Relatório
revela possíveis impactos do aquecimento global no Brasil
·
Foram analisados diferentes cenários do aquecimento global a 4°C ou mais ao longo
de oito décadas (2020-2100);
·
Pesquisa realiza projeções de possíveis impactos nos setores de agricultura,
saúde, energia e biodiversidade.
A
Embaixada Britânica em Brasília e o CEMADEN – Centro de Monitoramento de Alerta
de Desastres Naturais / MCTI – Ministério da Ciência e da Tecnologia e Inovação
lançaram o relatório Riscos de Mudanças Climática no Brasil e Limites à
Adaptação.
O
estudo, coordenado no Brasil pelo climatologista Carlos Nobre, revela os
principais riscos para o País caso a elevação de temperatura seja superior a 4
°C ou mais. Foram analisados diferentes cenários e projeções do aquecimento
global, ao longo de oito décadas (2020-2100), nos setores de agricultura,
saúde, energia e biodiversidade. A pesquisa foi realizada por meio de uma
minuciosa revisão de literatura e projeções climáticas, incluindo estimativas
dos riscos relativos.
O
objetivo do trabalho é oferecer informação para formuladores de políticas de
gestão de riscos, de maneira a influenciar de forma urgente a formulação de
políticas que priorizem a prevenção e a mitigação desses possíveis impactos.
Possíveis
Consequências
Vastas
regiões do Brasil poderão se tornar perigosas para a população caso o
aquecimento global ultrapasse o limite extremo de 4°C em relação à era pré-industrial.
Nessas áreas, a temperatura média pode atingir os 30°C – o dobro da média do
planeta hoje –, elevando o risco de mortalidade por calor, especialmente entre
crianças e idosos. Temperaturas superiores à capacidade de adaptação do
organismo humano reduzirão ainda a produtividade em diversas áreas de trabalho.
A
agricultura, por exemplo, poderá sofrer quedas de produção. Já que a alta
temperatura afeta o desenvolvimento de determinadas culturas e também diminui
áreas de cultivos, como é o caso do plantio do arroz e do feijão. O relatório
também aponta riscos de savanização de florestas, extinção de espécies,
colapsos de energia elétrica, entre outras. Em algumas regiões, o calor e a
mudança nas chuvas poderão colaborar para a incidência de doenças.
Possibilidades
O
Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC – Intergovernmental
Panel on Climate Change) no seu 5º Relatório de Avaliação Cientifica (AR5 –
Fifth Assessment Report), indica que há uma chance de 40% do aquecimento global
ultrapassar o limite de 2°C. Este nível, considerado seguro por especialistas
internacionais, foi estabelecido como limite pelo acordo do Clima na COP-21 até
2100. Caso a temperatura seja maior, há grandes riscos de catástrofes mundiais.
Porém, como as chances da temperatura ultrapassar os 2°C são relativamente
menores em curto prazo, decisores públicos acabam deixando de lado as projeções
mais desfavoráveis ao planeta. No Brasil, num cenário de alta emissão de gases
de efeito estufa, o país tem probabilidade alta, maior que 70%, de sofrer um
aquecimento superior a 4°C antes do fim deste século.
Alguns
possíveis impactos com temperaturas igual ou superior a 4°C:
*
Risco de queda de produtividade entre 20% e 81% em diversas culturas. Para um
cenário mais grave, a soja pode chegar a uma perda de até 81%.
* No
período entre 2071 e 2099, os municípios da região Norte, Nordeste, Sudeste e
Sul apresentarão condições térmicas ainda mais favoráveis para a disseminação
do aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, chikungunya e zika.
*
Aumento no percentual de risco de extinção de espécies de até 15,7%.
*
Redução nas populações de espécie de abelhas nativas da Mata Atlântica em 2030
e se agravaria até a extinção entre 2050 e 2080.
*
Risco de savanização e empobrecimento de florestas nas décadas finais do
século.
* Em
2100, a perda de biodiversidade nas costas brasileiras será significativa,
gerando impactos sobre a alimentação e economia.
* O
déficit no atendimento da demanda elétrica no país se torna praticamente
inevitável até 2040. (ecodebate)
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