo um aumento modesto de temperatura de 1,5°C terá sérias consequências na Índia, China, Etiópia, Gana, Brasil e Egito. Esses seis países foram selecionados para estudo no projeto UEA porque oferecem uma variedade de tamanhos contrastantes e diferentes níveis de desenvolvimento em três continentes que abrangem biomas tropicais e temperados e contêm habitats de florestas, pastagens e desertos.

As descobertas em ‘Quantification of meteorological drought risks between 1.5°C and 4°C of global warming in six countries‘, foram publicadas na revista Climatic Change.

O artigo, liderado pelo Dr. Jeff Price e seus colegas do Tyndall Center for Climate Change Researchna UEA, quantificou os impactos projetados de níveis alternativos de aquecimento global sobre a probabilidade e duração de secas severas nos seis países.

Price, Professor Associado de Biodiversidade e Mudanças Climáticas, disse: “As promessas atuais para a mitigação das mudanças climáticas, que ainda devem resultar em níveis de aquecimento global de 3°C ou mais, impactariam todos os países neste estudo”.

“Por exemplo, com um aquecimento de 3°C, mais de 50% da área agrícola em cada país está projetada para ser exposta a secas severas com duração superior a um ano em um período de 30 anos”.

“Usando projeções populacionais padrão, estima-se que 80% a 100% da população no Brasil, China, Egito, Etiópia e Gana (e quase 50% da população da Índia) estejam expostas a uma severa seca com duração de um ano ou mais em um período de 30 anos”.

“Em contraste, descobrimos que cumprir a meta de temperatura de longo prazo do Acordo de Paris, que é limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, é projetada para beneficiar muito todos os países neste estudo, reduzindo bastante a exposição a seca severa para grandes porcentagens da população e em todas as principais classes de cobertura da terra, com o Egito potencialmente se beneficiando mais”.

No cenário de aquecimento de 1,5°C, a probabilidade de seca deverá triplicar no Brasil e na China, quase dobrar na Etiópia e Gana, aumentar ligeiramente na Índia e aumentar substancialmente no Egito.

Em um cenário de aquecimento de 2°C, a probabilidade de seca é projetada para quadruplicar no Brasil e na China; o dobro na Etiópia e Gana; alcançar mais de 90% de probabilidade no Egito; e quase o dobro na Índia.

Em um cenário de aquecimento de 3°C, a probabilidade de seca projetada para ocorrer no Brasil e na China é de 30-40%; 20-23% na Etiópia e Gana; 14% na Índia, mas quase 100% no Egito.

Finalmente, em um cenário de aquecimento de 4°C, a probabilidade de seca projetada no Brasil e na China é de quase 50%; 27-30% na Etiópia e Gana; quase 20% na Índia; e 100% no Egito.

Na maioria dos países, o aumento projetado na probabilidade de seca aumenta aproximadamente linearmente com o aumento da temperatura. A exceção é o Egito, onde mesmo pequenas quantidades de aquecimento global potencialmente levam a grandes aumentos na probabilidade de seca.

A professora Rachel Warren, líder do estudo geral do qual este artigo é uma saída, disse: “Não apenas a área exposta à seca aumenta com o aquecimento global, mas também aumenta a duração das secas”.

“No Brasil, China, Etiópia e Gana, as secas de mais de dois anos devem ocorrer mesmo em um cenário de aquecimento de 1,5°C”.

Em um cenário de aquecimento de 2°C, a duração das secas projetadas em todos os países (exceto na Índia) deve exceder 3 anos. Em um cenário de aquecimento de 3°C, as secas são projetadas para se aproximarem de 4 a 5 anos de duração e em um cenário de aquecimento de 4°C, secas severas de mais de cinco anos são projetadas para o Brasil e a China, com seca severa a nova condição de linha de base.

Além disso, espera-se que a porcentagem de terra projetada para ser exposta a uma seca severa de mais de 12 meses em um período de 30 anos aumente rapidamente pelo cenário de aquecimento de 1,5°C no Brasil, China e Egito, e em áreas de neve permanente e gelo na Índia.

A Índia e a China têm grandes áreas atualmente sob cobertura de gelo e neve ‘permanentes’. No entanto, no cenário de aquecimento de 3°C, projeta-se que 90% dessas áreas enfrentarão secas severas com duração superior a um ano em um período de 30 anos.

