quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Pesquisadores apontam janeiro de 2025 como o mais quente da história

Pesquisadores apontam que o mês de janeiro de 2025 foi o mais quente já registrado em toda a história, com temperaturas 1,75°C mais elevadas do que as do final do século XIX. O aumento das temperaturas deverá ser discutido nas Comissões de Meio Ambiente e de Mudanças Climáticas. O climatologista Carlos Nobre alerta que temperaturas mais elevadas aumentam a intensidade e a frequência dos fenômenos extremos do clima. Já a senadora Leila Barros (PDT-DF) defende um maior comprometimento do Parlamento com os temas ambientais.
O mês de janeiro/2025 foi o mais quente já registrado na história, segundo os especialistas. O aumento da temperatura deverá ser tema de debates nas comissões de mudanças climáticas e meio ambiente.

A Comissão de Meio Ambiente do Senado e a Comissão Mista de Mudanças Climáticas deverão discutir o aumento da temperatura mundial. O mês de janeiro deste ano foi o mais quente já registrado no mundo, segundo o Observatório Europeu do Clima, o programa da União Europeia que analisa o clima e o ambiente do planeta. O primeiro mês deste ano teve temperaturas médias 1,75°C mais elevadas do que as registradas no final do século XIX, neste mesmo período do ano. Um alerta de que o planeta está cada vez mais quente, com consequências para toda a humanidade, entre elas o aumento da frequência e da intensidade dos fenômenos extremos do clima, como nos explica o climatologista Carlos Nobre.

(Carlos Nobre) “O que acontece é o seguinte, quando a temperatura está mais alta, os oceanos evaporam muito mais água e a água ela leva energia, energia da evaporação, depois quando condensa nas nuvens, libera toda aquela energia; também os gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera retém mais calor e aumentam a sua temperatura; e mais energia na atmosfera gera um aumento dos eventos extremos em todo o planeta”.

Janeiro de 2025 foi o mais quente já registrado

O aumento das temperaturas em janeiro surpreendeu os cientistas que estudam as mudanças do clima, que esperavam uma redução com chegada do fenômeno La Niña, que costumeiramente resfria a água dos oceanos. Ao contrário do que ocorreu em janeiro do ano passado, quando ainda estávamos sob a influência do El Niño, que provocou o aquecimento dos oceanos e aumento das temperaturas. Para a presidente da Comissão de Meio Ambiente no último biênio, senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, é fundamental o Parlamento atuar para diminuir a influência das atividades humanas no aquecimento global.

(Senadora Leila Barros) “Nós temos que realmente rever legislações, rever orçamento, ter muito comprometimento e responsabilidade para tratarmos de um tema que é fundamental para o nosso país e as futuras gerações. Então, é essencial reconhecer que nossa existência está profundamente conectada com o equilíbrio do meio ambiente, respeitando os limites ecológicos do nosso planeta”.

Ano de 2025 tem o janeiro mais quente da história

Os dados divulgados pelo Instituto Copernicus - o serviço climático da União Europeia - revelam ainda que dos últimos 19 meses, 18 estiveram 1,5°C acima da média pré-industrial. (12.senado)

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Futuras ondas de calor podem ser mais letais do que o previsto

Futuras ondas de calor podem ser mais letais do que o previsto, apontam estudos.

Cenário vislumbrado por cientistas foi descrito como thermogeddon -- uma metáfora para "Armagedom térmico".
Termômetro da avenida Paulista registra 35ºC durante onda de calor que atingiu a capital paulista no mês de setembro/2023.

O planeta está aquecendo e, se nada for feito, a vida na Terra pode se tornar insustentável. Pesquisas indicam que as ondas de calor podem se tornar cada vez mais intensas no futuro e até mesmo mais mortais, tornando o planeta um ambiente hostil.

Pesquisas recentes apontam que eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, serão cada vez mais frequentes e intensas. Elas ocorrem quando a temperatura fica, pelo menos, 5ºC acima da média por mais de 5 dias seguidos.

Esse aumento da temperatura está intimamente relacionado com a umidade do ar: quanto mais seco, mais quente. No Brasil, até outubro de 2024, todos os meses tiveram ondas de calor.

Estimativas da Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontam que, entre 2024 e 2028, as temperaturas médias globais podem ser entre 1,1°C e 1,9°C mais altas do que a média do período pré-industrial (1850-1900). É provável que a marca simbólica de 1,5°C, do Acordo de Paris, exceda em 80% em 5 anos, marcando uma aceleração preocupante no ritmo do aquecimento global.

Previsões preocupam, uma vez que, com o aumento da temperatura, o corpo humano perde sua capacidade de se resfriar, algo essencial para a vida.

Em pesquisa publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, da Academia Nacional dos Estados Unidos, em 2010, os pesquisadores Matthew Huber e Steven Sherwood, descreveram como a temperatura de bulbo úmido (wet-bulb temperature, TW), que combina calor e umidade, é fundamental para determinar a capacidade do corpo humano de dissipar calor.

Quando a TW excede os 35°C por períodos prolongados, o corpo humano não consegue resfriar-se adequadamente, levando à hipertermia. Nessas condições, a temperatura corporal sobe rapidamente, causando falência de órgãos e morte.

