Uso correto da água garante a sustentabilidade da vida sobre
a Terra
Estudos da Secretaria Nacional de
Saneamento Ambiental (SNSA) revelam que o desperdício de água é maior que o
uso.
O Brasil é o país com a maior reserva de água doce do mundo,
com 16%.
Água, fonte da vida. Neste lindo planeta azul, aprendemos
desde cedo que dois terços da Terra são cobertos por água, por conta de uma
grandeza oceânica que impressiona e assusta. E que o Brasil “é o país com a
maior reserva de água doce do mundo: 11,6% do total”. No entanto, de todo este
mar de água que cobre o planeta, apenas 3% é doce, e a maior parte dela (2%)
está em geleiras. Não há quem viva sem água, porém o fato é que nem todos se
importam efetiva e decisivamente com a sua preservação. Talvez por causa da
falsa crença na sua dimensão infinita. Conceito ilusório, reforçado por outras
características inadequadas e condenáveis, como o individualismo e o egoísmo,
que não permitem enxergar o todo da vida e não veem que o homem é apenas uma
pequena parte de um contexto maior.
A verdade é que a água é um recurso limitado. E muito, muito
precioso. E que hoje a disponibilidade hídrica já não é a mesma de apenas umas
poucas décadas atrás. Afinal, já somos hoje mais de sete bilhões de pessoas
sobrevivendo na face da Terra e explorando os seus recursos. Nem sempre da
forma mais adequada ou sustentável. E, por isso mesmo, provocando uma
degradação acelerada dos mananciais de água e de outros valiosos ativos
ambientais. Segundo a ONU, três bilhões de pessoas vão sofrer com escassez de
água até 2025. E cerca de 800 milhões de humanos pelo mundo afora já enfrentam
este problema hoje.
Segundo a ONU, três bilhões de pessoas vão sofrer com a
escassez de água até 2.025.
Os dados são alarmantes. Tanto que a escassez de água doce
já é considerada um dos sete principais problemas ambientais hoje, segundo
relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations
Environment Programme – Unep), conhecido como GEO (Global Environmental
Outlook).
Assim, se quisermos sobreviver nesta nave-planeta que provê
naturalmente todas as condições para a manutenção dos sistemas vitais de todos
os reinos que aqui coabitam, temos que mudar nossas posturas predatórias e
consumistas e adotar novos padrões de comportamento e conduta que assegurem um
mínimo de harmonia e respeito aos nossos ecossistemas sagrados. Porque um dia o
homem vai ter que compreender que dinheiro não se pode comer. Nem beber...
A preocupação com o uso sustentável da água, com o consumo
desse recurso natural para contentar as nossas necessidades, sem comprometer
também as precisões das gerações futuras, tem que ser em nível global. As
dimensões das resultantes de ações contrárias a essa compreensão não se
restringem ou se limitam às demarcações geográficas. Aquele 1% de água doce,
mesmo que, às vezes, em proporções gritantemente desiguais, é dividido por toda
a população mundial.
Foi pensando nisto que a ONU instituiu, em 1993, o Dia
Mundial da Água, comemorado anualmente em 22 de março. O objetivo desses
encontros é discutir assuntos relacionados a problemas de abastecimento de água
potável e aumentar a consciência pública, dos governos, das agências
internacionais, das organizações não-governamentais e do setor privado.
Água Saudável
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), milhões de
pessoas morrem anualmente no mundo devido a problemas relacionados ao consumo
de água contaminada, sendo que, pelo menos 800 milhões de seres humanos pelo
mundo afora já enfrentam problemas com a seca. Os mais afetados são as crianças
menores de 5 anos, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento.
Visando contornar a situação, foi traçado pela OMS um Planejamento de Água
Saudável, que define mudanças na gestão da água potável em vários países. A
ideia baseia-se em orientações à população na inclusão de procedimentos de
segurança para assegurar a qualidade da água. Segundo o órgão, uma água só pode
ser classificada como potável quando apresenta teor mineral de até 500 mg por
litro.
No Brasil, existe uma repartição específica responsável por
assegurar o direito humano fundamental de acesso à água potável nas cidades e
no campo: a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA). Mas, nem tudo
fica ao alcance do domínio da secretaria. Dados coletados pela própria SNSA, em
2003, apontaram que o índice médio de perdas de água por ligação ativa foi de
502,3 litros/ligações/dia, em média, enquanto o consumo per capita médio de
água foi igual a 149 litros/habitante/dia. Ou seja, o desperdício de água é
maior do que o seu uso.