Essas áreas formam as cabeceiras de muitos dos principais sistemas fluviais e, portanto, o abastecimento de água para milhões de pessoas a jusante. O aumento da probabilidade e duração de secas severas apontam para potenciais declínios no armazenamento de água no Himalaia chinês na forma de neve e gelo.

A seca pode ter grandes impactos na biodiversidade, nos rendimentos agrícolas e nas economias. Este estudo indica que todos os seis países precisarão lidar com o estresse hídrico no setor agrícola, potencialmente por meio da mudança de variedades de culturas ou por meio de irrigação, se houver água disponível. A quantidade de adaptação necessária para lidar com esse aumento na seca, portanto, aumenta rapidamente com o aquecimento global.

As áreas urbanas se saem um pouco melhor e geralmente mostram o mesmo padrão acima. Áreas ao longo de rios e córregos ou com reservatórios podem se sair melhor, dependendo da competição por recursos hídricos e nascentes.

O professor Warren disse: “O cumprimento dos Acordos de Paris pode ter grandes benefícios em termos de redução do risco de seca severa nesses 6 países, em todas as principais classes de cobertura da terra e para grandes porcentagens da população em todo o mundo”.

“Isso requer uma ação urgente em escala global agora para interromper o desmatamento (inclusive na Amazônia) nesta década e descarbonizar o sistema de energia nesta década, para que possamos atingir emissões líquidas globais de gases de efeito estufa zero até 2050”.

Probabilidade média mensal de uma seca meteorológica SPEI-12 de magnitude -1,5 em amplas categorias de habitat (da ESA CCI, 2015) em a) Brasil b) China c) Egito d) Etiópia e) Gana f) Índia. Consulte as Tabelas SM 1–6 para obter informações discriminadas por classificação mais precisa da cobertura da terra. Mediana baseada em 23 padrões GCM. (ecodebate)

Europa já enfrenta dias quentes cada vez mais extremos

Dias extremamente quentes estão aquecendo duas vezes mais rápido que os dias médios de verão no noroeste da Europa.
Novo estudo analisou dados sobre temperaturas do ar perto da superfície registradas no noroeste da Europa nos últimos 60 anos. As descobertas mostram que a temperatura máxima dos dias mais quentes está aumentando duas vezes a taxa da temperatura máxima dos dias médios de verão. Os resultados destacam a necessidade de ação urgente por parte dos formuladores de políticas para adaptar a infraestrutura essencial aos impactos das mudanças climáticas.

Novo estudo analisou dados sobre temperaturas do ar perto da superfície registradas no noroeste da Europa nos últimos 60 anos. As descobertas mostram que a temperatura máxima dos dias mais quentes está aumentando duas vezes a taxa da temperatura máxima dos dias médios de verão. Os resultados destacam a necessidade de ação urgente por parte dos formuladores de políticas para adaptar a infraestrutura essencial aos impactos das mudanças climáticas.

A diferença nas tendências é mais pronunciada para a Inglaterra, País de Gales e Norte da França. É preocupante que, embora os modelos climáticos atuais prevejam com precisão a taxa de aquecimento dos dias médios, eles subestimam a taxa de aquecimento dos dias mais quentes em comparação com as observações.

De acordo com o pesquisador principal, Matthew Patterson, do Departamento de Física da Universidade de Oxford, os resultados indicam que os eventos de calor extremo – como a onda de calor recorde do Reino Unido no verão passado – provavelmente se tornarão mais regulares. Dr. Patterson disse: ‘Estas descobertas sublinham o fato de que o Reino Unido e os países vizinhos já estão experimentando os efeitos da mudança climática, e que a onda de calor do ano passado não foi um acaso. Os formuladores de políticas precisam urgentemente adaptar suas infraestruturas e sistemas de saúde para lidar com os impactos das temperaturas mais altas’.

Para o estudo, publicado hoje na Geographical Research Letters , o Dr. Patterson analisou dados dos últimos 60 anos (1960-2021) registrando a temperatura máxima diária, fornecida pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo.

Onda de calor intensa atinge partes da Europa e EUA.

Embora a temperatura máxima registrada tenha variado entre os anos, a tendência geral mostrou claramente que os dias mais quentes do noroeste da Europa aqueceram duas vezes mais do que a média dos dias de verão. Na Inglaterra e no País de Gales, o dia médio de verão aumentou aproximadamente 0,26°C por década, enquanto o dia mais quente aumentou cerca de 0,58°C por década. No entanto, esse aquecimento mais rápido dos dias mais quentes não foi observado com essa intensidade em outras partes do Hemisfério Norte.

