sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Não é para comemorar queda de desmatamento

Ainda é cedo para comemorar queda de desmatamento. Os dados preliminares sobre o desmatamento da Amazônia são bastante positivos. É alta a probabilidade de que a área de floresta derrubada entre agosto de 2009 e julho de 2010 (período pelo qual são calculadas as taxas anuais de desmate) tenha sido menor que a registrada no mesmo período anterior. Mas isso não é uma certeza. Os números divulgados ontem pelo Inpe são do sistema rápido Deter, que utiliza imagens de satélite de baixa resolução. Não enxerga nada menor que 25 hectares, ou seja, 25 campos de futebol. Cientes dessa limitação, os desmatadores mudaram seu modus operandi nos últimos anos. Em 2002, os desmates menores que 25 hectares eram cerca de 20% da área total derrubada. Em 2009, essa parcela chegou a quase 60%. "A proporção do que a gente enxerga com o Deter está caindo", observa o diretor do INPE, Gilberto Câmara. A área real desmatada só será conhecida mesmo no fim do ano, quando forem consolidados os dados de outro programa, chamado Prodes, que utiliza imagens de satélite de alta resolução. Se houver, de fato, uma redução, mesmo que não tão alta quanto a sugerida pelo Deter (de 47,5%), será uma conquista importantíssima para a Amazônia. As taxas anuais de devastação vêm caindo desde 2005, e a discussão que antes imperava sobre quem merecia mais crédito pela queda (se ações do governo ou flutuações do mercado) parece estar perdendo importância, à medida que as indústrias de carne, grãos e madeira buscam limpar sua imagem e trabalhar cada vez mais na legalidade. Se fazem isso por consciência ambiental, pressão de mercado ou por força da lei não importa tanto, desde que o resultado prático seja a conservação da floresta e o desenvolvimento sustentável da Amazônia. (OESP)

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