Sistema de dessalinização
de água salobra do assentamento Guarapes, município de Jandaíra (RN). A ação
faz parte do Programa Água Doce, do governo federal.
“Vale a pena tirar o sal
do mar para termos mais água?”
Assisti
há algum tempo, já meio atrasado, a nova versão da ficção Mad Max, pois faz
tempo que o filme saiu do cinema. Esta história marcou muito a minha
adolescência. A violência é igualmente exagerada, o povo é mais macabro e a
temática da água continua maravilhosa. Pois é, a falta de água pela falta de
florestas é o centro desde o primeiro filme com o tão famoso Mel Gibson. Só tem
areia e mais areia o filme inteiro.
Por
meio da arte cinematográfica também se aprende o que sofremos nestes últimos meses
com uma das maiores crises hídricas das décadas no estado de São Paulo e em
outros locais do país. Se não é pelo amor, é pela dor que muitos brasileiros e,
principalmente paulistas, começaram a economizar água, tomando banho com um
balde ao lado para depois jogar na descarga, ou ainda utilizando água da pouca
chuva que cai para regar as plantas.
O
sistema de meritocracia tão utilizada no liberalismo imperou também nas contas
de água e energia, com “choques” de multas para aqueles que gastavam a mais do que
sua cota e “brioches” de descontos para aqueles que economizavam. Para mim este
sistema “educacional” devia vir mesmo de uma consciência plural e sistemática
que vi e aprendi com batalhadores professores e pais, e inclusive com filmes
apocalípticos de pessoas brigando por água como se briga por petróleo hoje em
dia.
Temos
no país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, cerca de 12% da
água potável do mundo. E nas veias subterrâneas temos mais do que o ouro preto
que é razão de guerras e invasões imperialistas, existe uma abundância da
substância líquida que é a base para a vida no planeta. Alguns especialistas
dizem que o Brasil não exporta grãos nem gado, mas sim água em forma de
alimentos e carne. Entendeu? Não? Isso mesmo, para exportarmos os alimentos e a
carne precisamos de muita água para irrigar, alimentar, gerar energia, etc.
Já
ao contrário dos países que por questões geográficas tem em abundância o
líquido mais barato nos dias de hoje para gerar energia, muitas vezes não
possuem a água necessária para a sua população. E uma das suas soluções é tirar
a água do mar e retirar o sal. Isso chama-se dessalinização. Óbvio que o
processo é mais complicado: com a retirada também de micro-organismos, excesso
de sais minerais e outras partículas sólidas desta água salobra.
Para
fazer este processo pode ser de duas maneiras, a osmose inversa e a destilação
térmica. Lembrando das nossas professoras de ciência: a destilação térmica é
fazer a água evaporar (transformar de estado líquido para estado gasoso) e
depois pegar o vapor de água e condensar (transformar de estado gasoso para
líquido) gerando um água “limpa”. E o outro tem a ver com a osmose, que é o
deslocamento de um fluído através de uma membrana semipermeável, do meio menos
concentrado para o meio mais concentrado, tentando equilibrar a quantidade
líquida dos dois meios. A osmose reversa é passar do meio mais concentrado para
o meio menos concentrado por meio de bombeamento num fluxo antinatural. Ou
seja, a água “foge” do meio mais concentrado para o meio menos sal, deixando-a
límpida. Tudo isso com muita energia para ir contra a corrente natural.
Segundo
o site do IDA (International Desalination Assossiation), em 2015, existiam
cerca de 150 países que praticavam estes processos com mais de 18 mil plantas
em operação. Cerca de 300 milhões de pessoas dependem destas “fabricas” de
fazer água potável. Grande parte destas plantas realizam o seu processo por
meio de geração de energia a base do outro líquido chamado petróleo. O processo
acaba gastando muita energia, por isso economicamente é inviável em países com
atual abundância de água “doce” ou com problemas financeiros.
No Brasil, está tramitando uma medida para o desenvolvimento de incentivos para estimular a dessalinização de águas marinhas e de fontes salobras subterrâneas que pode fazer parte das diretrizes e objetivos da Lei Federal do Saneamento Básico. A medida está no projeto de lei (PLS 259/2015) aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) em maio de 2016. Ainda existem vários passos para tornar-se lei passando pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA); pela Câmara e pelo Senado.
No Brasil, está tramitando uma medida para o desenvolvimento de incentivos para estimular a dessalinização de águas marinhas e de fontes salobras subterrâneas que pode fazer parte das diretrizes e objetivos da Lei Federal do Saneamento Básico. A medida está no projeto de lei (PLS 259/2015) aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) em maio de 2016. Ainda existem vários passos para tornar-se lei passando pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA); pela Câmara e pelo Senado.
O
caso mais famoso no Brasil é em Fernando de Noronha que 100% da água dessalinizada
é consumida. Mas mesmo assim ainda falta água potável em algumas épocas para a
população local e para os turistas. Isso sim é realidade e não ficção.
Temos
que começar a investir estudos, recursos e inteligência para continuarmos em
total harmonia com este nosso planeta, de uma forma sistêmica, senão só sobrará
areia e mais areia como naquele filme de ficção. (ecodebate)
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