Carlos
Silva Filho, presidente da Abrelpe, não atribuiu a redução do lixo à
conscientização ambiental da população, mas à crise. “É a primeira vez que
temos decréscimo de resíduos sólidos no Brasil desde 2003, fruto da crise
econômica, que afetou diretamente o poder de compra da população e trouxe, como
consequência, o menor descarte de resíduos sólidos.”
Outro
aspecto negativo atribuído à recessão econômica foi o aumento do uso de lixões,
com 2.976 ainda presentes em todo o país. Tiveram destinação inadequada, em
2016, 81 mil toneladas de lixo. O uso de lixões a céu aberto cresceu de 17,2%
em 2015 para 17,4% no ano passado.
Os aterros
controlados, que ainda existem no país, são semelhantes a lixões, por vezes
cercados, com cobertura de terra para esconder os resíduos, mas sem captação de
gás e chorume. Houve ligeiro aumento, passando de 24,1% em 2015 para 24,2% no
ano passado. O tratamento de lixo ideal, em aterro sanitário, feito em ambiente
confinado para reduzir o volume de resíduos conforme os anos, caiu de 58,7%
para 58,4%.
Sete
municípios, não revelados pelo panorama, abandonaram o uso de aterros
sanitários e passaram a usar lixões, em razão da redução de receitas
municipais. O custo do uso de aterro gira em torno de R$ 90 a R$ 100 por
tonelada. “É uma economia burra, pois deixa de pagar o aterro, mas,
automaticamente, vai contaminar o meio ambiente e a pessoas, vai pagar mais no
Sistema Único de Saúde”, disse o presidente da Abrelpe.
Segundo o
panorama, 96 milhões de pessoas terão a saúde afetada por contaminação dos
lixões. “São doenças como alergias, infecções estomacais, doenças causadas por
vetores que se proliferam no lixo como dengue, zika, chikungunya, câncer,
pressão arterial. Bastante preocupante.”
A coleta
seletiva no Brasil estava presente em 69,3% em 2015, e registrou ligeiro
aumento em 2016, passando a 69,6%. Entre as regiões brasileiras, o Sul foi o
que mais implementou coleta seletiva (89,8%), seguido pelo Sudeste (87,2%),
Norte (58,4%), Nordeste (49,6%) e Centro-Oeste (43,3%). (ecodebate)
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