Falta de água deve reduzir PIB industrial de São Paulo.
Ritmo de produção da indústria será afetado pela crise que
atinge regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas.
Existem empresas planejando férias coletivas para contornar
a crise hídrica.
Indústrias que captam água diretamente
das bacias dos Rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia devem reduzir em 30% o
consumo diário.
A falta de água que atinge as Regiões Metropolitanas de São
Paulo e de Campinas vai afetar o ritmo de produção da indústria, a
produtividade e o PIB (Produto Interno Bruto) industrial do Estado de São
Paulo. Já existem empresas planejando férias coletivas e redução de turnos de
trabalho para contornar a crise hídrica.
A avaliação é do vice-presidente da
FIESP (Federação das indústrias do Estado de São Paulo) e diretor de Meio
Ambiente, Nelson Pereira dos Reis. Existem nessas duas regiões cerca de 60 mil
indústrias que respondem por 60% do PIB industrial paulista. "A
preocupação é grande. Não esperávamos uma seca com essa intensidade", diz
Reis.
Ele ressalta que o impacto
econômico ficou claro a partir de 22/01/15, quando a ANA (Agência Nacional de
Águas) e o DAEE (Departamento Águas e Energia Elétrica) publicaram uma
resolução conjunta que determina que as indústrias que captam água diretamente das
bacias dos Rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia reduzam em 30% o consumo diário
quando o volume útil dos reservatórios do Sistema Cantareira estiver abaixo de
5%, sob pena de multa. Hoje esse limite foi ultrapassado, isto é, já está sendo
usada a reserva estratégica de água ou o chamado "volume morto".
"Isso vai significar uma
freada muito grande na economia da região no primeiro trimestre", diz o
vice-presidente da Fiesp, explicando que ainda não é possível quantificar o
impacto. "Mas as empresas já trabalham mais devagar." Ele observa que
a situação é muito preocupante porque hoje, em plena estação das águas, o
quadro de abastecimento é crítico. E a perspectiva é piorar com o início do
período da seca, que começa em abril.
Sindicatos
Entre os setores instalados na
região e que devem ser mais afetados, Reis aponta as indústrias química,
alimentícia e têxtil. Até 26/01 os sindicatos dos trabalhadores das indústrias
químicas e de alimentos na região de Campinas não tinham recebido comunicados
de férias coletivas.
A Ambev, que tem fábrica na região
de Campinas, informou por meio de nota que está "intensificando ainda mais
os investimentos e ações para garantir a economia dos recursos hídricos".
Segundo a empresa, a economia tem permitido enfrentar a crise sem corte de
pessoal. Entre 2002 e 2013, a Ambev informa que reduziu em 38% o uso da água no
processo produtivo.
De acordo com o vice-presidente da
FIESP, nos últimos anos as indústrias já adotaram medidas para aumentar o reuso
da água. "Agora trabalhamos com alternativas, como o maior aproveitamento
de águas subterrâneas. Há ainda potencial a ser aproveitado."
Enquanto as alternativas para
ampliar a oferta de água estão sendo implementadas, há empresas que correm para
manter o ritmo de produção. A Cummins, de Guarulhos (SP), que fabrica motores,
em 2014 comprava dois caminhões de água por dia para a manutenção de torres de
resfriamento. Em dezembro, teve de dobrar o volume. Desde então está mantendo o
ritmo de compra. Colaborou Cleide Silva.
Impacto
60 mil é o número de indústrias
instaladas na Região Metropolitana De São Paulo e de Campinas que devem sentir
o efeito da falta de água.
30% é quanto as indústrias que
captam água das bacias dos Rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia terão de reduzir
o consumo de água, segundo ANA e DAEE. (r7)
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