A pesquisa destaca que, embora já existam regiões do planeta com temperaturas altíssimas, como os desertos, a baixa umidade desses lugares permite que o suor evapore e mantenha o corpo resfriado.

O problema ocorre em regiões tropicais e subtropicais, onde a combinação de calor extremo e alta umidade elimina essa capacidade de resfriamento. Atualmente, os valores máximos de TW observados raramente ultrapassam 31°C.

No entanto, um estudo indica que um aumento global médio de 7°C seria suficiente para que algumas regiões do planeta começassem a atingir o limite de 35°C da TW, cenário no qual as ondas de calor ultrapassariam os limites fisiológicos de sobrevivência, oferecendo riscos até mesmo a indivíduos saudáveis.

O mesmo estudo estima ainda que a queima contínua de combustíveis fósseis pode levar a um aquecimento médio global de até 12°C nos próximos séculos.

O cenário vislumbrado pelos cientistas foi descrito pela revista New Scientist como o thermogeddon — uma metáfora para “Armagedom térmico”. Não só a capacidade biológica de sobrevivência seria mais difícil diante das previsões, como também os impactos socioeconômicos podem ser devastadores.

Trabalhos ao ar livre ou em ambientes sem climatização se tornariam impossíveis, prejudicando setores como agricultura, construção civil e transporte. Além disso, o aumento do uso de ar-condicionado elevaria os custos de energia, pressionando as economias e os sistemas elétricos.

Com um aumento de 12°C, grande parte da superfície terrestre hoje habitada se tornaria inabitável.

Como frear o thermogeddon

A mitigação desse cenário depende de ações urgentes e coordenadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Em entrevista ao Jornal da USP, Carlos Nobre, climatologista e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), destaca a importância de que o Brasil esteja na vanguarda das resoluções das questões climáticas.

Para ele, é necessário acelerar a transição energética para fontes limpas e cessar as emissões de gases estufas por desmatamento — algo que resolveria cerca de 50% da questão até 2030.

Na COP 29, realizada em novembro, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões líquidas de gases do efeito estufa entre 59% e 67% até 2035 (o equivalente a 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO2), alinhando-se ao Acordo de Paris.

Futuras ondas de calor podem ser mais letais do que o previsto

No próximo ano, o país será a sede da COP 30, em Belém (PA). A expectativa é consolidar esforços globais para a mitigação dos impactos negativos e frear o aquecimento global. (cnnbrasil)

domingo, 23 de fevereiro de 2025

La Ninã provoca seca no Sul e alagamentos no Norte do Brasil

No Brasil, o El Niño costuma trazer calor generalizado e chuvas intensas no Sul, como o ocorrido na primeira metade do ano. A La Niña, em geral, ameniza as temperaturas e pode trazer chuva para parte da Amazônia, embora seque o Sul.
La Niña provoca seca no sul e alagamentos no norte do Brasil.

O fenômeno climático conhecido como La Niña voltou a se manifestar, conforme anunciado pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA). Este fenômeno é caracterizado por temperaturas abaixo da média na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Em contraste com o El Niño, que traz condições mais quentes, a La Niña faz parte do sistema conhecido como El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e tem importantes implicações nos padrões climáticos globais.

Segundo a NOAA, as condições atuais de La Niña estão presentes no Pacífico Tropical e devem persistir até pelo menos abril de 2025. É esperado que a transição para condições neutras aconteça entre março e maio de 2025. O fenômeno é responsável por alterar padrões de vento, precipitação e temperatura, impactando diversas regiões do mundo de maneiras distintas.

Quais são os efeitos do La Niña no clima global?

Durante a ocorrência de La Niña, as águas frias do oceano contribuem para mudanças significativas nas condições climáticas globais. No Brasil, especialmente, o fenômeno tende a provocar uma redução das chuvas no Sul do país, o que pode aumentar o risco de estiagens. Em contrapartida, as regiões Norte e Nordeste podem registrar uma elevação nos níveis de precipitação, resultando em mais umidade.

Nesse contexto, são esperadas temperaturas mais baixas no Sul do Brasil devido à maior frequência de massas de ar frio. No entanto, durante períodos de seca, aumentam também as chances de ondas de calor, que podem causar extremos de temperatura. Globalmente, a presença da La Niña costuma estar associada a uma leve diminuição das temperaturas médias planetárias.

Mar agitado

La Niña ocorre quando os ventos alísios sopram com intensidade sobre o oceano Pacífico, deslocando a camada de água quente para o oeste.

Qual o impacto da La Niña na agricultura brasileira?

No setor agrícola, os efeitos do La Niña podem ser substanciais, principalmente em regiões que já apresentam vulnerabilidade a condições de seca prolongada. No Rio Grande do Sul, por exemplo, existe a preocupação de que a escassez de chuva afete a produtividade de culturas essenciais, como milho e soja. A falta de precipitação pode levar a déficits hídricos significativos, comprometendo colheitas e a economia rural.

Como a La Niña difere do El Niño?

