Tratamento de esgoto para consumo foi anunciado
pelo governador Alckmin em novembro/14, mas agora não tem mais prazo para sair
do papel.
Anunciada
há cerca de oito meses pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) como uma das
soluções para a crise hídrica paulista, a construção de duas Estações de
Produção de Água de Reuso (Epar) foi adiada pela Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo (Sabesp). O projeto de tratar 3 mil litros por segundo
de esgoto para aumentar a oferta de água para abastecimento havia sido
prometido para o fim deste ano, mas agora não tem prazo para sair do papel.
Segundo
a Sabesp, “a postergação do projeto não tem nenhuma relação com corte de
investimento em saneamento”. Após registrar queda de R$ 1 bilhão em seu lucro
em 2014, a estatal anunciou redução de 26% nos investimentos previstos para
2015 em relação ao ano passado. Só em coleta e tratamento de esgoto, o corte
será de 55%. Para a empresa, outras obras já concluídas ou em construção “podem
render resultados mais eficientes com custos menores e entrega em menos
tempo”.
Na
lista estão a captação de 1 mil litros por segundo do Rio Guaió para jogar no
Sistema Alto Tietê, entregue em 29/06/15, após quase um mês de atraso; a
ampliação em 1 mil l/s na capacidade de produção de água do Sistema
Guarapiranga, prevista para julho; e a transposição de 4 mil l/s do Sistema Rio
Grande, braço limpo da Billings, para a Represa Taiaçupeba/Alto Tietê, cuja
entrega foi adiada de maio para setembro. “Essas totalizam mais 6 mil l/s neste
ano, enquanto que as Epars contribuiriam juntas com 3 mil l/s”, afirma a
Sabesp. A empresa diz que ainda estuda a captação de mais 2,5 mil litros por
segundo do Rio Itapanhaú, que nasce na Grande São Paulo e deságua no Oceano
Atlântico, em Bertioga. Cada 1 mil l/s é suficiente para abastecer 300 mil
pessoas.
Alckmin entrega da
obra de combate à crise hídrica
Após registrar queda de R$ 1 bilhão em seu lucro em
2014, a estatal anunciou redução de 26% nos investimentos previstos para 2015.
Projeto não tem data para sair do papel
Mentalidade
As
duas estações foram anunciadas por Alckmin em novembro. A Epar Guarapiranga
seria construída às margens do Rio Pinheiros e produziria até 2 mil l/s de água
de reuso do esgoto gerado na zona sul, que seriam despejados na represa para
passar por novo tratamento antes do consumo.
Outra
unidade ficaria em Barueri, na Grande São Paulo, e produziria mais 1 mil l/s
para serem lançados no Sistema Baixo Cotia, um manancial que abastece a região.
O método é conhecido como reuso potável indireto, diferentemente do reúso
direto que está sendo estudado pela empresa de saneamento de Campinas, no qual
a água de reuso é lançada diretamente na rede de abastecimento.
Para
o Diretor do Centro Internacional de Referência em Reuso de Água da USP,
Ivanildo Hespanhol, um dos projetos da Sabesp era realmente “antieconômico” – o
da Guarapiranga. Mas, para ele, é viável produzir até 10 mil l/s de água de
reuso a custo baixo na Grande São Paulo. “O problema é a mentalidade. Não
querem fazer reuso.” (OESP)
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