A razão que causa esse aquecimento mais rápido dos dias mais quentes em relação aos dias médios de verão ainda não é compreendida. De acordo com o Dr. Patterson, isso pode ser devido aos dias mais quentes de verão no Noroeste da Europa, muitas vezes ligados ao ar quente transportado para o norte da Espanha. Como a Espanha está aquecendo mais rápido do que o noroeste da Europa, isso significa que o ar transportado dessa região é cada vez mais extremo em relação ao ar ambiente no noroeste da Europa. Os dias mais quentes de 2022, por exemplo, foram impulsionados por uma nuvem de ar quente transportada para o norte da Espanha e do Saara. No entanto, mais pesquisas são necessárias para verificar isso.

O Dr. Patterson acrescentou: ‘Entender a taxa de aquecimento dos dias mais quentes será importante se quisermos melhorar a simulação de modelos climáticos de eventos extremos e fazer previsões precisas sobre a intensidade futura de tais eventos. Se nossos modelos subestimarem o aumento das temperaturas extremas nas próximas décadas, subestimaremos os impactos que isso terá.’

O calor extremo tem impactos negativos significativos em muitos aspectos diferentes da sociedade, incluindo infraestrutura de energia e transporte e agricultura. Também agrava condições, incluindo doenças respiratórias e cardiovasculares, sobrecarregando os serviços de saúde.

O atual governo do Reino Unido foi criticado pelo Comitê de Mudanças Climáticas (CCC) por não agir com rapidez suficiente para se adaptar aos impactos do aquecimento global. Essas novas descobertas acrescentam ainda mais urgência para os formuladores de políticas adaptarem a infraestrutura e os sistemas vulneráveis ao calor extremo.

(ecodebate)

Mudança Climática é uma crise de Saúde Pública

Indicadores das Mudanças Climáticas.

As mudanças climáticas já estão causando um impacto significativo na saúde humana, e esses impactos devem piorar nos próximos anos. Os impactos mais imediatos das mudanças climáticas na saúde estão relacionados a eventos climáticos extremos, como ondas de calor, inundações e incêndios florestais. Esses eventos podem levar ao estresse térmico, lesões e mortes. Por exemplo, a onda de calor na Europa em 2003 causou a morte estimada de 70.000 pessoas.

Além dos eventos climáticos extremos, as mudanças climáticas também estão causando alterações na qualidade do ar, na qualidade da água e na segurança alimentar. Essas mudanças podem aumentar o risco de infecções respiratórias, doenças cardíacas, câncer e outras condições de saúde crônicas. Por exemplo, o aumento da poluição do ar devido a incêndios florestais está relacionado a um aumento nos ataques de asma e outros problemas respiratórios.

As mudanças climáticas também representam uma ameaça para a saúde mental. O estresse de viver em um clima em constante mudança pode levar à ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Por exemplo, um estudo com pessoas afetadas pelo furacão Katrina descobriu que elas tinham 1ª publicação maior probabilidade de enfrentar problemas de saúde mental do que pessoas que não foram afetadas pelo furacão.

Os impactos na saúde das mudanças climáticas não são distribuídos de forma equitativa. As pessoas mais pobres e vulneráveis são frequentemente as mais afetadas. Isso ocorre porque elas têm maior probabilidade de viver em áreas com risco de eventos climáticos extremos, têm menos acesso a cuidados de saúde e têm maior probabilidade de trabalhar em empregos que as expõem a poluentes prejudiciais.

As mudanças climáticas representam uma séria ameaça para a saúde humana. Devemos tomar medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Também devemos investir em medidas de adaptação para proteger as pessoas dos impactos na saúde causados pelas mudanças climáticas.

O que você pode fazer

Existem muitas coisas que você pode fazer para ajudar a lidar com os impactos na saúde das mudanças climáticas. Aqui estão algumas ideias:

 Reduza sua própria pegada de carbono. Isso pode ser feito dirigindo menos, usando menos energia em casa e comendo menos carne.

 Apoie políticas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa. Isso inclui apoiar iniciativas de energia limpa e investir em eficiência energética.

 Envolva-se em sua comunidade. Existem muitas maneiras de se envolver na ação climática, como ser voluntário em uma organização ambiental ou participar de um protesto pelo clima.