A La Niña é frequentemente comparada ao seu fenômeno-irmão, o El Niño, devido aos seus efeitos opostos no sistema climático global. Enquanto no El Niño as temperaturas marítimas se elevam acima da média, resultando em condições mais quentes e mudança nos padrões meteorológicos, a La Niña promove temperaturas mais frias na superfície do Oceano Pacífico, afetando a circulação atmosférica de maneira distinta.

1. Temperatura: La Niña traz resfriamento, enquanto o El Niño provoca aquecimento.

2. Chuvas: A La Niña tende a diminuir precipitações no sul do Brasil; o El Niño pode aumentá-las.

3. Efeitos Globais: Ambos influenciam ventos e convecções, mas em direções diferentes.

Como o fenômeno influencia a temperatura do planeta?

Mesmo com a presença de La Niña, que poderia contribuir para resfriar o planeta, os impactos das mudanças climáticas globais fazem com que as temperaturas médias durante o fenômeno sejam mais elevadas do que em episódios de décadas anteriores. Essa complexa interação mostra que, embora eventos como El Niño e La Niña ainda impactem significativamente o clima global, o aquecimento global geral resulta em marcas térmicas mais altas.

Esse cenário desafia cientistas a reinterpretarem as tendências climáticas e adaptarem previsões e modelos para compreender melhor as variações meteorológicas. O estudo contínuo desses fenômenos é essencial para prever seus impactos localmente e no panorama global, ajudando políticas a mitigar efeitos adversos em setores como a agricultura e a infraestrutura. (brasil.perfil)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Bolha de calor com até 42°C se expande e trará tardes escaldantes

Onda de calor afeta Argentina, Uruguai, Paraguai e parte do Brasil. Temperatura hoje ainda agradável em muitas áreas do Sul do Brasil subirá acentuadamente durante a semana.

Bolha de calor nas latitudes médias da América do Sul traz calor excessivo na Argentina, Uruguai, Paraguai e estados do Brasil.

Meteorologia alerta que uma bolha de calor vai se instalar e ganhar força nesta semana no Centro e no Norte da Argentina com temperatura muito alta no território argentino e ainda no Uruguai, Paraguai e em estados do Sul do Brasil, Mato Grosso do Sul e áreas mais a Oeste do interior de São Paulo.
O Oeste da Região Sul e o Mato Grosso do Sul, aliás, já têm sofrido com tempo seco e muito alta temperatura há vários dias, o que está afetando as lavouras. As máximas em algumas cidades têm variado entre 37ºC e 40ºC.

A maior temperatura no Mato Grosso do Sul foi de 38,9ºC em Porto Murtinho enquanto no Rio Grande do Sul e no Paraná várias localidades foram a valores ao redor ou acima de 35ºC.

O calor foi ainda mais intenso com máxima no Mato Grosso do Sul de 41,8ºC em Porto Murtinho enquanto no Sul do Brasil os termômetros indicaram na rede oficial do Instituto Nacional de Meteorologia máximas de 36,7ºC em Quaraí (RS) e de 36ºC em Marechal Cândido Rondon (PR).

A temperatura máxima no Mato Grosso do Sul foi a 41,2ºC, também na cidade de Porto Murtinho ao passo que no Sul do Brasil as estações oficiais apontaram 36,6ºC em Santiago (RS) e 36ºC em Foz do Iguaçu (PR).

Bolha de calor gera tardes de temperatura extrema no Brasil

O que vai ocorrer agora é a ampliação desta massa de ar quente com uma bolha de calor tomando conta de grande parte das latitudes médias da América do Sul com máximas muitos elevadas que devem ficar entre 35ºC e 40ºC em maior número de cidades no decorrer da semana.

Inicialmente, no começo desta semana, o calor no Rio Grande do Sul será mais intenso em cidades do Oeste do estado, assim como vem ocorrendo há dias. O mesmo ocorre no Oeste do Paraná e no Mato Grosso do Sul.

Mais ao Leste, na área de Porto Alegre e na costa, a temperatura não chega a ser muito alta neste começo de semana com marcas ao redor de 30ºC apenas na Grande Porto Alegre nesta segunda-feira, o que é o normal para janeiro.

A temperatura começa a escalar gradualmente no Rio Grande do Sul e a cada tarde as máximas tendem a ser elevadas e se espera que na segunda metade da semana ocorra o pico de intensidade do calor.

Quinta e sexta devem ser dias de calor excessivo no Rio Grande do Sul com marcas ao redor e acima de 35ºC em grande número de municípios. A temperatura pode atingir marcas de 36ºC a 38ºC em vários pontos da área metropolitana de Porto Alegre, mas isoladamente nos vales haverá marcas mais altas.

O Oeste gaúcho deve ser fortemente impactado pelo calor com várias tardes em que as máximas devem passar dos 35ºC e máximas próximas ou ao redor de 40ºC na região entre Quaraí e Uruguaiana no pico do calor da segunda metade da semana.

Calor trará riscos de temporais

A MetSul Meteorologia alerta que o calor forte a intenso deverá criar condições que são propícias a temporais isolados com chuva forte, vendavais e granizo, especialmente na segunda metade da semana, notadamente a partir da quinta-feira.

Será uma situação parecida com o que se viu na virada do ano, com o calor formando células isoladas de tempestades que isoladamente provocam temporais, alguns fortes e com danos. Não se trata de situação de tempo severo generalizada.

