sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Presidente da Sabesp não descarta falta d’água

Presidente da Sabesp não descarta falta d’água em São Paulo
Em depoimento ao MP, Dilma Pena disse não ter como garantir se medidas são ‘suficientes’; antes, Alckmin destacou obras. 
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, disse ontem ao Ministério Público Estadual que não tem como afirmar que as medidas tomadas contra a seca “serão suficientes para garantir o abastecimento” de água. A declaração ocorreu depois de o governador Geraldo Alckmin (PSDB) falar que não depende só das chuvas para evitar que a crise hídrica se estenda até 2015.
“Não tenho como afirmar se as medidas (adotadas diante da seca) serão suficientes para evitar problemas no abastecimento de água, caso o regime de chuvas persista da maneira anômala atualmente vivida”, disse Dilma Pena.
É a segunda vez que ela diz que a manutenção do regime de pouca chuva pode comprometer o abastecimento. A primeira foi diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo que também investiga a empresa, no mês passado. O governador desmentiu a informação no dia seguinte.
O depoimento de ontem foi dado para os promotores de Justiça Otávio Ferreira Garcia e Nelson Luís Sampaio de Andrade, que apuram as ações da Sabesp. Eles também indagaram sobre o vazamento de um áudio em que ela avalia ser “um erro” a estratégia de comunicação da empresa, decidida por “ordem superior”.
Dilma não deu respostas sobre a gravação. No lugar disso, entregou um texto, também enviado ontem à Câmara Municipal. “Naquele momento, entendi o justo anseio de os funcionários estarem diretamente na mídia, mas tive oportunidade de relembrá-los de que a comunicação institucional da empresa obedece a diretriz superior constituída pela Diretoria Colegiada, sempre no sentido de preservar a unicidade da administração”, disse. Em nenhum momento, ela explica a avaliação sobre o “erro” a que ela se referia na gravação. “Hoje vejo patente o acerto da orientação, de vez que a estratégia de comunicação da empresa atingiu plenamente sua finalidade”, afirma, para passar a tratar da economia de água feita pela população mediante o pagamento de bônus. Sobre a “ordem superior”, disse que as decisões da Sabesp são tomadas pela diretoria colegiada da empresa.
Oposto
Já a declaração de Alckmin, informando o oposto do que Dilma Pena afirmou, foi feita em Boituva, no interior de São Paulo. “Estamos fazendo obras. Além de interligar os sistemas que abastecem a região metropolitana de São Paulo, vamos ter a água do Sistema São Lourenço, e vamos trazer de Juquitiba, a 80 quilômetros. Agora, estamos investindo no reuso, um trabalho importante que vai permitir o reaproveitamento da água usada.”
De acordo com o governador, os reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo estão sendo interligados para evitar que falte água quando um dos sistemas ficar comprometido, como ocorreu com o Cantareira. Mesmo reafirmando que a pior fase da crise hídrica já passou com a volta das chuvas no Estado de São Paulo, Alckmin alertou que, além dos investimentos em obras, ainda é preciso economizar água. “Foi a maior seca dos últimos 84 anos e atingiu principalmente a região nordeste do Estado, onde fica o Cantareira.” (OESP)

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