Moradores
de Itu criam formas para reaproveitar a água da chuva
Morador
colocou torneira a mais na cozinha para lavar a louça.
Conta de
energia da família caiu de R$ 100 para R$ 30, afirma.
As fortes chuvas registradas em Itu
(SP) no início de setembro/15 foram recebidas com festa pelos moradores da
região, uma das que mais sofreram com a estiagem no ano passado em todo o
Estado de São Paulo. Em cinco dias choveu 133 milímetros, fluxo que tem deixado
as represas da cidade operando com 100% da capacidade.
Água da chuva é guardada em piscina em Itu.
Moradora da região, Josineide
guardou 5 mil litros de água das chuvas e transformou a piscina em
reservatório. "A água que cai do telhado é separada para lavar o chão,
colocar no banheiro. Depois, quando ela começa a sair mais limpa, coloco a
extensão na piscina", afirmou.
Já Luís, outro morador de Itu,
criou um sistema mais elaborado para captação da água. Com a ajuda de uma
bomba, ele consegue direcionar o líquido captado por mangueiras ligadas ao
telhado até a caixa de casa. A água não pode ser bebida, mas quando tratada com
cloro, pode ser reaproveitada de várias maneiras, como no banho e até para
lavar a louça.
Na cozinha da família, há três
torneiras. A primeira utiliza água da caixa, a segunda da chuva e a terceira, a
da rua. "Se chover uma vez por semana ou duas no mês não utilizo água
da rua", afirma. Por causa desse método, a conta de luz da família
baixou de R$ 100 para R$ 30.
Peregrinação
Em 2014, Itu foi uma das cidades mais castigadas pela crise hídrica no Estado. Em outubro, sem uma gota de água
nas torneiras e com dificuldade para serem atendidos pelos caminhões-pipa,
famílias se mobilizavam de madrugada em bicas para estocar o
líquido. Das 23h até 1h, os moradores improvisavam e pegavam água em um ponto
da cidade que tem um poço. A fonte em questão tinha apenas um metro e meio e a
qualidade da água não era das melhores. Eles usavam um motor para bombear a
água para galões colocados no carro e levados para casa.
Reuso da água da chuva tem gerado economia nas contas das casas.
Reuso da água da chuva tem gerado economia nas contas das casas.
A estiagem fez moradores
enfrentarem um martírio em busca de água. Como o cronograma de racionamento não
era cumprido e as solicitações de caminhão-pipa nem sempre atendidas, segundo
os moradores, poços, bicas, fontes e lagoas se tornaram pontos de peregrinação
na cidade.
Buscar água em bicas e córregos era
comum para moradores de vários pontos da cidade. No bairro Cidade Nova, uma das
regiões mais castigadas com o racionamento, são três bicas. Canos onde
moradores colocam garrafas e baldes para pegar água. Durante todo o dia, a cena
se repete e há filas. O problema é que ninguém sabe a qualidade da água
disponível.
Sem água nas torneiras
O racionamento de água em Itu durou
vários meses e alguns moradores diziam ficar até um mês sem receber uma gota
nas torneiras. O pouco que chegava nas casas era com caminhão-pipa. No
desespero de encontrar água, os moradores apelava até para a zona rural.
Apesar do Ministério Público ter
recomendado à prefeitura que reconhecesse o estado de emergência e calamidade
pública, a prefeitura decidiu não acatar a medida à época. Em entrevista, o
prefeito afirmou que o decreto não seria pedido já que não está faltando água
para manter os serviços essenciais, como hospitais e escolas. O chefe do
executivo afirmou também que havia sido protocolado um decreto para captação em
24 poços e reservatórios de uma indústria de bebidas do município.
O Ministério Público apontou que a
precariedade no abastecimento de água para a população não decorria
exclusivamente do período de estiagem, mas sim de anos de má gestão e falta de
investimentos no aumento da armazenagem de recursos hídricos, além da
construção de novas barragens, desassoreamento das já existentes e modernização
dos sistemas de tratamento e distribuição.
Moradores de Itu têm investido em técnicas para evitar a crise hídrica de 2014. (g1)
Moradores de Itu têm investido em técnicas para evitar a crise hídrica de 2014. (g1)
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