A realidade não poderia se apresentar de outra forma, com
tanta água sendo usada de maneira errada, seja no copo da criança que a consome
sem tratamento, seja no desperdício provocado por vazamentos, lavagem exagerada
de calçadas e carros com água potável, descarte inadequado etc. Há como mudar?
Sim! Ações possíveis existem e nesta matéria elencamos algumas.
Reciclagem planetária
A própria natureza nos ensina, dentro do ciclo hidrológico,
a prática do reúso e da reciclagem, onde a água que evapora dos lagos, rios e
oceanos forma as nuvens, que se derramam em forma de renovadora chuva e neve,
num processo cíclico no qual a mesma água é constantemente reutilizada e
reprocessada, purificada.
E, tomando emprestadas as imagens poéticas da música Planeta
Água, de Guilherme Arantes, ilustramos bem este ciclo renovador:
“Águas que nascem na fonte serena do mundo e abrem um profundo grotão.
“Águas que nascem na fonte serena do mundo e abrem um profundo grotão.
Água que faz inocente
riacho e deságua na corrente do ribeirão...
Águas que banham
aldeias e matam a sede da população...
Águas que caem das
pedras, no véu das cascatas, ronco de trovão
E depois dormem
tranqüilas, no leito dos lagos
Água dos igarapés,
onde Iara, a mãe d’água, é misteriosa canção
Água que o sol evapora
e pro céu vai embora, virar nuvens de algodão...”
Assim se cumpre o ciclo, onde a água que cai sob a forma de
chuva retorna aos rios e aos mares e, pelo milagre da evaporação, sempre
retornam. De modo que as “águas que movem moinhos são as mesmas águas que
encharcam o chão. E sempre voltam humildes pro fundo da terra”, relembrando
novamente o poeta.
Reciclagem doméstica
Essa prática de reciclagem da água em escala planetária, que
a natureza faz de graça para nós, pode e deve ser replicada por meio de ações
humanas. Consiste na reutilização da água, por mais de uma vez, para fins de
consumos potáveis ou não, proporcionando, assim, o uso sustentado, além da
redução de gastos. Uma atitude simples e que pode ser aplicada à realidade
doméstica da maior parte da população brasileira. O reúso da água pode ser
feito através de medidas simples, como o reaproveitamento da água da máquina de
lavar para a limpeza de pisos, ou com a captação da água da chuva para a
lavagem de carros, rega de jardins, descargas etc.
Os segmentos da engenharia e da arquitetura também se
preocupam bastante em atrelar práticas sustentáveis às construções. Mecanismos
e sistemas que visam, além de economia, responsabilidade com os recursos
ambientais. A luz solar, as águas das chuvas ou as já utilizadas em outras
atividades, por exemplo, podem ser captadas a fim de substituírem ou
complementarem as fontes comumente exploradas.
O uso de energia solar contribui para a diminuição da
exploração de recursos naturais não renováveis, como o petróleo, e para o
adiamento da construção de novas hidrelétricas, que causam grandes impactos
ambientais nos mananciais e bacias hidrográficas.
"Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão. E sempre voltam humildes pro fundo da terra" (Guilherme Arantes)
A tecnologia de captação e aproveitamento da água da chuva
hoje disponível pode eliminar boa parte dos custos mensais com as contas de
água. O grande vilão no consumo de água nas residências é o vaso sanitário,
cujas descargas podem ser responsáveis por até 40% do total dos gastos. Um
sistema com cisternas que acumulam água da chuva usando qualquer superfície que
tenha como condensar o escoamento da água para uma vertente, como por exemplo,
os telhados das casas, lajes ou pátios construídos especialmente para esse fim,
onde não tem tráfego de pessoas, animais ou automóveis, pode ser ligado ao
sistema de evacuação de esgotamento.
Atitudes responsáveis e sustentáveis e que não devem se tornar responsabilidades apenas de ONGs e instituições empreendedoras. Cada um de nós tem muito mais a oferecer ao meio em que vivemos. (revistasfera)
Atitudes responsáveis e sustentáveis e que não devem se tornar responsabilidades apenas de ONGs e instituições empreendedoras. Cada um de nós tem muito mais a oferecer ao meio em que vivemos. (revistasfera)
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