Especialista
alerta para cuidados permanentes com a qualidade da água e não apenas durante a
temporada.
De
acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que acompanha
constantemente a balneabilidade do litoral, na cidade do Rio de Janeiro, a
maioria das praias estão impróprias para banho. Na região da Ilha do Governador
e Sepetiba, todas as praias estão com qualidade abaixo do aceitável para banho.
Apenas as regiões da Zona Oeste e Zona Sul apresentam praias próprias para
banhistas.
De
acordo com Ariel Scheffer, biólogo e membro da Rede de Especialistas em
Conservação da Natureza, a preocupação com a qualidade da água deve ser
constante e não apenas durante a temporada. “Embora o aporte de esgoto diminua
fora da temporada de verão, para os moradores fixos do litoral o problema de
comprometimento da balneabilidade persiste fora dessa época e deveria receber
atenção constante ao longo do ano”, reforça.
Um
estudo da SOS Mata Atlântica, de 2015, sobre a qualidade das águas de 183 rios
de 11 estados revelou que 36,3% dos pontos de coleta analisados apresentam
qualidade ruim ou péssima, 59,2% estão em situação regular e, em 13 pontos
foram encontradas águas com qualidade boa, representando apenas 4,5% do total.
“Levando-se em conta que a qualidade das águas costeiras brasileiras é bastante
influenciada pelas condições de saneamento básico existente nas cidades litorâneas,
sendo que a média nacional de esgoto coletado é de apenas 24%, pode-se dizer
que a situação é grave”, aponta Scheffer.
Praias
e rios limpos são sinônimo de alegria no verão, mas também são sinais de saúde
para todas as espécies. Para os humanos, as consequências de se banhar em um
ambiente contaminado podem envolver infecções (garganta, ouvido e olhos),
diarreia, doenças de pele, gastroenterite e, em casos mais graves, hepatite A,
cólera e febre tifoide. Para a fauna marinha os riscos também existem.
“Temos que considerar que a qualidade de água
não é dada somente pelos parâmetros da balneabilidade, mas envolvem tipos de
contaminantes mais persistentes, como produtos ou substâncias químicas, que
podem ser mais perigosos que a contaminação fecal trazida pelos esgotos. Ainda
temos a poluição por resíduos sólidos, sedimentos e até poluição biológica por
espécies invasoras, que podem prejudicar nossa saúde, a biodiversidade e a
economia da região”, defende Scheffer.
O
especialista alerta ainda para outros fatores que são determinantes na
manutenção da qualidade das águas durante períodos mais longos. “É preciso
estar atento ao papel dos ecossistemas costeiros, incluindo as florestas, matas
ciliares, manguezais, restingas, dunas, praias e costões e, também, os
benefícios tangíveis e intangíveis de sua preservação. Além da necessidade de
cobrar dos governos estaduais e locais os investimentos para saneamento”,
afirma.
Scheffer dá um exemplo de intervenção para a
manutenção dos serviços relacionados à água, como a criação de unidades de
conservação – que são áreas naturais legalmente protegidas –, públicas e
privadas. Alguns exemplos na região litorânea do Paraná são o Parques Estadual
do Pico Marumbi e a Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba. “Se
mantivermos os ecossistemas naturais bem conservados, eventuais cargas difusas
de contaminação não resultam na perda expressiva da qualidade da água no
litoral. Esta manutenção ecossistêmica da qualidade ambiental ajuda a promover
o ‘marketing’ positivo da região, potencializa a economia local e mantém a boa
qualidade de vida para os moradores e turistas”, conclui. (ecodebate)
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