Estes temporais se dão principalmente da tarde para a noite, quando se formam nuvens de grande desenvolvimento vertical pelo aquecimento diurno que gera movimentos convectivos (ar ascendente) na atmosfera. A convecção forma nuvens do tipo Torre Cumulus (TCu) e Cumulonimbus (Cb) que causam os temporais localizados e não raro muitíssimo isolados.

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ZcmbQ-fYtoU

Localmente, alguns destes temporais podem ser fortes a severos mesmo com risco de danos. Quanto mais quente e atmosfera e menor a pressão atmosférica, maior é o potencial para haja a formação de nuvens muito carregadas e mais alta a probabilidade de temporais localizados de maior severidade.

O que é uma bolha de calor

Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.

Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil.

É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.

Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

“La Ninã” finalmente chegou, mas de forma bem esquisita

Depois de atrasar alguns meses, “A Menina” finalmente chegou.
O fenômeno climático La Niña, que resfria a temperatura global, começou no final de dezembro de 2024, confirmaram cientistas na semana passada. Mas, neste ano, ele veio de forma atípica: além de chegar atrasado, seus efeitos deverão ser bem mais fracos do que o normal.

O anúncio foi feito pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), um órgão de pesquisa ligado ao governo dos EUA. Segundo o instituto, o esperado é que a La Niña dure até abril, quando as condições passarão a transicionar para o estado neutro (ou seja, sem La Niña ou El Niño).

La Niña e El Niño são fenômenos climáticos opostos e cíclicos, que envolvem variações na temperatura das águas do Pacífico causadas pelo padrão de ventos.

“O menino” acontece quando o oceano fica mais quente, e ele causa um aumento médio da temperatura global, secas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e chuvas intensas nas regiões Sul e Sudeste.

Já “A menina” é o oposto: ocorre quando há um resfriamento do Oceano Pacífico na sua porção equatorial, e causa os efeitos inversos do seu irmão.

Os ventos no Equador sopram para o oeste graças ao efeito Coriolis. Se eles enfraquecem (ou se invertem) no Pacífico, temos El Niño. E uma primavera tórrida.

Os dois fenômenos se intercalam com fases de neutralidade, mas isso não ocorre de forma tão previsível e regular – os ciclos costumam durar entre dois e sete anos. Cientistas até conseguem fazer algumas projeções sobre o comportamento climático, que ficam mais precisas quanto mais dados são coletados, mas não dá para cravar, e por isso atualizações são publicadas regularmente por órgãos de pesquisa.

O que dá para afirmar sobre esse La Niña é que ela, de fato, chegou atrasado – esperava-se que o fenômeno começasse entre agosto e novembro/24. Além disso, ele deve durar menos tempo do que o normal. E, justamente por isso, seus efeitos típicos estão estranhamente fracos, ainda que existam.

Isso acontece, vale dizer, depois de um El Niño estranhamente forte, que ocorreu durante a maior parte de 2023. Esse evento climático causou temperaturas muito altas aqui no Brasil, além de alterar os padrões de chuvas no país.

O El Niño fortão também contribuiu para colocar 2023 e 2024 no topo dos anos mais quentes já registrados na história. O La Niña vem para resfriar um pouco o planeta depois disso, mas, como dissemos, seus efeitos estão mais tímidos do que o normal.

Vale lembrar que, independentemente dos efeitos do El Niño ou La Niña, a temperatura global está aumentando ao longo das décadas por conta da interferência humana; a emissão de gases do efeito estufa leva ao aquecimento global, e as variações causadas por esses efeitos climáticos são pontuais, incapazes de alterar essa tendência de longo prazo. (msn)

sábado, 15 de fevereiro de 2025

2024 foi marcado por eventos climáticos extremos

O Serviço de Mudança Climática Copernicus confirma oficialmente que 2024 foi o ano mais quente já registrado globalmente, e o WWF convoca os líderes a responderem com uma ação climática sem precedentes em 2025.
As mudanças climáticas agravaram secas, inundações e ciclones em 2024, afetando bilhões e desafiando nossa resiliência global.

Das secas persistentes no sul da África e na América Central no início do ano até as recentes chuvas devastadoras na Espanha e no Rio Grande do Sul, e o mortal Furacão Helene na costa leste dos Estados Unidos, 2024 tem sido um ano marcado por eventos climáticos que afetaram a vida de bilhões de pessoas.

Em um artigo publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences, uma equipe internacional de cientistas do Instituto de Física Atmosférica, da Academia Chinesa de Ciências, apresentou uma visão geral das características e impactos dos eventos extremos mais notáveis do ano, incluindo chuvas intensas e inundações, ciclones tropicais e secas.

Além disso, eles discutem as causas desses eventos, o papel do aquecimento global e os desafios que enfrentaremos no futuro para sermos “resilientes ao clima”.

Muitos dos eventos extremos de chuva e seca de 2024 foram relacionados às configurações atmosféricas associadas ao El Niño no inverno de 2023/24. No entanto, o fenômeno ENSO (El Niño-Southern Oscillation) não explica completamente os eventos individuais.

