segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Não é justo ser o pulmão do mundo e não receber nada

"O Brasil tem que ser muito mais agressivo nas discussões para o acordo climático", diz Rubens Ometto, presidente da Cosan, a maior processadora mundial de cana-de-açúcar. "Não é só cobrar dos outros países. Tem que ameaçar, ser mais duro nas negociações, para conseguir vantagens, recursos", diz o empresário, sobre a posição que o Brasil deve adotar na Convenção do Clima das Nações Unidas, em Copenhague, em dezembro/09. "O governo está sendo muito bonzinho e ser bonzinho é fácil, mas improdutivo." Ometto alega que os países desenvolvidos devastaram suas florestas, criam barreiras para produtos brasileiros como o açúcar, e ainda cobram do Brasil, mesmo que com razão, uma solução para o problema da devastação da floresta. "Não dá para os brasileiros agora pagarem toda a conta sozinhos. Veja o exemplo do norte-coreano [o líder Kim Jong-il], ele ameaça para valorizar a posição dele." Se o Brasil não tem bomba, tem com que barganhar, segundo o controlador da Cosan. "A floresta é a nossa bomba. Temos que criar momentos firmes de troca, senão vamos vendê-la barato", afirma. Ometto lembra que os Estados Unidos e a Europa protegem-se bem ao não permitir que produtos brasileiros, entre eles o etanol, sejam vendidos sem a cobrança de muita taxa, a ponto de torná-los proibitivos. "Temos que valorizar nossa floresta também. Não é justo ser o pulmão do mundo sem receber nada. E pior, ainda querer que agricultores e o povo brasileiro paguem a conta", diz. "É preciso ser mais duro: é a única linguagem que esse pessoal do mundo desenvolvido entende, mas com elegância." Países ricos, segundo o empresário, pressionam para depreciar produtos brasileiros. Em relação ao etanol, diz que o mundo desenvolvido inventa regras infundadas e argumenta, erroneamente, que a cana entra em área de alimento. "Temos muita terra para ser plantada, não precisamos devastar florestas. Não há concorrência para nós."

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