Queda de desmatamento resultou em diminuição de 57% das
emissões de CO2
Ambiente
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) utilizou
informações de um novo sistema de análise de emissões na Amazônia; modelo, que
combina dados de satélites com mapas de biomassa, detalha a situação por região
e ao longo dos anos.
A
queda no desmatamento da Amazônia de 2004 até 2011 permitiu uma redução de 57%
nas emissões de gases estufa brasileiras provenientes da região. O dado foi
anunciado pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com base em um novo sistema de
análise das emissões, o Inpe-Em.
O modelo,
que começou a ser desenvolvido há três anos, oferece um detalhamento maior da
situação por região e também ao longo do tempo. Ele combina informações de
satélite do sistema Prodes do INPE, que oferece anualmente as taxas
de desmatamento, com mapas do total de biomassa que tem na região.
A
diferença em relação ao modelo tradicional é que esse trabalha com um cálculo
simples: taxa de desmatamento versus biomassa média versus porcentagem de
carbono da biomassa. "O novo sistema não só considera que as regiões são
muito heterogêneas como o fato de que todo o carbono presente naquela biomassa
não é emitido no instante do desmatamento. Parte é queimada, parte fica ainda
um tempo no solo, na raiz, na madeira que foi retirada. A inovação foi
incorporar esse processo ao arcabouço espacial", explica Ana Paula Aguiar, pesquisadora do
Centro de Ciência do Sistema Terrestre, coordenadora do projeto.
Isso
significa que as emissões continuam ocorrendo mesmo depois de ocorrido o
desmate. Se fosse feito somente o cálculo simples, por exemplo, a redução de
emissões teria sido de quase 74%, em vez dos 57% indicados no novo trabalho. A
metodologia foi publicada recentemente na revista Global Change Biology.
O
trabalho também conseguiu provar uma suspeita que já existia sobre o avanço do
desmatamento - ele está seguindo na Amazônia em direção a áreas com maior
biomassa. Isso significa que uma mesma quantidade de desmatamento no cenário
atual acaba emitindo mais gás carbônico do que emitia anos atrás. "Tanto
que é por isso que o desmatamento caiu numa taxa maior do que o caíram as
emissões", afirma o pesquisador Jean
Ometto, co-autor do trabalho. Por exemplo, a média de biomassa das áreas
totais desmatadas entre 2002 e 2006 foi de 199 toneladas/hectare enquanto a de
2006 a 2011 foi de 214 toneladas/hectare.
"Percebemos
isso nos cálculos, mas já era de se imaginar essa situação porque a região do
arco do desmatamento é de fronteira com o Cerrado, que tem mesmo menos
biomassa. Mas as frentes de desmatamento agora avançam para onde tem mais
biomassa. O que nos dá um alerta para o futuro. Se por um acaso essa trajetória
que estamos vivendo se inverter e o desmatamento voltar a crescer, seu impacto
sobre as emissões será maior do que as emissões históricas", complementa Ana Paula.
Tradicionalmente
o desmatamento da Amazônia foi responsável pela maior fatia das emissões de
gases estufa do Brasil, contribuindo para deixar o Brasil entre os cinco
maiores emissores do mundo. Em 2009, na Conferência
do Clima de Copenhague, o então presidente Lula anunciou como meta brasileira a redução do desmatamento até
2020 a fim de, com essa ação, reduzir as emissões brasileiras em 34%.
Ainda
não dá para saber quanto a redução já medida está impactando no total
brasileiro porque não foi feito um novo inventário das emissões nacionais. No
que existe, de 2009, referente a dados de 2005, o desmatamento da Amazônia
respondia por 55%. Mas imagina-se que essa composição deve agora mudar porque o
País está vivenciando um aumento da contribuição dos setores de transporte e de
energia com combustíveis fósseis.
De
acordo com Ometto, porém,
considerando somente esses dados de 2005, a redução do desmatamento da Amazônia
em relação à média histórica já aponta para uma redução de 22% no total das
emissões do País. A expectativa do governo federal é lançar o próximo
inventário nacional até o ano que vem, trazendo dados referentes até 2010.
Amazônia
Período
– Emissão (megaton. CO2)
2002 –
798
2003 –
890
2004 –
986
2005 –
941
2006 –
845
2007 –
745
2008 –
671
2009 –
551
2010 –
470
2011 –
420
Média
2002 a 2011 – 732 (ihu.unisinos)
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