Em meio à crise, governo de SP fiscaliza 300 km de rios para
barrar furto d’água
Abastecimento
Sobrevoos ocorrem em busca de captações clandestinas e
blitze em indústrias e fazendas já resultaram em 12 multas e 170 advertências
por retiradas sem autorização e com volume superior ao permitido.
A escassez hídrica em São Paulo levou
o governo Geraldo Alckmin (PSDB) a lançar uma ofensiva contra o furto de água
na Grande São Paulo e em cidades do interior abastecidas pelo Sistema
Cantareira, que passa pela pior estiagem da história. Só na região de Campinas,
mais de 300 quilômetros de rios foram sobrevoados em busca de captações
clandestinas e uma série de blitze em indústrias e fazendas já resultou em 12
multas e 170 advertências por retirada de água sem autorização e com volume
superior ao permitido.
O cerco às fraudes em captações
diretas nos rios foi intensificado em maio pelo Departamento de Água e Energia
Elétrica (DAEE), responsável pela fiscalização, a pedido do secretário de
Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce. À época, o Cantareira estava com
cerca de 9% da capacidade, e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp) ainda não havia iniciado a retirada do volume morto do
manancial, reserva de água represada abaixo do nível das comportas de captação.
A pasta não informou os nomes dos responsáveis flagrados na operação.
Segundo a secretaria, apenas entre
maio e 18/07/14, 282 locais já haviam sido vistoriados pelos fiscais, a maioria
com captações subterrâneas (119). Mas são as retiradas superficiais, onde 84
pontos já foram alvo de blitze, que mais preocupam. No dia 10, técnicos da
Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) de Campinas
acompanharam o sobrevoo do Rio Atibaia, que abastece 95% da cidade, em busca de
captações clandestinas. Antes da crise, as fiscalizações praticamente só ocorriam
quando havia denúncia.
Segundo a empresa, a suspeita é de
que as retiradas irregulares sejam responsáveis pelas quedas repentinas de até
mil litros por segundo na vazão do rio na chegada ao município. Técnicos da
empresa acreditam que a água possa estar sendo desviada para encher açudes
particulares da região. Procurado, o presidente da Sanasa, Arly de Lara Romêo,
não quis gravar entrevista.
Cerco a residências e comércios
feito pela Sabesp desde janeiro resultou em 5.560 flagrantes de fraudes.
Fraudes
Em outra ponta, o cerco a
residências e comércios feito pela Sabesp desde janeiro resultou em 5.560
flagrantes de fraudes até maio nas cidades onde opera na Grande São Paulo e na
região de Bragança Paulista. De acordo com a companhia, o volume de água desviado
em ligações clandestinas chega a 1 bilhão de litros, suficiente para abastecer
250 mil pessoas por um mês, população somada dos bairros da Penha (zona leste)
e da Vila Mariana (zona sul), na capital paulista.
Ainda segundo a Sabesp, os
suspeitos flagrados pela fiscalização, que tem o apoio da polícia, são levados
para a delegacia e indiciados por furto, cuja pena é de 1 a 4 anos de prisão,
além da aplicação de multa. A empresa informou ainda que cobra pelo volume de
água que foi desviado.
Apesar dos esforços para
“recuperar” água, o nível dos dois principais reservatórios que abastecem a
Região Metropolitana de São Paulo continua em queda. Além do Cantareira, que
opera com cerca de 17% da capacidade, o Alto Tietê ficou abaixo de 23% pela
primeira vez em uma década. (OESP)
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