Estudo desmente desaceleração
do aquecimento global de 1998 a 2014.
Durante 15 anos acreditou-se na desaceleração do
aquecimento global e o argumento era usado para afirmar que o fenômeno era 'um
engano'.
Foto tirada em 02/03/2016
mostra iceberg na Antártica
Durante 15 anos, entre 1998 e
2014, uma aparente desaceleração do aquecimento global foi usada pelos céticos
como argumento para afirmar que o fenômeno era "um engano", mas um
estudo publicado em 04/01/17 aponta que essa pausa foi uma ilusão.
O trabalho dos pesquisadores das
Universidades de Berkeley, na Califórnia, e de York, no Reino Unido, confirmam
as conclusões de um estudo de 2015, elaborado pela Agência Oceânica e
Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
"Nossos resultados significam
basicamente que a NOAA tinha razão e que seus cientistas não alteraram os
dados", aponta o pesquisador Zeke Hausfather, de Berkeley, e principal
autor do estudo publicado na revista americana Science Advances.
A análise feita em 2015 pelos
cientistas da NOAA mostrou que as temperaturas medidas pelas boias usadas hoje
nos oceanos são ligeiramente mais frias do que as registradas nas leituras
feitas pelos navios no passado.
Essas diferenças de temperatura
entre o velho e o novo sistema de medição ocultaram a realidade do aquecimento
global nesses 15 anos, concluíram os pesquisadores.
Publicado em 2015, o trabalho da
NOAA foi muito criticado pelos chamados céticos do clima, alegando que essa
"pausa" era uma prova de que o aquecimento global era um
"engano".
Um comitê da Câmara de
Representantes, de maioria republicana, chegou a pedir aos cientistas da NOAA
acesso aos e-mails relacionados com esse estudo.
A agência concordou em transmitir
os dados e responder a todas as perguntas científicas, mas se negou a entregar
a correspondência eletrônica entre os autores do estudo. A decisão contou com o
apoio da comunidade científica, preocupada com a inquisição política.
Aparente desaceleração foi usada por céticos como argumento contra aquecimento.
Aparente desaceleração foi usada por céticos como argumento contra aquecimento.
Inicialmente cética
Em seu quinto informe, publicado
em setembro de 2013, o Painel Intergovernamental de Especialistas sobre a
Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) apontou que, entre 1951 e 2012, a
tendência média de aquecimento global foi de 0,12°C por década. Já entre 1998 e
2012 foi de apenas 0,07°C por década.
Agora, os cientistas corrigiram
essa distorção, causada pelos diferentes métodos para medir a temperatura dos
oceanos: o aumento da temperatura média da superfície dos mares se manteve
constante em 0,12°C por década nesse período.
O último estudo também se baseou
em dados independentes provenientes diretamente dos satélites e da rede Argos,
um sistema mundial de localização e de coleta de dados por satélites.
Todas essas medidas confirmam as
descobertas da NOAA em 2015.
"Inicialmente, estávamos
céticos quanto aos resultados da NOAA, porque mostraram um aquecimento mais
rápido nesse período do que o indicado anteriormente por um estudo atualizado
do Serviço Nacional Britânico de Meteorologia (Met Office)", disse Kevin
Cowtan, da Universidade de York.
"Verificamos nós mesmos,
usando diferentes métodos e dados, e concluímos que a NOAA tinha razão, uma
conclusão a que também chegou recentemente a Agência Meteorológica do Japão,
utilizando dados ainda mais recentes", detalhou.
Historicamente, os marinheiros
mediam a temperatura do oceano por meio da coleta de água com um cubo, no qual
se introduzia um termômetro.
Mapa de satélite mostra temperaturas globais
Mapa de satélite mostra temperaturas globais
Na década de 1950, os navios
começaram a fazer a leitura das temperaturas de forma automática nas tubulações
que passam pela sala de máquinas. (yahoo)
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