Presidente da Sabesp não descarta falta d’água em São Paulo
Em depoimento ao MP, Dilma Pena disse não ter como garantir
se medidas são ‘suficientes’; antes, Alckmin destacou obras.
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena,
disse ontem ao Ministério Público Estadual que não tem como afirmar que as
medidas tomadas contra a seca “serão suficientes para garantir o abastecimento”
de água. A declaração ocorreu depois de o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
falar que não depende só das chuvas para evitar que a crise hídrica se estenda
até 2015.
“Não tenho como afirmar se as medidas (adotadas diante da
seca) serão suficientes para evitar problemas no abastecimento de água, caso o
regime de chuvas persista da maneira anômala atualmente vivida”, disse Dilma
Pena.
É a segunda vez que ela diz que a manutenção do regime de
pouca chuva pode comprometer o abastecimento. A primeira foi diante da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo que também
investiga a empresa, no mês passado. O governador desmentiu a informação no dia
seguinte.
O depoimento de ontem foi dado para os promotores de Justiça
Otávio Ferreira Garcia e Nelson Luís Sampaio de Andrade, que apuram as ações da
Sabesp. Eles também indagaram sobre o vazamento de um áudio em que ela avalia
ser “um erro” a estratégia de comunicação da empresa, decidida por “ordem
superior”.
Dilma não deu respostas sobre a gravação. No lugar disso,
entregou um texto, também enviado ontem à Câmara Municipal. “Naquele momento,
entendi o justo anseio de os funcionários estarem diretamente na mídia, mas
tive oportunidade de relembrá-los de que a comunicação institucional da empresa
obedece a diretriz superior constituída pela Diretoria Colegiada, sempre no
sentido de preservar a unicidade da administração”, disse. Em nenhum momento,
ela explica a avaliação sobre o “erro” a que ela se referia na gravação. “Hoje
vejo patente o acerto da orientação, de vez que a estratégia de comunicação da
empresa atingiu plenamente sua finalidade”, afirma, para passar a tratar da
economia de água feita pela população mediante o pagamento de bônus. Sobre a
“ordem superior”, disse que as decisões da Sabesp são tomadas pela diretoria
colegiada da empresa.
Oposto
Já a declaração de Alckmin, informando o oposto do que Dilma
Pena afirmou, foi feita em Boituva, no interior de São Paulo. “Estamos fazendo
obras. Além de interligar os sistemas que abastecem a região metropolitana de
São Paulo, vamos ter a água do Sistema São Lourenço, e vamos trazer de Juquitiba,
a 80 quilômetros. Agora, estamos investindo no reuso, um trabalho importante
que vai permitir o reaproveitamento da água usada.”
De acordo com o governador, os reservatórios que abastecem a
região metropolitana de São Paulo estão sendo interligados para evitar que
falte água quando um dos sistemas ficar comprometido, como ocorreu com o
Cantareira. Mesmo reafirmando que a pior fase da crise hídrica já passou com a
volta das chuvas no Estado de São Paulo, Alckmin alertou que, além dos
investimentos em obras, ainda é preciso economizar água. “Foi a maior seca dos
últimos 84 anos e atingiu principalmente a região nordeste do Estado, onde fica
o Cantareira.” (OESP)
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