Ao agir, podemos ajudar a proteger nossa saúde e a saúde das futuras gerações. (ecodebate)

domingo, 25 de junho de 2023

Evidências da contribuição humana na mudança climática

Afirmações de que a mudança climática é natural são inconsistentes com as tendências de temperatura atmosférica.

Principais conclusões:

 Novas pesquisas fornecem evidências claras de uma “impressão digital” humana nas mudanças climáticas e mostram que sinais específicos de atividades humanas alteraram a estrutura de temperatura da atmosfera da Terra.

 As diferenças entre as tendências de temperatura troposféricas e estratosféricas baixas há muito são reconhecidas como uma impressão digital dos efeitos humanos no clima. Esta impressão digital, no entanto, negligenciou informações da estratosfera média a superior, 25 a 50 quilômetros acima da superfície da Terra.

 “A inclusão dessas informações melhora a detectabilidade de uma impressão digital humana por um fator de cinco. A detectabilidade aprimorada ocorre porque a estratosfera média a superior tem um grande sinal de resfriamento de aumentos de CO2 causados pelo homem, pequenos níveis de ruído de variabilidade interna natural e diferentes padrões de sinal e ruído”.

 “Estender as impressões digitais para a estratosfera superior com longos registros de temperatura e modelos climáticos aprimorados significa que agora é praticamente impossível para causas naturais explicar as tendências medidas por satélite na estrutura térmica da atmosfera da Terra”.

 “Esta é a evidência mais clara que existe de um sinal de mudança climática causado pelo homem associado ao aumento de CO2”.

 “Esta pesquisa enfraquece e refuta as afirmações de que a mudança climática é natural, seja devido ao Sol ou devido a ciclos internos no sistema climático. Uma explicação natural é virtualmente impossível em termos do que estamos vendo aqui: mudanças na estrutura de temperatura da atmosfera”.

Novas pesquisas fornecem evidências claras de uma “impressão digital” humana na mudança climática e mostram que sinais específicos de atividades humanas alteraram a estrutura de temperatura da atmosfera da Terra.

As diferenças entre as tendências de temperatura troposféricas e estratosféricas baixas há muito são reconhecidas como uma impressão digital dos efeitos humanos no clima. Esta impressão digital, no entanto, negligenciou informações da estratosfera média a superior, 25 a 50 quilômetros acima da superfície da Terra.

“A inclusão dessas informações melhora a detectabilidade de uma impressão digital humana por um fator de cinco. A detectabilidade aprimorada ocorre porque a estratosfera média a superior tem um grande sinal de resfriamento de aumentos de CO2 causados pelo homem , pequenos níveis de ruído de variabilidade interna natural e diferentes padrões de sinal e ruído”, de acordo com o artigo da revista, “Exceptional stratospheric contribution to human fingerprints on atmospheric temperature”, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). O ruído na troposfera pode incluir o clima do dia-a-dia, a variabilidade interanual decorrente de El Niños e La Niñas e flutuações naturais de longo prazo no clima. Na estratosfera superior, o ruído da variabilidade é menor e o sinal da mudança climática causada pelo homem é maior, de modo que o sinal pode ser distinguido com muito mais facilidade.

“Estender as impressões digitais à estratosfera superior com longos registros de temperatura e modelos climáticos aprimorados significa que agora é praticamente impossível para causas naturais explicar as tendências medidas por satélite na estrutura térmica da atmosfera da Terra”, afirma o artigo.

“Esta é a evidência mais clara que existe de um sinal de mudança climática causado pelo homem associado ao aumento de CO2”, de acordo com o principal autor Benjamin Santer, cientista adjunto do Departamento de Oceanografia Física do Woods Hole Oceanographic Institute (WHOI) em Massachusetts.

Relatório aponta os efeitos das mudanças climáticas no mundo.

“Esta pesquisa enfraquece e refuta as afirmações de que as recentes mudanças na temperatura atmosférica e da superfície são naturais, seja devido ao Sol ou devido a ciclos internos no sistema climático. Uma explicação natural é praticamente impossível em termos do que estamos vendo aqui: mudanças na estrutura de temperatura da atmosfera”, acrescentou Santer, que trabalha com impressões digitais climáticas há mais de 30 anos. “Esta pesquisa põe de lado as alegações incorretas de que não precisamos tratar a mudança climática com seriedade porque ela é totalmente natural”.

