sábado, 31 de dezembro de 2016

Estudo mapeia mudanças no clima do Mato Grosso do Sul

Estudo coordenado pela Fiocruz mapeia mudanças no clima do Mato Grosso do Sul.
No Mato Grosso do Sul, a porção norte do estado poderá apresentar um aumento de até 5,8°C graus na temperatura e uma redução de até 19% no volume de chuvas nos próximos 25 anos. Os dados fazem parte de uma pesquisa inédita sobre o Mato Grosso do Sul, que identificou a vulnerabilidade à mudança do clima nos 79 municípios do estado. Coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo é uma das atividades realizadas no âmbito do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima, feito em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.
Os resultados da pesquisa foram compartilhados durante o Seminário Indicadores de Vulnerabilidade à Mudança do Clima, que ocorreu em 30/11/16 em Campo Grande (MS). Para o coordenador do projeto, Ulisses Confalonieri, este trabalho possibilitará aos gestores avaliar, por meio de mapas e gráficos, qual parte do território está mais e menos vulnerável às alterações do clima e os mais aptos a se recuperarem de possíveis impactos climáticos. “O Mato Grosso do Sul é o único representante da região centro-oeste a participar do estudo. Além dele, foram escolhidos mais cinco estados para serem avaliados: Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Paraná e Pernambuco. Também foi desenvolvida uma ferramenta, um software, que ajuda a quantificar a vulnerabilidade humana às mudanças climáticas, conforme cada município”, ressalta o pesquisador da Fiocruz Minas.
Dias mais secos
A pesquisa feita sobre os municípios sul-mato-grossenses indica que a porção sul do estado poderá ser a mais afetada em relação ao número de dias secos consecutivos no ano, índice chamado de CDD. Na cidade de Japorá, por exemplo, o aumento no número de dias seguidos sem chuva poderá chegar a 12,6%, seguida por Sete Quedas (12,2%) e Tacuru (11,5%).
O município de Novo Horizonte do Sul apresentou o CDD mais elevado do estado, com um aumento de 15,2% para os períodos de estiagem. Esta situação é diferente em cidades localizadas na parte central, como Rochedo e Corguinho. Nelas, os dias seguidos sem chuvas permanecerão os mesmos em comparação com o período atual.
Mais calor e menos chuvas
Em relação à temperatura máxima, Corguinho poderá ter um incremento de até 5,8°C para os próximos 25 anos. Os municípios da porção norte serão os mais afetados, assim como algumas cidades localizadas na parte leste do estado. Em Paranaíba e Aparecida do Taboado o aumento pode chegar a 5,7°C para o período de 2041 a 2070.
O Alto do Taquari pode ser uma das regiões mais impactadas pela redução do volume de chuvas. Em Coxim e Rio Verde do Mato Grosso, por exemplo, a precipitação poderá diminuir 19,3%. Na parte leste do estado, a pluviosidade pode reduzir até 17,6%, como é o caso do município de Selvíria.
Campo Grande apresenta uma elevação de 5,4°C na temperatura e uma redução de 8,3% na precipitação. Em relação ao número de dias seguidos sem chuva, a capital pode ter uma diminuição de 5,4%.
Mudança do clima no Pantanal
As projeções feitas no estudo indicam possíveis consequências para o Pantanal. Por ser um bioma úmido, que depende do ciclo de cheias e secas, o aumento da estiagem pode impactar no ciclo de inundações e na diminuição da biodiversidade, por causa das alterações no processo reprodutivo de plantas e animais.
As mudanças do clima também podem provocar transformações em fenômenos naturais recorrentes no Pantanal, como o período das cheias dos rios. Por causa das alterações no volume de chuvas e elevação da temperatura, podem ocorrer eventos extremos, como secas e alagamentos. Estes fenômenos climáticos poderiam impactar no Pantanal, a perda do potencial de pesca e, em outras partes do estado, a redução da produção agrícola, afetando diretamente a segurança alimentar das populações que vivem nessa região. Outro impacto que pode ser apontado nesse cenário futuro é o aumento de doenças, devido à proliferação de vetores.
Vulnerabilidade dos municípios
As pesquisas realizadas sobre o estado consideram informações de cada município relacionadas a fenômenos extremos, a exemplo de tempestades, e doenças vinculadas ao clima, entre elas, dengue, leptospirose e leishmaniose. Dados sobre a população, envolvendo saúde e condições socioeconômicas e a capacidade dos municípios para lidarem com as mudanças climáticas também são utilizados.
As informações coletadas são associadas a três elementos – exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa da população, considerando dois cenários de clima futuro: um com redução nas emissões de gases do efeito estufa e menor aquecimento global, e outro que considera o aumento contínuo dessas emissões com maior impacto no clima. A partir da combinação e análise desses dados, é possível calcular o Índice Municipal de Vulnerabilidade (IMV) e outros indicadores.
As projeções feitas na pesquisa indicaram que os municípios mais vulneráveis à mudança do clima seriam Rio Verde do Mato Grosso, Rio Negro e Sonora e os menos vulneráveis seriam Jateí, Naviraí e Chapadão do Sul. As cidades mais expostas às alterações climáticas foram Maracaju, Três Lagoas e Coxim, em virtude de desmatamentos, variações bruscas de temperatura e ocorrência de eventos extremo, como secas e enxurradas. Em relação à sensibilidade, que indica a intensidade com a qual os municípios são suscetíveis aos impactos do clima, Juti, Taquarassu e Paranhos seriam os mais impactados.
O estudo apontou que Campo Grande, Chapadão do Sul e Costa Rica foram considerados os municípios mais adaptados para lidar com as mudanças clima, devido à existência de infraestrutura de saúde, como leitos hospitalares, plano de contingência de desastres e atuação da Defesa civil. Coronel Sapucaia e Novo Horizonte do Sul seriam os menos adaptados. (ecodebate)

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