A
Divisão de População da ONU divulgou, em 29 de julho de 2015, a atualização dos
cenários das projeções populacionais para todos os países e regiões. Na revisão
de 2010, a população mundial chegaria a 9,3 bilhões de habitantes em 2050 e de
10,1 bilhões de habitantes em 2100. Na revisão de 2012, os números foram: 9,6
bilhões em 2050 e 10,9 bilhões de habitantes em 2100. Na revisão 2015, os números
subiram mais ainda, para 9,7 bilhões em 2050 e 11,2 bilhões em 2100.
O
motivo da diferença está na redução mais lenta das taxas de fecundidade nos
países de renda média (menos desenvolvidos) e baixa (muito menos
desenvolvidos). Na revisão de 2010 da UN/ESA, a projeção da população em 2100
dos países desenvolvidos era de 1,33 bilhão, dos países menos desenvolvidos de
6,1 bilhões e dos países muito menos desenvolvidos de 2,7 bilhões. Na revisão
de 2012, os números para 2100 foram, respectivamente, 1,28 bilhão, 6,64 bilhões
e 2,93 bilhões. Na revisão 2015, os números passaram para 1,2 bilhão, 3,2
bilhões e 6,8 bilhões, conforme mostra o gráfico.
Ou
seja, a população dos países desenvolvidos está caindo mais rapidamente do que
o previsto nas projeções anteriores. Em compensação, as projeções para os
países não desenvolvidos indicam um aumento maior do que o previsto
anteriormente. Isto ocorre porque as taxas de fecundidade não estão caindo no
ritmo esperado.
Portanto,
as novas projeções apontam para uma população menor dos países ricos e uma
população maior para o restante das regiões de desenvolvimento no final do
século XXI. Em termos absolutos, o aumento da população global foi de 4,5
bilhões no século XX (de 1,65 bilhão em 1900 para 6,1 bilhões em 2000) e deve
ter um aumento de 5,1 bilhões somente no século XXI. O maior crescimento
demográfico da história do homo sappiens.
A
Índia deve ultrapassar a China em 2022 e se tornar o país mais populoso do
mundo. A Nigéria que tem uma população menor do que a do Brasil atualmente, de
182,2 milhões em 2015, deve chegar a 752,2 milhões em 2100, mais do que os
450,4 milhões dos Estados Unidos em 2100, se tornando o terceiro maior país do
mundo.
A
Ásia é o continente mais populoso do mundo. Em 2015 tinha 4,4 bilhões de habitantes
e deve atingir o pico populacional em 2057, com 5,3 bilhões, iniciando a partir
desta data um declínio até alcançar 4,9 bilhões de pessoas em 2100. A Europa
tinha 738 milhões de habitantes em 2015 e deve declinar até atingir 646 milhões
de pessoas em 2100. A América Latina e Caribe (ALC) tinha 634 milhões de
habitantes em 2015, deve atingir o pico de 793 milhões em 2061 e cair para 721
milhões de pessoas em 2100.
A América do Norte tinha população de 357 milhões de habitantes em 2015 e, mesmo com taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição, deve atingir 500 milhões de pessoas em 2100, devido fundamentalmente à imigração. A soma da população da Ásia, Europa, América Latina e Caribe, América do Norte e Oceania era de 6,1 bilhões de habitantes em 2015 e deve passar para 6,8 milhões de habitantes em 2100. Um acréscimo de 700 milhões de pessoas.
A América do Norte tinha população de 357 milhões de habitantes em 2015 e, mesmo com taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição, deve atingir 500 milhões de pessoas em 2100, devido fundamentalmente à imigração. A soma da população da Ásia, Europa, América Latina e Caribe, América do Norte e Oceania era de 6,1 bilhões de habitantes em 2015 e deve passar para 6,8 milhões de habitantes em 2100. Um acréscimo de 700 milhões de pessoas.
O
grande crescimento demográfico do século XXI deve ocorrer no continente
africano, que pode ver a população passando de 1,2 bilhão de habitantes em 2015
para 4,4 bilhões em 2100. Um acréscimo de 3,3 bilhões de habitantes em somente
85 anos. Isto significa que a África vai permanecer com taxas de fecundidade
acima do nível de reposição e uma estrutura etária jovem.
O
mundo caminha para uma situação em que os países desenvolvidos vão ter que
enfrentar os problemas decorrentes do envelhecimento populacional, enquanto os
países pobres, especialmente da África Subsaariana, vão ter que enfrentar os
problemas decorrentes da “bolha de jovens” com poucas oportunidades de educação
e emprego. A migração poderia ser uma solução parcial, mas dificilmente o fluxo
de pessoas conseguirá romper as barreiras da xenofobia e das dificuldades de
integração de populações com características econômicas, sociais e culturais
tão diversas. A crise migratória do Mediterrâneo deve se agravar ao longo do
século.
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que existam 220 milhões de mulheres
sem acesso aos métodos de regulação da fecundidade. Isto quer dizer que é
grande o número de gravidez indesejada, fato comum na África Subsaariana.
Contudo, a questão da dinâmica demográfica não foi bem formulada nos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e mesmo o Papa Francisco, que lançou
recentemente uma avançada encíclica ecológica, não superou as restrições que a
Igreja Católica tem aos métodos contraceptivos. Assim, o alto crescimento
demográfico dos países mais pobres pode jogar suas populações na “armadilha da
pobreza”, dificultando a melhoria da qualidade de vida e os investimentos nos
direitos de cidadania.
A
grave situação da África é retratada no relatório “No ordinary matter:
conserving, restoring and enhancing Africa’s soils” (2014), que mostra que o
continente sofre com uma tripla ameaça: a) degradação do solo; b) colheitas
fracas e c) uma população crescendo em ritmo acelerado. A publicação do
relatório ocorre em função do Ano Internacional dos Solos (2015), estabelecido
pelas Nações Unidas (ONU). Há também a questão do estresse hídrico que afeta um
número cada vez maior de países.
O
mundo de hoje, com 7,3 bilhões de habitantes, já tem uma Pegada Ecológica 50%
maior do que a biocapacidade da Terra e já ultrapassou 4 das 9 fronteiras
planetárias, segundo metodologia do Stockholm Resilience Centre. O aquecimento
global e a degradação dos ecossistemas agravam as perspectivas para as próximas
décadas. Um acréscimo de quase 4 bilhões de habitantes nos próximos 85 anos vai
colocar um grande desafio para a humanidade, que terá de garantir qualidade de
vida para toda esta população, sem comprometer ainda mais as condições do meio
ambiente e a garantia dos direitos da biodiversidade. (ecodebate)
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