Rio+20 deve criar
instrumento para mudar padrão de consumo, afirma Brasil
Estratégia será defendida pelos negociadores brasileiros no fim do mês,
na última rodada de conversas antes da conferência, que ocorre em junho.
O Brasil vai defender na última rodada de negociações antes
da Rio+20, em Nova York, no fim do mês, que os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, um dos resultados esperados da conferência da ONU, sejam usados
como instrumento para mudar os padrões de produção e de consumo no mundo.
Por enquanto, não há consenso em relação a essa definição.
Os objetivos são um conjunto de metas a serem adotadas por todos os países. A
intenção do Brasil é emplacar de maneira mais clara o combate aos padrões
insustentáveis, batendo mais forte nesse ponto com objetivos específicos. Na
reta final, pretende equilibrar interesses para tentar chegar a um documento
mais enxuto e com um ingrediente em falta até agora: o que negociadores chamam
de “dose maior de ambição”.
A um mês da Rio+20, a negociação segue indefinida. Na semana
passada, quando indagada sobre um possível resultado concreto da conferência, a
ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que seria “excepcional” se
houvesse uma “obrigação para todos”, referindo-se à produção e ao consumo sustentáveis.
Dois dias depois, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo,
secretário executivo da Comissão Nacional para a Rio+20, falou sobre o mesmo
tema. Para ele, a mudança desses padrões deveria ser liderada pelos países
ricos.
“São aqueles que têm claramente padrões insustentáveis. Não
é possível achar razoável ou exigir que a nova classe média na Índia ande de
bicicleta para salvar o planeta se a classe média num país desenvolvido tem
dois carrões dentro da garagem”, comentou Figueiredo.
De acordo com o embaixador, um dos principais objetivos da
conferência é buscar convergência em relação a esse tema, para que haja
“contração daqueles que estão abusando e aperfeiçoamento daqueles que não têm
nada, de modo que se busque um padrão que o planeta aguente”.
Debates. Nas negociações na ONU, o Brasil procura, de
maneira geral, fortalecer o G77+China, grupo que reúne hoje mais de 130 países
em desenvolvimento. Na Rio+20, o País também defende novos indicadores da
economia que “reflitam de maneira mais correta as dimensões ambiental e
social”. Como definir isso, porém, ainda não se sabe. (OESP)
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