Um ano após o início da crise hídrica paulista, a Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começou a informar em
26/01/15, os horários em que cada imóvel da Grande São Paulo é afetado pela
redução da pressão da água na rede. Um levantamento feito pelo jornal O Estado
de S. Paulo em 20 endereços constatou que a restrição no fornecimento é feita
diariamente, começa quase sempre a partir das 13 horas, e pode durar até 18
horas.
A
empresa alega que a medida não caracteriza "racionamento sistêmico".
Para
saber o horário em que pode ficar sem água, o consumidor precisa ligar no
telefone 195 da Sabesp, informar o Registro Geral do Imóvel (RGI) - número que
vem discriminado na conta - e esperar a resposta do atendimento automático.
"A
Sabesp realiza a redução de pressão nas tubulações de água da sua região das 13
horas às 7 horas", disse a gravação na consulta feita para o condomínio
onde mora Tânia Rocha, de 55 anos, no Ipiranga, zona sul da capital.
O
prédio dela é o que sofre com a redução da pressão por mais tempo ao longo do
dia entre os casos levantados pela reportagem em todas as regiões da capital e
em cinco cidades da Grande São Paulo. "É muito tempo sem água. Se tivessem
informado antes, poderíamos nos programar", afirmou Tânia, cujo
condomínio, que era abastecido pelo Sistema Cantareira e agora recebe água do
Guarapiranga, impôs aos moradores três cortes diários no fornecimento para
garantir que os dois reservatórios de 15 mil litros não sequem.
Já o empresário Marcel Agarie, de
35 anos - que mora na região do Parque São Jorge, zona leste, abastecida pelo
Sistema Alto Tietê -, diz que a redução da pressão ocorria até o fim do ano
passado a partir das 20 horas. Agora, a própria Sabesp admite que o imóvel é
afetado pela medida das 13 às 5 horas, todos os dias. "A maior
dificuldade, ainda para uma casa onde vivem seis adultos e duas crianças, é
administrar os horários para usar a água e dar tempo para todo mundo tomar
banho."
A redução da pressão é feita pela
Sabesp desde 1997 para reduzir as perdas por vazamentos, mas foi intensificada
após a seca no Cantareira, provocando cortes no abastecimento de água,
inicialmente à noite e em regiões mais altas. Responsável por 60% de toda a
economia de água obtida durante a crise, a medida, porém, nunca havia sido
divulgada pela companhia, até a reportagem revelar a prática, em abril do ano
passado.
A divulgação dos locais e horários
em que há redução só foi feita agora por determinação da Agência Reguladora de
Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp), quando autorizou a Sabesp a cobrar
sobretaxa de até 100% na tarifa de água para quem aumentar o consumo. O
presidente da companhia, Jerson Kelman, já havia dito há duas semanas que intensificaria
a medida para economizar mais água e isso poderia causar "sofrimento à
população".
Das regiões levantadas pela
reportagem, apenas em bairros do extremo sul da capital, como Interlagos e
Cidade Dutra, abastecidos pelo Guarapiranga, a redução da pressão começa mais
tarde, a partir das 20 horas. E só para o endereço pesquisado na cidade de São
Bernardo do Campo a Sabesp informou que não adota a prática.
Segundo Antonio Eduardo Giansante,
mestre em Engenharia Hidráulica e Saneamento, bairros mais altos podem ser
afetados pela redução da pressão por um período maior do que o informado pela
Sabesp. "Os primeiros a ficar sem água também são os últimos a recebê-la.
Quando a pressão é normalizada, começa a atender às regiões mais baixas, até
ganhar força para subir aos pontos alto. Isso pode levar horas."
Por telefone, a Sabesp afirma que
para que a medida "cause o menor transtorno na rotina, tenha no imóvel
reservação de água adequada ao consumo dos usuários por 24 horas e verifique se
as instalações internas estão ligadas à caixa d’água e não diretamente à rede
da rua". (yahoo)
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