Um
novo relatório divulgado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica
(NOAA), dia 19/01/2017 (último dia da presidência de Barack Obama), apresenta
uma série de estimativas atualizadas para o futuro aumento do nível do mar,
tanto nos Estados Unidos como em todo o mundo. Sugere que, sob extrema mudança
climática futura, os níveis globais do mar poderiam aumentar mais de 2,5 metros
(8,2 pés) até o final do século, conforme mostra o gráfico acima. Isto
representa uma das maiores estimativas já apresentadas em um relatório federal
dos EUA.
Relatório
anterior da NOAA, de 2012, sobre a elevação global do nível do mar incluía
quatro possíveis cenários climáticos, cada um envolvendo diferentes graus de
aquecimento do oceano e derretimento dos glaciares ao redor do mundo. No
cenário mais extremo, a elevação poderia resultar em 2,0 metros (6,6 pés) de
elevação do nível médio do mar global até o ano 2100. No mínimo, sugeriu 21 cm
(0,7 pés) de aumento do nível do mar o final do século.
O novo relatório inclui seis possíveis cenários
climáticos e atualiza tanto as estimativas mais elevadas quanto as menores do
nível do mar. Sugere que, no cenário mais extremo, os níveis médios do mar
possam subir 2,5 metros (8,2 pés) até o ano 2100. E no cenário mais baixo, o nível
do mar pode subir cerca de 30 cm (um pé) até o final do século. As
probabilidades estão apresentadas na tabela abaixo (p. 22 do relatório).
É
importante notar que a estimativa mais alta representa o pior cenário, que tem
uma baixa probabilidade de ocorrer mesmo sob uma trajetória climática normal. A
probabilidade de um aumento de 50 cm até 2100 é de 96% (RCP8,5). Apenas este
aumento já vai provocar grandes prejuízos em áreas urbanas e rurais.
As
estimativas destinam-se a ajudar os tomadores de decisão a formular políticas
sobre como proteger as comunidades no caso improvável de que tal cenário ocorra
no futuro. O novo relatório também inclui uma série de projeções regionais, que
os autores desenvolveram usando um modelo informado por suas estimativas
globais de aumento do nível do mar. O modelo foi capaz de explicar uma ampla
variedade de processos conhecidos por afetar o nível do mar regional.
Em
muitos lugares, o movimento da terra desempenha um grande papel no aumento dos
níveis de água. Em partes da Louisiana, por exemplo, o solo está realmente
afundando – este é um processo chamado “subsidência”, que pode ser exacerbado
por uma variedade de atividades humanas, incluindo a extração de água
subterrânea. Mudanças nas correntes oceânicas ao longo do tempo também podem
afetar a forma como a água é distribuída em todo o mundo. E pesquisas recentes
sugerem que o derretimento de geleiras também pode afetar o campo gravitacional
da Terra – e até mesmo sua rotação – de formas que podem influenciar a
distribuição de água ao redor do globo.
O
fato é que tem crescido a concentração de CO2 e outros gases de
efeito estufa na atmosfera. Isto faz aumentar o aquecimento global. Os anos de
2014, 2015 e 2016 foram os mais quentes já registrados. A temperatura global
está aumentando cerca de 0,19º C por década. Neste ritmo, a temperatura do
Planeta pode ultrapassar os 2,5º C até o final do século, tornando mais
provável a elevação do nível do mar ao patamar de 2,5 metros.
O degelo do Ártico e da Antártica atingiu níveis
recordes em 2016 e já há indicações de que em 2017 será ainda pior. O gráfico
abaixo (a atualização diária pode ser acompanhada no link abaixo do site
ArctischePinguin) mostra o declínio da área do gelo marinho global (soma do
Ártico e Antártica) e não deixa dúvidas de que o degelo está aumentando. O mês
de janeiro de 2017 já bateu todos os recordes de colapso da área de gelo nos
dois hemisférios. O ritmo de degradação é extremamente inédito e preocupante.
O gráfico abaixo mostra
claramente a redução do volume de gelo nos dois hemisférios. Existe uma
tendência de longo prazo do degelo que pode ser vista pelas curvas anuais cada
vez mais baixas. Mas a queda observada a partir de setembro de 2016 é um fato
sem precedentes e mostra que o processo de deglaciação está se acelerando
perigosamente. No passado, foi o Ártico e a Groenlândia (hemisfério Norte) que
lideraram o derretimento, a partir do segundo semestre do ano passado a
Antártica passou a ser o grande destaque para a elevação do nível dos oceanos.
O
avanço do mar já tem provocado muitos prejuízos nas áreas litorâneas de todo o
mundo. Muitas praias brasileiras foram afetadas. Em 2016, houve várias
inundações nas praias da cidade de Santos, em São Paulo. A travessia de balsas
entre Santos e Guarujá ficou paralisada e a orla da Ponta da Praia ficou cheia
d’água diversas vezes. No dia 29 de outubro, uma ressaca destruiu trechos do
calçadão do Leblon e invadiu a avenida Delfim Moreira, levando areia e entulho
até a calçada dos prédios, interrompendo o trânsito e gerando prejuízos nas
garagens dos edifícios de um dos bairros mais ricos da cidade do Rio de
Janeiro.
No
longo prazo, o degelo do Ártico, da Antártica, da Groenlândia e dos glaciares
vai provocar o aumento do nível do mar, que pode chegar a mais de 2 metros até
2100 e até algo entre 6 e 9 metros nos próximos dois séculos. Isto seria
terrível para as cidades e as áreas baixas de produção agropecuária, provocando
fome e refugiados do clima.
Com a posse de Donald Trump o quadro climático
global deve piorar muito nos próximos anos. Pode ser o sinal de colapso, que
sempre acompanha aquelas civilizações que não conseguem respeitar os limites
ecológicos do Planeta. (ecodebate)
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