Entre 2000 e 2015, o desmatamento no Cerrado foi maior do
que o da Amazônia.
Brasnorte, MT, Brasil: Árvore em meio a plantação de soja.
O Cerrado
perdeu 236 mil Km2 de mata entre 2000 e 2015. No mesmo período, a
Amazônia perdeu 208 mil km2 – bioma duas vezes maior. Esse
desmatamento no Cerrado gerou a emissão de 8,16 milhões de toneladas de dióxido
de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa. O volume equivale
a 3,6 anos da emissão total do Brasil registrada em 2016.
A ocupação
desordenada do segundo maior bioma do Brasil tem consequências para o próprio
setor do agronegócio. Entre 2014 e 2015, mais de 4 mil km2 das
plantações realizadas ali estavam localizados em áreas que não são aptas para a
produção agrícola, com padrões irregulares de chuva, por exemplo.
Os dados,
divulgados hoje pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) na 23ª
Conferência do Clima, em Bonn (Alemanha), em evento no Espaço Brasil, mostram
como a expansão da agropecuária no bioma tem sido feita sem planejamento
territorial adequado, colocando em risco a viabilidade do negócio e a
conservação da natureza.
O Cerrado
cobre 24% do território brasileiro e engloba oito das 12 bacias hidrográficas
do país. Metade dele já foi derrubada e a área pode aumentar rapidamente: no
Matopiba, área compreendida entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a
agricultura tem avançado sobre áreas onde antes havia vegetação natural, quando
o padrão era ocupar terras já desmatadas, onde antes havia pasto.
“Cerca de
30 milhões de hectares do Cerrado já estão desmatados, sem uso ou com modelos
ineficientes de produção. Trabalhar bem essas áreas deve ser prioridade da
decisão sobre a expansão da agropecuária nesse bioma”, afirma o pesquisador do
IPAM, Tiago Reis, principal autor da avaliação. “Planejamento territorial e
incentivos para o uso eficiente do solo devem reorientar os investimentos, de
forma a gerar benefícios econômicos, sociais e ambientais para o Brasil.”
(ecodebate)
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