A pesquisa foi motivada por trabalhos anteriores de Suki Manabe e Richard Wetherald, que em 1967 usaram um modelo climático simples para estudar como o CO2 da queima de combustíveis fósseis pode alterar a temperatura atmosférica. Sua modelagem encontrou uma característica muito distinta: um aumento nos níveis de CO2 levou a um maior aprisionamento de calor na troposfera (a camada mais baixa da atmosfera da Terra) e menos calor escapando para a estratosfera (a camada acima da troposfera), aquecendo assim a troposfera e resfriando a estratosfera. Esta previsão de aquecimento troposférico e resfriamento estratosférico em resposta ao aumento de CO2 foi confirmado muitas vezes por modelos mais complexos e verificado comparando os resultados do modelo com observações da temperatura atmosférica média global de balões meteorológicos e satélites.

Embora estudos anteriores tenham considerado as mudanças de temperatura média global na estratosfera média e superior, cerca de 25 a 50 quilômetros acima da superfície da Terra, eles não observaram padrões detalhados de mudança climática nessa camada. Esta região pode ser melhor estudada agora por causa de simulações aprimoradas e dados de satélite. A nova pesquisa é a primeira a procurar padrões de mudanças climáticas causadas pelo homem – também chamadas de “impressões digitais” – na estratosfera média e alta.

Contribuição humana para a mudança climática é inegável.

“As impressões digitais humanas nas mudanças de temperatura na estratosfera média e superior devido aos aumentos de CO2 são verdadeiramente excepcionais porque são muito grandes e muito diferentes das mudanças de temperatura devido à variabilidade interna e ao forçamento externo natural. Essas impressões digitais únicas permitem detectar o impacto humano nas mudanças climáticas devido ao CO2 em um curto período de tempo (~ 10 – 15 anos) com alta confiança”, afirmou o coautor Qiang Fu, professor do Departamento de Atmosférica Ciências da Universidade de Washington.

“O mundo está sofrendo com as mudanças climáticas, portanto, é fundamental ter a maior confiança possível no papel do dióxido de carbono”, disse a coautora Susan Solomon, professora Martin de Estudos Ambientais no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. “O fato de as observações mostrarem não apenas uma troposfera em aquecimento, mas também uma estratosfera superior fortemente resfriada é uma evidência única que aponta o papel dominante do dióxido de carbono nas mudanças climáticas e aumenta muito a confiança”.

Santer disse que, embora seja intelectualmente gratificante poder estender as impressões digitais mais para cima na atmosfera para testar a previsão de Manabe e Wetherald, também é profundamente preocupante.

“Como alguém que tenta entender o tipo de mundo que as gerações futuras irão habitar, esses resultados me deixam muito preocupado. Estamos mudando fundamentalmente a estrutura térmica da atmosfera da Terra, e não há alegria em reconhecer isso”, disse Santer.

Mudanças climáticas devem criar mais de 200 milhões de “refugiados do clima” até 2050

“Este estudo mostra que o mundo real mudou de uma forma que simplesmente não pode ser explicada por causas naturais”, acrescentou Santer. “Agora enfrentamos decisões importantes, nos Estados Unidos e globalmente, sobre o que fazer em relação às mudanças climáticas. Espero que essas decisões sejam baseadas em nossa melhor compreensão científica da realidade e seriedade dos efeitos humanos no clima”. (ecodebate)

Calor extremo e seca atingirão 90% da população mundial

Calor extremo e a seca ambos combinados atingirão 90% da população mundial.
Prevê-se que mais de 90% da população mundial enfrente riscos crescentes dos impactos combinados de calor extremo e seca, potencialmente ampliando as desigualdades sociais, bem como minando a capacidade do mundo natural de reduzir as emissões de CO2 na atmosfera – de acordo com um estudo de Oxford.

Estudo realizado pela Universidade de Oxford prevê que mais de 90% da população mundial enfrentará riscos crescentes devido à combinação de calor extremo e seca. Esses impactos combinados podem ampliar as desigualdades sociais e comprometer a capacidade dos ecossistemas naturais de reduzir as emissões de CO2 na atmosfera. O relatório, publicado na Nature Sustainability, indica que o aquecimento global intensificará esses perigos em até dez vezes no cenário de maior emissão.

