Redução da
vazão do reservatório pode determinar o momento em que o volume útil será
esgotado.
Autoridades
admitem que o reservatório de Sobradinho deve atingir o volume morto durante o
período seco, e a discussão agora não é se, mas quando isso vai acontecer. A situação
é inédita na história da hidrelétrica, e avaliação feita pelo Operador Nacional
do Sistema Elétrico aponta para a urgência na redução da vazão da usina dos
atuais 700 m³/s para 600 m³/s já a partir de maio, para não apenas retardar
esse momento como também limitar o uso da água que está abaixo do chamado
volume útil do reservatório a 4% do total disponível até o inicio das chuvas em
novembro.
“O melhor
cenário hoje considerado é a partir de maio nós estarmos com 600 m³/s. Nessa
condição, nós atingiríamos o volume morto no final de outubro. Agora, caso
tenhamos alguma demora no processamento dessa decisão e ela só aconteça de
forma a permitir a redução para 600 m³/s em junho, aí nós já atingiríamos o
volume morto no inicio de outubro”, afirmou o diretor-geral do ONS, Luiz
Eduardo Barata, após audiência pública sobre a crise hídrica na Comissão Mista
de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional.
A redução só
pode ser feita com autorização da Agência Nacional de Águas e do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. A autorização
da ANA sairá na semana que vem, de acordo com o superintendente de Operações e
Eventos Críticos da agência, Joaquim Guedes Gondim Filho. Ele alertou, porém,
que ainda é necessária a decisão do órgão ambiental.
Com chuvas
abaixo da média, os reservatórios das hidrelétricas do rio São Francisco chegam
ao fim do período úmido com níveis nada confortáveis de armazenamento. Três
Marias (MG) com 32%, Itaparica com 19,6% e Sobradinho, o maior deles, com 16%.
A previsão do ONS é de que se for mantida a defluência de 700 m³/s o volume
útil da hidrelétrica estará esgotado no fim de setembro, e em novembro, no
início do período chuvoso, já terão sido utilizados 9,7% do volume morto.
O
limite máximo calculado pela Chesf para uso da água nessas circunstâncias é de
12,5%. “A partir daí você começa a ameaçar as estruturas físicas do talude do
reservatório”, explicou Barata. Para não atingir o volume morto este ano, a
vazão do reservatório teria que ficar abaixo de 600m³/s, mas o ONS ainda não
trabalha com essa possibilidade. No ano passado Sobradinho já havia atingido o
menor nível de armazenamento de sua historia, com 1% do volume útil no fim do
período seco.
O diretor de
Operação da Chesf, João Henrique Franklin Neto, alertou durante a audiência no
Senado que as autoridades estão diante de uma situação que não é de natureza
energética, e, sim, uma questão de necessidade hídrica da região Nordeste. Ele
afirmou que o atendimento energético da região está garantido com o uso de
outras fontes de geração, embora isso também seja preocupante. “Entendemos,
como operador de reservatório, que é necessária a redução da vazão”, disse.
Franklin Neto
afirmou que 16% de armazenamento significam pouco mais de três metros de água.
A partir de determinado nível, a usina não vai mais conseguir gerar energia.
Mas a água do volume morto, que a estatal calcula em 6 bilhões m³, pode ser
aproveitado para outros usos.
Gondim Filho,
da ANA, lembrou que a crise hídrica que atinge a bacia do São Francisco é a
maior de que se tem notícia desde o inicio da medição das vazões no inicio do
século passado. O superintendente lembrou a crise atinge agora níveis que o
sistema de abastecimento de água das cidades e a irrigação nunca alcançaram, e
é necessário adequar infraestruturas para garantir o abastecimento. “Temos
inúmeros reservatórios no Ceará que estão usando o volume morto.” (canalenergia)
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