Emissões de gases de efeito estufa provenientes do setor de
resíduos sólidos tem recorde em 2014.
Estimativa
é do SEEG, que lançou em 13/09/16 relatório com a análise da trajetória dos
gases de efeito estufa no setor desde 1970 tendência de alta se consolida.
Área de Transbordo e
Triagem de Resíduos em Fortaleza.
As emissões de gases de
efeito estufa provenientes do setor de resíduos sólidos continuam sua
trajetória de crescimento no Brasil e atingiram, em 2014, seu maior número
absoluto nos últimos 44 anos, segundo as estimativas divulgadas pelo Sistema de
Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), nesta terça-feira.
Foram lançadas 68,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente na
atmosfera naquele ano, o que representa um crescimento de 80% entre 2000 e 2014
e de 500% desde 1970. Enquanto o setor de resíduos representa a menor parcela
de contribuição de emissões com relação aos demais setores (mudança de uso da
terra, energia, agropecuária e processos industriais), cerca de 3,7% do total
verificado em 2014, ele possui grande impacto na atmosfera devido à geração de
gases com maior potencial de aquecimento global, como o metano (CH4),
21 vezes mais potente que o CO2, e o óxido nitroso (N2O),
310 vezes mais potente. Dentre os quatro principais subsetores – disposição de
resíduos, tratamento de efluentes industriais, tratamento de efluentes
domésticos e incineração de resíduos -, o descarte ainda é o mais expressivo em
termos de emissões, representando 66,1% em média da origem das emissões nos
últimos 44 anos. Com o crescimento do número de municípios que se adequam à
Política Nacional de Resíduos Sólidos, verificou-se o aumento das emissões, uma
vez que o descarte exigido em aterros sanitários propicia maior geração de
metano (decomposição anaeróbica da matéria orgânica). “É importante ressaltar
que a quantidade de resíduos gerada no Brasil aumentou significativamente nos
últimos anos, tanto em termos absolutos quanto na produção per capita”,
afirmou Igor Reis de Albuquerque, gerente de Mudanças Climáticas do ICLEI-
Governos locais pela sustentabilidade e coordenador do setor no SEEG.
Acompanhado
do crescimento na produção dos resíduos, o seu reaproveitamento ainda é
extremamente baixo e o descarte não ocorre de forma ambientalmente adequada. De
acordo com dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais) de 2014, destacados no Relatório Analítico do
Setor de Resíduos do SEEG, 58,4% dos resíduos sólidos urbanos coletados tiveram
destinação adequada (Aterros Sanitários). Os outros 41,6%, equivalentes a 81
mil toneladas diárias, ainda são destinados para aterros controlados e lixões.
Esse conjunto de fatores pode estar associado ao impacto crescente as emissões
de GEE no setor de resíduos, além do crescimento demográfico e da atividade
industrial, explicou Albuquerque.
Uma
das alternativas para a redução das emissões seria o aproveitamento dos gás metano
para geração de energia. “Aterros sanitários, sendo obras planejadas, podem
conter sistemas de captação de metano para aproveitamento energético ou para
conversão do mesmo em dióxido de carbono por meio de flare [queima],
podendo assim reduzir o impacto na atmosfera”, explicou Igor de Albuquerque.
Tanto
com relação ao tratamento dos efluentes domésticos quanto o de efluentes
industriais, as emissões apresentaram tendências de contínuo crescimento nas
últimas décadas. Para o subsetor industrial, identificou-se um avanço mais
acelerado após 1996, com picos de emissões em dois períodos de intensificação
da urbanização e maior desenvolvimento industrial (1994-1998 e 2007-2010),
segundo informações do SEEG.
Análise
global dos dados
As
emissões de gases de efeito estufa do Brasil em 2014 permaneceram estáveis em
relação ao ano anterior, apesar da queda de 18% na taxa de desmatamento da
Amazônia. Segundo os dados do SEEG 2015, o Brasil emitiu 1,558 bilhão de
toneladas de gás carbônico equivalente (t CO2e), uma redução de 0,9%
em relação ao 1,571 bilhão de toneladas emitidas em 2013 (emissões brutas).
Em
sua terceira edição, o Relatório Síntese do SEEG apresenta as estimativas para
o ano de 2014, bem como a revisão dos dados da série histórica de 1970 a 2014 para
os padrões metodológicos do 3º Inventário Nacional de Emissões Antrópicas e
Remoções por Sumidouro de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo
de Montreal. Para o setor de Mudanças de Uso da Terra seguiu-se a
metodologia do 2º Inventário. (ecodebate)
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