Temperatura da Terra
chega à metade do limite para consequências catastróficas
O
ano de 2015 deverá ser o mais quente desde que há registos sistemáticos, com o
termômetro global a ultrapassar um marco simbólico e preocupante. A temperatura
média do planeta será 1ºC superior à da era pré-industrial, ou seja, metade do
caminho até ao limite de 2ºC, acima do qual temem-se consequências catastróficas.
A
alta nos termómetros é resultado do efeito dos gases com efeito de estufa,
combinado com um fenómeno climático periódico – o El Niño – particularmente
forte este ano.
Com
bases nos dados de Janeiro a Outubro, a Organização Meteorológica Mundial (OMM)
diz que a temperatura média global este ano está já 0,73ºC acima da média de
1961-1990 e aproximadamente 1ºC acima dos valores de 1880-1899. Se a tendência
se mantiver, será batido o recorde de 2014, que terminou com 0,69ºC acima da
média de 1961-1990.
“São
más notícias para o planeta”, afirma o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud,
num comunicado divulgado no final de outubro/15.
A
concentração atmosférica de CO2 – o principal gás que está aquecer o
planeta – atingiu pela primeira vez uma valor regional de 400 partes por milhão
(ppm) na Primavera passada, sobre o Hemisfério Norte. Este número simbólico já
tinha sido atingido pontualmente nalgumas estações nos últimos anos, mas nunca
se tinha mantido nesse nível durante alguns meses numa escala geográfica maior.
A
isto, soma-se um forte El Niño – um fenómeno natural no qual o Pacífico aquece
junto à costa Oeste da América do Sul, com efeitos diversos em várias partes do
mundo – como secas, cheias e tempestades tropicais. Nos anos de El Niño, a
temperatura média da Terra tende a subir. E prevê-se que o fenómeno de agora
ainda se vá intensificar até ao final do ano, com consequências a serem
sentidas até 2016.
O
ano tem sido prolífico em eventos meteorológicos extremos. As temperaturas
médias têm sido mais elevadas em várias partes do mundo. Na China, nunca houve
um período de Janeiro a Outubro tão quente como agora.
A
alta nos termômetros é resultado do efeito dos gases com efeito de estufa,
combinado com o El Niño.

Muitos
países enfrentaram ondas de calor. A OMM cita os casos da Índia, Paquistão e
também da Europa, incluindo Portugal – que teve duas ondas de calor em Maio,
numa das quais os termómetros chegaram aos 40ºC, um valor nunca antes atingido
nesse mês no país.
Chuvas
fortes e cheias afetaram o sul dos Estados Unidos, o México, a Bolívia e o sul
do Brasil. O mesmo aconteceu no sul da Europa, no Malawi. Zimbabwe, Moçambique,
Marrocos, Argélia e Tunísia.
Até
agora, houve 84 ciclones tropicais – um valor que já está próximo da média
mundial de 85 por ano.
Segundo
a OMM, 2011-2015 foi o período de cinco anos mais quente desde que há registos.
O
balanço da OMM surge a quatro dias do início de uma conferência decisiva da
ONU, em Paris, onde deverá ser aprovado um novo tratado internacional para
travar o aquecimento global. “As emissões de gases com efeito de estufa podem
ser controladas. Temos o conhecimento e os instrumentos para agir. Temos uma
escolha. As gerações futuras não”, refere Michel Jarraud.
Sobre a mesa das negociações estão compromissos assumidos por mais de uma centena e meia de países, mas que não serão suficientes para manter o aquecimento da Terra abaixo dos 2ºC até ao final do século.
Sobre a mesa das negociações estão compromissos assumidos por mais de uma centena e meia de países, mas que não serão suficientes para manter o aquecimento da Terra abaixo dos 2ºC até ao final do século.
Acima
deste limite, temem-se consequências com as quais será muito mais difícil e
oneroso lidar. Mas mesmo com 2ºC, algumas ilhas do Pacífico correm o risco de
desaparecer do mapa. (ecodebate)
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