O
aquecimento global é uma realidade inquestionável e cada vez mais ameaçadora. O
ano de 2015 foi o mais quente da série histórica que começou em 1880. No ano
passado, a temperatura global ficou 0,9ºC acima da média do século XX. Mas tudo
indica que o ano de 2016 vai bater todos os recordes, pois a temperatura nos primeiros
9 meses do ano ficou 1ºC acima da média do século XX.
Quanto
mais a temperatura esquenta, maiores são as áreas de degelo do Ártico, da
Groenlândia, da Antártica e dos glaciares. A água que derrete aumenta o nível
do mar. Uma avaliação do Banco Mundial, já considerada conservadora, estima que
se as temperaturas globais subirem 2°C até 2100, o aumento médio do nível do
mar poderá ficar entre 80 cm e 1 metro até o final do século. Mas avaliações
mais recentes falam em um aumento de até 2 metros até 2100.
Além
disto, o aquecimento global deve provocar tempestades e furacões como o tufão
Haiyan que devastou as Filipinas em 2013. Chuvas mais fortes e a elevação do
nível do mar vão provocar grandes inundações nas áreas costeiras das grandes
cidades.
Os
três maiores países, em termos de população e de emissão de gases de efeito
estufa provavelmente vão enfrentar os maiores custos humanos e financeiros
causados pela erosão e pelas inundações costeiras provocadas pelas mudanças
climáticas.
De
acordo com um relatório divulgado no mês de maio de 2016 pela Christian Aid,
uma organização não-governamental antipobreza, as pessoas que vivem nos EUA,
China e Índia – os três maiores poluidores do mundo – vão enfrentar os maiores
riscos provenientes dos efeitos do aquecimento global.
A
tabela acima mostra as 20 maiores cidades do mundo classificados em termos de
população exposta a inundações costeiras em 2010 e 2070. Os números crescentes
refletem fatores socioeconômicos e climáticos. A cidade de Calcutá, na Índia,
encabeça a lista, onde cerca de 1,3 milhão de pessoas estão atualmente expostas
às inundações costeiras, mas este número passará para 14 milhões em 2070.
Mumbai, também na Índia, ocupa a segunda posição, onde se estima que 11,4
milhões de pessoas poderiam enfrentar o caos urbano devido às inundações em
2070. A cidade de Dhaka, em Bangladesh, é o terceiro município com uma projeção
de 11,1 milhões de habitantes vulneráveis. A vigésima cidade da lista é
Jakarta, na Indonésia, que tem hoje 513 mil habitantes sob risco e terá 2,2
milhões de pessoas sob risco em 2070.
Os
moradores mais pobres nestas áreas serão os mais susceptíveis de serem
atingidos, pois estariam mal adaptados para responder aos eventos climáticos
extremos e teriam dificuldades para reconstruir suas vidas. Mas cidades ricas
como New York (quase 3 milhões de habitantes sob risco) e Tóquio (2,5 milhões
de pessoas sob risco), também serão fortemente atingidas até 2070. A tabela
abaixo mostra as 20 maiores cidades classificadas em termos de perdas ativos e
de patrimônio em risco de inundações costeiras, tanto em 2010 e 2070.
Em
termos financeiros, Miami é a cidade que vai ter os maiores prejuízos com a
elevação do nível do mar. A cidade da Florida pode ter uma perda de US$ 3,5
trilhões em ativos expostos as inundações costeiras até 2070. Ainda de acordo
com o relatório da Christian Aid, a segunda cidade mais afetada até 2070 será
Guangzhou, na China, com US$ 3,4 trilhões de prejuízos. New York será a
terceira com prejuízo estimado em US$ 2,1 trilhões. Os prejuízos de Calcutá
serão de US$ 2 trilhões e de Xangai de US$ 1,8 trilhão. Em vigésimo lugar na
lista de prejuízos está a cidade de Alexandria, no Egito, com perdas estimadas
em US$ 563 bilhões em 2070. Mas, o colapso de Alexandria, a cidade mais
industrial e o porto central das importações e das exportações, poderá
significar o colapso econômico do próprio Egito.
A
simulação abaixo mostra como a cidade de Xangai, a mais rica da China, pode
ficar debaixo d’água com a temperatura subindo até 2ºC. O aumento do nível do
mar, o aumento das tempestades e a incapacidade de escoamento das águas das chuvas
vai provocar caos nestas grandes cidades litorâneas do mundo.
Evidentemente,
os prejuízos não ficarão restritos a estas 20 cidades. O Brasil, que tem uma
das costas mais extensas entre os países, vai sofrer bastante. Aliás, várias
cidades e regiões costeiras já estão sofrendo os efeitos da força das ondas e
das ressacas. A cidade do Rio de Janeiro não apenas terá grandes prejuízos
financeiro-patrimoniais e grandes parcelas da população deslocadas, como também
pode perder definitivamente as suas praias, o que seria um desastre ambiental,
econômico e social. (ecodebate)
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