Além disso, de acordo com estudos de atribuição de eventos extremos, ou “ciência da atribuição”, sabemos que as mudanças climáticas induzidas pelo homem desde a eram pré-industrial agravaram, em muitos casos, chuvas extremas, ciclones tropicais e secas, bem como seus impactos socioeconômicos associados.

Apesar de nossa compreensão sobre o motivo pelo qual o mundo está enfrentando eventos climáticos extremos cada vez mais fortes e frequentes, a equipe de pesquisa por trás deste estudo deixa claro que ainda há desafios cruciais no conhecimento e na atribuição desses fenômenos — especialmente as inconsistências frequentemente observadas entre extremos medidos e modelados (principalmente para chuvas intensas), o que limita nossa confiança nos resultados de atribuição.

Outro aspecto crucial dessa história em constante desenvolvimento sobre nosso clima é a capacidade de prever e comunicar com precisão a ocorrência de eventos extremos e, então, agir de forma apropriada. Fazer isso poderia salvar muitas vidas que, de outra forma, seriam perdidas em enchentes e furacões como os de 2024.

À medida que nos adaptamos a uma sensação quase inevitável de que este é o mundo em que vivemos agora, cresce a percepção de que é necessário agir para nos protegermos e, ao mesmo tempo, prevenir o problema em sua origem.

Vimos em Valência, na Espanha, após as devastadoras enchentes e deslizamentos de terra em outubro ou as inundações no Rio Grande do Sul, não é preciso muito para que os impactos dos eventos climáticos extremos se traduzam em frustração e raiva entre as pessoas afetadas.

Fica claro que é mais urgente do que nunca não apenas trabalhar para compreender melhor os fatores que impulsionam o clima extremo, mas também prever melhor sua ocorrência e desenvolver sistemas eficazes para agir rapidamente com base nas informações disponíveis.

Só assim poderemos estar melhor preparados para anos como 2024. (ecodebate)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Novo problema mundial levará China e Índia a perderem 73 milhões de pessoas até 2100

Elon Musk alerta: Novo maior problema do mundo pode levar China e Índia a perderem 773 milhões de pessoas até 2100.
É um problema porque menos pessoas significa menos trabalhadores, menos inovação e mais dificuldades para sustentar idosos. Isso pode levar a crises econômicas e sociais graves no futuro.

Elon Musk alerta que o colapso populacional é a maior ameaça à humanidade, enquanto China e Índia enfrentam uma queda histórica e a Nigéria assume a liderança até 2100.

Elon Musk, conhecido por suas inovações e opiniões controversas, chamou atenção recentemente para um problema que, segundo ele, é a maior ameaça à humanidade: o declínio populacional. Utilizando sua conta no X (antigo Twitter), Musk reafirmou sua preocupação com um gráfico alarmante que mostra uma queda acentuada na população de países como China e Índia, totalizando a perda de 773 milhões de pessoas até 2100.

Com 12 filhos, Elon Musk não apenas discursa sobre o tema, mas também exemplifica sua visão de que taxas de fertilidade reduzidas, envelhecimento populacional e emigração são problemas que precisam de atenção urgente.

O que levou Elon Musk a destacar o declínio populacional?

Desde 1963, as taxas de fertilidade global caíram mais da metade. Enquanto uma média de 5,3 filhos por mulher era comum há 60 anos, hoje muitos países não alcançam sequer a taxa de reposição de 2,1 filhos por mulher. Países como Inglaterra e País de Gales, por exemplo, registraram um número médio de 1,44 filhos em 2023, o menor já observado.

Essa tendência reflete mudanças sociais, econômicas e culturais. Educação, carreira e acesso a métodos contraceptivos estão entre os fatores que diminuíram a taxa de natalidade ao redor do mundo. Subscrições de notícias sobre finanças

Além da baixa natalidade, a emigração contribui para o esvaziamento populacional em alguns países. Simultaneamente, o envelhecimento da população aumenta a dependência econômica de uma geração sobre outra, reduzindo a força de trabalho ativa e trazendo desafios econômicos.

Os números alarmantes da China e da Índia

China e Índia, atualmente as nações mais populosas, enfrentarão quedas históricas. Enquanto a população indiana deve cair de 1,5 bilhão para 1,1 bilhão, a China verá uma redução ainda mais drástica, chegando a 731 milhões de habitantes. Essas projeções indicam que a China será ultrapassada pela Nigéria, cuja população deve atingir 790 milhões até o final do século.

Na contramão dessa tendência, países africanos como Nigéria, República Democrática do Congo e Etiópia continuarão a crescer. Isso evidencia um deslocamento demográfico global, com a África se tornando o novo centro de crescimento populacional.

A visão de Elon Musk e suas preocupações com o futuro

Para Musk, a redução populacional é mais do que uma questão numérica: é uma ameaça existencial. Ele argumenta que uma menor base de jovens impactará diretamente a inovação, a economia e a capacidade de resolver problemas globais.

Como pai de 12 filhos, Musk defende que grandes famílias podem ser uma solução prática. Ele também utiliza suas redes para debater o tema, incentivando diálogos sobre possíveis soluções.

Como os países desenvolvidos lidam com o problema?

Nações como EUA, Canadá e Austrália mantêm níveis populacionais quase estáveis graças à migração líquida positiva. Esses países utilizam políticas de imigração para compensar taxas de natalidade baixas e envelhecimento.