Prevê-se que o aquecimento intensificará os impactos combinados de calor extrema e seca em dez vezes globalmente sob o caminho de maior emissão, diz o relatório, publicado na Nature Sustainability.

Após as temperaturas recordes em 2022, de Londres a Xangai, projeta-se um aumento contínuo das temperaturas em todo o mundo. Quando avaliadas em conjunto, as ameaças vinculadas de calor e seca representam um risco significativamente maior para a sociedade e os ecossistemas do que quando qualquer uma das ameaças é considerada independentemente, de acordo com o artigo do Dr. Jiabo Yin, pesquisador visitante da Universidade de Wuhan e professor de Oxford Louise Slater.

Estas ameaças conjuntas podem ter impactos socioeconômicos e ecológicos graves que podem agravar as desigualdades sociais, uma vez que se prevê que tenham impactos mais graves nas populações mais pobres e nas zonas rurais.

De acordo com a pesquisa, ‘A frequência de riscos compostos extremos é projetada para se intensificar globalmente dez vezes devido aos efeitos combinados do aquecimento e da diminuição do armazenamento de água terrestre, sob o cenário de maior emissão. Prevê-se que mais de 90% da população mundial e do PIB estarão expostos a riscos crescentes no clima futuro, mesmo sob o cenário de emissões mais baixo’.

O Dr. Yin diz: ‘Usando simulações de um modelo grande… e um novo conjunto de dados de orçamento de carbono gerado por aprendizado de máquina quantificou a resposta da produtividade do ecossistema aos estressores de calor e água em escala global’.

Ele afirma que isso mostra o impacto devastador da ameaça composta no mundo natural – e nas economias internacionais. Ele diz que a disponibilidade limitada de água afetará a capacidade dos ‘sumidouros de carbono’ – regiões de biodiversidade natural – de absorver as emissões de carbono e emitir oxigênio.

O professor Slater diz: ‘Entender os perigos compostos em uma Terra em aquecimento é essencial para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em particular o ODS 13, que visa combater as mudanças climáticas e seus impactos. Ao combinar dinâmica atmosférica e hidrologia, exploramos o papel dos orçamentos de água e energia na causa desses extremos’.

O artigo completo está em ‘Future socio-ecosystem productivity threatened by compound drought–heatwave events’, pode ser lido aqui: https://www.nature.com/articles/s41893-022-01024-1.

Anomalias de variáveis compostas água-calor-carbono durante eventos climáticos extremos a-h, Anomalias de CAPE (a), CIN (b), fluxo de calor sensível (c), fluxo de calor latente (d), CIWV (e), SH ( f), VIMC (g) e UR (h) durante eventos de calor extremo. (ecodebate)

Impactos dos eventos climáticos extremos

Impactos dos eventos climáticos extremos na população e na economia.
Neste artigo, vamos explicar quais são os principais tipos de eventos climáticos extremos, como eles são influenciados pelas mudanças climáticas e quais são os seus impactos.

Este artigo aborda os impactos dos eventos climáticos extremos na população e na economia, considerando os principais tipos de eventos, a influência das mudanças climáticas e as consequências diretas e indiretas desses fenômenos. São apresentados exemplos de como os eventos extremos podem causar mortes, ferimentos, deslocamentos, migrações, prejuízos econômicos, problemas de saúde e conflitos sociais e, também, discute as possíveis formas de prevenção e adaptação aos eventos extremos, bem como as políticas públicas necessárias para enfrentar esse desafio global.

Tipos de eventos climáticos extremos

Os eventos climáticos extremos podem ser classificados em quatro categorias, de acordo com a sua origem:

– Hidrológicos: são aqueles relacionados à água, como inundações, alagamentos, enchentes, deslizamentos e secas.

– Geológicos ou geofísicos: são aqueles relacionados à terra, como processos erosivos, movimentação de massa e terremotos.

– Meteorológicos: são aqueles relacionados ao ar, como raios, ciclones, tornados, vendavais e granizo.

– Climatológicos: são aqueles relacionados à temperatura, como ondas de calor, ondas de frio, geadas e incêndios florestais.

Influência das mudanças climáticas

As mudanças climáticas são alterações no clima da Terra causadas principalmente pela emissão de gases de efeito estufa provenientes das atividades humanas. Essas alterações afetam o equilíbrio do sistema climático e podem aumentar a frequência, a intensidade e a duração dos eventos climáticos extremos.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), há evidências científicas de que as mudanças climáticas já estão influenciando alguns tipos de eventos extremos, como ondas de calor, secas, chuvas intensas e ciclones tropicais. Além disso, o IPCC projeta que esses eventos se tornarão mais frequentes e severos com o aumento do aquecimento global.

