‘El Niño' será um dos piores
desde 1950 por causa da mudança climática
Primeiro semestre de 2015 foi
o mais quente da história.
Peru em estado de alerta por causa do fenômeno
climático El Niño.
A mudança climática provocou o surgimento de condições
inéditas para a ação do fenômeno do El Niño neste momento, o qual conhecerá seu
período de maior intensidade entre outubro e janeiro, segundo afirmaram hoje
especialistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
As previsões de aquecimento da superfície do oceano
nas regiões central e oriental do Pacífico tropical indicam que o El Niño
atualmente em curso será, provavelmente, um dos mais fortes desde 1950. Os
últimos mais poderosos aconteceram entre 1972/1973, 1982/1983 e 1997/1998.
Para realizar seus prognósticos, os cientistas levam
em consideração que, em agosto, as temperaturas da superfície do oceano já
estiveram entre 1,3 e 2 graus centígrados acima da média, superando em um grau
os registros normais do El Niño. Os cenários adotados indicam que as
temperaturas se manterão pelo menos 2 graus acima do normal, podendo até mesmo
subir um pouco mais do que isso.
Os efeitos do El Niño já se fazem sentir de diferentes
maneiras em algumas regiões do planeta e se tornarão mais evidentes nos
próximos quatro a oito meses, segundo a OMM, que é uma agência científica das
Nações Unidas referência no assunto.
Não
sabemos de fato o que acontecerá, pois se trata de uma situação sem
precedentes”
De uma forma geral, esse fenômeno climático pode
causar fortes chuvas — e, consequentemente, inundações — na América Latina,
Ásia, Oceania e África, com registros de secas em outras áreas dessas mesmas
regiões. Os países atingidos, no entanto, contam com mais experiência
acumulada, conhecimentos e informações do que nunca, o que poderá ajudá-los a
adotar medidas preventivas eficazes, avaliou Maxx Dilley, diretor de Previsões
Climáticas da OMM, durante sua apresentação sobre as informações mais recentes
disponíveis a respeito da evolução do El Niño.
O especialista citou especificamente o caso do Peru,
que tem adotado algumas ações preventivas, como simulações, e decidiu cancelar
sua participação no rali Dacar 2016 devido ao risco de inundações e
deslizamento de terras nas regiões que integravam o circuito.
O que diferencia absolutamente o atual El Niño do
anterior (ocorrido entre 1997 e 1998) é que o fenômeno atual se dá sob novas
condições, derivadas da mudança climática. Desde aquele momento, “o mundo mudou
muito” e a camada de gelo do oceano Ártico se reduziu a níveis mínimos,
tendo-se registrado uma perda de até um milhão de quilômetros quadrados de
superfície de neve no hemisfério Norte, explicou o chefe do Programa de
Pesquisa do Clima da OMM, David Carlson.
Segundo ele, “novos padrões foram estabelecidos, e o
que acontece agora de inédito é que eles estão coincidindo pela primeira vez
com o El Niño”. A presença do El Niño, ou do La Niña (o mesmo fenômeno, porém
no sentido contrário, causado pelo esfriamento das águas na superfície de
certas regiões do Pacífico) não vinha se dando desde 1997/1998, o que também é
visto como algo incomum.
Carlson afirmou que, na situação atual — com a
influência do degelo no Ártico e o aquecimento do Pacífico tropical —, “não
sabemos o que irá acontecer, se os dois padrões reforçarão um ao outro, se se
anularão, se atuarão em sequência ou atingirão diferentes regiões do planeta”.
“Não sabemos de fato o que acontecerá, pois se trata
de uma situação sem precedentes”, insistiu o cientista. As características do
El Niño registradas até o momento indicam que ele está causando um aumento na
intensidade das chuvas na costa oeste da América do Sul (principalmente no
Equador e no Peru), bem como nos países do chamado “Chifre da África”. Em
contrapartida, registram-se secas na Austrália, Indonésia, sudeste da Ásia e no
sul da África. (brasil.elpais)
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