O Fim da Humanidade: O Mundo Vai Acabar Se Não Pararmos o Aquecimento Global!

O crescimento contínuo na África apresenta desafios e oportunidades. Embora possa fornecer uma força de trabalho jovem e ativa, também levanta questões sobre infraestrutura, educação e emprego para sustentar esse crescimento. (clickpetroleoegas)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

La Niña provoca seca no sul e alagamentos no norte do Brasil

La Niña provoca seca no sul e alagamentos no norte do Brasil

O fenômeno climático conhecido como La Niña voltou a se manifestar, conforme anunciado pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA). Este fenômeno é caracterizado por temperaturas abaixo da média na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Em contraste com o El Niño, que traz condições mais quentes, a La Niña faz parte do sistema conhecido como El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e tem importantes implicações nos padrões climáticos globais.

Segundo a NOAA, as condições atuais de La Niña estão presentes no Pacífico Tropical e devem persistir até pelo menos abril de 2025. É esperado que a transição para condições neutras aconteça entre março e maio de 2025. O fenômeno é responsável por alterar padrões de vento, precipitação e temperatura, impactando diversas regiões do mundo de maneiras distintas.

Quais são os efeitos do La Niña no clima global?

Durante a ocorrência de La Niña, as águas frias do oceano contribuem para mudanças significativas nas condições climáticas globais. No Brasil, especialmente, o fenômeno tende a provocar uma redução das chuvas no Sul do país, o que pode aumentar o risco de estiagens. Em contrapartida, as regiões Norte e Nordeste podem registrar uma elevação nos níveis de precipitação, resultando em mais umidade.

Nesse contexto, são esperadas temperaturas mais baixas no Sul do Brasil devido à maior frequência de massas de ar frio. No entanto, durante períodos de seca, aumentam também as chances de ondas de calor, que podem causar extremos de temperatura. Globalmente, a presença da La Niña costuma estar associada a uma leve diminuição das temperaturas médias planetárias.

Mar agitado

Qual o impacto da La Niña na agricultura brasileira?

No setor agrícola, os efeitos do La Niña podem ser substanciais, principalmente em regiões que já apresentam vulnerabilidade a condições de seca prolongada. No Rio Grande do Sul, por exemplo, existe a preocupação de que a escassez de chuva afete a produtividade de culturas essenciais, como milho e soja. A falta de precipitação pode levar a déficits hídricos significativos, comprometendo colheitas e a economia rural.

• Redução das chuvas no Sul do Brasil.

• Aumento do risco de estiagens prolongadas.

• Impactos negativos na agricultura, especialmente em culturas como milho e soja.

Como a La Niña difere do El Niño?

A La Niña é frequentemente comparada ao seu fenômeno-irmão, o El Niño, devido aos seus efeitos opostos no sistema climático global. Enquanto no El Niño as temperaturas marítimas se elevam acima da média, resultando em condições mais quentes e mudança nos padrões meteorológicos, a La Niña promove temperaturas mais frias na superfície do Oceano Pacífico, afetando a circulação atmosférica de maneira distinta.

1. Temperatura: La Niña traz resfriamento, enquanto o El Niño provoca aquecimento.

2. Chuvas: A La Niña tende a diminuir precipitações no sul do Brasil; o El Niño pode aumentá-las.

3. Efeitos Globais: Ambos influenciam ventos e convecções, mas em direções diferentes.

Como o fenômeno climático influencia a temperatura do planeta?

Mesmo com a presença de La Niña, que poderia contribuir para resfriar o planeta, os impactos das mudanças climáticas globais fazem com que as temperaturas médias durante o fenômeno sejam mais elevadas do que em episódios de décadas anteriores. Essa complexa interação mostra que, embora eventos como El Niño e La Niña ainda impactem significativamente o clima global, o aquecimento global geral resulta em marcas térmicas mais altas.

Esse cenário desafia cientistas a reinterpretarem as tendências climáticas e adaptarem previsões e modelos para compreender melhor as variações meteorológicas. O estudo contínuo desses fenômenos é essencial para prever seus impactos localmente e no panorama global, ajudando políticas a mitigar efeitos adversos em setores como a agricultura e a infraestrutura. (brasil.perfil)

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Recuperação surpreendente do gelo marinho na Antártica em 2024 intriga cientistas

Recuperação surpreendente do gelo marinho na Antártida em 2024 intriga cientistas, mas aquecimento global mantém alerta.
O gelo marinho da Antártida surpreende com uma recuperação inesperada em 2024, após anos de derretimento recorde. Dados apontam alta variabilidade, mas especialistas alertam: aquecimento global e El Niño ainda ameaçam o futuro do continente gelado.

Por anos, o gelo marinho da Antártida esteve no centro das preocupações climáticas globais. As perdas recordes observadas em 2023 e 2024 foram um sinal alarmante das consequências do aquecimento global.

Entretanto, uma recente recuperação na extensão do gelo marinho no final de 2024 trouxe um alívio temporário e levantou questões sobre o que está realmente acontecendo no continente mais frio da Terra.

