Sempre
que se fala em cidades sustentáveis, particularmente no país, sempre é citada a
cidade de Curitiba. E realmente, não existem projetos acabados, nem tampouco
definições que sejam completas, todas as situações podem e devem sofrer
aprimoramentos contínuos. Mas em Curitiba de fato, estão presentes e realizadas
iniciativas que devem ser demonstradas e realçadas sempre que se deseja
discutir cidades sustentáveis.
Transportes
públicos sempre são um dos grandes problemas de toda aglomeração urbana. Em
Curitiba não é diferente. Mas em todas as manifestações que se realizam, o
transporte urbano da cidade se destaca da realidade encontrada na maioria das
grandes cidades do país. O transporte urbano de Curitiba é um dos mais
eficientes e eficazes do país. Formado por corredores exclusivos espalhados
pelas principais vias da cidade, trafegado por grandes veículos bi ou
tri-articulados, quando então a capacidade dos veículos é superior a duas
centenas de passageiros, o transporte coletivo de Curitiba parece estar muito
próximo de atender as expectativas.
Os
veículos são movimentados por combustíveis renováveis, a partir de fontes de
bioenergéticos, gerando menores quantidades de gases geradores de efeito estufa
e sendo menos impactantes ao meio ambiente em geral. A malha rodoviária de
tráfego é integrada e opera com as chamadas estações-tubo nos paradouros em
calçadas e praças, que são projetadas e instaladas, de forma associada às
paisagens, tornando os cenários plenos de harmonia estética.
Existe
na cidade estímulo legal para instalação de reservas particulares do patrimônio
natural dentro do perímetro urbano. Embora não caracterizado como pagamento de
serviço ambiental, a prefeitura premia estas iniciativas com o fornecimento de
documento de índice construtivo, permitindo que tal índice seja comercializado
em outra região da cidade. A legislação existente exige, além da preservação
permanente da área, o levantamento detalhado de todas as espécies florísticas e
faunísticas existentes no local.
Estas
áreas verdes preservadas por particulares se adicionam às áreas verdes
públicas, praças, parques e outros domínios, criadas e mantidas pelo poder
público municipal. Esta realidade efetivamente cria uma aglomeração urbana
muito aprazível e acolhedora para o assentamento individual do grupo familiar.
Outra
experiência muito interessante e que merece divulgação e o merecido realce se
situa na reciclagem. Dados divulgados pelo canal NBR, a tv do governo federal,
indicam que o índice de reciclagem de resíduos sólidos em valores próximos a
23% do total. A forma que se materializa este objetivo é bastante meritória. A
prefeitura mantém um programa de troca de alimentos em periferias por resíduos
sólidos recicláveis, que sejam coletados.
As
populações beneficiadas tendem a ser setores vulnerabilizados, que são
beneficiados pela distribuição de alimentos, incluindo hortifrutigranjeiros,
que são adquiridos de centrais de abastecimento. Desta forma estão sendo
atingidos vários objetivos: reciclagem dos resíduos sólidos que propicia
economia ambiental e incremento na geração de ocupação e renda para as
populações menos favorecidas, principalmente, e estímulos para a formação de
cinturão verde de segurança alimentar em região circundante da aglomeração
urbana da cidade. Quanto melhor e mais desenvolvida a produção de
hortifrutigranjeiros ao redor do núcleo urbano, menor será a dependência de
abastecimento dependente de transporte oneroso e poluente.
Outras
cidades, como Cuiabá, por exemplo, favorecem a troca de materiais recicláveis,
com benefícios que se materializam em descontos na conta de energia elétrica. A
operação ocorre em quiosques instalados no estacionamento de redes varejistas
locais, integradas ao esforço de realização.
Já
se destacou que não existem modelos definitivos, ou concepções acabadas. E
todos os conjuntos de realizações são passíveis de críticas e aprimoramentos em
processos contínuos de melhoria que possam ser implementados e adotados. Mas
bons exemplos merecem ser destacados para que possam ser copiados e adaptados
às diversas realidades locais, deste país com caracteres continentais.
Por
trás de todas as iniciativas nem sempre existem vultuosas inversões de
recursos. Pelo contrário, na maioria das vezes não existem grandes
investimentos ou onerosos custeios, mas simplesmente vontade política
acompanhada de capacidade de gerenciamento ou aprimoramento de mecanismos de
gestão pública e cooperação com entidades privadas.
Em
processos onde existem ganhos e vantagens para todas as partes envolvidas.
Resumidamente, é um processo conhecido como “ganha-ganha”, onde todas as partes
envolvidas acabam beneficiadas. Além da obtenção de melhor qualidade ambiental
e qualidade de vida para todas as populações atingidas. Realidade esta que é
intangível e não tem preço, atingido a atual população e todas as gerações
posteriores que herdarão esta condição essencial à manutenção de vida.
(ecodebate)
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