“O
Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, mas o Tejo não é mais
belo que o rio que corre pela minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre
pela minha aldeia” - Fernando Pessoa
Portugal
é uma nação em crise econômica, social e demográfica e está encolhendo nestas
três dimensões. Embora o país tenha explorado muitas riquezas do Brasil, da
África e da Ásia, Portugal é um país pequeno e em processo de definhamento.
Entretanto,
Portugal não é um país pobre. A renda per capita (em poder de paridade de
compra – ppp) subiu de US$ 6 mil em 1980 para US$ 27 mil em 2008. Ela era cerca
de duas vezes a renda per capita brasileira (em ppp) de 2008. Mas desde a crise
do Lehman Brothers, a renda per capita portuguesa (em ppp) está estagnada. Mas
a falta de dinamismo de Portugal vem de antes, pois o país vem perdendo posição
relativa na economia internacional desde 1991.
A
participação do Produto Interno Bruto – PIB (em ppp) de Portugal no PIB mundial
era de 0,45% em 1980 e atingiu o máximo de 0,48% em 1991, conforme mostra o
gráfico acima. Depois disto, iniciou um processo de declínio e atingiu 0,26% em
2015 e deve ficar com 0,23% em 2020, metade do valor relativo de 40 anos antes.
Em termos de dólares correntes, o PIB português caiu de US$ 263 bilhões em 2008
para US$ 201 bilhões em 2015, segundo dados do Fundo Monetário Internacional
(FMI). O FMI projeta uma renda per capita (em ppp) de cerca de US$ 30 mil em
2020. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) está praticamente estagnado
desde 2010, encontrando-se em 0,822 em 2013, abaixo do IDH da Espanha de 0,869
e da Grécia de 0,853, ambos em 2013.
A
crise econômica fez com que Portugal tivesse uma emigração líquida de perto de
200 mil habitantes nos últimos 4 anos, sendo que estimativas do Instituto Nacional
de Estatística (INE) para 2014, apontam que o número de emigrantes ultrapassou
os 85 mil indivíduos. O maior número dos últimos 40 anos.
A
população de Portugal está decrescendo. Isto não é novidade, pois houve
declínio populacional na década de 1960, durante a ditadura salazarista. Em
1960, a população de Portugal era de 8,9 milhões de habitantes e o saldo
natural (natalidade-mortalidade) estava acima de 100 mil pessoas por ano. Porém
a crise do Estado Novo (regime prevalecente de 1933 a 1974, autoritário
conservador, nacionalista, corporativista de Estado de inspiração fascista,
parcialmente católica e tradicionalista, de cariz antiliberal,
antiparlamentarista, anticomunista, e colonialista, que vigorou em Portugal sob
a Segunda República – Wikipedia) e o boom econômico da Europa Ocidental fez
Portugal perder grande número de migrantes. Em 1970, a despeito do crescimento
vegetativo dos anos 60, a população portuguesa caiu para 8,7 milhões de
habitantes, chegando a 8,6 milhões em 1973.
Porém, a Revolução dos Cravos, de 25 de Abril de 1974, mudou a história portuguesa e em 1975 houve a independência das colônias africanas: Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. Com isto houve uma grande volta de patrícios e a imigração bateu todos os recordes históricos. Em 1980, a população de Portugal tinha subido para 9,8 milhões de habitantes. Porém, a emigração voltou a subir e, mesmo com crescimento vegetativo, a população portuguesa ficou estável na década de 1980. Somente depois da constituição da União Europeia foi que Portugal apresentou elevadas taxas de crescimento e teve saldo migratório positivo.
Porém, a Revolução dos Cravos, de 25 de Abril de 1974, mudou a história portuguesa e em 1975 houve a independência das colônias africanas: Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau. Com isto houve uma grande volta de patrícios e a imigração bateu todos os recordes históricos. Em 1980, a população de Portugal tinha subido para 9,8 milhões de habitantes. Porém, a emigração voltou a subir e, mesmo com crescimento vegetativo, a população portuguesa ficou estável na década de 1980. Somente depois da constituição da União Europeia foi que Portugal apresentou elevadas taxas de crescimento e teve saldo migratório positivo.
Mesmo
com taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição e com crescimento
vegetativo se aproximando de zero, a população portuguesa atraiu migrantes e
cresceu até atingir o pico de 10,573 milhões de habitantes em 2010. Mesmo assim
é um volume menor do que o da cidade de São Paulo.
A
partir desta data, a dinâmica demográfica de Portugal apresenta, pela primeira
vez, saldos natural e migratório negativos. Em 2014, a população caiu para
10,401 milhões de habitantes. Portugal já é menor que a cidade de São Paulo e
pode ficar menor do que a cidade do Rio de Janeiro, se as taxas de fecundidade
continuarem muito baixas e o saldo migratório permanecer negativo.
As pirâmides populacionais de Portugal mostram que o país tinha uma estrutura etária jovem em 1950, passou para uma pirâmide com alta proporção de pessoas no meio da estrutura etária em 2015, vai ter uma pirâmide bem envelhecida em 2050 e se transformará em um retângulo em 2100. Ou seja, a pirâmide portuguesa vai emagrecer e esticar nos próximos 85 anos.
As pirâmides populacionais de Portugal mostram que o país tinha uma estrutura etária jovem em 1950, passou para uma pirâmide com alta proporção de pessoas no meio da estrutura etária em 2015, vai ter uma pirâmide bem envelhecida em 2050 e se transformará em um retângulo em 2100. Ou seja, a pirâmide portuguesa vai emagrecer e esticar nos próximos 85 anos.
Com
a prevalência de baixas taxas de fecundidade, o envelhecimento populacional e a
crise econômica que está a expulsar os jovens portugueses em busca de melhores
oportunidades alhures, a perspectiva é de um decrescimento contínuo da
população portuguesa no século XXI. A projeção média da ONU (revisão 2015)
indica uma população de 7,4 milhões de habitantes, no ano de 2100.
Evidentemente Portugal não vai desaparecer, mas, desde as grandes conquistas
épicas dos Lusíadas e das injustiças cometidas nos diversos continentes, o país
tende a ficar cada vez mais desimportante no cenário internacional. Mas quem
sabe, um Portugal de menores dimensões não possa ser mais saudável e mais
feliz!
Nenhum comentário:
Postar um comentário