O que revelam os dados

Em dezembro de 2024, a extensão do gelo marinho antártico alcançou 7,3 milhões de quilômetros quadrados, aproximando-se dos valores médios registrados entre 1981 e 2010, conforme relatado pelo Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos EUA (NSIDC).

Essa recuperação ocorreu após um período crítico em que a Antártida enfrentou mínimos históricos no gelo marinho, devido às altas temperaturas causadas pelo aquecimento global e pelo fenômeno El Niño.

De acordo com o NSIDC, o ritmo de perda de gelo durante novembro e dezembro de 2024 desacelerou significativamente.

Essa pausa foi crucial para que o gelo marinho se recuperasse, ainda que de forma temporária. Os cientistas destacam que a alta variabilidade da extensão do gelo marinho é um dos fatores mais intrigantes sobre o clima antártico.

“Isso ilustra claramente a alta variabilidade da extensão do gelo marinho antártico”, afirmou um comunicado do NSIDC. Apesar da recuperação, há muitas razões para manter o alerta.

A influência do aquecimento global e do El Niño

O aumento das temperaturas globais tem um impacto direto sobre o gelo marinho. Nos últimos anos, os oceanos registraram temperaturas recordes, tanto na superfície quanto nas profundezas.

Esse aquecimento é impulsionado pelas emissões de gases de efeito estufa e foi agravado pelo fenômeno El Niño, que intensificou o calor em escala global.

Desde 2023, cientistas observaram um padrão de derretimento acelerado no gelo marinho da Antártida, contribuindo para o aumento do nível do mar e ameaçando comunidades costeiras ao redor do mundo.

A recuperação recente, embora positiva, não contradiz a tendência de longo prazo de perdas cada vez mais acentuadas.

Segundo a Uol, os cientistas monitoram essas variações com atenção para entender se a recuperação é apenas um período transitório ou parte de um padrão mais amplo de variabilidade climática.

O perigo das mudanças climáticas permanentes

Desde 2016, há preocupação crescente de que o aquecimento global esteja provocando mudanças permanentes na dinâmica do gelo marinho antártico.

A combinação de temperaturas oceânicas elevadas e padrões climáticos extremos levou a uma série de eventos atípicos, como as altas “dramáticas” ou recordes de 2017, 2023 e 2024.

A teoria do “pensamento de mudança de regime” ganhou destaque nos últimos anos. Essa ideia sugere que a Antártida pode estar passando por uma transição que levará a perdas permanentes de gelo marinho.

Os dados de 2024, apesar de esperançosos, não são suficientes para invalidar essa possibilidade.

Por que a Antártida importa tanto?

A Antártida desempenha um papel essencial no equilíbrio climático global. Suas camadas de gelo refletem a luz solar, ajudando a manter o planeta mais frio.

O gelo marinho atua como uma barreira protetora, regulando a temperatura dos oceanos e protegendo ecossistemas marinhos vulneráveis.

Se as camadas de gelo continuarem a derreter, o impacto no nível do mar será devastador. Milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras estão em risco.

A perda de gelo pode desencadear efeitos em cascata, como alterações nas correntes oceânicas e nos padrões climáticos globais.

O que vem a seguir?

Embora a recuperação do gelo marinho em 2024 seja um sinal positivo, cientistas alertam que não há motivos para complacência.

É fundamental continuar monitorando de perto as condições na Antártida e reduzir as emissões de gases de efeito estufa para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Conforme relatado pelo NSIDC, o monitoramento a longo prazo é essencial para entender a variabilidade natural e os impactos das atividades humanas no gelo marinho antártico. Somente com uma ação global coordenada será possível preservar esse ecossistema crucial. (clickpetroleoegas)

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Extremos climáticos em 2024 alteraram o ciclo global da água

O ano de 2024 foi marcado por temperaturas recordes, que impulsionaram o ciclo global da água a novos extremos climáticos, contribuindo para enchentes devastadoras e secas severas, conforme aponta um novo relatório liderado pela Universidade Nacional Australiana (ANU).

O Global Water Monitor Report 2024, revelou que o aumento das temperaturas está alterando a forma como a água circula no planeta, “causando devastação” no ciclo da água.

Em 2024, cerca de 4 bilhões de pessoas em 111 países — metade da população mundial — enfrentaram o ano mais quente já registrado.

“2024 foi um ano de extremos, mas não foi um caso isolado. É parte de uma tendência crescente de enchentes mais intensas, secas prolongadas e extremos recordes”.

Mudanças climáticas já afetam o ciclo da água no planeta

Os desastres relacionados à água mais danosos em 2024 incluíram inundações repentinas, enchentes fluviais, secas, ciclones tropicais e deslizamentos de terra. Esses desastres causaram a morte de mais de 8.700 pessoas, deslocaram 40 milhões de pessoas e provocaram perdas econômicas superiores a US$ 550 bilhões.

Enquanto algumas regiões do mundo enfrentaram enchentes significativas em 2024, outras sofreram com secas severas.

“Agua é nosso recurso mais crítico, e seus extremos — tanto enchentes quanto secas — estão entre as maiores ameaças que enfrentamos”.

A equipe de pesquisa utilizou dados de milhares de estações terrestres e satélites em órbita da Terra para fornecer informações quase em tempo real sobre variáveis críticas da água, como precipitação, umidade do solo, fluxo dos rios e enchentes.