Impactos dos eventos climáticos extremos na população

Os eventos climáticos extremos podem causar diversos impactos na população, como:

– Mortes e ferimentos: muitas pessoas podem perder a vida ou ficar feridas por causa dos eventos extremos, seja por afogamento, soterramento, choque elétrico, hipotermia ou hipertermia.

– Deslocamentos e migrações: muitas pessoas podem ser obrigadas a deixar suas casas ou regiões por causa dos eventos extremos, seja por perda de moradia, infraestrutura, serviços ou meios de subsistência.

– Prejuízos econômicos: muitas pessoas podem perder seus bens ou fontes de renda por causa dos eventos extremos, seja por danos à agricultura, indústria, comércio ou turismo.

– Problemas de saúde: muitas pessoas podem desenvolver ou agravar problemas de saúde por causa dos eventos extremos, seja por doenças infecciosas, respiratórias, cardiovasculares ou mentais.

– Conflitos sociais: muitas pessoas podem entrar em conflito por causa dos eventos extremos, seja por disputa de recursos naturais, territórios ou direitos humanos.

Impactos dos eventos climáticos extremos na economia

Esses eventos têm causado não apenas danos ambientais e humanos, mas também impactos econômicos significativos em diversas regiões do mundo.

Segundo um relatório da ONG Christian Aid, em 2021 ocorreram 10 eventos climáticos extremos que provocaram mortes, deslocamentos e prejuízos bilionários em vários países. O furacão Ida, que atingiu os Estados Unidos em agosto, foi o mais destrutivo em termos financeiros, causando cerca de US$ 95 bilhões em danos. As enchentes na Europa em julho também foram devastadoras, com um custo estimado de US$ 30 bilhões. Outros eventos citados no relatório foram o ciclone Yaas na Índia e Bangladesh, a onda de calor na América do Norte, as inundações na China e as queimadas na Sibéria.

Além desses casos, a América Latina também sofreu com os efeitos das mudanças climáticas em 2021. A seca do Rio Paraná, que atinge Argentina, Brasil e Paraguai, afetou a navegação, a agricultura, a geração de energia e o abastecimento de água. As enchentes na Bahia deixaram milhares de desabrigados e provocaram deslizamentos de terra. Os incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal continuaram a consumir a biodiversidade e a liberar mais carbono na atmosfera.

Os eventos climáticos extremos têm consequências econômicas diretas e indiretas. Os danos diretos são aqueles que afetam a infraestrutura, os bens e os serviços essenciais. Os danos indiretos são aqueles que afetam a produção, o consumo, o emprego, a renda e o bem-estar das populações. Ambos os tipos de danos podem gerar efeitos multiplicadores negativos na economia, reduzindo o crescimento potencial e aumentando a pobreza e a desigualdade.

Para evitar ou minimizar esses impactos, é preciso adotar medidas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas. A adaptação consiste em aumentar a resiliência dos sistemas naturais e humanos aos eventos climáticos extremos, por meio de planejamento, prevenção, proteção e recuperação. A mitigação consiste em reduzir as emissões de gases de efeito estufa e aumentar os sumidouros de carbono, por meio de transição energética, eficiência, inovação e cooperação.

A recuperação verde é uma oportunidade para aliar essas medidas com a retomada econômica pós-pandemia. Investir em setores baixos ou neutros em carbono pode gerar empregos, renda e desenvolvimento sustentável. Além disso, é preciso integrar os riscos climáticos nas decisões financeiras públicas e privadas, para evitar perdas futuras e incentivar a transição para uma economia de baixo carbono.

Ruas em Nova York ficaram cobertas de neve devido a uma tempestade de inverno que atingiu todo o nordeste dos Estados Unidos.

Eventos climáticos extremos estão ficando cada vez mais frequentes!!!

Os eventos climáticos extremos são fenômenos que podem trazer graves consequências para a sociedade. Por isso, é importante entender as suas causas e efeitos, bem como buscar formas de prevenção, adaptação e mitigação. A ação conjunta dos governos, das empresas e da sociedade civil é fundamental para enfrentar esse desafio global. (ecodebate)

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