Camada de gelo da Antártica tem impacto na variação
climática regional e global, dizem pesquisadores.
Uma
equipe de pesquisadores internacionais concluiu que a camada de gelo da
Antártica desempenha papel importante na variação climática regional e global.
De
acordo com os pesquisadores, a descoberta, entre outros achados, pode ajudar a
explicar por que o gelo marinho no Hemisfério Sul tem aumentado, apesar do
aquecimento do resto da Terra.
Os
modelos climáticos globais observados nos últimos milhares de anos não
conseguiram explicar a variação climática observada no registro paleoclimático,
disse Pepijn Bakker, ex-pesquisador pós-doutorado da Oregon State University
(OSU) e agora atuando no Centro Marum para Estudos Ambientais Marinhos, da
Universidade de Bremen, na Alemanha.
“Uma
coisa que determinamos logo de início foi que virtualmente todos os modelos do
clima tiveram a camada de gelo da Antártica como entidade constante,” disse
Bakker, autor principal do estudo que está sendo publicado esta semana na
Revista Nature.
“Era
um pedaço estático de gelo, apenas parado lá”. “O que descobrimos, no entanto,
é que a camada de gelo sofreu numerosos pulsos de variação, que tiveram efeito
cascata em todo o sistema climático”.
A
hipótese da equipe de pesquisa era que os modeladores do clima estavam
negligenciando um elemento crucial no sistema climático global que poderia
afetar todas as partes do sistema.
De
fato, segundo Andreas Schmittner, cientista do clima da Faculdade de Ciências
da Terra, Oceanos e Atmosfera da OSU, a camada de gelo da Antártica demonstrou
comportamento dinâmico nos últimos 8 mil anos.
“Há
uma variação natural na parte mais profunda do oceano adjacente à camada de
gelo antártico – semelhante à Oscilação Decadal do Pacífico, ou El Niño/La
Niña, mas em uma escala de tempo de séculos – que provoca pequenas, mas
significativas mudanças nas temperaturas”, disse Schmittner, co-autor do
estudo.
“Quando
a temperatura do oceano aumenta, causa a fusão mais direta da camada de gelo
abaixo da superfície e aumenta o número de icebergs que se soltam da camada de
gelo.”
Se
toda a camada de gelo antártica se derretesse, os níveis globais do mar
provavelmente aumentariam cerca de 200 pés, aproximadamente 60 metros.
“A
introdução dessa água fresca e fria diminui a salinidade e refrigera as
temperaturas superficiais, ao mesmo tempo, estratificando as camadas de água”,
disse Peter Clark, paleoclimatologista da Faculdade de Ciências da Terra,
Oceano e Atmosfera da OSU e co-autor do estudo.
“A
água fria e fresca congela mais facilmente, criando gelo adicional, apesar das
temperaturas mais quentes que estão centenas de metros abaixo da superfície.”
A
camada de gelo antártica cobre área de mais de 13 milhões km2 e
estima-se que detenha cerca de 60% de toda a água doce na Terra.
A
parte leste da camada de gelo repousa sobre uma grande massa terrestre, mas na
Antártica Ocidental, ela repousa sobre a rocha que se estende para o oceano, a
profundidades de mais de 8 mil pés, ou 2.500 metros, tornando-a vulnerável à
desintegração.
A
equipe analisou sedimentos dos últimos 8 mil anos e descobriu que muito mais
icebergs se desprenderam da camada de gelo em alguns séculos do que outros.
Para isso, usou sofisticados modelos de computador para rastrear a
variabilidade no desprendimento dos icebergs nas pequenas mudanças na
temperatura do oceano.
A
descoberta, disseram os pesquisadores, pode ajudar a explicar por que o gelo
marinho aumentou no Oceano Antártico, apesar do aquecimento global. O mesmo
fenômeno não ocorre no Hemisfério Norte com a faixa de gelo da Groelândia, que
não tem litoral e não está sujeita às mesmas mudanças atuais que afetam a faixa
de gelo na Antártica. (ecodebate)
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