Global Water Monitor Report é uma colaboração entre instituições de todo o mundo e envolve várias organizações públicas e privadas. (ecodebate)

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Degradação da Amazônia ameaça o clima global e a biodiversidade

Impacto no clima global

A Amazônia é essencial para o equilíbrio do clima mundial, pois absorve bilhões de toneladas de CO2. No entanto, a degradação da floresta tem reduzido a sua capacidade de absorver carbono, contribuindo para o aumento do aquecimento global.

Impacto no ciclo da água

A Amazônia regula 16% da água do planeta, influenciando os padrões de chuva na América do Sul. A degradação da floresta afeta essa capacidade, prejudicando o clima regional.

Impacto nas correntes de ar

A Amazônia influencia as grandes correntes de ar globais, que são cruciais para os padrões climáticos mundiais. Alterações nessas correntes de ar podem ter efeitos imprevisíveis no clima global.

Ameaça à biodiversidade

A Amazônia abriga uma grande diversidade de espécies, e a degradação da floresta coloca em risco essa biodiversidade.

Entre os principais fatores que contribuem para a degradação da Amazônia estão a extração de madeira, queimadas, a proximidade a atividades humanas e secas.

O relatório internacional “Dez novas percepções sobre o Clima”, com a contribuição do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), destacam que a Amazônia está perdendo sua capacidade de regular o ciclo da água e remover carbono da atmosfera, o que pode ter impactos catastróficos em escala global.

A degradação da floresta, impulsionada por fatores como fogo, extração de madeira, expansão agrícola, construções e eventos climáticos extremos, reduzem a resiliência do bioma.

Perda de capacidade de remoção de carbono:

Em 2022 Amazônia acumulava 47,2 bilhões de toneladas de carbono em sua vegetação, já perdeu mais de 10,6 bilhões de toneladas devido à degradação. A diminuição da capacidade da floresta de absorver CO2 contribui para o aumento do aquecimento global. Estudos apontam que áreas de floresta impactadas pelo fogo de forma reiterada têm uma redução de até 68% na capacidade de conter dióxido de carbono (CO₂) na biomassa da vegetação. Queimadas únicas já reduzem em cerca de 50% o estoque de carbono nas áreas afetadas.

Impacto no ciclo da água:

A Amazônia regula 16% da água do planeta. A degradação da floresta afeta sua capacidade de influenciar os padrões de chuva na América do Sul por meio da evapotranspiração, prejudicando o clima regional. A fumaça das queimadas, por sua vez, pode reduzir a umidade liberada pela floresta, impactando os “rios voadores” que levam umidade para outras regiões.

Risco de colapso e savanização:

A continuidade da destruição da Amazônia pode levar a um ponto sem retorno, transformando-a em uma savana empobrecida. A perda de resiliência da floresta a torna mais vulnerável à seca, que se intensifica com o aquecimento global. Pesquisadores observam que, em vez de se transformar em uma savana, a floresta amazônica está se tornando uma floresta secundária, mais pobre e com menos estoque de carbono. As espécies florestais, mais sensíveis, são as mais afetadas pelo fogo, com risco de extinção local.

Ameaças à biodiversidade:

A Floresta Amazônica abriga uma diversidade única de espécies, e a perda de resiliência coloca em risco essa rica biodiversidade. O empobrecimento da floresta causado pelo fogo compromete serviços ecossistêmicos cruciais, como a regulação da chuva, o sequestro de carbono e a polinização.

Fatores de degradação e urgência de ação

Os principais fatores que contribuem para a perda de resiliência da Amazônia incluem a extração de madeira, queimadas, a proximidade a atividades humanas e secas. A combinação de extração de madeira e queimadas causa estresse na floresta, diminuindo sua capacidade de recuperação. As áreas mais próximas a estradas e assentamentos humanos são mais vulneráveis.

A realidade no Brasil é de um enfraquecimento das leis ambientais e da fiscalização, favorecendo a exploração ilegal de terras e o agronegócio predatório. O desmatamento, combinado com o fogo, torna-se um processo irreversível.

Estudo indica que oito em cada dez árvores exclusivas da Mata Atlântica estão sob risco de extinção.

Medidas necessárias

O relatório e outras pesquisas apontam para a urgência de ações para proteger a Amazônia. É fundamental:

• Fortalecer leis ambientais para combater a degradação em todos os países da Amazônia.

• Continuar financiando programas de monitoramento e rastreamento de commodities.

• Apoiar povos indígenas e comunidades locais no desenvolvimento de uma economia sustentável.

• Priorizar a proteção da Amazônia com medidas robustas de preservação.

• Promover uma economia que valorize os serviços ecossistêmicos da floresta, incentivando cadeias produtivas sustentáveis.

• Limitar o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa.

Apesar da gravidade da situação, ainda há tempo para reverter a tendência de degradação da Amazônia. A colaboração internacional é essencial, pois o colapso da Amazônia afetaria não apenas o Brasil, mas o mundo todo.

A pergunta não é apenas quão perto estamos do colapso, mas o que estamos dispostos a fazer para evitá-lo. (ecodebate)

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