As emissões globais de dióxido de
carbono não cresceram em 2014, de acordo com dados divulgados ontem pela
Agência Internacional de Energia (AIE). Segundo a entidade, é a primeira vez em
44 anos que as taxas de emissões permaneceram estáveis sem uma recessão
econômica mundial.
De acordo com o relatório, em 2014
foram emitidos 32,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) no
planeta, exatamente a mesma quantidade registrada em 2013. A AIE atribui a
estagnação aos esforços mundiais de mitigação de emissões, especialmente na
China e em países como Estados Unidos, Canadá e da Europa Ocidental, onde houve
mudanças nos padrões de consumo de energia.
"Isso me dá ainda mais
esperança de que a humanidade será capaz de trabalhar unida para combater as
mudanças climáticas, que são a mais importante ameaça que enfrentamos
atualmente", disse o economista-chefe da AIE, Fatih Birol, recentemente
indicado para ser o próximo diretor executivo da agência com sede em Paris.
Em 2014, segundo a AIE, a China
aumentou consideravelmente a geração de eletricidade a partir de fontes
renováveis, como a energia hidrelétrica, solar e eólica, diminuindo a queima de
carvão. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), foram feitos esforços recentes para promover o crescimento sustentável,
como o aprimoramento da eficiência energética e investimentos em fontes de
energia renovável.
Nos últimos cinco anos, as
economias da OCDE cresceram cerca de 7%, enquanto suas emissões diminuíram 4%,
de acordo com a AIE. No mesmo período, a taxa de crescimento do consumo de
energia na China caiu de 10% para 3% ao ano.
Histórico. A AIE começou a coletar
dados sobre as emissões de dióxido de carbono em 1971. Desde então, as emissões
anuais só estagnaram ou caíram outras três vezes, mas sempre associadas a
crises econômicas globais. A primeira foi em 1980, após o choque no preço do
petróleo e a recessão americana; a segunda, em 1992, após colapso da União
Soviética; e a terceira, em 2009, durante a crise financeira global. Em 2014,
no entanto, a economia mundial cresceu 3%, segundo a AIE.
"A notícia fornece a
oportunidade necessária para os negociadores que estão se preparando para
traçar um acordo climático global em Paris, em dezembro: pela primeira vez, as
emissões de gases de efeito estufa estão se dissociando do crescimento
econômico", disse Birol.
A atual diretora executiva da AIE,
Maria van der Hoeven, afirmou que os dados são "animadores", mas
acrescentou que "não há tempo para complacência e certamente não é hora de
usar essas notícias positivas como uma desculpa para arrefecer futuras
ações". A AIE dará mais detalhes sobre os dados em um relatório sobre
energia e clima que será lançado em 15 de junho, em Londres.
O Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC) alertou, em 2007, que as emissões globais de dióxido
de carbono precisariam chegar ao pico até 2020, para que a temperatura do
planeta não subisse mais de 2°C, nível tido como limite para que os efeitos das
mudanças climáticas não se tornem irreversíveis. (OESP)
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