A
Forbes, revista de negócios norte-americana, publica anualmente uma lista
avaliando o patrimônio dos bilionários em todo o mundo. A edição deste ano
novamente apresenta nas três primeiras posições Bill Gates, fundador da
Microsoft; Carlos Slim Helu, do setor de telecomunicações; e o banqueiro Warren
Buffet. Juntos, eles detêm ativos da ordem de US$ 224 bilhões, o equivalente ao
patrimônio estimado de cerca de 900 milhões de pessoas.
Os
dados ficam ainda mais alarmantes se tomarmos como referência os ativos dos dez
mais ricos. Neste caso, chegamos a um total de US$ 551 bilhões, comparável ao
patrimônio de algo em torno de 2 bilhões de pessoas no planeta!
Uma
análise da referida lista de bilionários da Forbes a partir de 2009, ano
seguinte à crise econômica mundial, mostra um crescimento médio anual de 14% no
patrimônio do grupo dos dez. Enquanto isso, o PIB mundial evoluiu pouco acima
de 3% ao ano.
Estes
dados explicam o alerta da Oxfam International, entidade cujo foco primordial é
o combate à pobreza, de que em 2016 a riqueza de 1% da população mundial
ultrapassará a dos outros 99%.
Mais
um exemplo deste universo de desigualdades. O faturamento das dez maiores
empresas do mundo em 2014 totalizou US$ 3,35 trilhões, o equivalente ao PIB
somado de todos os países da América Latina, excluindo-se o Brasil. Note: dez
empresas equivalem a 21 países. Estes números só não são ainda mais expressivos
porque seis destas dez companhias são do setor energético, e o barril do
petróleo, que já chegou a superar cem dólares no passado recente, vive um
período de baixa, cotado por menos de 60 dólares atualmente.
O
mais incrível é que temos a impressão da ocorrência, no decorrer dos últimos
anos, de ações amplas e efetivas no sentido de amenizar desigualdades
socioeconômicas em virtude de iniciativas de organizações não-governamentais,
de campanhas de conscientização e da inclusão do tema em debates educacionais.
Ledo engano…
Combater
este autêntico abismo social é tarefa de governo. A distribuição de renda passa
necessariamente não por políticas assistencialistas, mas sim por instrumentos
justos de tributação. Estudos indicam que há uma correlação direta entre o
aumento da concentração de renda e a redução dos impostos incidentes sobre os
mais ricos.
Olhando
para nosso cenário interno, vemos um crescimento da violência, do desemprego e
da corrupção. Enquanto isso, com a justificativa de ajustar as contas públicas,
o governo federal busca elevar sua arrecadação com aumento generalizado de
impostos sobre o setor produtivo, afetando diretamente a competitividade das
empresas, em especial as de pequeno e médio porte, que representam 98% dos
empreendimentos formais existentes no país, responsáveis por mais de 60% dos
empregos diretos. O impacto final é sobre os menos favorecidos, ampliando este
quadro de desigualdades.
Contra
fatos e estatísticas não cabem argumentos, mas sim ações propositivas, voltadas
não à retórica, mas sim à solução dos problemas. (ecodebate)
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